sábado, 28 de dezembro de 2019

Radar do Vinho: Aforista

Aforista é o nome de um projecto de vinhos da Beira Interior, mais propriamente de Pinhel. No seu portfolio produzem as seguintes referências Aforista Branco, Aforista Rosé, Aforista Tinto e Reserva Tinto e ainda um colheita tardia. Contudo, o meu destaque vai inteirinho para dois vinhos: O Aforista Branco confirma a excelência dos vinhos brancos da Beira Interior, num conjunto equilibrado, fresco e muito agradável de beber, a um PVP incrível de 3,5€. Deste branco, provei a última colheita no mercado, a de 2018 e também a de 2015, que estava numa excelente forma, com uma evolução muito interessante, cheia de vida. Muito bem! O Aforista reserva tinto 2014 foi também outro vinho que gostei particularmente, com taninos macios, bom corpo e um excelente equilíbrio a justificar os 5€ de PVP recomendado perfeitamente, traduzindo-se numa excelente escolha para o dia -a-dia. 

Sérgio Lopes

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Novidade: Casa de Paços Loureiro Reserva Vinhas Velhas 2018

Novo vinho da Casa de Paços, 100% Loureiro das vinhas mais antigas. O vinho permaneceu nas borras finas durante 9 meses. Parte do lote fermentou em aço inoxidável e cerca de 20% do vinho estagiou em barrica durante 6 meses (carvalho francês de segundo ano de 300 litros). Um vinho que expressa o que de melhor a casta Loureiro representa. Aroma muito delicado e contido, cheio de subtileza, com notas florais, limonadas e minerais. Boca muito fresca, com untuosidade, madeira impercetível, elegante e vibrante, com final longo e que nos faz salivar. Ainda muito jovem e de elevado potencial. Um grande Loureiro! PVP: 10€ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Radar do Vinho: Quinta do Escudial

A Quinta do Escudial é uma propriedade localizada em Seia, com pouco mais do que 6 hectares de vinha, plantada com as castas tradicionais do Dão (Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz) e Encruzado). O projecto tem a particularidade de apostar na produção exclusiva de vinhos sem qualquer passagem por madeira (unoaked), sendo o estágio dos mesmos unicamente feito em cubas de aço inoxidável e garrafa de vidro.

O Quinta do Escudial Colheita Branco 2018 é um vinho cítrico e mineral, jovem e frutado, muito equilibrado. O Quinta do Escudial Rosé 2018 é feito 100% de touriga nacional, apresenta uma cor casca de cebola muito bonita, traduzindo-se num rosé seco, com leve fruta vermelha e perfume floral, num fundo mineral e fresco. O Quinta do Escudial Tinto 2013, blend tipico das castas da região, um tinto ainda bem jovem para um colheita com 6 anos, de corpo médio, com taninos macios e boa componente mineral, amparado numa fruta bem presente. Três vinhos nesta gama, muito equilibrados e fáceis de gostar. PVP: 6,5€
Com o Quinta do Escudial Reserva Tinto 2014 (11,5€) começamos a subir nos patamares de qualidade e complexidade. Trata-se de um  vinho onde as características do Dão estão bem patentes, desde logo, um aroma com fruta preta, mas também notas de pinho, uma boca muito fresca com taninos firmes, mas domados, bom volume de boca e final longo e gastronómico. Um dos vinhos que mais gostei a par do Touriga Nacional. 
O Quinta do Escudial Touriga Nacional 2015 é um vinho onde a casta, sem qualquer passagem por madeira mostra o seu lado perfumado de violeta, bem como alguma fruta limpa e aromas a bosque, mas tudo sem excessos. A boca é sedosa e envolvente, muito macia, com final prolongado e prazeroso. Um belo exemplar da casta rainha do Dão. Excelente à mesa. PVP: 14,5€
Finalmente, a novidade Quinta do Escudial Encruzado 2018 que mesmo apesar de não passar por madeira, acompanhei com um bacalhau (combinação arriscada). E não é que ligou bem? O estágio em borras finas conferiu-lhe estrutura e alguma untuosidade. Um vinho mineral e com fruta de caroço, muito fresco e que provavelmente irá evoluir bem em garrafa, dada a sua textura e complexidade. PVP: 11,5€

Em suma, um projeto diferente (onde não existem vinhos com estágio em madeira), em que cada referência ocupa o seu espaço, de forma muito competente! Vinhos com uma excelente RQP.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O Alvarinho, também para o Natal

Para quem, como eu, aprecia particularmente vinhos da casta Alvarinho, aqui vai uma seleção de brancos com esta casta, para serem apreciados durante as festas que se avizinham. Eu tenho consumido durante todo o ano e por isso não destaquei nenhum deles nas sugestões de Natal apresentadas AQUI. Estes Alvarinhos merecem destaque, por si só - vinhos de preços diferentes e perfis distintos, para uma maior variedade de escolha. 

Sem preconceitos, começamos pelo Deu-la-Deu 2018 (6€). Prove esta última colheita, super fresca e equilibrada e depois falamos. O Casa do Capitão Mor 2018 (9€) mostra todo o lado de calhau rolado, num perfil muito afinado entre notas tropicais e mineralidade, bem apetecível. Do gigante Soalheiro, poderia ter escolhido vários vinhos, tendo no entanto optado pelo Granit (11€) por mostrar o lado mais mineral da casta, que relaciona o solo de origem granítica do terroir de Monção e Melgaço e a casta Alvarinho, num vinho tenso e incisivo. O Quinta de Santiago Reserva (14€) e o Vale dos Ares Limited Edition (15€) são dois vinhos com estágio em barrrica oferecendo por isso mais complexidade, volume e gordura de boca, sendo que no vinho de Joana Santiago temos um perfil mais redondo, enquanto que o de Miguel Queimado é um pouco mais sério e profundo. Dois projectos muito interessantes na região e cujos vinhos seguramente brilharão á mesa! O Afluente 2017 (20€) é o vinho que provavelmente mais se diferencia dos restantes, num perfil mais aproximado dos Albarinos das Rias Baixas, ou seja, muito seco, com uma acidez acutilante e um toque salino, desconcertante. O Regueiro Barricas 2017 (20€) está belíssimo, com muita classe, sedução e uma enorme boca, com a madeira a aparecer superiormente integrada. Finalmente, o Parcela Única 2017 (30€), de Anselmo Mendes, um vinho repleto de acidez e garra, mas sempre com grande elegância. Um dos melhores exemplares da região de Monção e Melgaço e da casta Alvarinho, com uma boca enorme.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Sugestões para o Natal

O objetivo é o de sugerir oito vinhos, de regiões diferentes (apenas repete Lisboa, mas Bucelas e Alenquer são muito diferentes entre si), de patamares de preço diferentes: 2 vinhos até 10€, 4 vinhos entre os 10€ e os 20€ e por último dois vinhos acima de 25€. Uns encontram-se disponíveis nas grandes superfícies, outros apenas em garrafeiras selecionadas, para que escolha realmente algo especial para a época Natalícia. Todos eles versáteis e capazes de fazer boa figura à mesa a ligar com os tradicionais pratos da época.

Até 10€, o branco Morgado de Santa Catherina 2016, um Arinto de Bucelas, com frescura, corpo e untuosidade na medida certa para ser uma escolha segura; o tinto, o alentejano Herdade do Rocim Alicante Bouschet 2017, poderoso e carnudo, mas com muita frescura, um belo tinto para a mesa. No seguinte Patamar, o Sem Igual 2016, vinho verde feito de Azal e Arinto, com uma acidez surpreendente e que deve estar na mesa de Natal (13€). O tinto, do Douro, o Real Companhia Velha Series Bastardo 2015, pouco carregado na cor, elegante, de corpo médio, mas muito sabor, recuperando uma das castas mais antigas da região (15€). Da Beira Interior, um branco 100% feito da casta Siria, O Quinta do Cardo Vinha Lomedo 2015, gordo, untuoso, complexo, que será um amigo inseparável do Bacalhau (ou do cabrito); De Lisboa, um tinto, o regresso do Cabernet Sauvignon da Quinta de Pancas 2015, num tinto especiado e apimentado, muito fresco e apetecível, muito versátil à mesa também. Ambos a rondar os 20€

Finalmente, dois vinhos que mais prazer me deram este ano - o branco, do Dão o Vila Oliveira Encruzado (35€), um branco monumental, delicado, complexo, mineral e com grande profundidade - um hino à casta e à região; O tinto, o Giz Vinha das Cavaleiras, da Bairrada, de um jovem produtor Luis Gomes, que tem nesta vinha muito velha a expressão da casta Baga no seu esplendor - muita finesse e classe e uma boca super fina e cheia de frescura. Delicioso. 30€

Sérgio Lopes

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Em Prova: Esporão Vinhos de Talha

Os vinhos da talha estão na moda e é curioso poder prova-los e verificar registos de produção diferentes, consoante o perfil do produtor. Se por um lado, destaquei o projeto XXVI Talhas pelo seu lado rústico, mas de grande nível - sobretudo com a referência Mestre Daniel (provado AQUI), não posso também de deixar de destacar, quase como no lado diametralmente oposto, os vinhos da talha do Esporão. São um branco e um tino, muito mais polidos, mas sem perder a identidade dos vinhos de talha, ou seja, alguma rugosidade, mas mais modernos por assim dizer. Mesmo que ambos com um pouquinho de álcool acima do que normalmente se utiliza neste tipo de vinhos, dão um grande gozo a beber. O Esporão Vinho de Talha Branco é feito da casta roupeiro e alguma vinha velha com as castas antigas da região. O Esporão Vinho de Talha Tinto é 100% produzido da casta Moreto. Ambos, com alguma rugosidade, mas uma enorme afinação e que serão excelentes companheiros à mesas. PVP: 20€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Fora do Baralho: Indígena Tinto 2018

Repito-me constantemente ao elogiar a qualidade e consistência em cada referência que a Herdade do Rocim lança para o mercado. E este vinho não foge a essa batuta. Chama-se Indígena e é o primeiro vinho biológico produzido no Rocim. 100% Alicante Bouschet, com fermentação em depósitos de cimento e posterior estágio nos mesmos por 9 meses. Um vinho desconcertante, que apesar dos seus 14 graus de álcool apresenta uma enorme frescura e concentração. Fruta preta e notas mentoladas fazem com que apeteça beber, sem cansar. Muito atraente e com uma acidez invulgar, que se aplaude. Que bela surpresa. PVP: 11€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Em Prova: Prazo da Cotovia Moscatel Galego 2018

Da Casa de Paços, confesso que desconhecia este vinho e até tinha algum "receio" em prova-lo, uma vez que o Moscatel Galego é uma casta tão exuberante, que por vezes resulta em vinhos um pouco enjoativos. Ora é sabido que os vinhos feitos nesta Casa de Paços são todos secos e alguns até um pouco por domar em termos de acidez, quando novos, pelo que o resultado nunca poderia ser "docinho". O Prazo da Cotovia Moscatel Galego 2018 resulta num vinho com um aroma bem perfumado, mas sem ser excessivo, sempre com fruta bem definida e limpa, tipo lichias, algum floral e um toque a hortelã que o torna fresco ao primeiro impacto. Na boca é seco, delicado, muito fresco e apetecível, convidando a beber mais um copo. Belíssimo exemplar da casta, que dá muito gozo beber. Uma excelente surpresa a um preço de combate. PVP 6€. 2000 garrafas produzidas.

Sérgio Lopes

sábado, 7 de dezembro de 2019

Em Prova: Herdade do Rocim Alicante Bouschet 2017

O Herdade do Rocim Alicante Bouschet é um tinto Alentejano lançado juntamente com o Herdade do Rocim Touriga Nacional (provado aqui) e o Herdade do Rocim Reserva. Apesar de todos serem naturalmente diferentes entre si, têm em comum a imagem cravada no rótulo de um pássaro (apenas muda a cor consoante o vinho) como referência à apologia da biodiversidade e à missão de não deixar extinguir a planta linaria, que se encontra na propriedade. 

Este vinho é, claro está, produzido 100% de Alicante Bouschet, essa casta mais alentejana que Francesa, digo eu, e que tão bons vinhos produz na região.  Fermentou em lagar de pedra e estagiou em barrica de carvalho francês, por um ano. É um vinho onde ressaltam, notas balsâmicas, vegetais e alguma fruta negra - nariz muito complexo e intenso. Na boca é denso e poderoso, confirmando a região e casta de onde provém, com taninos firmes e uma boa estrutura de boca - com vigor, mas amparados numa belíssima acidez, que lhe confere uma enorme frescura e o torna delicioso. Vinho bem gastronómico e que irá evoluir em garrafa. Surpreendentemente equilibrado!  PVP: 11€. Grandes Superfícies/ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Em Prova: Vadio Tinto 2015

Vadio é o nome do projeto de Luís Patrão, na Bairrada, onde espumantes, brancos e tintos são produzidos com as castas autóctones da região. O Vadio Tinto 2015 é feito 100% de Baga e segue a linha dos vinhos produzidos com olhares modernos sobre o passado. Assim temos um tinto de cor mais aberta, com fruta discreta e um lado calcário a conferir lhe frescura. O corpo é médio, com pouca extração e muito sabor, com uma acidez equilibrada que faz com que a garrafa vá desaparecendo com muito prazer, copo após copo. Com apenas 12,5 graus de álcool e enorme versatilidade à mesa, é um vinho com uma excelente relação qualidade-preço, perfeito para quem pretende começar a provar Bagas, prontos a beber, mas com complexidade. Só para terem, uma ideia, este vinho apenas se mostrou ao segundo dia. No primeiro dia estava impenetrável! PVP: 11€ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Em Prova: Trilho em pormenor Tinto 2016

Tenho o prazer de acompanhar o projeto do Pedro Coelho praticamente desde o inicio. Ainda me lembro quando o conheci, numa pequena feira de vinhos no Porto, num piso inferior para os lados do Bolhão. Gostei imediatamente do projeto - diferenciador para a região, e fico muito feliz em vê-lo chegar a um patamar de consistência de qualidade, que culmina com este magnifico vinho tinto, topo de gama, dos melhores vinhos que provei este ano - Trilho em Pormenor Tinto 2016. Desfazendo o nome TRILHO temos a explicação do vinho: TRILHO TRIO TRI. Assim, o nome indica que, seguindo um TRILHO (caminho) feito por um TRIO (os 3 sócios deste projeto) em 3 vinhas, fermentadas em TRI (3 ) tipos de fermentações diferentes. Uvas provenientes de vinhas muito velhas (+80 anos), com predominância de Tinta Barroca, Tinta Roriz e Touriga Franca. Duas das vinhas, plantadas no planalto de Alijó a 700mts de altitude e a terceira de uma vinha perto de S. João da Pesqueira. Vinho vinificado com leveduras indígenas, seguindo a linha Pormenor. Fermentação com 80% de engaço, maceração leve e pouco extrativa durante 8 semanas.

Apesar dos seus 24 meses de estágio em barricas e pipas usadas de Carvalho Francês de 225lts e 500lts, a madeira não se sente, apenas aportando complexidade a um conjunto tenso, mas com uma elegância suprema. Bom tanino, Fruta vermelha muito boa, boca muito fresca, com uma acidez salivante e álcool moderado, que torna o vinho delicioso e sumarento, gole após gole. 

Um vinho atual, de futuro, elaborado com premissas dos antepassados Durienses. Que seguramente irá envelhecer bem em garrafa. Cerca de 600 garrafas produzidas. PVP: 40€. Garrafeiras Selecionadas.

Sérgio Lopes

sábado, 30 de novembro de 2019

Fora do Baralho: Serra Oca Castelão 2018

A Quinta do Olival da Murta é um projeto de natureza familiar, que vai na sua quarta geração. Situada na Estremadura, a 80 Km da cidade de Lisboa, possui terrenos de grande influencia Atlântica e um micro clima da vertente norte da Serra de Montejunto, caracterizado pela grande amplitude térmica. Pertence à Sub região de Óbidos.

Para além dos famosos brancos de curtimenta que produz, este ano lançou um novo vinho tinto, o Serra Oca Castelão 2018. Como seria de esperar é um vinho "fora da caixa", desde logo apresentando uma vertente desta casta com pouca extração a começar pela cor pouco carregada. Depois, é claramente "bio" no primeiro impacto olfativo, com notas evidentes de redução no nariz e a fazer lembrar o lagar. Na boca é surpreendentemente fresco e fácil de beber, de corpo médio, com uma acidez acutilante e apenas 12,5 graus de alcool, para acompanhar pratos não muito fortes, ou condimentados mas leves, ou simplesmente a conversar entre amigos. Um vinho muito diferente e que seguramente não será para todos os gostos. Cerca de 1220 garrafas produzidas.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Radar do Vinho: Quinta da Bulfata

A Quinta da Bulfata é um projeto agrícola pertencente à Família Rabaçal, com uma área total de 35ha e situa-se na pequena Aldeia de Pinhal do Douro, no Concelho de Carrazeda de Ansiães. Na sua vasta amplitude de Altitude, que varia entre os 300 e os 600 metros, possui solos Xistosos, de transição entre granito e Xisto e ainda solos Arenosos (esta última desanexada das restantes). Com a Viticultura e a Enologia a cargo de Victor Rabaçal, a quinta possui hoje 10ha de vinha. Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Amarela, Sousão, Tinta Barroca, Fernão Pires, Rabigato, Gouveio, Viosinho e Alvarinho perfazem o leque de castas plantadas e cada uma está localizada consoante o tipo de solo, altitude e exposição solar. Provamos as três referências atualmente no mercado.

O Quinta da Bulfata Tinto 2015 é um vinho feito de Touriga Nacional e Touriga Franca com estágio parcial em barricas usadas e uma parte em aduelas de longa extração, o que lhe confere um lado mais "doce" no conjunto, tornando-o mais comercial e uma porta de entrada para o projeto. PVP: 8€.
O Quinta da Bulfata Reserva Branco 2015 é feito com Gouveio, Viosinho e Alvarinho. Não é normal um branco duriense no mercado ser de 2015, quando estamos pleno final de 2019, o que se saúda. O resultado é vinho fora do comum com algumas notas oxidativas, mas muita frescura e aptidão gastronómica. Fruta citrina, notas herbáceas e alguma mineralidade, conplementadas com uma excelente acidez, fazem deste vinho uma pérola escondida da região. Gostei muito.  PVP: 14,55€
Finalmente, também de 2015, o Quinta da Bulfata Reserva Touriga Nacional. Aqui estamos na presença de um vinho que tenta expressar a casta no Douro Superior, no sub-terroir de Carrazeda de Ansiães. Apresenta bonitas notas florais, de violeta tão características da Touriga Nacional e alguma especiaria. Na boca apresenta taninos sedosos e envolventes, com bom volume de boca e a madeira a conferir ao conjunto um certo lado guloso que vai muito bem à mesa com a nossa gastronomia portuguesa. Porreiro. PVP:19,5€

Vinhos muito interessantes, a descobrir no fabuloso terroir do Douro Superior.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Radar do Vinho: Morvalley

A Quinta da Capela, localizada em Marvão, Loureiro, Peso da Régua, está na família Monteiro Pinto há mais de 70 anos. José Carlos Pinto, 4ª geração, decidiu avançar com o projeto de vinhos nos últimos 20 anos. São 10 hectares de vinha sob a marca MorValley, com enologia  do próprio José Carlos Pinto, com a colaboração do enólogo Luís Rodrigues. 

A marca Vallis Dulcis é a gama de entrada do projeto. São vinhos que não sofrem qualquer estágio em barrica e cujas uvas são provenientes também de produtores criteriosamente selecionados. São vinhos muito frescos e com uma enorme facilidade de prova, todos eles, pautando-se por uma excelente relação qualidade preço. Valem bem a pena, a um PVP recomendado de 7,5€ cada. 
O Morvalley Reserva Branco 2017 foi provavelmente o meu preferido de todos os vinhos provados, com belas notas florais e citrinas, num fundo de barrica bem integrada a dar complexidade ao conjunto e alguma untuosidade de boca. Um branco bem gastronómico, para quem gostar de um perfil com um pouquinho de madeira, sem aborrecer. O Morvalley Reserva Tinto 2015, segue a mesma receita do branco, com um pouquinho de madeira a amparar a fruta vermelha bem característica Duriense. Boca com taninos macios e uma boa acidez a conferir aptidão para a mesa. Ambos os reserva a um PVP Recomendado de 9,5€. 
O Morvalley Touriga Nacional 2015 foi provavelmente o meu preferido dos tintos provados. Mostrou-se bastante complexo, cheio de fruta madura, algumas notas florais e um lado balsãmico, muito porreiro. Na boca é denso e com taninos vivos, de novo, optimo para a mesa. PVP 17,5€. 
Finalmente, os Grande Reserva. O Morvalley Grande Reserva Branco 2017 estagia 9 meses em barrica de carvalho francês. É um branco muito delicado, amanteigado e cremoso, num perfil onde a madeira nesta fase está ainda um pouco a sobrepor-se , apesar da boa acidez que equilibra o conjunto. Um belo branco duriense. O MOrvalley Grande Reserva Tinto 2015 estagia 11 meses em barricas de carvalho francês e americano. Não sou propriamente fã do Carvalho americano que marca sempre um pouco o vinho., tornando-o mais "doce", o que é caso, Contudo é um tinto muito complexo, com fruta, especiarias e algum abaunilhado que precisa de comida para brilhar. Um tinto focado um pouco na madeira que beneficiará de mais uns anos em garrafa provavelmente. PVP: 37,95€

Em suma, um projecto em ascensão com vinhos muito apelativos. Na minha opinião pessoal, apenas moderava um pouco mas o uso da madeira, sobretudo nos Grande Reserva. Mas é apenas a minha opinião pessoal...

Comprar AQUI.

Sérgio Lopes

sábado, 23 de novembro de 2019

Em Prova: Ensemble Tinto 2015

Vinho produzido no Douro Superior com 85% de Sousão e 15% de vinhas velhas, sendo o projecto pessoal de dois enólogos, Victor Rabaçal (Quinta do Couquinho / Quinta da Bulfata) e Pedro Ribeiro (Quinta da Terrincha).

Chama-se Ensemble e é de 2015. 

Fruta vermelha e preta carnuda no nariz a denunciar imediatamente de onde vem, com notas especiadas e da madeira ainda um bocadinho evidentes. A boca é potente, atirando-nos de imediato para o Douro Superior. Contudo há frescura a equilibrar o conjunto Os taninos são firmes, a conferir tensão ao vinho. Termina longo e muito gastronómico.

Um vinho que precisa de mais tempo de garrafa, mas que à mesa dá já um enorme prazer.

Acompanhou uma carne grelhada maturada de forma muito competente.

PVP:30€

Sérgio Lopes

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Em Prova: Esporão Reserva Branco 2018

Nova colheita de um vinho que se encontra facilmente nas grandes superfícies e que ostenta o selo de inegável qualidade ano após ano. Perfeito para quem gosta de vinhos brancos com um pouquinho de madeira, sem marcar. Esporão Reserva Branco é composto por Antão Vaz, Arinto e Roupeiro, fermenta e estagia, parte em inox, parte em madeira, sobre borras finas. Provei o 2018 esta semana e considero-o super afinado, equilibrado e muito fresco. Fruta citrina boa, leve toque especiado com madeira discreta presente e uma boca muito cremosa, mas elegante, com final longo. Ligou de forma perfeita com uma Corvina com arroz de lingueirão, como as fotos documentam. Foi um pairing de sonho. Uma escolha segura na prateleira do hipermercado, de uma marca iconica do Alentejo - Esporão, capaz de juntar qualidade a uma produção de grande escala. PVP 12,5€.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Em Prova: os Tintos da Quinta da Gricha

A Churchill´s foi fundada em 1981 por John Graham, representando a 5ª geração da sua família a fazer vinho no Douro. Foi a primeira empresa de vinho do Porto a ser fundada em mais de 50 anos e mantém-se atualmente como um produtor familiar e independente. Dedicada inicialmente só aos vinhos do Porto, desde a aquisição da Quinta da Gricha em 1999, a Churchill’s também produz vinhos DOC Douro, além de vinhos do Porto e tranquilos de qualidade premium unicamente desta propriedade.

De uvas exclusivas da Quinta da Gricha, são produzidos três vinhos tintos: o Gricha 2017 é feito através de um lagar robótico e pretende preservar os aromas primários das uvas, promovendo uma menor extração. O resultado é um vinho cheio de fruta fresca - bonita, com destaque para mirtilos e ameixa. Bem perfumado - apetece logo provar. A boca apresenta a madeira bem integrada, corpo médio, notas minerais, bom volume e final vibrante e texturado. Elegante e seco, num registo de menor corpo, mas muito sabor. PVP: 30€. O Quinta da Gricha Touriga Nacional Talhão 8 é produzido exclusivamente de uvas plantadas de Touriga Nacional no talhão 8, no ano 2000. Trata-se de um excelente exemplar da casta, com um nariz muito floral, cheio de violeta e algumas notas especiadas. Tudo num registo limpo e fresco, de grande finesse. Na boca apresenta-se sedoso e envolvente, com taninos suaves, terminando longo e com grande tensão. Um belo exemplar da casta no Douro. PVP: 40€. Finalmente, o Quinta da Gricha 2017 é vinificado em lagar, de forma tradicional, sendo essa a principal diferença para o Gricha. Trata-se de um vinho que precisa de tempo em garrafa, mas que já mostra todos os atributos de um grande vinho: Complexidade aromática, com notas especiadas, florais e de fruta vermelha e preta. Na boca, mostra-se denso e carnudo, mas sempre num registo de elegância de conjunto. Termina longo e muito tenso, focado numa fruta deliciosamente apetitosa. Adorei. PVP: 55€.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Em Prova: Bojador Vinhos de Talha

Bojador é um projeto pessoal de Pedro Ribeiro (Herdade do Rocim) que materializa um sonho antigo - transformar em vinho a ligação que tem ao Alentejo. Começou a dar os primeiros passos em 2010, tendo seleccionado a Vidigueuu mjiraa para o fazer, com o objetivo de produzir vinhos que transportem a alma do Baixo Alentejo, desenhados a partir de vinhas velhas selecionadas e acompanhadas ao pormenor. Do portfolio constam as seguintes referências: Bojador Colheita Branco, Tinto e Rosé; Bojador Tinto Reserva, Bojador Espumante Brut, Bojador Vinho de Talha Branco, e Bojador Vinho de Talha Tinto. Os vinhos de talha têm tido um protagonismo mais evidente neste projecto embora representem apenas 10% do volume produzido. Foram precisamente os Bojador feitos na talha que provamos com muita atenção nos últimos dias e que nos impressionaram os sentidos. 

São vinhos que respeitam a forma ancestral de fazer vinho da talha, vinificados pelo processo tradicional, em talhas de barro e sem controlo de temperatura, com a fermentação através leveduras indígenas da região e sem qualquer adição ou correção dos mostos. O Bojador vinho de talha tinto 2018 é composto pelas castas Trincadeira, Moreto e Tinta Grossa. É um vinho com um nariz sedutor, cheio de notas de fruta vermelha fresca, com destaque para a ameixa e cereja. A boca tem alguma rugosidade, um toque mineral, mostrando-se muito fresco e que dá grande gozo a beber. Leve, com grande equilíbrio, inebriante, provavelmente o melhor tinto em talha que provei. Um vinho que não cansa.  O Bojador vinho de talha branco 2018 é composto das castas Perrum, Roupeiro, Rabo de Ovelha e e Manteúdo. Neste momento, acredito que os brancos em talha brilham mais do que os tintos. E confirma-se - adorei este branco. De cor dourada, o nariz apresenta notas meladas e resinosas, forte pendor mineral e leve toque vegetal. A boca é super fresca e delicada, texturada, apresentando um bom volume e final crocante e a pedir novo copo. Provavelmente o vinho branco de talha com mais classe que provei. Belíssimo. PVP de ambos 42€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Novas colheitas dos vinhos Giz, com as estreias absolutas do Rosé e do Espumante!

Giz de Luís Gomes, trata-se de um projeto muito recente, na Bairrada, que assenta na recuperação de vinhas velhas centenárias, repletas de castas autóctones, onde predominam a Baga e a Maria Gomes. Os vinhedos estão plantados em solos pobres de natureza calcária e proporcionam a construção de vinhos únicos e inconfundíveis que vão na sua quarta edição. O nome Giz, é muito feliz, pois tem tudo a ver com esse lado calcário presente e o projeto é altamente moderno em termos de imagem e com um perfil de vinhos com muita elegância e finesse. Provamos as mais recentes novidades incluindo o novo branco de 2018, um rosé desconcertante também de 2018 e o seu primeiro espumante, de 2016.

O Giz Vinhas Velhas Branco 2018 recupera o perfil do branco de 2016, com um aroma subtil e extremamente "chalky", repleto de salinidade, com um fruta muito delicada e contida. A boca é elegante e cheia de acidez, com a madeira superiormente integrada, num equilíbrio perfeito o que torna este branco, fino e de final longo,  viciante e perfeito para a mesa ou simplesmente apreciar a solo, de tão bom que é.. PVP:21€.

O Giz Vinhas Velhas Rosé 2018 é feito 100% de Baga e ao contrário do que acontece com os Rosés, que normalmente são lançados no verão, este foi lançado... no Inverno. E percebe-se porquê, pois é nada convencional. Muito contido de aroma, com destaque para o floral e alguma framboesa. Tudo num registo delicado a que acresce algum calcário. Na boca é elegante e super seco, com taninos firmes que lhe conferem uma aptidão gastronómica incrível. Termina longo e com apenas 11,5 graus de alcool a dar um enorme prazer. Um grande vinho, que talvez em cega, pudesse ser confundido com um tinto... Excelente. PVP: 23€

Finalmente a estreia do Espumante Cuvée de Noirs 2016, 100% Baga, com apenas 1600 garrafas produzidas, das quais Luís Gomes lançou apenas metade deixando as restantes a evoluir em cave e assim poder lança-las mais tarde, dentro de 3 a 4 anos. Um espumante de nariz onde se nota alguma evolução, com notas de brioche e panificação e leve floral. A boca tem boa mousse e bolha fina, num registo envolvente e não tanto de tensão. Um espumante com 28 meses de estágio muito diferente do que se faz na região, mais em finesse e delicadeza e menos "crispie".PVP: 35€.

Novidades a juntar aos Giz Vinhas Velhas Tinto e Giz Vinha das Cavaleiras Tinto, que se encontram no mercado, a confirmação do trabalho ímpar que Luís Gomes se encontra a fazer na Bairrada.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Em Prova: Morgado do Perdigão Alvarinho & Loureiro 2018

Sim, a foto do vinho é de 2013, pois é o que eu ando a beber em 2019 e demonstra o quão este vinho evolui tão bem. O Morgado do Perdigão é produzido pela Quinta de Paços (Casa de Paços / Casa do Capitão-Mor) e junta precisamente castas das duas propriedades, nomeadamente Alvarinho de Monção e Loureiro de Barcelos. O resultado é um vinho com um bom equilíbrio ácido coma as componentes citrinas e florais como que "ao desafio" e mais focado um pouco na fruta, do que por exemplo o Casa de Paços Loureiro - Arinto. Um vinho muito correto, fresco e agradável e que, repito, evolui lindamente sendo muito melhor apreciado com alguns anos de garrafa, na minha opinião. PVP: 6€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Da Minha Cave: Mirabilis Grande Reserva Tinto 2015

Os vinhos Mirabilis nascem na vindima de 2011 no “Atelier do Vinho”, uma pequena adega com capacidade para 17.800 litros. “No ‘Atelier do Vinho’ a produção é 100% manual e vinificamos pequenas parcelas e subparcelas da quinta que se mostram excecionais, ensaiando diferentes sistemas de maceração e maturação, com o objetivo de alcançar vinhos de detalhe, com uma filosofia de interpretação territorial e com uma profundidade única e fora de série” Por Luisa Amorim.

De facto a descrição acima assenta que nem uma luva ao perfil do Mirabilis Grande Reserva Tinto 2015, provado e claro, bebido com enorme prazer no restaurante Vilamar. Trata-se realmente de um vinho repleto de classe, com aroma muito fino, centrado na fruta duriense, mas muito delicado e profundo. A boca é de uma elegância suprema, com a barrica super integrada nesta fase, taninos macios e muita frescura e um final longuíssimo. Daqueles vinhos cheios de precisão, mas com intensidade, acidez e textura no ponto. Que grande vinho, que dá grande prazer a beber já, mas vai ainda melhorar com o tempo em garrafa! PVP:90€

Sérgio Lopes

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Em Prova: Adega Ponte da Barca Reserva de Sócios Loureiro 2017

Para comemorar os 50 anos de atividade, a Adega Cooperativa de Ponte da Barca decidiu lançar este Loureiro Reserva de Sócios, de 2017, o primeiro vinho da adega, de categoria premium, com envelhecimento em casco de carvalho. O nariz é muito bonito, com notas florais, alguma maçã verde e notas fumadas e de leve fruto seco, do contacto com a barrica. A boca é vibrante, untuosa, com a madeira superiormente integrada para um vinho tão jovem e de uma casta, que raramente leva madeira (salvo algumas honrosas exceções). Um vinho muito bem conseguido, complexo e equilibrado e que demonstra bem o poder e elasticidade da casta Loureiro. Com nervo e estrutura suficiente para envelhecer bem e ser altamente versátil à mesa, aguentando até pratos fortes da nossa gastronomia portuguesa. Muito bem. PVP: 15€. Comprar AQUI.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Novidade: Retrovisor Tinto 2017

Carolina GRAVIna e Paulo TrinDADE são os rostos por trás do projeto Gravidade, cujo tinto com o mesmo nome tem sido muito falado entre a comunidade enófila. O Retrovisor 2017 é o novíssimo vinho, lançado pelo casal, feito de vinhas velhas com mais de 80 anos, junto ao Rio Douro. De aroma muito complexo, com destaque para fruta preta e vermelha, especiarias e chocolate, mas tudo num registo fino e contido. Na boca apresenta-se muito fresco, com taninos firmes mas elegantes, mostrando-se aveludado e surpreendentemente muito mineral. Termina longo e sumarento. Um vinhas velhas muito interessante, que apenas se tem de ter algum cuidado quando sobe a temperatura, pois os seus 14,5 levam-no-no para um lado mais apelativo e comercial e menos mineral. 1333 garrafas a um PVP de 19,95€, disponível nas melhores garrafeiras do país- 

Sérgio Lopes

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Da Minha Cave: Primus 2011

Ser convidado, com o mote de provar, entre outros vinhos, um branco do melhor que se faz em Portugal, ainda por cima, de 2011, num restaurante delicioso, como o Vilamar, em Vila Nova de Gaia... O que é que se pode pedir mais? O vinho - Primus 2011 que significa "primeiro", trata-se de um branco, do Dão, feito por Álvaro de Castro (Quinta de Saes / Pellada), sob predominância da casta Encruzado, entre várias outras castas plantadas na vinha velha da Pellada, fermentou parcialmente em barricas, seguindo-se batonage de 3 meses e engarrafamento. Com 8 aninhos mostrou-se de aroma contido, mas muito complexo, com evidência de notas minerais, citrinas e algum floral. A boca estava espantosa, cheia de frescura e tensão - vibrante, parecendo um vinho até mais novo do que 2011. Termina longo e com uma acidez salivante que acompanhou na perfeição o prato preparado pelo George Carvalho. Um dos melhores brancos nacionais, sem sombra de dúvida, num momento de prova extraordinário, mas ainda com muitos anos pela frente. A garrafa foi toda,  naturalmente, entre os convivas presentes... PVP: 30€.

Sérgio Lopes

sábado, 2 de novembro de 2019

Radar do Vinho: Encostas do Sonim (Os tintos)

Encostas de Sonim produz vinhos da região de Trás-os-Montes. Os rostos por trás do projeto chamam-se Dina Pessoa e Hélder Martins, que retomam a tradição do cultivo da vinha e fabrico da vinha que remonta à ocupação romana. Fernando Pessoa, seu pai, herdou as vinhas que eram do pai, avô e do bisavô. Hélder formado em Engenharia Civil e Dina, professora de Música nos Açores, decidem mudar de vida, e com base na tradição familiar, lançar-se para a produção de vinho de forma profissional e como atividade principal. Reestruturam o projeco, criando uma zona para receber as pessoas e dar provas, uma sala de visitas e uma nova adega com tecnologia de ponta para elaboração de vinhos de extrema qualidade. Hoje a vinha de 17 hectares plantada em solo granítico, ainda que sustente uma produção de menor dimensão, procura atingir o potencial máximo da sua qualidade. A enologia está a cargo de Francisco Montenegro (Aneto, Quinta do Arcossó). Provamos os tintos e adoramos!
O Encostas de Sonim Reserva 2017 é feito de Touriga Nacional, Tinta Amarela e Tinta Roriz, com estágio de um ano em barrica de carvalho francês. Trata-se de um excelente exemplar da região transmontana, com um grande equilíbrio - taninos suaves, fruta boa, especiaria e a rusticidade característica, num conjunto super versátil para a mesa. Excelente RQP. 7,5€. 
O Encostas de Sonim Grande Reserva Vinhas Velhas 2014 é feito em lagar. O perfil resulta opulento, da complexidade das vinhas velhas e do estágio de 18 meses em barrica. Talvez seja o vinho de perfil mais clássico dos três, com uma boca a demonstrar de onde vem, cheio de volume, taninos firmes e muita complexidade. É um vinho tenso e potente, com boa acidez, a precisar da comida certa para brilhar. E de tempo para degustar. 15€

Finalmente, o meu favorito, o Encostas de Sonim Grande Reserva Touriga Nacional 2015. Impressionou-me a finura dos taninos e a elegância do conjunto. Sem virar às costas à região quente de onde provém apresentou-e super complexo, muito fino e com uma fruta muito bonita e apetecível, com a madeira a dar-lhe dimensão de boca, complexidade e um final de boca longo e incisivo. Um grande vinho de Trás-os-Montes cheio de frescura! 20€.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Em Prova: Casa de Paços Loureiro & Arinto 2017

Proveniente de Barcelos, trata-se de um vinho verde blend de Loureiro e Arinto, que conjuga fruta, o lado floral do Loureiro e a acidez do Arinto, num registo de grande tensão. Só para terem uma ideia, este ano de 2019 bebi literalmente às caixas a edição deste vinho de 2016, que estava top. No mercado já se encontra a edição 2018, mas sugiro comprar a de 2017, que ainda se encontra à venda e começa agora a dar boa prova, estando bem mais macio que o 2016. Um branco com textura, seco e muito refrescante, a bom preço, que pede algo para acompanhar à mesa. PVP: 4,5€. El Corte Ingles.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Radar do Vinho: Chão de São Francisco

O projeto Chão de São Francisco é um projeto familiar iniciado em 1996. No entanto, apenas nos últimos anos tem tido maior projeção. Produz vinhos DOP Dão provenientes da Quinta Chão de São Francisco, a 5kms da cidade de Viseu com cerca de 8 hectares de vinha, que foi totalmente renovada em 1996 com vinhas novas com castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen,  Desta quinta são produzidos os vinhos DOP Dão Chão da Quinta mas também das vinhas de Lafões, da Quinta da Colemia são produzidos os vinhos Chão do Vale, com o desafio de  de manter e atualizar um vinho com tanta história, trazendo para a modernidade do séc. XXI. Provamos alguns vinhos deste projeto.

O Chão da Quinta colheita Tinto 2015 é feito de Touriga Nacional e Tinta Roriz e é um Dão robusto e bem acima do que estamos à espera de um colheita, com estrutura e boa fruta, num conjunto equilibrado e a precisar de algum tempo de garrafa (o que é bom). 7€. 
O Chão da Quinta Reserva 2015 é feito de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Jaen, sendo naturalmente mais complexo que o colheita. Gostei do conjunto, apesar de a madeira o mascarar um pouco e torna-lo um vinho mais comercial e internacional, retirando a tipicidade do Dão na minha opinião. 10€. O  Chão da Quinta Premium Touriga Nacional 2016 é um tinto mais sedoso, cheio e redondo, com taninos civilizados. Contudo, para mim a madeira continua a retirar-lhe um pouco da tipicidade Touriga Nacional. Gostava de ver este vinho com menos madeira, porque o potencial está lá. 13€
O topo de gama Chão da Quinta Signature 2015 revelou-se um grande vinho. Aqui temos um 100% Touriga Nacional a fazer jus à casta e região. Complexo, cheio de fruta preta e violeta, especiaria, num aroma muito bonito. Curiosamente, na boca a madeira aparece muito subtil, a conferir dimensão ao vinho. Bons taninos, sedoso, fruta bonita, conjunto harmonioso e final longo. Muito fresco, apesar dos seu 14 graus de alcool, que não se notam, mostrando-se perfeito para a mesa. 25€.
Finalmente o branco da região de Lafões, Chão do Vale Vinhas Velhas 2017, o que mais gostei juntamente com o "signature" tinto. Vinho contido no nariz, numa primeira fase, com bastante mineralidade e um lado citrino. Alguma austeridade até. Boca com estrutura e muita tensão, apesar da sua elegância. Um vinho com uma excelente acidez e final longo e refrescante. Mais um daqueles casos de excelente companheiro à mesa, até para harmonizações mais arriscadas. Uma interpretação fiel do terroir! Muito bem!10€

Sérgio Lopes

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Fora do Baralho: Senhor Doutor Field Blend Branco 2018

Estava em Lisboa, em trabalho, quando visitando uma garrafeira em Moscavide, me foi sugerido comprar este vinho. Chama-se Senhor Doutor field blend 2018 e é um branco alentejano proveniente da Herdade da Maroteira, cujos tintos  Mil Reis, Cem Reis e Dez Tostões são altamente reconhecidos e cobiçados. Este field blend é a representação do que a vinha produz no ano de 2018, um lote de Arinto, Verdelho, Antão Vaz e Siria em partes iguais, cujas uvas são colhidas com tempos de maturação distintos. 20% do lote fermenta em barrica. Confesso que fiquei imediatamente com curiosidade de o provar, pois não o conhecia e sou fã do projecto, tendo feito uma visita há uns 3 anos, onde o Anthony Doody nos tratou muito bem!

É um vinho muito original, com notas de fruta tropical e citrinos maduros, quase a lembrar a fruta cristalizada. Por isso, o nariz aponta imediatamente para uma sensação de doçura. Encontramos também notas terrosas e algum herbáceo. A boca é untuosa e amanteigada, mas elegante. Não é um vinho pesado nem gordo. Tem no entanto estrutura e uma acidez que balanceia muito bem o conjunto, equilibrando-o. Termina sentindo-se leve açúcar residual, mas que com a sua frescura o torna um vinho altamente comercial. Especialmente para pratos gordos como bacalhau ou uma carne no forno. Um vinho alentejano, fora da caixa. PVP: 10€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Em Prova: 500 Loureiro & Alvarinho Reserva

Há 500 anos Fernão Magalhães, explorador português, circum-navegou o mundo pela primeira vez. Para comemorar esse feito, a Adega de Ponte da Barca – terra associada à sua origem criou este vinho feito de Loureiro do vale do Lima e Alvarinho do vale do Lima. Em termos de vinificação, 40 % do Loureiro termina a fermentação em cascos de carvalho francês, novos e usados (250 e 600 L), permanecendo aí por 3 meses. Os restantes 60 % do Loureiro e o Alvarinho fazem toda a fermentação em inox onde permanecem em bâtonnage. Ao fim dos 3 meses, foi feito o lote do Loureiro com o Alvarinho, permanecendo em borras finas até ao momento do engarrafamento.

O resultado é um vinho muito interessante que é vendido numa caixa individual também muito bonita e moderna. Nariz com notas citrinas maduras e algum floral, bem como ligeira especiaria do contacto com a madeira. Ao primeiro impacto é super apelativo com a fruta muito bonita ate a induzir que o vinho pode ser algo doce. Mas na boca é precisamente o contrário, ou seja, é seco e muito fresco, tem um bom volume, nervo e termina muito bem, com acidez salivante. Ainda muito jovem, com elevado potencial de evolução e a provar que uma adega cooperativa pode e consegue fazer vinhos premium de grande qualidade. Muito bem. PVP: 16,99€. Comprar AQUI.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Em Prova: Identidade OM. Edição Limitada 2018

Os vinhos "Identidade" são vinhos de boutique criados pelo Modelo e Sommelier Pedro Martin, inspirados no carácter dos seus dois filhos. O Identidade OM Edição Limitada 2018 é a segunda edição de um vinho desenhado em homenagem ao seu filho Oliver Martin. Talvez porque passou um ano e o pequeno Oliver está mais crescido, esta edição altera a composição do lote, quiçá para reflectir a sua personalidade. Será? Se no ano passado tínhamos 85% Arinto e o restante Chardonnay, em 2018 o lote muda radicalmente para Chardonnay (65%), Bical (30%) e Arinto (5%), de solos argilo-calcários, feito na Quinta do Poço do Lobo, na Bairrada, mantendo a enologia a cargo das Caves S. João e o lote final concebido pelo próprio Pedro Martin.

Está um vinho diferente da edição ano passado, mas também está muito novo. Todo ele está super contido, a começar pelo nariz onde tímidas notas minerais e de fruta de caroço vão aparecendo. Foi mais evidente no dia seguinte esse carácter frutado mais marcado que o da edição de 2017. A boca confirma o lado calcário, mineral e fresco que tanto gozo me deu no ano passado. Seco e com um bom volume, apenas me parece menos crocante e com um pouco menos de nervo, apesar da elevada acidez que possui e que o fará evoluir muito bem em garrafa. A provar de novo dentro de uns meses para aferir a sua evolução. De novo um belo vinho conseguido por Pedro Martin, talvez com mais volume de boca e um pouco mais sério que a edição anterior mas menos impactante (a meu ver). PVP: 14€. Comprar AQUI.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Radar do Vinho: Pinhal da Torre

Pinhal da Torre é uma empresa familiar cujo objetivo é o de produzir vinhos Premium que obtenham reconhecimento além fronteiras. Localizada na cidade de Alpiarça, possui três propriedades contíguas: Alqueve, Quinta São João e Águas Vivas, totalizando uma área de 43 hectares. O Pinhal da Torre difere da maioria dos outros produtores da região do Tejo usando apenas as suas próprias uvas. Todos os vinhos são produções limitadas, procurando produzir os melhores vinhos com as melhores uvas das melhores castas. As castas plantadas são maioritariamente nacionais (mais de 20), mas também algumas internacionais, tais como,  Syrah, Grenache, Chardonnay ou Alicante Bouschet, entre outras. Os vinhos procuram reflectir e compreender a singularidade de cada variedade, limitando a produção e respeitando a natureza e a fruta, produzindo assim vinhos de elevada qualidade e com muita identidade. A enologia está a cargo de Mário Andrade. São várias as referências que provamos.
A gama 2 Worlds é sempre um blend de castas portuguesas e internacionais, dai o nome sugestivo - 2 mundos. O Pinhal da Torre 2 Worlds branco 2015 leva Chardonnay, Fernão Pires e Arinto, sendo um vinho bastante equilibrado e prazeroso. É na realidade o único branco do projecto, creio. Um branco de 2015 ainda cheio de vida! O Pinhal da Torre 2 Worlds tinto 2013 é composto por Syrah, Touriga Nacional e Tinta Roriz. Infelizmente tinha um pouco de Brett e não deu uma prova interessante. Ambos os vinhos rondam os 10€
O Pinhal da Torre Resoluto 2015 é um vinho tinto composto por Touriga Franca, Alicante Bouschet e Trincadeira. A seguir à gama 2 Worlds é o "primeiro" vinho da gama Premium. Nariz bastante complexo, com foco na fruta vermelha fresca, secundado por especiarias e leve balsâmico. Na boca os taninos são macios, mas firmes, mostrando-se elegante e de final longo. Muito interessante. Excelente rqp na minha opinião. PVP: 15€. O Pinhal da Torre "The Syrah" 2013 bem pode se considerar "The Syrah" pois é um vinho que impressiona, desde logo pela explosão de fruta preta e vermelha fresca, nada sobrematurada. Fruta boa, apetecível, mastigável, numa boca volumosa e sedosa, cheia de frescura. Termina tenso, sumarento e com muito sabor, mas sempre com a marca da elegância típica da casa. Um dos melhores exemplares da casta que bebi, em Portugal. PVP: 25€
A dupla que se segue é um caso sério (também). O Pinhal da Torre Antagonista 2013 é um vinho cheio de finesse, combinando a fruta do Syrah e lado especiado da casta, com as notas elegantes da Grenache. Super complexo no nariz e com uns taninos super finos, mas intensos, num final de boca muito longo. Que grande vinho! O Pinhal da Torre Protagonista 2013 é composto por Touriga Franca, Alicante Bouschet e Syrah. É um vinho de enorme classe, conjugando elegância com uma enorme potência. um bouquet fruta variado, madeira de qualidade superiormente integrada, muita tensão de boca e um final interminável. Enorme. Ambos com um PVP: 42€.

Um projeto da região do Tejo que exporta mais de 90% da produção e que por isso é muito difícil de encontrar em Portugal. São vinhos de grande classe, de perfil internacional.

Sérgio Lopes

sábado, 19 de outubro de 2019

Em Prova: Malo Diamond Tinto 2015

Confesso ser raro comprar ou beber vinhos da Península de Setúbal, talvez porque associo a região a vinhos com fruta mais madura, fugindo um pouco do meu perfil. Contudo, nos vinhos somos surpreendidos constantemente. E foi o que aconteceu com este Malo Diamond, feito de Alicante Bouschet, Syrah e Cabernet Suavignon que se mostrou um vinho super equilibrado. Nariz com  notas de fruta preta e um lado mentolado muito giro a conferir frescura logo no primeiro impacto, Boca com taninos macios, corpo médio e final de boca a pedir algo para mastigar. Sem sobre maturações e num perfeito equilibrio doçura - acidez. Foi o parceiro ideal de uma carne de porco estufada. E ligou lindamente. PVP: 6€. 

Sérgio Lopes

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Em Prova: Herdade do Rocim Branco 2018

O alentejano Herdade do Rocim Branco 2018 é elaborado com as castas Antão Vaz, Arinto e Viosinho, plantadas em terrenos pouco produtivos, de origem granítica e xistosa. É um vinho que me surpreendeu grandemente pela positiva. Nariz contido, de pendor mineral e levemente floral / citrino. Tudo muito delicado. Na boca é fresco, e seco confirmando a mineralidade, com alguns apontamentos vegetais. Com apenas 12,5 graus de álcool, apresenta um bom volume de boca e nervo suficiente para se revelar muito versátil à mesa. Acompanhou de forma perfeita uns filetes de peixe espada fritos com arroz de legumes ao almoço; e ao jantar uma massa com frango, queijo e cogumelos. Que bela surpresa. PVP: 8€. Garrafeiras.

Sèrgio Lopes