quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Em Prova: Herdade do Rocim Reserva Tinto 2018

O Herdade do Rocim Reserva Tinto 2018 é composto por Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Aragonez. A fermentação das castas ocorreu em conjunto (cofermentação), em balseiro de carvalho francês, seguindo-se posterior estágio em barricas de carvalho francês, por um período de 14 meses. Trata-se de um tinto Alentejano, carregado de fruta preta, com algumas notas especiadas à mistura. Muito jovem ainda, apresenta uma boca vibrante e equilibrada, com taninos sedosos e final bem sumarento, que seguramente brilhará à mesa. Confesso que adorei a edição de 2017, que penso tinha um pouco mais de garra. Esta edição vai no mesmo caminho, mas talvez seja ainda mais apelativa, com a fruta mais evidente e um pouco menos de tensão. Por outro lado, não tenho dúvidas que este lado sumarento, fará deste tinto um best seller. Vinhos ligeiramente diferentes a reflectir o ano, como deve ser. PVP: 14€. Comprar AQUI.

Sérgio Costa Lopes

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Em Prova: Allgo Encruzado 2018

Acabado de chegar ao no mercado, eis o Allgo Encruzado 2018. Proveniente do Dão, do produtor Costa Marques - CM Wines, este branco é um portento de acidez, com quase 8g e apenas 12 graus de alccol. A passagem por madeira ajudou a arredondar um "menino" que tem muita, muita vida pela frente. Com um nariz complexo, mas muito fechado nesta fase, apresenta muita mineralidade, notas levemente florais e um toque herbáceo muito giro. Alguma perceção de barrica, ainda que nada impositiva. Na boca entra com intensidade, mostrando-se tenso, seco, texturado, ligeiramente untuoso, com toques ainda da madeira e final muito longo, sempre coma acidez rasgante, Um dos encruzados mais diferenciadores da região, por ventura. para beber daqui por uns tempos valentes...PVP: 15,5€. Garrafeiras.

Sérgio Costa Lopes

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Em Prova: Volúpia Branco 2019

Branco bairradino, o Volúpia 2019 (com poesia de Florbela Espanca estampada no rótulo) é produzido pelas Caves São Domingos e vem esgotando ano após ano. Feito de Sauvignon Blanc (50%), Chardonnay (35%) e Maria Gomes (15%), percebe-se o caracter apelativo do conjunto. Nesta fase, senti claramente o Sauvignon a marcar, com muita notas de erva e a conferir frescura, complementadas pelo floral e amanteigado do Chardonnay e alguma fruta da Maria Gomes. Confesso que às cegas, mesmo com o toque salino na boca, atirava provavelmente para um vinho fora de Portugal, até talvez do Novo Mundo. Na boca mostrou-se interessante e fresco qb, apesar dos seus 14,5 graus de álcool, bem disfarçados, exceto quando bebemos mais do que um copo. O que seria deste vinho com menos álcool e consequentemente, menos peso... No entanto, tem um preço de arromba e será versátil à mesa. PVP: 5,45€. 

Sérgio Lopes

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Em Prova: Quinta Dona Matilde Porto Colheita 2013

O vinho do Porto é o alicerce do projeto Dona Matilde. Este clássico do mundo norteou o percurso de décadas de Manuel Ângelo Barros, administrador e fundador dos vinhos Dona Matilde, num envolvimento que se tornou histórico. O novo Quinta Dona Matilde Porto Colheita 2013 é também legado deste senhor do Douro.

Produzido a partir de uvas colhidas da vindima de 2013, nas vinhas de baixa altitude da quinta, envelheceu em cascos de madeira antigos de 600 litros. A meio caminho entre um Ruby e um Tawnie, trata-se de um Porto surpreendente, pois apesar de ter apenas 7 anos, mostra-se bastante complexo. Surpreende pela intensidade de boca, densidade e corpo, sendo muito equilibrado, algures entre notas de fruta vermelha de um ruby e já com os frutos secos de um tawnie. Pouco doce e com uma excelente aguardente que desce ao estômago com muita suavidade. Um Porto arrojado, bela surpresa, mesmo a tempo do Natal!. Foram produzidas cerca de 3000 garrafas a um PVP de 34€.

Sérgio Costa Lopes

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Em Prova: Discórdia Branco 2018

Este é um projeto que tinha ouvido falar, mas nunca tinha provado qualquer vinho - Discórdia, alentejano, diretamente de Mértola, com influência do Guadiana. Pois, que boa surpresa, este Discórdia Branco 2018. Feito de Verdelho, Arinto e Antão Vaz estamos na presença de um branco surpreendentemente fresco, tendo em conta a proveniência da região quente Alentejana. A combinação de castas resulta num vinho com um nariz bem bonito, onde notas tropicais convivem com flor de laranjeira e um lado herbáceo, tudo a conferir frescura, Na boca, apresenta bom volume, cremosidade e  nervo conferidos pelos solos de xisto (sim, de xisto!), terminando com boa persistência, muito equilibrado e sempre bem apetecível. Muito bem. PVP: 8,5€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Radar do Vinho: Valle da Fonte (Winecom)

A Winecom é uma empresa familiar criada em 2008 que produz vinhos do Douro e azeite de Trás-os-Montes. A sua criação deveu-se ao forte desejo de seu mentor, que depois de décadas de produção de uvas e azeitonas de excelente qualidade que seriam mais tarde vendidos a grandes empresas e propriedades existentes, decidiu abraçar o desafio de produzir grandes vinhos e azeites em nova fase da sua vida. Os vinhos com a marca Valle da Fonte provêm de vinhedos em pleno coração do Douro -  Ervedosa e Valença do Douro, com parcelas distintas e separadas por tipo. O azeite vem de Mirandela.

O Valle da Fonte Espumante Reserva Bruto 2016 foi uma agradável surpresa. Excluindo o mestre Celso Pereira e os seus Vértice, a região Duriense não é pródiga em espumantes. Contudo, este espumante, talvez por resultar de uvas de altitude, mostra-se equilibrado, com uma mousse nada agressiva, persistente até, uma boca fresca e elegante, com cremosidade e final harmonioso e suave. Nada mal para uma primeira edição. Estaremos atentos às próximas. 14€, Apenas 1000 garrafas deste ensaio.
O Valle da Fonte colheita branco e tinto são ambos vinhos equilibrados e fáceis de gostar, - o tinto bom para a mesa, o branco pode servir para inicio de refeição e acompanhar também pratos de peixe ou comidas mais leves. Vinhos corretos, sem deslumbrar, a um PVP de 7,5€

O Valle da Fonte Reserva Branco foi o meu favorito. Feito de Viosinho, Rabigato e Gouveio, teve passagem por madeira. Essa passagem conferiu notas amanteigadas a um vinho com uma boca elegante e fina, fresco, cítrico e untuoso, com final delicado. Muito interessante. PVP:12€.
O Valle da Fonte Reserva Vinhas Velhas Tinto é o exemplo de um tinto duriense onde fruta de qualidade, alguma tosta do contacto com a madeira, notas de cacau marcam o nariz. Um vinho com uma boca com taninos equilibrados, bom volume e final de bom comprimento. Para a mesa e com poder de guarda. Um tinto mais ao estilo clássico da região. PVP:12€.


Um projeto a acompanhar.

Sérgio Costa Lopes

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Radar do Vinho: Vinhos Busto (Quinta da Barca)

É para os lados de Mesão Frio que se situa a Quinta da Barca, mais propriamente em Vila Marim, uma quinta com uma paisagem deslumbrante, que é obrigatório conhecer. Com uma vista de tirar o fôlego. Negócio familiar, a quinta foi adquirida em 1995 por Maria Helena de Sousa Alves e Alcino Mamede Teixeira Alexandre, os pais de Justina Teixeira, rosto atualmente ao leme do projecto. Justina Teixeira nasceu neste meio e sempre conviveu de perto com a agricultura, mas traçou um percurso profissional diferente, ligado à biologia e às funções de técnica comercial durante dez anos. Em 2016 decide voltar à terra que a viu nascer para abraçar este projeto a 100% e assumir a direção da Quinta da Barca e da Soluções D’Eleição - empresa da família que presta consultoria a várias quintas da região no domínio da viticultura e agricultura. 
Aqui nascem os vinhos Busto para fazer jus e tributo à pessoa responsável pela primeira região demarcada do mundo, Marquês de Pombal. O primeiro Busto nasce em 2007. Desde então, o proejcto tem vindo a crescer no número de referencias e consistência de qualidade, contando com a enologia de Nuno Felgar. Depois de amanhã é apresentado o novíssimo espumante Pontas Soltas 100% produzido de Tinta Francisca, o que denota inovação e do qual daremos o devido destaque. Hoje destacamos a marca Busto e os seus belíssimos vinhos.
A marca Busto começa com os colheita Branco, Tinto e Rosé, vinhos corretos, a rondar os 6€ e que são uma competente porta de entrada para o que aí vem. Vinhos para a mesa, sobretudo.  Há também um Busto Moscatel Galego, branco que não embarca em exuberâncias exageradas,  num registo bem civilizado e sobretudo de consumo despreocupado, sem ser básico.7,5€.
Os Busto reserva são vinhos de uma excelente relação qualidade preço. O Busto Reserva Tinto é um field blend. Tem aquela fruta típica duriense envolta em nota especiadas, um tanino macio e uma boca fresca e equilibrada, com final longo e a pedir comida. Gostei muito, porque está bem equilibrado sem uma ponta de extração. Um bom exemplar da região. O Busto Reserva Branco apresenta-se fino, com laivos florais e as notas suaves da barrica a dar um leve toque de fumo, tudo envolto numa boca cremosa, fresca e sempre em elegância. Com uma belíssima acidez, a pedir um bacalhau com azeite, que apesar do seu lado delicado, aguentará seguramente, sobretudo pela sensação de doçura conferida pela barrica. PVP: 14€
O Busto Reserva Touriga Nacional é ainda mais focado na fruta madura, com leves toques florais. Na boca é mais sumarento, com toques abaunilhados mas sempre mantendo-se interessante em termos de frescura, terminando guloso, com final algo doce, mas sem ser chato. Um bom touriga. PVP: 18€
O Busto Rosé Premium é simplesmente desconcertante. São apenas 800 garrafas de um Rosé que apesar dos seus 14 graus de álcool é tudo menos pesado. Fermentado em barrica nova de carvalho francês,  no inicio está um pouco marcado pela mesma, precisando de tempo. Quando domada, torna-se um caso sério. É certo que é mais vinho que rosé, no sentido de possuir uma bela estrutura de boca, untuoso até, poderoso, mas sempre com a fruta vermelha fresca em bom plano, nunca perdendo a harmonia e elegância. Termina longo, sério e a pedir claramente maridagem à mesa, com enorme versatilidade. Tinha tudo para eu não gostar, mas gostei...e muito. Um rosé contra a corrente, que não será consensual, nem a melhor das escolhas para vinho de "piscina". Mas levem-no à mesa e verão...!. PVP: 25€

Vinhos de uma sub-região, o Baixo Corgo cada vez mais surpreendente. Um projeto que tem tudo para ainda crescer mais, com uma ou outra afinação, para chegar ao próximo nível.

Ficam a faltar os topos de gama, Busto Grande Escolha Branco e Tinto, que merecem um destaque especial... Em breve, AQUI!

Sérgio Costa Lopes

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Em Prova: Vinhas Improváveis Tinto 2018

Nova edição, nomeadamente a terceira, do vinho produzido por Raul Riba D'Ave, cuja primeira colheita - 2014, resultou num vinho pleno de fruta de qualidade aliado a uma surpreendente concentração e potência. Depois de apenas ter reaparecido em 2017, eis que acaba de sair para o mercado a terceira edição, o Vinhas Improváveis 2018. Confesso que gostei imenso. Parece-me um vinho mais pronto e muito equilibrado, desde já, mas obviamente com uma belo caminho pela frente de evolução positiva. Alia um nariz riquíssimo, com fruta preta madura, mas também muito lado de bosque, esteva e rosmaninho, enfim um lado herbáceo e vegetal que lhe confere enorme frescura no nariz; a uma boca que continua com a matriz de bom volume, alguma madeira - bem integrada contudo, taninos firmes mas gulosos e um final bem longo , com uma belíssima acidez de conjunto a pedir uma boa comida. Com uns normais 14 graus de álcool, talvez a edição mais equilibrada e uma das minhas preferidas. PVP: 16,5€. Direct Wine.

Sérgio Costa Lopes

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Em Prova: Ataíde Semedo Espumante Cuvée Bruto Reserva 2016

Num altura em que Ataíde Semedo recupera a marca Quinta da Dona e acaba de lançar o seu tinto novo, destaco um dos espumantes mais interessantes da região da Bairrada, feitos pelo próprio. Composto de Cerceal (35%), Bical (35%), Chardonnay (15%) e Pinot Noir (15%) estagiou em cave durante 24 meses. O que aprecio neste espumante é a sua intensidade, sem nunca ser "brutamontes". É bruto, mas muito bem equilibrado. Nariz com notas de fruto seco, alguma maçã verde e até leve panificação. Intenso e complexo, quase que a pedir para esperarmos mais um pouco por ele. O mesmo se passa na boca, com uma bolha fina, muita cremosidade, com uma boa mousse e um final explosivo. O Que seria deste espumante com mais tempo de cave? E certamente o que será dele dentro de uns meses a evoluir na garrafa (expressão para discussão, eu sei). Gostei muito. PVP: 18€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Em Prova: Identidade OM "O Sedutor" Branco 2019

Os vinhos "Identidade" são vinhos de boutique criados pelo Modelo e Sommelier Pedro Martin, inspirados no carácter dos seus dois filhos. O Identidade OM "O Sedutor" 2019 é a terceira edição de um vinho desenhado em homenagem ao seu filho Oliver Martin. O lote foi mudando ao longo destas três edições - no ano de estreia era composto por 85% Arinto e o restante Chardonnay, em 2018 o lote muda radicalmente para Chardonnay (65%), Bical (30%) e Arinto (5%), na edição atual, o arinto desaparece totalmente, sendo substituído pela casta Maria Gomes.

Confesso que adoro o "nervo" que o Arinto confere, sobretudo na Bairrada, daí ter adorado a primeira edição. Contudo, não quer dizer que o 2019 não tenha acidez. Mostra nesta edição um perfil talvez mais equilibrado e "sedutor", com um nariz de novo a remeter para as notas calcárias e salinas que tanto gosto e são típicas da região. Na boca mostra-se seco, fácil de beber e com uma frescura / acidez que como seria de esperar num vinho do Pedro Martin se bebe num ápice. Com apenas 11,5 graus de álcool, o que ainda é melhor PVP: 14€. Martin Boutique Wines

Sérgio Costa Lopes