segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Novidade: Olho do Mocho Single Vineyard Reserva Branco 2018


Chega ao mercado e à nossa mesa a nova colheita do vinho Olho de Mocho Single Vineyard Reserva branco 2018, produzido pela Herdade do Rocim. Trata-se de um branco alentejano, 100% Antão Vaz, de uvas da vinha mais velha (65 anos) e que se chama precisamente Olho de Mocho porque contém muitas flores de olho de Mocho (flor que está no rótulo). Com fermentação em barricas de carvalho francês e em depósitos de cimento, por um período de 21 dias e submetido a uma battonage diária durante cinco meses. 

Estamos na presença de um branco complexo, de carácter mineral, com uma boca elegante e alguma untuosidade. A madeira não se sente e por isso torna-se muito apelativo e apto para mesa. A boca é redonda, com taninos suaves e bastante frescura, traduzido-se num vinho polido, mas que precisa de algum tempo para se mostrar na sua plenitude (muito jovem). Foi abrindo ao longo dos 2 dias de prova, mostrando um perfil delicado e suave que nada tem a ver com os brancos da região (por vezes algo pesados). Só lhe falta, na minha opinião, um final um nadinha mais potente / crispie, um pouco mais de garra - a meu gosto, mas certamente que o tempo em garrafa o poderá apurar um pouco mais. PVP:15€. Garrafeiras.


Sérgio Lopes

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Em Prova: Pai Albariño 2018

Pai 2018 é um vinho branco produzido na Galiza pelo produtor Albamar, um dos grandes desta região. Esta referência é 100% Albariño, feito com a mistura de várias parcelas, e com um tempo de estágio sobre borras um pouco maior que o vinho Albamar, procurando assim um pouco mais de complexidade e volume. O resultado é um vinho com uma afinação brutal, super equilibrado entre as notas minerais e citrinas, com aquele toque de salinidade tão característico da zona e repleto de frescura. Complexo, mas muito redondo, feito com elevada precisão como normalmente são os grandes vinhos das Rias Baixas. Se em Portugal por vezes se encontram Alvarinhos demasiado exuberantes ou pouco crocantes, aqui temos um belo exemplar de como se trabalha a casta de uma forma precisa e super afinada. PVP: 14,50€. Disponibilidade: Online.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Radar do Vinho: Casa de Sabicos

A origem dos Vinhos Casa de Sabicos remonta à segunda metade do séc. XIX, pela mão da matriarca Avó Sabica, bisavó dos atuais produtores. A Casa de Sabicos situa-se em Aldeias de Montoito, freguesia de Montoito, na sub-região Alentejana de Reguengos. As castas utilizadas são as tradicionais na família e nos vinhos Alentejanos. As tintas são Trincadeira, Aragonez, Alfrocheiro, Castelão, Alicante Bouschet e Touriga Nacional. As brancas são Arinto, Antão Vaz, Fernão Pires e Síria, embora nos últimos anos tenham sido também plantadas Cabernet Sauvignon, Syrah ou Chardonnay - castas mais internacionais. O projecto contempla 3 marcas - Casa de Sabicos (Reserva, Touriga Nacional / Syrah e Syrah / Aragonez); Joaquim Madeira - Branco e Tinto e finalmente o Avó Sabica Tinto que apenas é lançado em anos excepcionais (2004, 2011 e 2013). A enologia encontra-se a cargo do próprio Joaquim Madeira, bisneto da avó sabica.
O Casa de Sabicos Reserva 2014 é feito de Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho muito equilibrado, entre fruta, taninos e acidez, sentindo-se o terroir alentejano, mas apresentando-se elegante, num conjunto muito fresco, complexo e agradável. O toque do Cabernet marca ligeiramente, conferindo-lhe uma frescura muito gira. PVP: 11€
O Casa de Sabicos Touriga Nacional / Aragonez 2014 é mais frutado do que o reserva, carregado de framboesa e ameixa preta. Diria que faz lembrar claramente um vinho Alentejano na sua génese. De novo, o conjunto está super equilibrado, com madeira bem integrada, taninos suaves, dando grande gozo à mesa. PVP: 10€O Casa de Sabicos Syrah / Aragonez 2016 não passa por madeira e apesar de apresentar também uma fruta muito apetecível, o lado especiado do syrah confere-lhe uma frescura adicional que o torna muito interessante. O blend funciona muito bem, traduzindo-se num conjunto algo original e que funcionou também muito bem à mesa. PVP: 9€ Impressionante a frescura e elegância de ambos os vinhos, mesmo com os cerca de 15 graus de álcool!
O Joaquim Madeira Tinto 2011 é composto por 14 castas e 15 meses de estágio em barrica de carvalho português. É produzido à semelhança dos vinhos que eram feitos no Alentejo na década de 60, e só é feito em anos excecionais, quando as maturações são suficientemente homogéneas para as 14 castas fermentarem juntas (até hoje houve 2004, 2007 e 2011). Trata-se de um vinho já com alguma evolução e num perfil mais clássico, por isso mais opulente e que precisa de ser apreciado copo após copo. Um vinho que precisa de comida para brilhar e suportar o seu volume e densidade. PVP: 20€
O Joaquim Madeira Branco 2017 é um blend de 2 vinhos/ 3 castas. O Antão Vaz e o Chardonnay fermentam juntos em barricas novas de carvalho francês; o arinto é fermentado em depósito de inox. Quando as duas fermentações estão completas, então é feito o blend e é engarrafado. É um vinho com muita estrutura, tem a untuosidade e a tropicalidade do Chardonnay/Antão Vaz, e a frescura (suave) do arinto. Um verdadeiro best seller no único branco do projeto. PVP: 8€.

Ficou a faltar o texto sobre o extraordinário Avó Sabica, um dos melhores tintos que já bebi e seguramente um dos icones da região. Mas isso ficará para outro post...

Sérgio Lopes

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Em Prova: Vinha da Ordem Tinto 2017

O Vinho da Ordem era feito com uma mistura de castas brancas e tintas previamente definida na altura de plantação da vinha, há muitas décadas atrás, segundo tradições seculares que foram passando de geração em geração. As uvas são vinificadas com curtimenta de modo que o vinho final fique clarete, que na Idade Média era conhecido por vinho vermelho e tinha um profundo significado religioso, dado ter a cor do “sangue de Cristo”. É na aldeia de Valhelhas situada no coração da Região da Beira Interior que se procura replicar este conceito. Depois de provadas as colheitas de 2016 AQUI, eis que chega ao nosso copo o Vinha da Ordem Tinto 2017

Com intervenção minimalista e pouquíssima adição de sulfuroso, é feito a partir da mistura de castas tintas do antigamente, tais como Rufete, Jaen, Bastardinho, Marouco, entre outras. Em relação à edição anterior, de 2016 considero que o vinho está mais ligado, ou seja, mais polido, mas por outro lado, perde um pouco a tipicidade da Beira, apresentando-se mais redondo e tendo sido um ano quente, isso sente-se no vinho. Atenção que o vinho tem frescura, mas o volume e o terroir quente denunciam o ano 2017. Continua a ser um belo vinho, para a mesa e que dá muito gozo a beber, nunca caindo no erro da extração em demasia ou sobre maturação. Apenas está menos rústico e mais volumoso. PVP: 19€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Em Prova: Quinta de São Lourenço Espumante Bruto 2008

Ainda na memória do grande evento que foi o "Aqui na Bairrada", o destaque vai inteirinho para o espumante Quinta de São Lourenço Bruto Branco 2008, das Caves São Domingos, que foi considerado o melhor vinho em prova no Concurso de Espumantes e Vinhos da Bairrada, sendo por isso agraciado com a Grande Medalha de Ouro. Bravo. Não seria provavelmente o melhor de todos os vinhos a concurso, pois haviam também brancos e tintos de grande qualidade - seria sempre relativo, mas chegou à final e venceu! dignificando assim um produto tão conotado com a Bairrada, o seu espumante. Curiosamente, o topo foi alcançado pelo espumante com mais tempo de estágio em concurso, o que diz muito do caminho que os espumantes podem e devem seguir... 

Quanto ao espumante, é feito de  Baga , Maria Gomes e Arinto, sendo que as duas últimas, as uvas brancas, estagiam por 3 meses em barricas de carvalho francês. Seguidamente, estagia em cave pelo menos 6 anos, antes do engarrafamento final, sendo que o provado por nós, teria cerca de 10 anos de garrafa antes de degorgement, pois é degorjado faseadamente.... O resultado é um espumante complexo e sedutor. Apesar de ser de 2008, a bolha é elegante mas muito presente. Gastronómico, apresenta uma mousse deliciosa e notas de bolo inglês, terminando com bela persistência.

A edição deste espumante de 2007 já tinha feito um enorme furor e deu enorme prazer (comprei caixas). O 2008, apesar de ligeiramente abaixo, na minha opinião, continua a ser uma pequena "pérola", a confirmar-se pelo belo resultado conseguido no certame "Aqui na Bairrada". Parabéns à equipa das Caves São Domingos! PVP: 9,50€. Garrafeiras.

*Foto cortesia de Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)

Sérgio Lopes

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Em prova: Tiago Cabaço Verdelho 2018

Tiago Cabaço já deixou de ser um valor emergente do Alentejo para se afirmar hoje como um dos nomes mais sólidos e marcantes da nova geração dos produtores alentejanos. Os seus vinhos em nome próprio são assim designados por terem algum um significado especial para o produtor. Nos brancos tinha provado o Encruzado e o Vinhas Velhas, e agora o Tiago Cabaço Verdelho 2018, que o George do restaurante Villamar me serviu para acompanhar os seus petiscos. Um branco redondo, com predominância de notas florais, fresco qb, elegante e delicado, que se portou bem â mesa. Um branco alentejano equilibrado e bastante agradável que combina com comidas mais leves ou consumido por si só. Eu que estou mas numa "onda" de brancos com elevada acidez e "nervo" gostei do equilíbrio e leveza de conjunto. Está porreiro.  PVP: 9,90€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Em Prova: Adega Mãe Chardonnay 2018

Pertencente ao grupo Riberalves, Adega Mãe trata-se de um projeto muito interessante, localizado em Torres Vedras, com enologia de Anselmo Mendes e Diogo Lopes. Produz várias referências, entre as quais diversos monocastas, tintos e brancos, procurando tirar partido da influência da proximidade atlântica. O Adega Mãe Chardonnay 2018 é assim um branco com fermentação em barrica ,apresentando leves notas amanteigadas, laivos citrinos e alguma marmelada. Tudo muito suave. Na boca tem bom corpo, é envolvente e cremoso, terminando fresco, harmonioso e apelativo. Um Chardonnay nada pesado, ao contrário de algumas imitações tugas que se veem por aí. Bem desenhado e a um preço porreiro. PVP: 8,5€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Fora do Baralho: Turra Tinto 2018

Deste projeto novo, localizado em Celorico de Basto , na região dos Vinhos Verdes, com enologia de Constantino Ramos (Anselmo Mendes, Zafirah, Afluente), nascem as marcas Fonte da Cobra (vinhos brancos colheita e Alvarinho) e Turra (tinto). A marca Turra foi a primeira a surgir em homenagem ao animal de estimação que tem acompanhado o projeto desde o início. Entretanto a cadelinha Turra faleceu e os proprietários decidiram doar os valores das garrafas estampando o simbolismo da acção numa raspadinha por cima da letra "A" indicando o valor da doação de forma subtil, homenageando assim a companheira Turra. Gesto bonito, ainda para com a doação ta ser efetuada para a associação Midas, uma associação sem fins lucrativos que alberga e cuida de animais abandonados, sobretudo cães.

Quanto ao vinho Turra Tinto 2018 é de facto fora do baralho. 100% produzido da casta Vinhão é a antítese daquilo que estamos habituados a provar neste tipo de vinho. A começar pela cor muito menos carregada do que o habitual nos verdes tintos, aliás bem discreta até. O nariz apresenta uma fruta fresca bonita, tipo morango ou cereja e apenas com o passar do tempo de copo para copo vai timidamente se aproximando dos aromas típicos da casta, de fruta vermelha mais intensa e próxima do lagar. Mas sem nunca chegar profundamente aos aromas típicos do vinhão. Na boca não esperem aspereza ou dureza, daqueles taninos de "arrancar pelos do peito" e "pintar malgas" dos verdes tintos. Nada disso, são taninos bem redondos, mas firmes e elegantes., numa boca fresca e de final médio. Um vinho sui generis, muito "giro" e de agradável consumo, para a mesa. PVP: 6,5€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Em Prova: Hugo Mendes Lisboa 2018

Nova edição do vinho Lisboa, do enólogo Hugo Mendes, acabadinha de chegar à minha mesa. Quem me segue nestas lides sabe que acompanho o projeto desde a sua génese, em 2016, com o lançamento do primeiro vinho (que adorei) ao contrário do ano seguinte, a edição de 2017, que não deixando de ser um vinho porreiro, mudou ligeiramente de perfil e apesar de genericamente mais afinado, não foi tanto do meu agrado, considerando-o um pouco mais "doce" e com menos tensão. Ora a terceira edição deste vinho, o Hugo Mendes Lisboa 2018 sofre nova afinação, desta feita, com 70% do lote a sofrer fermentação malolática e com a adição de 10% da uva vital ao lote usual de Fernão Pires - Arinto. O resultado é muito bom, num perfil algures entre a edição de 2016 e 2017.

Um vinho com apenas 11 graus de álcool, mas com estrutura suficiente proveniente da malolática para apresentar bom volume, bem como uma acidez crocante que nos transmite frescura e tensão no palato. Um vinho refrescante, onde a madeira utilizada apenas lhe confere um pouco mais de untuosidade e gordura de boca, sendo bastante versátil à mesa, e que me está a dar muito prazer e voltando a (re)conquistar-me. Provavelmente a melhor edição deste vinho e quiçá, aquela mais próxima do que o enólogo procura fazer nos seus clássicos da Quinta da Murta, em Bucelas. À terceira, foi de vez, ao que parece. PVP: 15€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes