A Quinta do Montalto, pertencente à mesma família há 5 gerações, possui na sua totalidade cerca de 50ha, entre vinhas, olivais, pomares e florestas, formando um magnífico mosaico na paisagem. Inserida na grande região vitivinícola de Lisboa, os cerca de 15,5 ha de vinhas implantadas em encostas de solos argilo-calcários com excelente exposição solar, produzem vinhos com direito à Denominação de Origem Encostas D’Aire, mais propriamente em Ourém.
Todos os vinhos são produzidos em modo de agricultura biológica, sem adição de qualquer produto de origem animal, sendo por isso aptos para uma dieta vegetariana. O projecto contempla um espumante, a gama Vinha da Malhada (blends de diferentes castas), a gama Cepa Pura (monocastas branco e tintas), o icónico Medieval de Ourém - de que falaremos mais tarde e ainda um branco e tinto fermentados e estagiados em ânforas de barro pesgadas com resina natural de pinheiro. O Ânfora de Baco Branco é 100% Fernão Pires, enquanto que o Anfora de Baco Tinto tem na sua composição Aragonez e Trincadeira. Ambos são bastante frescos e com um nariz com notas terrosas e cerosas, menos limpo do que estamos acostumados normalmente, perfeitamente normal pelo processo de vinificação a que estão sujeitos. Confesso que preferi o tinto, pois de facto a talha deu-lhe frescura, aromas fora de caixa e estranhei ao inicio, depois entranhou-se e acompanhou muito bem a refeição. É bastante seco e de corpo médio. O branco também é interessante, mas talvez o Fernão Pires ainda não estivesse tão bem integrado, ou quiçá pelo facto de a casta não ser tão estruturada ou ácida, não tenha resultado tão bem, pelo menos para mim (que normalmente até prefiro brancos de talha aos tintos) . De qualquer forma, vale a pena provar ambos, com mente aberta e preparados para nariz e boca pouco convencionais. O preço de ambos ronda os 10€ e insere-se na categoria bio, pelo que será mais fácil encontra-los nas lojas da especialidade.
Sérgio Costa Lopes