sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Em Prova: Covela Edição Nacional Avesso 2017

Localizada em Baião, coladinha ao Douro, mas ainda na região dos vinhos verdes, a Quinta da Covela consegue reunir o melhor das duas regiões, produzindo vinhos moldados pelo xisto duriense e pelo granito minhoto. 

Este já clássico Avesso da casa continua com o patamar de qualidade a que nos habituou. Mesmo num ano de 2017 que foi muito quente em Portugal, mantém o seu perfil fresco e cremoso, com apenas 12,5 graus de álcool. Talvez até tenha um pouco mais de corpo, nesta edição. 

Foi a escolha segura e de última hora para o almoço de sábado, quando de repente o telefone toca e a minha irmã tinha uns grelhados preparados para nós. Foi correr ao L.Eclerc (hiper mais próximo) e trazer este vinho (e o gelo para o refrescar) que foi de agrado geral. A mineralidade deste avesso, com alguns toques de fruta branca e a sua elevada frescura casaram perfeitamente à mesa, mostrando que este valor seguro é para se ter sempre à mão. PVP: 7,85€. Grandes Superfícies.

Sérgio Lopes

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Radar do Vinho: XXVI Talhas (Mestre Daniel)

Mestre Daniel Branco Lote X - O meu preferido
O projeto XXVI Talhas presta homenagem à tradição milenar da produção de vinho de talha, na pacata aldeia de Vila Alva.  XXVI talhas - porque é o número de talhas que existem na adega onde se produz o vinho, com as marcas "Vinho do Tareco" (vinho novo da talha) e Mestre Daniel em homenagem ao carpinteiro que construiu a adega e adquiriu as talhas há mais de 60 anos. O Mestre Daniel produziu nessa adega vinho de talha durante cerca de 30 anos, seguindo a tradição familiar que herdou de seus pais e avós. Após a sua morte seguiram-se ainda alguns anos de produção. Contudo, em 1990, a adega encerrou atividade. Em 2018, após quase trinta anos de interregno, a adega volta a funcionar, retomando a tradição local e familiar de produção de vinho de talha. O projeto é encabeçado hoje pela filha do Mestre Daniel e seus dois netos e ainda o enólogo Ricardo Santos (Malo Tojo), com ligações afetivas ao projeto. Das 26 talhas que dão nome ao projeto, 22 são de barro, algumas datadas do séc. XIX, e 4 são de cimento armado que, apesar de mais recentes (década de 1930), foram fabricadas por “mestres vilalvenses”.

As vinhas têm idades entre 20 a 50 anos e contêm castas do antigamente, que aí perduram. Os solos são pobres, carregados de xisto e saibro e com relevos atípicos para a região. A proximidade da pequena serra do Mendro tem influência na temperatura, o que tudo somado, torna este projeto um pouco fora do baralho para a região, permitindo produzir vinhos com enorme identidade e personalidade.
O Mestre Daniel Branco 2018 é feito de Antão Vaz, Perrum e Roupeiro, fermentado com maceração e contacto com as massas durante três meses em talhas de barro, sem controlo de temperatura e com leveduras indígenas. Resulta do lote de duas talhas, uma com capacidade fermentativa aproximada de 900 litros e outra com capacidade de 800 litros. Apresenta aroma com fruta branca madura e algum herbáceo. A boca tem um toque ceroso e untuoso, apresentando-se algo mineral, seco e muito fresco. De corpo médio e final médio/curto,  termina guloso. De beber e querer repetir. PVP: 15€. Garrafeiras.
O Mestre Daniel Tinto 2018 é feito de Trincadeira , Aragonês e Tinta Grossa. O nariz apresenta uma fruta muito bonita, quase como a lembrar geleia, mas sem qualquer sobrematuração. Antes pelo contrário, é apetecível. A boca apresenta um bom volume, focada na fruta, apesar de alguma rusticidade, o que lhe confere uma certa graça.  Termina-se seco, elegante e muito fresco, para se beber com muito prazer, com os seus moderados 12 graus de álcool. PVP: 15€. Garrafeiras
O Mestre Daniel Branco Lote X 2018 foi o meu preferido dos três vinhos provados. Feito de Diagalves, Manteúdo, Antão Vaz, Perrum e Roupeiro, é o produto da fermentação e estágio sobre borras de uma talha apenas. As uvas provêm da vinha mais velha, com cerca de 50 anos, plantadas num solo de saibro. O resultado é um vinho com muita mineralidade onde a curtimenta de 6 meses na talha lhe confere uma boca com alguma austeridade e um volume que provavelmente não estaríamos à espera encontrar, tratando-se de um branco de talha. Apesar dos seus 11,5 graus de álcool tem largura e uma excelente acidez que lhe confere grande frescura. Um branco com grande nervo e complexidade aromática a mostrar o que o terroir de Vila Alva pode produzir. PVP: 20€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Em Prova: Pacheca Grande Reserva Branco 2017

Num jantar recente em Lisboa tive o privilégio de provar este vinho, trazido por um dos comensais. 

Trata-se do vinho branco topo de gama do produtor duriense Quinta da Pacheca, Pacheca Grande Reserva Branco 2017, produzido de Viosinho e Rabigato a 350 metros de altitude, de uma vinha com quase 60 anos.

Fermenta em barricas novas de carvalho francês e estagia sobre borras finas por 12 meses.

Nariz complexo, com madeira de enorme qualidade, ainda assim discreta, apesar de se notar nesta fase. Notas citrinas muito giras a acompanhar e leve especiaria. Boca untuosa, mas com frescura para lhe conferir uma leveza de conjunto muito interessante. Termina atrativo e longo, mas a precisar de tempo de garrafa. A acompanhar a sua evolução nos próximos anos.

Ao beber este vinho, surgiu de imediato à memória, outros brancos Durienses, do mesmo estilo, provados recentemente, como o Quinta da Sequeira Grande Reserva, Extrema Edição I ou o Soulmate, por exemplo. Vinhos onde a madeira está em primeiro plano, mas de alguma forma discreta, num estilo untuoso e apelativo que tem os seus adeptos. Eu procuro por este preço mais nervo e tensão, mas admito que estamos na presença de um belíssimo vinho, neste registo. PVP: 30€. Disponibilidade: Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Em Prova: Rosa da Mata Alfrocheiro 2017

Segunda edição do vinho que é o projeto pessoal da enóloga Patrícia Santos, que colabora com Anselmo Mendes nos projetos dois.ponto.cinco (Beira Interior) e Quinta da Silvares (Dão). Trata-se do Rosa da Mata 2017, um vinho tinto, do Dão, feito 100% de Alfrocheiro. Quem figura no rótulo é a sua avó Rosa, em seu tempo de vida conhecida como Rosa da Mata, por na mata ter a sua casa e lá cuidar da sua neta, "uma criança irrequieta que aí se ligou à terra e às árvores".

É um vinho claramente de vigneron, sem artifícios de qualquer espécie, aparecendo na edição de 2017 com um nariz complexo e muito apelativo, com notas abundantes de mata, pinho e eucalipto, tão típicas do Dão, apoiadas por uma fruta vermelha fresca muito bonita e delicada- A boca é toda ela fresca, com taninos macios, mas presentes e um bom volume e acidez. Cheira e sabe mesmo a vinho !, sem cacaus e baunilhas e outros aromas que tantas vezes nada fazem lembrar vinho. Sempre com elegância e leveza - mas corpo, termina persistente e com uma certa rusticidade que lhe confere um carácter muito próprio. Gostei muito É gastronómico e muito versátil à mesa, tendo acompanhado ao almoço um bacalhau confitado e ao jantar uns filetes de polvo. Muito bem. Uma justa e certeira homenagem à avó Rosa da Mata. PVP: 15€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Em Prova: Casa da Passarela 'O Enólogo' Encruzado 2017

A Casa da Passarella é uma propriedade histórica da região do Dão, cuja origem remonta ao final do século XIX. São 100 hectares, dos quais 45 hectares são de vinha, localizados na frescura do sopé da Serra da Estrela. Após muitos anos de estagnação, em 2008 assiste-se ao renascer do projeto com a entrada de novos proprietários e do enólogo Paulo Nunes, primeiro como enólogo consultor, depois como residente (a partir de 2012). 

O Casa da Passarella 'O Enólogo' 2017 é um vinho branco feito da casta rainha da região, o Encruzado. Trata-se provavelmente de um dos melhores brancos na faixa de preço até 15€. O nariz pauta-se por contenção, com notas citrinas delicadas e muita mineralidade. Na boca é muito fresco, sentindo-se ainda mais essa mineralidade, amparada por um lado herbáceo que lhe confere um caráter muito interessante. A boca tem volume e ligeira untuosidade dada pela passagem em madeira usada, impercetível. Termina longo, tenso e seco, com uma acidez claramente a pedir comida. Belo branco. PVP: 12,5€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sábado, 3 de agosto de 2019

Em Prova: Tretas Tinto 2018

Mais um tinto com pouco alcool perfeito para ser degustado este Verão. Trata-se do novo vinho de João Tavares de Pina, o Tretas Tinto 2018. O rótulo é giríssimo, como podemos constatar pela foto acima. O vinho é feito de 70% Jaen e 30% Touriga Nacional, de vinhas jovens e foi provado pela primeira vez no simplesmente... Vinho! Segundo o produtor o nome advém de se tratar de um vinho "produzido sem tretas", ou seja, tudo o mais natural possível - fermentação espontânea, cuba fechada com remontagem, estagio sobre borras 6 meses, sulfuroso ao engarrafamento.

O resultado: um vinho com um lado vegetal e de fruta bem bonita, amparado por uma boa acidez que o torna muito fresco e perfeito para a mesa. Muito equilibrado, de corpo médio e seco como deve ser, para se beber despreocupadamente com os seus moderados 12 graus de álcool. Bem porreiro! PVP: 8,75€. Disponibilidade: Goliardos

Sérgio Lopes

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Em Prova: Fonte da Cobra Alvarinho 2018

Fonte da Cobra é o um projeto novo, localizado em Celorico de Basto , na região dos Vinhos Verdes, com enologia de Constantino Ramos (Anselmo Mendes, Zafirah, Afluente). Trata-se de um projeto familiar que dispõe de 11 hectares de vinha de Azal, Arinto, Loureiro, Alvarinho, Fernão Pires e Vinhão, vinha essa a uma altitude média de 500 metros.

O Fonte da Cobra Alvarinho 2018 é da vinha 100% Alvarinho que se encontra na cota mais alta. As uvas foram fermentadas a uma temperatura mais baixa e estagiaram sobre as borras finas durante 4 meses com battonage regular. O resultado é um vinho que no primeiro impacto se mostrou super tropical, fruto da sua juventude. Carregado de maracujá, mas sempre com um pendor mineral lá no fundo. À medida que foi abrindo foi acalmando a tropicalidade - mais citrina e sobressaindo a grande mineralidade. Na boca apresenta um bom volume, profundidade e alguma untuosidade, fruto da battonage, terminando super fresco e com uma acidez que seca totalmente a boca, como é apanágio dos vinhos feitos por Constantino Ramos. Um excelente exemplar da casta Alvarinho e sua plasticidade, no terroir da sub-região de Basto. Vai crescer em garrafa. PVP: 7€ Garrafeiras.

Sérgio Lopes