quinta-feira, 29 de junho de 2017

Em Prova: Valle de Passos Branco 2015

Vinho de enorme carácter e identidade peculiar! É fresco! Muito fresco! A primeira impressão que me surgiu, foi aroma a pedras marinhas cobertas de algas durante a maré vaza! 
Parece estranho!? 
A mim também!

Após algum tempo no copo e depois de alguns rodopios, deixa soltar subtis notas de folha de limoeiro... Exprime-se na boca com crepitante frescura onde uma mistura de vegetal com limão verde teima em prevalecer no palato mesmo depois de o líquido já ter sido bebido. É vinho que não tem medo a qualquer prato rico em gordura! 

Feito pelas mãos de Manuel Vieira e Carloto Magalhães e com viticultura de José Manso com as castas Viosinho, Côdega do Larinho e Malvasia Fina, é vinho para beber, ir bebendo e ver crescer! Por isso, convém guardar algumas garrafas! Não foi fácil de encontrar aqui! Tive que "importar" de Lisboa!! Mas valeu bem a pena!!

PVP:10€; Disponibilidade: Garrafeira Nacional

Jorge Neves (Wine Lover)

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A abertura do garrafão de Colares "Genuíno" - (parte 3)

Ao fim de cerca de oitenta anos o vinho do garrafão chegava, finalmente, ao copo de prova! O branco ia começar a revelar os seus segredos e o primeiro felizardo a conhecê-los, por deferência do anfitrião José Baeta, foi Virgílio Loureiro. Habituado a estas andanças o sortudo não se deslumbrou com o privilégio evitando levar, de pronto, o copo à boca! Um momento destes tinha de criar expectativa entre todos os presentes e ser desfrutado com a elevação que um vinho octogenário merecia, mesmo correndo-se o risco de ouvir reclamações dos mais impacientes. 

Assim, a primeira medida a tomar foi apreciar detalhadamente a cor e aspecto do vinho, cujos pormenores intrigaram todos os assistentes. Para surpresa de todos o aspecto do vinho era absolutamente cristalino, que se podia justificar por o garrafão estar há décadas na vertical, ornamentando o hall de entrada da Adega Viúva Gomes. Já a cor motivava muitas interrogações, pois era acobreada e não dourada, como era suposto. As tonalidades avermelhadas permitiam especular quanto à cor do vinho original, que podia ser tinto, pois sabe-se que os tintos vão perdendo a cor até ao ponto de ficarem tão claros como os brancos, cujo processo de envelhecimento, por sua vez, os faz escurecer. 

Em suma, ao fim de muitos anos é difícil saber-se se um vinho é branco ou tinto, sendo necessário procurar a tonalidade avermelhada das antocianinas para identificar o tinto. O vinho do garrafão seria, então, tinto, como denunciava o matiz avermelhado? Alguns dos presentes acharam que sim, mas acontece que o garrafão estava rotulado e indicava que era branco "genuíno"!? Ter-se-ia dado o caso da empresa que o engarrafou - "Viúva José Gomes da Silva & Filhos" - ter trocado os rótulos? A primeira etapa estava cumprida e como grande vinho que parecia ser, deixou o primeiro enigma a pairar entre todos os presentes.

A segunda etapa da apreciação do vinho foi a prova de nariz, sendo tempo de cheirar o copo sem o agitar. A primeira impressão foi verdadeiramente emocionante, pois revelou uma fragrância intensa onde imperava uma complexidade deliciosa. A emoção sentida convidava a descrever o aroma com descritores sensoriais, como é norma quando o vinho impressiona. Porém, VL resistiu a essa tentação, pois sabe que os ditos "descritores" devem ser designados mais apropriadamente "metáforas" sensoriais, pois dependem da emoção que o vinho causa no provador, sendo muito subjectivos. 

Por isso, cada provador descreve o vinho como lhe vem à cabeça e de forma diferente dos outros todos. A fragrância do vinho convidava a cheirá-lo muitas vezes, mas o perigo de saturar os receptores olfactivos exigia moderação. Passou-se, por isso, à segunda etapa olfactiva, cheirando o vinho após agitação intensa. E eis que surge, como por encanto, uma explosão aromática surpreendente, que começou a espalhar-se pela adega. Os atentos espectadores começaram, então, a impacientar-se, pois sentiram as notas aromáticas que saíam do copo! Havia, pois, que acelerar a prova e não fazer sofrer mais os presentes. Ia, finalmente, fazer-se a prova de boca - a prova real - para que o vinho segredasse o que tinha dentro!

Fotos cortesia de Rui Viegas

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Professor Virgilio Loureiro

terça-feira, 27 de junho de 2017

Feira do Alvarinho, Monção, 30 de Junho a 2 de Julho

A Feira do Alvarinho de Monção, realiza-se no próximo fim-de-semana, dias 30 de Junho e 1 e 2 de Julho. No Campo da Feira, vai localizar-se uma tenda gigante, onde ao todo, marcam presença na feira 112 expositores, com destaque para 31 produtores de vinho Alvarinho, diversas tasquinhas, fumeiros/queijaria ou doçaria tradicional. 

A edição deste ano disponibiliza também, uma área dedicada à degustação da gastronomia de Monção - o Cordeiro à Moda de Monção, conhecido como Foda à Monção, com apresentação daquele prato típico da região. 

Alvarinho e gastronomia de excelência no próximo fim-de-semana, no Minho! A entrada é gratuita.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Vinho ao Vivo & Adegga WineMarket Summer, no próximo fim-de-semana!

O Adegga WineMarket Summer 2017, acontece no Lisbon Marriot Hotel no próximo dia 1 de Julho, entre as 14h e as 21h. O Adegga WineMarket é um conceito inovador, criado pelo Adegga e organizado por André Ribeirinho, André Cid e Daniel Matos, com o objectivo de aproximar consumidores e produtores de vinho. O visitante tem a possibilidade de provar e comprar, em ambiente descontraído, 500 vinhos, entre os 5€ e os 50€, de 60 produtores seleccionados pela equipa do Adegga.

Informações gerais:
Data: Sábado, 1 de Julho de 2017
Local: Lisbon Marriott Hotel
Horário: 14h às 21h
Bilhete Prova: 15€
Bilhete Loja: 40€ (inclui entrada e vale de compras de 40€)
Bilhete Loja Duplo: 60€ (inclui entrada para duas pessoas e vale de compras de 60€)


O Vinho ao Vivo é um encontro de 35 produtores de vinho europeus em Lisboa que vão dar a descobrir ao público os seus vinhos. Uma selecção muito especial de produtores independentes que trabalham os seus vinhos com respeito pelo local de origem, pela cultura, tradição e paisagem locais. 

Organizado pela garrafeira Os Goliardos, o evento, que vai na sua 8ª edição, ocorre dias 30 de Junho e 1 de Julho, das 19h00 às 24h00, ao ar livre, à beira do Tejo, na esplanada À Margem em Belém. Os produtores estarão situados no cais, mesmo em frente à Esplanada À Margem. Cada participante circula de mesa em mesa de cada produtor para provar os seus vinhos, conhecer a sua história e o seu projeto. Ao longo do serão haverão concertos de música ao vivo de estilos variados, desde a música clássica, ao jazz, música do mundo. Cozinheiros de vários estilos e países prepararão ao vivo as suas especialidades, que acompanham o bom vinho que pode ser provado e comprado no local.

Os bilhetes podem ser adquiridos à entrada do evento ou na bilheteira on-line através do link http://goliardos.bol.pt/. Bilhete de 1 dia: 25€; Bilhete de 2 dias: 40€.

Site Oficial do evento: http://www.vinhoaovivo.com/


Sérgio Lopes

sexta-feira, 23 de junho de 2017

A abertura do garrafão de Colares "Genuíno" (parte 2)

Retemperados com a visita às vinhas de chão-de-areia, em Fontanelas, chegámos a Almoçageme por volta das 19 h tendo o anfitrião José Baeta à nossa espera no Largo do Coreto. O calor apertava, pois a famosa brisa marítima estava de férias, mas o entusiasmo crescia à medida que os "felizardos" iam entrando para a monumental adega Viúva Gomes. O cenário estava preparado a preceito, com todas as velas dos candelabros gigantes acesas, com as mesas preparadas para o repasto e com os célebres garrafões - um de branco e um de tinto - perfilados lado a lado.

José Baeta não se tinha esquecido de nada. Havia decantadores, saca-rolhas de palhetas, saca-rolhas helicoidal, funil de rede fina, guardanapos e 60 copos de prova bem alinhados.O primeiro momento alto, com todos os felizardos a fazer meia-lua em frente aos garrafões, foi a extracção da rolha, do de vinho branco. Sabíamos que da facilidade com que a rolha fosse extraída e do seu estado de conservação dependeria grande parte do sucesso da noite. 

A tensão era, por isso, grande e a expectativa estava estampada nos olhares de todos. José Baeta, habituado a estes momentos, empunhou o saca-rolhas de palhetas e avançou resoluto para o garrafão de branco, disposto a sacar-lhe a rolha e a desvendar-lhe os segredos que tinha dentro. A primeira dificuldade surgiu quando constatou que as palhetas do saca-rolhas tinham sido feitas para garrafas e não para garrafões, não permitindo a extracção da rolha! José Baeta, que nunca tinha aberto um garrafão desta forma, contentou-se em tentar descolar a cortiça do vidro do gargalo, que conseguiu com alguma arte e ao som de alguns suspiros de admiração dos presentes. Foi, então, o momento para entrar em cena o outro saca-rolhas. 

A perfuração da cortiça fez-se com todo o cuidado, mas rapidamente se percebeu que não iria ser tarefa fácil, pois a rolha esfarelava devido à secura extrema que tinha à superfície. Cada pedaço de rolha que se destacava do conjunto causava burburinho na adega e as câmaras fotográficas e os telemóveis não paravam de registar esses momentos. Por fim, José Baeta tornou-se (ainda) mais afoito e perfurou a rolha de lado a lado, convicto que chegava para ela. Puxou e conseguiu vencê-la, brandindo-a, na ponta do saca-rolhas, à frente de todos como se de um troféu de caça se tratasse! Escusado será dizer que o entusiasmo cresceu exponencialmente na adega.

A segunda etapa do ritual consistia na decantação do vinho, pois desconhecíamos se tinha sedimentos. Foi a vez de VL pegar no garrafão, enquanto José Baeta segurava o decantador e o funil de rede fina. Logo que o vinho viu a luz do dia soltou-se uma exclamação, em uníssono, de todos os felizardos, pois apresentava um aspecto brilhante e uma linda cor acobreada. Tudo apontava, por isso, para uma noite de glória. A operação foi morosa e ocupou quatro decantadores, pois havia 5 L para decantar, numa operação que se pode chamar inédita, pelo menos para todos os presentes. Entretanto, começou a sentir-se o cheiro forte e delicioso que exalava do vinho, aumentando o entusiasmo de toda a gente.

Ao fim de muitos anos, que José Baeta estimou em cerca de oitenta, o vinho do garrafão ia começar a revelar os seus segredos...

Fotos cortesia de Rui Viegas

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Professor Virgilio Loureiro

quinta-feira, 22 de junho de 2017

A abertura do garrafão de Colares "Genuíno" (parte 1)

Como estava aprazado há mais de um mês,cerca de metade dos felizardos inscritos no histórico evento apresentou-se no Parque Eduardo VII às 16 h, para rumarem a Colares. 

Não obstante a terrível canícula (de má memória para todos os portugueses) só dois chegaram ligeiramente atrasados, retidos nas filas da ponte 25 de Abril. O entusiasmo era, portanto, enorme e o calor não fazia desfalecer ninguém! Os restantes felizardos aguardavam em Almoçageme - cerca de 10 graus a menos do que em Lisboa - a chegada do autocarro. Criou-se, então, um grupo de 56 felizardos, que se dirigiu às vinhas de chão-de-areia, em Fontanelas. 

O objectivo era dar a conhecer a paisagem vitícola de Colares, todo o processo de produção de uvas e uma viticultura heróica, única no mundo, que teima em resistir aos efeitos devastadores da globalização. Havia a convicção que após esse périplo muitos dos presentes sentiriam, por certo, a alma do vinho de Colares e estariam emocionalmente preparados para o grande acontecimento na Adega Viúva Gomes. 

Muitos dos estrangeiros que nos acompanharam (americanos, ingleses, eslovenos e asiáticos) não conseguiram disfarçar a sua imensa surpresa com as "vinhas" de chão-de-areia, sorrindo, fotografando, filmando e chegando ao ponto de perguntar se "davam uvas"! Depois de vermos as vinhas velhas (e muito velhas), quiçá as produtoras das uvas que deram o vinho que estava no célebre garrafão, rumámos a Janas, onde visitámos a mais nova vinha de chão-de-areia da região, que vai dar uvas pela primeira vez este ano. 

O nosso guia foi o Nuno Ramilo, que eu convenci a deixar de projectar pontes e barragens para transformar os pinhais da família em vinhas de Colares! Os mais de dois hectares que plantou torná-lo-ão, em breve, o maior "latifundiário" de Colares e um dos guardiões de saberes antigos, pois já o avô dele era grande vinhateiro e famoso negociante de vinhos. Estava feito, com o agrado de todos e a surpresa de muitos, o trabalho de campo. Havia, pois, que rumar a Almoçageme, para mais emoções fortes.

Fotos cortesia de Rui Viegas

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Professor Virgilio Loureiro

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Em Prova: Vila Real Touriga Nacional Rosé 2016

Mais uma aposta da Adega de Vila Real na recente linha de monovarietais. De cor salmão intensa, no nariz exprime-se com predominância de frutos vermelhos. 

Na boca é seco, mas os seus 13.5° de álcool proporcionam-lhe um agradável volume glicerinado deixando prevalecer agradáveis notas dos frutos vermelhos que ao mesmo tempo conferem uma remanescente sensação de doçura e acidez.

É vinho para a mesa. Por exemplo para sushi, saladas mais complexas (com proteína animal), pizza...

Tem a vantagem de não precisar de saca rolhas, pois a rolha de aglomerado de cortiça, é de abertura manual fácil!

Confesso-me surpreendido! Não sendo o meu estilo de rosé, revelou-se uma agradável surpresa! Um vinho muito bem feito, equilibrado, agradável, que dá prazer a beber e a preço cordato. Os meus parabéns à Adega de Vila Real que vinho após vinho, tem marcado presença com uma qualidade exemplar num segmento de mercado de afirmação extremamente difícil, e extremamente competitivo!

Jorge Neves (Wine Lover)

terça-feira, 20 de junho de 2017

Em Prova: Quilate Branco 2016



15,5/20. Quilate do Douro é um projeto de Jorge Rufino, cujo branco vai apenas na 2ª edição. As uvas são provenientes da quinta do muro em Canelas-Peso da Régua a mais de 500 metros de altitude, das castas Viosinho, Gouveio e Cerceal. A ideia do produtor é fazer um vinho aromaticamente sedutor, mas seco na boca. Esta edição, a de 2016 é mesmo muito intensa de nariz, com forte predominância em ervas aromáticas e notas tropicais. Talvez até um pouco em demasia. Na boca é fresco e seco, com corpo médio e final com boa acidez. Vai ser um best seller nos restaurantes pela "facilidade" de prova e a um preço cordato. PVP: 5,95€; Disponibilidade: Restauração.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Da Minha Cave: Anselmo Mendes Alvarinho 2007

18/20. Anselmo Mendes, pioneiro na forma de trabalhar a casta Alvarinho, foi o primeiro na região a experimentar por exemplo a fermentação da casta e estágio em barrica ou o processo de "curtimenta" (“à moda antiga”). 

Este exemplar de 2007 foi a terceira incursão de Anselmo na curtimenta total (anteriores apenas 2001 e 2005), isto é, fermentação total das películas das uvas com o mosto (como se de um vinho tinto se tratasse), e posterior estágio em barricas usadas. Ao que parece este vinho era feito desta forma apenas em anos excepcionais. 

E percebe-se, porque provado hoje, ele está excepcional: A cor um pouco laranja até pode assustar. mas desenganem-se... É super complexo de nariz, mineral, laranja cristalizada, alguns toques petrolados. Na boca deslumbra. Apresenta uma estrutura e sobretudo uma frescura que carrega com tudo! Tem corpo, tem acidez, tem complexidade, tem... classe. Um grande branco! 

Sérgio Lopes

sábado, 17 de junho de 2017

Arena de Baco: Prova Vertical Soalheiro Primeiras Vinhas 2006-2016

Soalheiro, dispensa apresentações. É a primeira marca de Alvarinho (a primeira vinha foi plantada em 1974) da sub-região de Monção e Melgaço e provavelmente um dos produtores com maior responsabilidade em colocar a casta Alvarinho num patamar de excelência. Outros produtores seguiram os seus passos, mas o seu lugar no podium dos grandes da sub-região mantém-se inabalável. Para além da marca Soalheiro Clássico, produz diversas referências desde coisas mais sérias como o Reserva, passando por vinhos mais leves (Allo, feito de Alvarinho e Loureiro) ou espumantes.

Mas a referência que mais gosto é, de longe, para mim, o Soalheiro Primeiras Vinhas. Este vinho é produzido com as uvas das vinhas mais antigas plantadas na propriedade (com mais de 40 anos) e pretende captar a pureza, mineralidade e fruta de qualidade do Alvarinho. Foi, portanto, com enorme prazer que tive a oportunidade de participar numa prova vertical completa de Soalheiro Primeiras Vinhas, com todos os anos em prova, ou seja de 2006 a 2016. A prova decorreu na Garrafeira A.Dega, em Famalicão, acompanhada de uns petiscos deliciosos para dar maior brilho ao evento. 

Apenas 12 "almas" sortudas puderam participar nesta prova. Foi bastante restrito mas muito animado! A prova foi conduzida do mais mais recente 2016 (colheita actualmente no mercado), para o 2006 (primeiro ano). Escusado será dizer que TODOS os anos em prova se mostraram muito bem, diria em grande forma mesmo. Alguns dos anos em prova até surpreenderam pela sua jovialidade e potência. Para mim, enquadro os vinhos no patamar de 17 a 19 valores. Todos. O que demonstra como evolui bem em garrafa. Os meus destaques vão para o 2015, com todo aquele "nervo" e tensão tão característicos de um ano perfeito como foi o ano de 2015. O Primeiras Vinhas de 2015 vai durar muitos, muitos anos. Está ainda bem jovem e até um pouco "duro", mas muito apetecível. No outro oposto, o 2008, com uma acidez e frescura notáveis. A mostrar uma jovialidade tal que em prova cega ninguém lhe daria esta idade. Tão novo... Outro vinho que adorei, o 2011, num registo de enorme finesse, tão delicado e suave, quase de veludo. talvez não tão intenso como os restantes, mas muito equilibrado e a dar enorme prazer.

Os anos 2009 e 2012, num composto entre fruta já madura mas muita acidez, a prever igualmente grande longevidade. 2010, muito mineral e o mais herbáceo em prova, mas num momento de consumo muito interessante 2013 um pouco mais doce (um ano mais quente?), 2014 talvez um pouco mais curto (o ano não foi dos melhores). 2016, muito novo naturalmente mas deu uma boa prova desde já. 2006 e 2007, os primeiros a mostrar notas realmente de evolução. Não quer dizer que sejam más, mas a querer parecer que, nesta fase, a curva da complexidade estará a ultrapassar a da frescura.

Em suma, a confirmação de que são grandes vinhos brancos, capaz de se bater com os melhores quer nacional, quer internacionalmente. Por apenas 14,90€ é possível comprar este grande vinho. O problema é conseguir guardar algumas garrafas. Obrigado ao Eduardo Branca pela oportunidade proporcionada. Pena apenas não ter estado presente o produtor Luis Cerdeira. Teria sido muito bom partilhar e trocar ideias com o contexto do produtor.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Em Prova: Cockburns Porto Vintage 1983


17/20. Mais um Porto Vintage trazido pelo amigo José Carneiro Pinto, desta feita um Cockburns de 1983, para finalizar um almoço igualmente bem regado com os vinhos A&D Wines a que farei referência nos próximos dias. Ora abrir um vintage é sempre uma experiência sensorial, pois não sabemos o seu momento de evolução em garrafa. Estando na presença de um vinho com quase 35 anos, todos os presentes concordaram que apesar da sua prévia dupla decantação, o vinho mostrou-se bem fechado e predominantemente químico, apresentando uma cor já em transformação entre o ruby e o tawny, mas mantendo uma enorme frescura e complexidade, com poder tânico e opolência, demonstrando que está aí para durar. Cockburns, uma marca clássica, que agora faz parte do grupo Symington, mas que devemos seguir com atenção e se possivel tentar descobrir estas pérolas mais antigas.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Radar do Vinho: VVYP Signature

A foto não podia ser a mais feliz, pois foi retirada exactamente do evento onde no ano passado foi lançado em estreia absoluta o vinho VVYP Signature, ou seja, no Vinho Verde Wine Fest, que decorreu na Alfândega do Porto. 

Ora, a sigla VVYP significa Vinho Verde Young Projects, isto é, um grupo de 4 amigos, jovens produtores da região dos Vinhos Verdes que se juntaram e pretendem demonstrar com o seu trabalho individual que a região produz grandes vinhos brancos, e que com o seu trabalho conjunto é possível uma promoção e divulgação mais abrangente e frutífera dessa realidade. 

São eles: Joana Santiago (Quinta de Santiago), Miguel Queimado (Vales dos Ares) - ambos na foto - João Camizão (100 Igual) e Carlos Coutinho (Cazas Novas). 

Para além de serem malta jovem, simpática e "gira", produzem uns vinhos realmente diferenciadores e de qualidade: Joana Santiago produz Alvarinho e um Rosé (com uma percentagem de Alvarinho), puros e frescos, Miguel Queimado aporta um lado mais "sério" e complexo ao Alvarinho - Ambos produzem na sub-região de Monção e Melgaço - João Camizão trabalha um blend de Arinto e Azal , de Amarante, com um "nervo" e frescura fora-de-séries e Coutinho aposta no Avesso. 

O "signature" é pois o vinho de celebração desta malta, comemorando o trabalho e amizade que os une. Lançado no ano passado, contém o blend das melhores castas trabalhadas por cada um deles - Alvarinho, Avesso, Azal e Arinto. São apenas 100 Magnum (garrafas de 1,5L), exclusivas, que não estão para venda. São mesmo de celebração. Tive oportunidade de voltar a provar este vinho no passado fim-de-semana e gostei muito. Embora um pouco fechado, mostrou toda a frescura e jovialidade do projecto.

Gosto muito desta malta e espero continuar a provar os seus vinhos por muitos anos e se possível, sempre em clima de celebração.

Sérgio Lopes

terça-feira, 13 de junho de 2017

Da minha cave: Quinta do Corujão Reserva Tinto 2003


16,5/20. Clássico do Dão, entretanto fugaz nas suas aparições, a Quinta do Corujão está localizada em Pinhanços, em terrenos de solos graníticos. Recentemente foi alvo da aposta de três enólogos do Douro, Jorge Moreira, Francisco Olazabal e Jorge Seródio Borges, que alugaram a propriedade por 10 anos e criaram o projecto M.O.B. Enquanto afinam o projecto, é tempo de nos debruçarmos sobre um vinho desta casa, do ano de 2003, que se encontra num interessante momento de prova, a demonstrar tudo aquilo que o Dão tem para oferecer com os anos de evolução em garrafa: Os seus aromas a pinho, bosque e especiarias, fruta vermelha e preta presente, taninos domados, muita frescura e elegância. Pendor gastronómico, a pedir um bom Cozido à Portuguesa, como referiu e bem o meu amigo Cupido. E tudo por apenas 5€. O Dão serrano no seu melhor, numa bela RQP.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Em Prova: Quinta da Bica Vinhas Velhas Tinto 2007


17/20. O Vinhas Velhas da Quinta da Bica apenas é produzido em anos excepcionais. As uvas provêm de vinhas com mais de 50 anos, com diversas castas misturadas, tais como Jaen, Rufete, Baga ou Alvarelhão e estagia um mínimo de 5 anos antes de sair para o mercado. Neste momento está com 10 anos e a dar grande prova: Elegante, fresco, complexo com notas de fruta, bosque, pinho, com taninos aveludados, a dar um enorme prazer e a fazer jus à região do Dão, como um exemplar que demonstra bem o potencial de envelhecimento. Por apenas 10€ é comprar, beber e ainda guardar seguramente por mais alguns anos. Nota: O 2007 já é muito difícil de arranjar. O mais recente "Vinhas Velhas" no mercado é do ano 2011.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Em Prova: DOW's Vintage 2000


17,5/20. Uma das melhores formas de terminar uma refeição, é apreciando um belo Porto Vintage. Ainda por cima de um ano mítico como o ano 2000. DOW's foi o escolhido para fechar a prova dos brancos reserva da Quinta do Arcossó e em grande. Com 17 aninhos está naquele ponto em que já passou o momento "parvo" de entre 5 a 10 anos e começa a entrar na idade adulta (com muitos e largos anos pela frente). É um DOW's, como sempre cheio de garra, com fruta bem presente a dar imenso prazer nesta fase. Notas químicas a aportar complexidade, enorme frescura e final muito longo. "Escorregou" tão bem... PVP: 90€. Disponibilidade: Garrafeira Nacional.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Em Prova: Romano Cunha Tinto 2009

16,5/20. A foto não é das melhores, mas dá para perceber que foi o vinho tinto que abrimos após a prova vertical dos brancos da Quinta do Arcossó Reserva, que ainda vislumbramos em fundo. O vinho chama-se Romano Cunha, é de 2009 e também proveniente de Trás-os-Montes, mais propriamente de Mirandela. Ao que parece a enologia está a cargo do irmão do conceituado Raul Perez. Ou o próprio Raul Perez terá dado uma "mãozinha", uma vez que nutre um encanto especial pela região de Trás-Os-Montes.

Quanto ao vinho, uma delicia. Fresco, elegante e muito equilibrado. Fruta madura de qualidade, especiaria qb, madeira totalmente integrada apenas a dar o toque de complexidade necessário. Final longo e de pendor gastronómico.

Completamente o oposto de um tinto maduro e "chato". Um verdadeiro exemplo do que a região pode aportar. Um vinho que ombreia com muitos outros, neste segmento de preço. Para desfrutar.

PVP: 12€; Disponibilidade: Enoteca.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 7 de junho de 2017

2.ª edição do UVVA – Universo do Vinho Verde Amarante

 

Cada vez sou mais adepto do Vinho Verde, pela sua leveza e frescura, desde os Alvarinhos de Monção e Melgaço, passando pelas diversas sub-regiões do Minho. E é pois também em Amarante que se produzem alguns dos mais interessantes vinhos verdes. Nomes como Casa de Cello, ou Sem Igual, entre outros, são presença frequente à minha mesa.

É este o mote para UVVA - UNIVERSO DO VINHO VERDE AMARANTE, evento que vai na sua 2ª edição e que se realiza no dia 16 de junho, sexta-feira, das 17h às 24h; dia 17 de junho, sábado, das 15h às 24h; e dia 18 de junho, domingo, das 15h às 22h. A entrada é gratuita e o kit de prova, constituído pelo copo oficial do evento e porta copo, tem um custo de 2,50€.

O evento decorrerá no histórico Claustro do Convento de S. Gonçalo, cenário de degustação de diversas referências da região. Produtores reconhecidos da região dos Vinhos Verdes marcam presença e, a pensar na harmonização perfeita, haverá ainda possibilidade de degustar o melhor da gastronomia regional. Haverá também conversas sobre o vinho conduzidas por conceituados especialistas e sessões de showcooking com chefes premiados.

A seguir ao feriado do "corpo de Deus", todos os caminhos vão dar a Amarante!

Sérgio Lopes


terça-feira, 6 de junho de 2017

Novos Vinhos Cabriz Biológicos

Decorreu no passado dia 1 de Junho, no restaurante Puro 4050, a apresentação da nova gama dos vinhos da Quinta de Cabriz. Com a presença do conceituado enólogo Osvaldo Amado e num ambiente bastante relaxado, foram apresentados os 3 novos membros do portfólio da Quinta. Representam claramente uma nova aposta do grupo, no segmento dos vinhos biológicos, uma tendência que de acordo com o director comercial começa a ganhar consistência no mercado e com cada vez mais clientes no mercado de exportação


Cabriz Biológico Branco 2016 - Produção de 60000 garrafas, PVP 4,99€. Nariz aromático acidez presente e marcada. Seco mas bastante mineral. Desenhando para ser muito gastronómico, com uma vida útil de 2 a 3 anos 

Cabriz Touriga Nacional Branco 2016 - Produção de 5000litros. PVP 7€. Vinho blanc des noirs, ou seja, branco produzido de uvas tintas da casta Touriga Nacional, da qual apenas é aproveitada 40% da uva e utilizada a que no momento da apanha está mais "verde". Acidez marcada mas mais untuoso. Final de boca longo e presente. Algo floral no nariz, de copo para copo a abrir e a mostrar o lado da Touriga. Curioso.

Cabriz Biológico Tinto 2013 -  Produção de 60000 garrafas, PVP 4,99€. Fortes notas de "vinho". Vinho de redução, bastante marcado pelo seu lado frutado. Acidez presente, algo seco na boca. Possibilidade de envelhecimento presente e de evolução com o tempo.

Luis Pádua (Wine Lover)

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Em prova: Vila Real Grande Reserva Branco 2014

Vila Real Grande Reserva Branco 2014
Preço: + / - 6€ 12.5° álcool
Castas: Viosinho, Malvasia Fina e Fernão Pires
Enologia: Rui Madeira e Luís Costinhas.

Ao primeiro contacto, o nariz é dominado pela madeira... que se vai dissipando com o tempo. Beneficia em ser servido em copos largos, para permitir que exprima o seu potencial aromático mais rapidamente, dando lugar a notas cítricas, remetendo-nos para a frescura da árvore cítrea com toda a sua plenitude aromática desde folha, flor até ao fruto!
Na boca é fresco, equilibrado, amplo mas sem ser pesado! Com persistente final fresco, cítrico, mas não pungente!

Confesso que ao primeiro contacto com o nariz, a madeira me incomodou um pouco... mas tornou-se excelente companheiro à mesa a acompanhar um robalinho grelhado!

Os meus parabéns à Adega de Vila Real, pelo excelente trabalho que tem vindo a realizar... e principalmente pela subtileza na evolução do perfil dos seus vinhos!

Jorge Neves (Wine Lover)




sábado, 3 de junho de 2017

Moscatel de Setúbal SIVIPA 1996 com estrondosos 98 pontos no concurso Decanter

O Moscatel de Setúbal SIVIPA 1996 obteve a segunda maior pontuação (98 pontos) no concurso Decanter World Wine Awards 2017, apenas superada por um Sherry de Espanha (99). Os vinhos com pontuações a cima de 95 pontos são divididos em categorias, de acordo com o preço, estilo ou casta, de onde emergem as medalhas Platinium em diferentes categorias. Na categoria de fortificados portugueses o Moscatel de Setúbal SIVIPA 1996 superou os pares recebendo a distinção de ‘Best Portuguese Fortified’. Também o Moscatel de Setúbal Bacalhôa 2014 se destacou na prova recebendo 95 pontos e uma medalha Platinium na categoria de ‘Best Value Portuguese Fortified’. Já o Moscatel Roxo de Setúbal Superior 2010 da Casa Ermelinda Freitas recebeu a medalha de ouro com 96 pontos.

A competição teve em prova mais de 17 mil vinhos de todo o mundo, que foram provados por duzentos e dezanove juízes especialistas, incluindo 65 Masters of Wine e 20 Master Sommeliers.

As elevadas pontuações dos Moscatéis de Setúbal voltam a colocar este licorosos no topo das tabelas dos principais concursos de vinhos internacionais. Recentemente o Moscatel de Setúbal Roxo da Venâncio da Costa Lima trouxe o mais importante troféu do Challenge International du Vin, o ‘Prix Special’ na categoria de vinhos fortificados.

(in Press Release)

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Os Alvarinhos e o Poema 2006

Alvarinhos existem muitos... e bons (felizmente). Foram dos primeiros brancos que me começaram a levar para os caminhos e prazeres de um bom vinho branco. A consistência da sub-região de Monção e Melgaço nestes vinhos é inegável. Mas também os vinhos são muito "iguais". Bons, repito, mas muito iguais e alguns produtores "abusam" um pouco da doçura, o que desvirtua o que entendo por um branco seco Alvarinho. Há naturalmente os honrosos campeões, os que estão no pódio no que de melhor se faz em terras minhotas com a casta Alvarinho - Anselmo Mendes, Soalheiro e Regueiro - Muito à frente do resto e os produtores emergentes como Valados de Melgaço ou este Poema que tive oportunidade de conhecer melhor.

Este projecto trata o alvarinho de maneira um pouco diferente, desde logo pelos 24 meses de estágio em cuba, com batonnage e posterior estágio em garrafa, lançando-os mais tarde para o mercado, logo mais complexos, mas sem perder a frescura. Neste momento, pode-se comprar o 2010 e o 2014, ambos em grande forma (PVP 15€).

O 2006 está também em boa forma, como se pode verificar pela foto à esquerda, De cor esverdeada, mostrou-se muito fresco, com notas de maçã ácida, citrinos e leve petrolado. Boca de bom volume, final crocante e muito fresco. Ainda bem vivo! PVP 25€. Disponibilidade: Reserva do Produtor.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Alvarinhos em Lisboa e Espumantes em Coimbra

No próximo fim-de-semana, o Alvarinho desce a Lisboa para a 3ª edição do Alvarinho Wine Fest e Coimbra recebe a 6ª mostra de espumantes da Bairrada.

Nos dias 2 e 3 de Junho, vários produtores de Alvarinho deslocam-se ao Pavilhão Carlos Lopes (Lisboa) para celebrarem a Origem do Alvarinho da Sub-região Monção e Melgaço, juntamente com outros produtores da região que darão a conhecer as potencialidades dos sabores do Município Mais a Norte de Portugal. A abertura do evento acontece pelas 15h00 e é de entrada gratuita.

19 produtores de Alvarinho: Casa de Midão, Casa de Canhotos, Castaboa, Castros de Paderne, Dom Ponciano, Dona Paterna, Encostas de Paderne, Lua Cheia em Vinhas Velhas, Memória a S.Marcos, Poema, Alvaianas, Quinta do Mascanho, Quinta do Mentainas, Quinta do Regueiro, Quintas de Melgaço, Reguengo de Melgaço, Soalheiro, Terras de Real e Valados de Melgaço; e seis de produtos locais: Fumeiro Tradicional de Castro Laboreiro, Delícias do Planalto, Casa do Ramo Sabores, Melgaço em Sabores, Prados de Melgaço e Bebipedala.

em Coimbra, são 20 os produtores de espumantes Bairrada que se reúnem este Sábado, dia 03 de Junho, das 14h00 às 20h00, nas Piscinas do Mondego – localizadas na margem sul do rio homónimo que banha Coimbra – para mais uma edição do ‘Refresh - Bairrada Meets Coimbra’. A acompanhar as “bolhinhas da Bairrada”, muita música e iguarias gastronómicas.

 

Na lista de presenças constam as Caves Arcos do Rei, da Montanha, Messias, Primavera, São Domingos e São João; a Adega de Cantanhede e outros tantos produtores: Aliança Vinhos de Portugal, Aplauso, Ataíde Semedo, Cave Central da Bairrada, Colinas de São Lourenço, Kompassus, Quinta das Bágeiras, Quinta do Ortigão, Prior Lucas, Rama & Selas, Regateiro e Vínícola Castelar. 

A finalidade é mostrar as últimas novidades de cada casa bairradina, partilhar informação e fomentar o contacto com os visitantes. A entrada tem o custo de 10€, incluindo um copo para prova.

Sérgio Lopes (in Press release)