A Quinta Dona Matilde chegou à família Barros pelas mãos de Manoel Moreira de Barros, em 1927. Em 2006, a família Barros vendeu o grupo Porto Barros e, com ele, a quinta Dona Matilde. O neto do fundador, Manuel Ângelo Barros, sentiu que 30 anos de trabalho na região deixam raízes e procurou vinhas no Douro para comprar. Quis o acaso – e a intuição da mulher de Manuel Ângelo – que a Quinta Dona Matilde acabasse por regressar às mãos da família, no final de 2006. Localizada na margem norte do rio Douro, entre a Régua e o Pinhão, a quinta possui 28 hectares de vinha, instalada entre as cotas 50 e 300 metros e com grande frente de rio. Tem vinhas velhas tradicionais do Douro, com idades entre 60 e 80 anos, e plantações mais recentes, com cerca de 20 anos. Para alem dos vinhos de mesa que descrevemos abaixo, produz também, naturalmente, Vinho do Porto.
O Fartote Tinto 2018 é o entrada de gama da casa, um vinho com um rótulo muito giro e que se traduz num tinto super equilibrado, leve, versátil e gastronómico, representando uma porta de entrada para o que vem aí em termos de perfil transversal da marca - elegância, pouca extracção e vinhos feitos para a mesa. 5€
O Dona Matilde Branco feito de Arinto, Viosinho, Rabigato
e Gouveio não passa por madeira. A edição de 2018 mostra um perfil fresco, leve, de corpo médio e muito consensual, com apenas 12,5 graus de álcool. A mais recente edição no mercado, a de 2019, reflexo de um ano mais seco, apresenta já 14 graus de álcool, o que muda um pouco o perfil do vinho, apresentando-se no nariz, com notas florais e alguma fruta tropical nesta fase. Na boca, mostra-se untuoso, com bom volume de boca, sempre amparado por excelente acidez, que lhe confere imensa frescura. Um branco de 2019 mais gordo que o 2018, também mais versátil a mesa para acompanhar pratos mais elaborados. 9€
O Dona Matilde Tinto 2017 é um excelente exemplar do Douro até 10€, sem extracção, mantendo uma matriz de elegância, amparado na fruta tão tipica do Douro. Gostei bastante. 9€.
O Dona Matilde Reserva Branco 2018 fermenta e estagia em barricas de madeira de 300 litros. É uma delicia, pouco alccol, madeira super bem integrada, muito fino e delicado, mas com uma acutilante acidez e um final longo que permite grandes voos a mesa. 22,90€.
O Dona Matilde Reserva Tinto 2015 produzido a partir das castas tradicionais Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Amarela e vinificado em lagares de granito. Estagia 18 meses em barricas novas de carvalho francês. É um vinho com um aroma intenso e complexo a frutos maduros vermelhos, algum balsâmico e especiaria. Na boca tem bom volume, taninos firmes, mas muito elegantes, seco e complexo, resultando num final de boca longo e intenso. Muito bom. 19,90€
Para o final, um vinho fora da caixa, produto da vinha mais velha da casa, com mais de 70 anos, a Vinha dos Calços Largos, um vinho sem qualquer passagem por madeira, ou seja, "unoaked" , um excelente vinho, Dona Matilde Vinha dos Calços Largos Unoaked 2017 (28€), que resulta na expressão da fruta deliciosa do Douro, cujo video de prova completo, pode ser visualizado abaixo:
Dona Matilde, um projecto de inegável qualidade, na região Duriense.
Sérgio Costa Lopes