terça-feira, 29 de junho de 2021

Em Prova: Paxá Negra Mole Tinto 2019


A casta é autóctone do Algarve. Chama-se mesmo Negra Mole. Eu já visitei algumas vinhas e a coloração das uvas tem diferentes tonalidades no mesmo cacho. Desde o vermelho carregado ao meio rosado...

O vinho é um belo exemplar da casta e da região. Leve, com pouco alcool, corpo médio e bem fresco com uma fruta muito bonita a lembrar cereja e ameixa. A passagem por madeira apenas arredonda o vinho ao que lhe soma um toque vegetal, que o puxa para a mesa.

Ótimo para grelhados e pratos leves. Tem tudo a ver com a região que pede este registo que condiz com o clima e não as bombas alcoólicas que muitas vezes são produzidas no Algarve. Tivesse um final mais longo e seria um grande vinho. Mas o caminho é este, na minha modesta opinião. Pvp 12,90€


Sérgio Costa Lopes

sábado, 26 de junho de 2021

Em Prova: Terra a Terra Branco 2019


Viosinho, Gouveio e Rabigato provenientes do planalto de Alijó onde o solo é de granito e de transicção. Após vindima o vinho estagiou 50% em cubas de inox e 50% em barricas de carvalho francês usadas.
Um clássico Duriense de Jorge Alves e Celso Pereira.

Bem desenhado, o registo é de um branco floral, levemente vegetal e frutado. A madeira praticamente não se sente. O corpo é médio e bem equilibrado com uma boa acidez. Termina elegante e pode se guardar um par de anos, sem problemas. Bom para a mesa, sobretudo para pratos primaveris e de Verão. Pvp 11eur


Sérgio Costa Lopes

terça-feira, 15 de junho de 2021

Em Prova: Casa da Carvalha

 

A Casa da Carvalha encontra-se localizada no concelho de Arganil, estando as suas vinhas situadas na zona mais a Sul da região do Dão. São três hectares de vinha, com exposição Sul e solo predominatemente xistoso, o que lhe confere um caracter peculiar, sobretudo numa zona onde reina o granito. As castas utilizadas são as típicas da região, nomeadamente Touriga Nacional, Jaen, Tinta Roriz e Alfrocheiro. O rosto por trás do projecto é Rita Andrade, seu marido e filha Marta. Um projeto familiar. A enologia é de Rui Reguinga.
A matriz do projecto segundo Rita é "fazemos vinhos de que gostamos, em família, aproveitando o que a natureza nos dá em cada ano.
O ano 2015 permitiu a criação de novas referências e a diversificação do projeto. Dos 6 vinhos provados, destaco claramente 4 deles.
O Casa da Carvalha Tinto 2015 é o "clássico" da casa, um vinho de corpo médio, elegante, equilibrado e que se bebe com uma enorme facilidade. E que evolui lindamente. Basta lembrar os vinhos bebidos de 2006, ou 2010, que estão aí para as curvas e que se podem ainda comprar! 9,5eur.

O Casa da Carvalha Reserva 2015 é mais redondo, com a madeira a aportar maior complexidade. Tem também um pouquinho mais de corpo e final mais longo. Um tinto que visa um público mais alargado e que está otimo neste perfil. 12,5eur
O Casa da Carvalha Pisa a Pé 2015 é uma delicia. Foi o meu favorito juntamente com o Jaen. Touriga Nacional e Alfrocheiro, com estágio 3 anos em cuba. Fruta bonita e bosque no nariz - Dão! Boca super fresca, leve barrica de qualidade, tanino redondo, otima acidez, final longo e com tensão. Muito bem. 15eur.
Last but not least, o Casa da Carvalha Jaen 2015, um vinho que eu já tinha provado e continua excelente. Cheio de frescura, balsâmico e mentolado, com uma fruta muito bonita, mas também algum vegetal, a lembrar um pouco o estilo praticado no bierzo. Elegante, corpo médio, tanino polido e final longo. 15eur
Um projecto que tenho acompanhado e cujos vinhos valem bem a pena ir tendo á mesa e na nossa garrafeira.

domingo, 13 de junho de 2021

Em Prova: Monte Branco Tinto 2016


Vinho topo de gama da Adega Monte Branco do jovem produtor Luís Louro .

Produzido só em anos excecionais, representa o melhor das duas parcelas: Alicante Boushet em solos de xisto, Aragonez em solos calcários.
Um vinho que por um lado demonstra claramente de onde vem - Alentejo, mas de Estemoz que é capaz de combinar potência com frescura.
E é o que temos aqui, um tinto de cor granada, que no nariz mostra desde logo o calor do terroir, alguma austeridade e a fruta negra em bom plano.
Na boca tem volume, fruta madura mas muita frescura a equilibrar o conjunto. Os taninos são firmes, terminando longo e com uma boa acidez, a pedir comida de substância.
Muito interessante pois o registo é de um vinho com marcadores clássicos da região mas com uma frescura bem contemporânea. Evoluirá muito bem nos próximos anos. Pvp 35eur.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Em Prova: XXVI Talhas Mestre Daniel Branco 2019


O projeto @xxvi_talhas presta homenagem à tradição milenar da produção de vinho de talha, na pacata aldeia de Vila Alva. XXVI talhas - porque é o número de talhas que existem na adega onde se produz o vinho, com as marcas "Vinho do Tareco" (vinho novo da talha) e Mestre Daniel em homenagem ao carpinteiro que construiu a adega e adquiriu as talhas há mais de 60 anos. O Mestre Daniel produziu nessa adega vinho de talha durante cerca de 30 anos, seguindo a tradição familiar que herdou de seus pais e avós. Após a sua morte seguiram-se ainda alguns anos de produção. Contudo, em 1990, a adega encerrou atividade. Em 2018, após quase trinta anos de interregno, a adega volta a funcionar, retomando a tradição local e familiar de produção de vinho de talha. O projeto é encabeçado por Daniel Parreira e pelo enólogo Ricardo Santos (Malo Tojo), com ligações afetivas ao projeto.

Se querem provar um vinho de talha, é isto! Um branco untuoso, com os marcadores da talha (notas resinosas, de barro, ceroso, leve mel) mas também fruta. Na boca é intenso, com leve tanino e enorme frescura pela sua acidez. Termina longo, com um equilíbrio notável de conjunto. Apenas 11.5 graus de alcool...

Um grande exemplo de um branco de talha que apetece muito beber. Pvp 20eur. Muito bem.

Já sabem o quanto gosto deste projecto, sobretudo porque tem enorme qualidade e muita autenticidade.


Sérgio Costa Lopes

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Em Prova: Zafirah Vinha da Rocha Tinto 2019


Ora aí está algo que ansiava beber... este vinho é a demonstração que um vinho verde tinto pode e deve ser de guarda, tendo sido desenhado como tal por @constantinoramos

Vinha velha, com castas tintas do antigamente - alvarelhão, pedral, borraçal e algum vinhão, 12 meses em barrica nova de carvalho francês.

Para quem conhece o Zafirah, este vinho é talvez a sua versão refinada.

A cor é aberta como seria de esperar. O nariz é muito rico com fruta vermelha, leve vegetal e alguma perceção de barrica de primeiríssima qualidade. Tudo num registo muito bonito e apetecível, que promete desde logo. Mas é na boca que impressiona pela enorme classe. O corpo é médio, mas tem intensidade. Os taninos são de veludo e aportam apenas finesse. A barrica está lindíssima a arredondar o conjunto, sem marcar nada. O final é longo e muito fresco, Com apenas 11 graus de alcool é um convite para se beber a garrafa até ao fim.

Adorei o vinho. O melhor tinto dos verdes atualmente - incontestável. Um dos melhores vinhos que provei este ano, num registo a 'piscar o olho" aos grandes tintos das Rias Baixas, por exemplo.

Apenas 300gfs deste vinho foram produzidas a um pvp de 35eur cada. Sortudos serão quem as agarrar.

 
Sérgio Costa Lopes

terça-feira, 8 de junho de 2021

Em Prova: Zafirah Tinto 2020

 

Novíssima edição deste tinto disruptivo e obrigatório, trazido pelas mãos do enólogo e produtor @constantinoramos

Trata-se de um tinto da região dos vinhos verdes, com apenas 11.5 graus de alcool e feito das castas de outrora da região (pedral, alvarelhão, borraçal, espadeiro, entre outras).

Acompanho este projeto desde o nascimento em 2016 e posso afirmar que 5 colheitas depois está mais que provada a sua consistência.

Acrescento que, para mim, a edição 2020 é provavelmente a melhor edição de sempre, com bastantes pontos de contacto com a edição 2016, que tanto gostei.

O perfil é de um tinto leve, com pouco corpo, mas muito sabor. Nesta fase está muito jovem com a fruta em primeiro plano e depois um toque vegetal. A madeira não se sente minimamente (é utilizada pouca e usada) Vai evoluir muito bem nos próximos meses e será um companheiro ideal para grelhados na brasa e sardinhadas. Sobretudo pela facilidade de prova e enorme gozo a beber, com uma acidez equilibrada mas presente que pede mesa. Tem também uma certa rusticidade presente que lhe continua a dar uma enorme graça suplementar. 12eur.

Sérgio Costa Lopes

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Em Prova: Deu-la-Deu Histórico Alvarinho 2017


A @adegademoncao é o maior produtor da sub-região de Monção e Melgaço. Deu-la-deu ou Muralhas são marcas que revelam a qualidade e consistência deste grande produtor, que ultimamente tem inclusive diversificado com a criação de novas referências.

Este vinho é a referência diferenciadora que faltava à Adega de Monção. "Histórico" quer pelo classicismo do rótulo, quer pela tecnologia de vinificação ancestral- a fermentação do mosto juntamente com a película da uva (ou curtimenta), de uvas 100% alvarinho, provenientes dos vinhedos mais antigos.

A cor dourada não engana - estamos na presença de um branco de curtimenta. O nariz confere, com notas de laranja cristalizada, lima, leve tropical, mineral. A boca confirma esse lado citrino, com alguma austeridade, mineral, gordo e com um equilíbrio ácido notavel (alguns vinhos de curtimenta são algo extremados e agressivos - este não). Termina longo e muito fresco, dando um enorme prazer à mesa. Apenas 12.5 graus de álcool ainda melhor.

Pode ser adquirido na loja online da Adega de Monção por 20eur.

Bem a propósito da celebração da criação do selo da sub-região de Monção e Melgaço que se comemora hoje mesmo...!

Sérgio Costa Lopes

terça-feira, 1 de junho de 2021

Radar do Vinho: Espumantes Hehn

 
É na região da Tavora-Varosa, local de excelência para a produção de espumantes de qualidade, que se situa o projecto Hehn.
De origem marcadamente Alemã, esta família está no mundo dos vinhos desde 2005. Extraindo toda a frescura da altitude e aliando essa mesma a tradição de espumantizar, @marcos_hehn.ps presta homenagem aos monges de Cister que introduziram a espumatização no nosso pais.
O Espumante Hehn Rosé 2016 é feito de Touriga Nacional e passa no minimo 18 meses em cave, antes do degorgement. É um rosé muito giro e agradável, equilibrado no binômio bolha/mousse, entre notas de fruta vermelha fresca e alguma panificação, num registo seco qb, versátil, tanto apto para momentos de celebração/aperitivo como para ir à mesa, naturalmente. Pvp 13eur
O Espumante Hehn Reserva 2013 tem no minimo 24 meses de cave. Contudo, o que eu bebi, tive a sorte de ter sido degorjado em... 2019! Estava delicioso. Aqui o registo é um pouco mais abrangente, pois apesar de ser bruto, apresenta quase 7gr de açúcar residual que no entanto se esfumam praticamente nas 7 gr de acidez que tem. Resulta num espumante complexo, redondo, com uma boa mousse, bolha presente e muito fresco. Este espumante também se bebe por si só ou claro à mesa. Pvp 13eur
O Espumante Hehn Velha Reserva 2011 é já outro campeonato. Malvasia fina e cerceal compõe este espumante com longo sono em cave antes de degorgement. Bruto natural (zero gramas de açúcar) é um espumante para comida ou início de refeição. A bolha é fina e bem presente, com boa agulha e a mousse muito envolvente. A sua acidez elevada torna-o super refrescante e em suma, uma delícia para quem apreciar alguma intensidade sem no entanto perder o equilibrio. Um belissimo espumante. Pvp 20eur
Um projecto claramente a ter debaixo do radar cujos vinhos podem ser adquiridos online.