quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Fora da Caixa: Anfora de Baco Branco e Tinto

A Quinta do Montalto, pertencente à mesma família há 5 gerações, possui na sua totalidade cerca de 50ha, entre vinhas, olivais, pomares e florestas, formando um magnífico mosaico na paisagem. Inserida na grande região vitivinícola de Lisboa, os cerca de 15,5 ha de vinhas implantadas em encostas de solos argilo-calcários com excelente exposição solar, produzem vinhos com direito à Denominação de Origem Encostas D’Aire, mais propriamente em Ourém. 
Todos os vinhos são produzidos em modo de agricultura biológica, sem adição de qualquer produto de origem animal, sendo por isso aptos para uma dieta vegetariana. O projecto contempla um espumante, a gama Vinha da Malhada (blends de diferentes castas), a gama Cepa Pura (monocastas branco e tintas), o icónico Medieval de Ourém - de que falaremos mais tarde e ainda um branco e tinto fermentados e estagiados em ânforas de barro pesgadas com resina natural de pinheiro. O Ânfora de Baco Branco é 100% Fernão Pires, enquanto que o Anfora de Baco Tinto tem na sua composição Aragonez e Trincadeira. Ambos são bastante frescos e com um nariz com notas terrosas e cerosas, menos limpo do que estamos acostumados normalmente, perfeitamente normal pelo processo de vinificação a que estão sujeitos. Confesso que preferi o tinto, pois de facto a talha deu-lhe frescura, aromas fora de caixa e estranhei ao inicio, depois entranhou-se e acompanhou muito bem a refeição. É bastante seco e de corpo médio.  O branco também é interessante, mas talvez o Fernão Pires ainda não estivesse tão bem integrado, ou quiçá pelo facto de a casta não ser tão estruturada ou ácida, não tenha resultado tão bem, pelo menos para mim (que normalmente até prefiro brancos de talha aos tintos) . De qualquer forma, vale a pena provar ambos, com mente aberta e preparados para nariz e boca pouco convencionais. O preço de ambos ronda os 10€ e insere-se na categoria bio, pelo que será mais fácil encontra-los nas lojas da especialidade.

Sérgio Costa Lopes

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Em Prova: Ramilo Branco 2019

Entre a Serra de Sintra e o terroir particular de Colares, reside um projecto peculiar, os vinhos Ramilo. 2013 foi o ano em que os irmãos Pedro e Nuno Ramilo, desafiados pelo pai, decidiram abraçar também eles uma tradição familiar de 4 gerações. O resultado são vinhos com identidade, carregados de uma frescura atlântica impar.

O Ramilo Branco 2019 é feito de Arinto, Viosinho e Alvarinho. Trata-se de uma agradável surpresa, traduzindo-se num vinho aromático sim, com notas florais, citrinas e até herbáceas, mas nada aborrecidas. Na boca manda a frescura atlântica num branco refrescante, muito equilibrado e que por 5,90€ vai muito bem à mesa, acompanhando saladas, pratos leves de peixe e carne, ou mesmo bebendo a solo. Muito bem.

Sérgio Costa Lopes

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Em Prova: Dois Ponto Cinco Alfrocheiro/Rufete TInto 2015

Com enologia de Anselmo Mendes e Patrícia Santos, este vinho, da Cova da Beira, ou seja, Beira Interior é um pouco sui generis, pela combinação de castas, que é pouco usual. No contra rótulo do 2.5 Alfrocheiro/Rufete 2015 lê- se "vinho não gastronómico, respeita a mesa e ausência dela, criando na boca complexidade e harmonia". Curiosa mensagem, mas percebe-se, pois trata-se de um vinho equilibrado e harmonioso, com fruta madura, balsâmico evidente e uma boca fresca - apesar de ser de uma zona quente. De volume médio, termina com um final também médio, com taninos redondos. Um exemplar interessante da Beira Interior. Que vai bem (também) à mesa! PVP: 6,5€. Garrafeiras.

Sérgio Costa Lopes

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Em Prova: Original Espumante Baga@Bairrada Bruto 2017

O projeto Baga@Bairrada vai-se consolidando e começa a ter o reconhecimento merecido além fronteiras, com criticas muito favoráveis aos espumantes 100% produzidos da casta rainha da Bairrada, a Baga, pois claro. O Original Baga@Bairrada Bruto 2017 é dos mesmos produtores dos espumantes flutt (Positive Wines). Trata-se de um espumante bem equilibrado, com bolha média, alguma complexidade, boa mousse e final algo doce, mas compensado pela garra e tensão da casta Baga. Um espumante produzido pelo método clássico da segunda fermentação que se bebe com agrado. PVP: 8,5€. Garrafeiras. 

Sérgio Costa Lopes

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Em Prova: Insignis Encruzado 2017

Produzido por João de Gouveia Osorio (Palácio de Anadia), trata-se do seu projecto pessoal, tendo como base o estabelecimento de parcerias com produtores nas regiões onde se pretende fazer vinho. Para além deste vinho, há também um Touriga Nacional, de que falaremos mais tarde. Branco do Dão, O Insignis Branco 2017 é um 100% encruzado, que fermentou e estagiou posteriormente em barricas de carvalho francês e húngaro por 18 meses. 

De cor um pouco carregada, o nariz apresenta notas minerais, de fruta branca, mas também algo abaunilhadas / exóticas, provavelmente do contacto com a madeira sobretudo húngara. A boca apresenta bom volume, untuosidade, taninos redondos, corpo médio e bom final de boca, mostrando-se com boa frescura geral. Um branco gordo e para a mesa, que apenas na minha opinião, apresenta um pouquinho de madeira a mais que nesta fase se sobrepõe um pouco ao conjunto, conferindo algumas notas mais caramelizadas, que certamente passarão com o tempo de garrafa. 1000 garrafas em garrafeiras seleccionadas a um PVP de 12,5€.

Sérgio Costa Lopes

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Em Prova: Coroa D'Ouro Branco 2019

Produzido pelos vinhos Poças, a marca Coroa D'Ouro (branco e tinto) é a gama de entrada, com vinhos fáceis de consumir, acessíveis e a bom preço. O Coroa D'ouro Branco 2019 é um vinho muito interessante. Por pouco mais de 4eur, apresenta-se fresco, aromático exuberante claro e até com um final a roçar o doce mas com a acidez a equilibrar. Muito bem. Por este preço, altamente consensual e a dar prazer. Para o Verão, mas também para a mesa, pois acompanha pratos leves, perfeitamente. Disponivel em El Corte Ingles ou Jumbo.

Sérgio Costa Lopes

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Em Prova: Pousio Selection

Situada na Vidigueira, mais propriamente na aldeia de Marmelar, a Herdade do Monte da Ribeira tem uma área de cerca de 1.100 hectares. É atravessada pela Ribeira de Marmelar que, junto à adega da Herdade, tem uma barragem que cria uma das 3 grandes reservas de água para utilização agrícola na Herdade. Hoje, as principais explorações agrícolas são 43 hectares de vinha e 210 hectares de olival, tradicional, intensivo e sebe.

A gama Pousio Selection pretende reproduzir vinhos acessíveis e versáteis à mesa, sempre com frescura em primeiro plano. O Pousio Selection Rosé 2019 apresenta uma cor salmão pálida, muito bonita. É leve, seco (quase 7 gramas de acidez), com pouco álcool, ideal para momentos de convívio, a solo ou à mesa, acompanhando uns petiscos. O Pousio Selection Branco 2019, feito de Antão Vaz, Alvarinho e Verdelho, apresenta notas vegetais e citrinas que lhe conferem frescura. Com corpo médio, é bastante refrescante. O Pousio Selection Tinto 2017 foi o meu preferido dos três. Feito de Alicante Bouschet, Syrah e Trincadeira, trata-se de um verdadeiro todo-o-terreno à mesa, na medida em que é muito equilibrado, com taninos redondos, bom volume de boca e final longo e sumarento, focado na fruta de qualidade, sempre com frescura em pano de fundo, apesar dos seus 14 graus. Muito bem. Esta gama pode ser adquirida no site do produtor a 6,5€, AQUI.

Sérgio Costa Lopes