sexta-feira, 31 de março de 2017

Da minha Cave: Caves Velhas Garrafeira Branco 1998


Ainda dos tempos em que o Arinto partilhava o "ser" com o Esgana Cão e o Rabo de Ovelha. Isto é ouro! Parece, cheira e sabe! 

Grandes dourados à vista, notas de maçã assada, mel e passas de uva branca; algum citrino, melaço e ligeira compota, maçãs reineta e verde, acidez ainda com garra, final meio fresco e profundo. 

Para beber mais quente que o normal, a dar grande prova com uma garoupa na grelha. 

Quase 20 anos de um branco que representa uma região fantástica, bem mais esquecida que o devido, infelizmente...

Que grande vinho!

Carlos Ramos (Cegos Por Provas)

quinta-feira, 30 de março de 2017

Em Prova: Porrais Moscatel galego Branco 2013

Isto é muito bom (falo dos vinhos desta casta, quando bem feitos, ou feitos assim). Se procurarem um Moscatel Galego realmente bem feito, cheio de acidez crocante, sem os excessos que por vezes se encontram na casta e ainda por cima acessível, é isto. Digo acessível pelo preço que tem (3,99€) e porque se encontra facilmente numa grande superfície

Pode não ter a expressividade amarga e de casca citrina do Olho no Pé de Tiago Sampaio, ou do Mapa do Pedro Garcias; ou até do incrível Moscatel Galego Seco do Luís Soares Duarte; mas tem o essencial, que dá imenso prazer, neste caso o 2013. do Francisco Olazabal, 600 mts de altitude, Porrais - Murça

Marco Lourenço (Cegos Por Provas)

quarta-feira, 29 de março de 2017

Em Prova: Quinta do Mondego Tinto 2007


16/20. Produzido através das castas Alfrocheiro (10%), Jaen (20%), Tinta Roriz (30%) e Touriga nacional (40%), sofre estágio de 18 meses em barricas usadas de carvalho francês. A garrafa é muito discreta, negra na sua globalidade, com referência ao rio Mondego, cuja proximidade permite obter vinhos de elevada frescura e elegância. Comprei no Continente a um preço mais baixo (promoção), neste caso o ano de 2007. Penso que o 2008 ainda se encontra disponível na OnWine. O vinho encontra-se, na minha opinião, no momento ideal de prova. A cor ainda ruby, No aroma, a presença de fruta vermelha e preta, notas balsãmicas, e algum aroma a bosque. Na boca, tudo se encontra bem equilibrado, com predominância agradável da fruta. Suave e elegante, com taninos sedosos e envolventes. Bom corpo, terminando médio / longo e persistente. Tipicamente boa evolução de um vinho do Dão, que está com 10 anitos... PVP: 8€. Disponibilidade: OnWine.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 27 de março de 2017

Em Prova: Antão Vaz da Peceguina 2015

16/20. Monocasta de Antão Vaz produzido na Herdade de Malhadinha Nova. Depois de ter provado o Verdelho da casa e ter ficado bem impressionado, o mesmo aconteceu com este branco Alentejano, do qual foram produzidos 7000 litros: Aroma com notas citrinas e algum floral junto com leve tropical. Boca com boa estrutura, mantendo uma boa frescura. Corpo médio. Final longo e com prazer. Apesar das temperaturas tórridas que se fazem sentir na propriedade, em alguns momentos do ano, é notável a forma como os brancos apresentam uma boa frescura. PVP: 12€. Diponibilidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

domingo, 26 de março de 2017

Em Prova: Quinta de Pancas Reserva Tinto 2010


A Quinta de Pancas está localizada a 45 km a noroeste da cidade de Lisboa, na freguesia de Santo Estevão e Triana, no chamado “Alto Concelho de Alenquer” junto ao lugar de Pancas. A propriedade tem cerca de 50 hectares de vinha. 

De vez em quando o meu corpo pede qualquer coisa internacional - pode ser um lugar, uma viagem, ou, por alturas do saudoso erasmus, uma conversa a dois em inglês europeu com uma sueca/norueguesa. Foi para onde caminhou o meu pensamento , com este vinho, neste caso um blend com Merlot, a omnipresente Touriga, e ainda Petit Verdot, Alicante e Cabernet Sauvignon. tudo um bocado aos encontrões ainda, 

As notas dominantes vão alternando entre os verdes do Cabernet e a menta do PV, o cacau e os espargos do Merlot, a pimenta como especiaria oficial (e cominhos, poderá ser?). Tudo meio quente e não é da temperatura... alguma frescura extra saberia bem; o vinho está para durar mas daqui a uns 3/4 anos não irá muito mais longe. e garrafas não faltam, pelo menos nos supermercados onde costumo ir.

Marco Lourenço (Cegos Por Provas)

sábado, 25 de março de 2017

Em Prova: Muralhas de Monção 2015


15/20. A Adega Cooperativa Regional de Monção, foi fundada a 11 de Outubro de 1958, por iniciativa de 25 viticultores. Situada em plena Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na sub-região de Monção e Melgaço. É de lá que chega este Muralhas de Monção 2015, produzido das uvas Alvarinho e Trajadura. Este é um dos vinhos que não necessita apresentações e que mantém a sua consistência ano após ano. O de 2015 não foge à regra e num ano de excepção para vinhos brancos apresenta-se como um vinho fresco, crocante e muito bem feito capaz de agradar a gregos e troianos. Um vinho que se traduz sempre numa escolha segura dentro do seu segmento e com uma boa relação qualidade-preço. PVP: 3,80€. Disponibilidade: Everywhere.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 24 de março de 2017

Em Prova: Blog Tinto 2012

Confesso que, nos últimos anos, tenho andado um pouco de costas voltadas para o Alentejo. Os motivos foram sobretudo estar demasiado concentrado na Bairrada e ter o preconceito de que os vinhos alentejanos andavam demasiado certinhos, tecnicamente muito bem feitos, mas muito idênticos. Provavelmente era um preconceito infundado, mas adiante.

Há um par de meses provei um vinho curioso, que resultou duma parceria da Filipa Pato/William Wouters com Susana Esteban. E, porque já conhecia as criações bairradinas, surpreendeu-me o cariz “de pés assentes na terra” (neste caso, na vinha) da enóloga que também assina este BLOG ’12.

E é essa característica de regresso às origens, de privilégio da vinha e do terroir, em detrimento da Adega e da técnica, que me cativou neste tinto, que elegi como estrela maior do jantar vínico organizado pelo restaurante PEDRO DOS LEITÕES em parceria com os vinhos de Tiago Cabaço Winery.

Aromaticamente, este vinho é uma sinfonia de exuberância. Não maquilha a fruta e faz transparecer o chocolate que nos provoca um sorriso espontâneo de puro prazer. Na boca revela macieza, mas não descura os taninos vincados, o que o torna um vinho pleno de vigor e potência.

Escreviam-me há pouco que é um vinho que está na moda. Bom, que seja moderno e venha para ficar, porque o Alentejo precisa de vinhos com este carácter muito próprio. Este foi previamente decantado e, a mim, só me faltou levantar e aplaudir quem cria a perfeição.

Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)

terça-feira, 21 de março de 2017

Em Prova: Sidónio de Sousa Reserva Tinto 2009


17/20. Numa das minhas incursões semanais a Lisboa, passei no Supercor e comprei este Sidónio de Sousa Reserva 2009. Os vinhos de topo deste produtor, consoante o ano serão reserva ou Garrafeira. Ora, os garrafeira são simplesmente sublimes e cada vez estão mais afinados (se bem que os antigos são deslumbrantes - por exemplo o raro 2005). Mas por menos de metade do preço, o reserva mostra-se igualmente delicioso e vale bem a pena comprar, beber umas quantas e guardar umas tantas outras garrafas. E este 2009 está no ponto. Cor bonita, aroma dominado por fruta silvestre e algum vegetal. Na boca taninos sedosos de uma baga já arredondada, mostrando-se encorpado , mas macio, Termina longo e muito saboroso. Acompanhou... nada, ou seja beberiquei-o a solo com ENORME prazer. PVP: 9€. Disponibilidade: El Corte Ingles.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 20 de março de 2017

Em Prova: Marquês de Marialva Espumante Bruto Extra Reserva Cuvée 2011


16,5/20. O espumante topo de gama da Adega de Cantanhede, produzido maioritariamente de Arinto, com um toque de baga. Um extra reserva bruto do ano de 2011 (36 meses de cave), com degorgement em 2015, feito pelas mãos do Sr. Bolhas (e não só), o grande enólogo Osvaldo Amado. O resultado é um espumante de grande complexidade, com notas aromáticas a citrinos e apontamentos florais. Boca com mousse delicada e algum brioche, bolha fina, mas "bruta", isto é bem presente a lembrar que estamos perante um Bairrada. Muito fresco e crocante, terminando num final bem longo. Gostei. PVP: 17,5€. Disponibilidade: Grandes Superfícies.

Sérgio Lopes

sábado, 18 de março de 2017

Arena de Baco: Prova cega de Alvarinho


Faz hoje precisamente uma semana que decorreu mais um evento na Charming House, no Porto. A Charming House é um alojamento de "charme" em pleno coração do Porto, que para além de oferecer dormidas, promove diversos eventos vínicos e enogastronómicos. O evento da semana passada consistiu em provar 13 vinhos da casta Alvarinho, completamente às cegas. A prova foi promovida e conduzida por Paulo Pimenta, administrador do grupo Wine & Stuff, que com a sua habitual paixão foi mexendo com as cabeças dos participantes, para que a prova fosse dinâmica e interactiva. Foram mais de 40 pessoas num grupo bastante heterogéneo composto por provadores experientes, provadores menos experientes, curiosos e até produtores de alguns dos vinhos em prova. Aqui ficam os resultados da prova cega:


Tivemos vários anos em prova e uma selecção de alguns dos melhores vinhos produzidos em Portugal, faltando muito poucos, tais como o Parcela Única e Curtimenta, de Anselmo Mendes, o Poeira de Jorge Moreira e talvez o Soalheiro Primeiras Vinhas. De qualquer das formas, o nivel dos vinhos em prova foi altíssimo. E todos os produtores cederam gentilmente os seus vinhos para a prova.

A nivel pessoal, destaco os seguintes vinhos. Para mim os vinhos que claramente mais gostei:

1 - Quinta do Regueiro Barricas
2 - Pequenos Rebentos Edição Limitada
3 - Quinta de Santiago Reserva e Valados de Melgaço

Também gostei bastante do Soalheiro "normal" num perfil mais contido e citrico do que o habitual. Pena alguns vinhos terem saído penalizados, como o Vale dos Ares, em que uma das garrafas tinha "rolha" ou o Expressões de Anselmo Mendes, um grande vinho e um dos alvarinho que mais gosto, a mostrar a sua juventude e caracter imberbe do ano 2015, e por isso, ainda muito fechado.

Deu também para perceber que o ano de 2014 não foi tão bom e por isso os vinhos devem ser bebidos e não vão usufruir da guarda. já o 2015 é outra história... todos os vinhos a apresentar uma acidez e profundidade formidáveis. Podemos beber e guardar os vinhos de 2015 por bastantes anos seguramente.

Aqui ficam mais fotos da "festa":

   
  
  

Sérgio Lopes

quinta-feira, 16 de março de 2017

Em Prova: Reguengo de Melgaço Alvarinho 2015


16/20. Em Paderne - Melgaço, fica situado o hotel rural Reguengo de Melgaço, uma casa senhorial do século XVII. Este hotel rural está rodeada por uma paisagem marcada pelo vinhedo Alvarinho, banhada pelo rio Minho e com o Parque Nacional da Peneda-Gerês bem perto. Produz igualmente o vinho alvarinho Reguengo de Melgaço, que foi um dos primeiros exemplares que provei da casta rainha da sub-região de Monção e Melgaço. já lã vão uns anos... A colheita de 2015 confirma a excelência do ano no que concerne a frescura e estrutura. De cor palha, apresenta um aroma bastante frutado com ligeira fruta tropical e notas citrinas, dominadas pela lima. Na boca, é fresco e com volume, elegante e muito saboroso, terminando com uma refrescante persistência. Um excelente exemplar de Alvarinho que mantém a qualidade de ano para ano. Uma compra sempre segura. PVP: 9€. Disponibilidade: Grandes Superfícies

Sérgio Lopes

quarta-feira, 15 de março de 2017

Em Prova: BD Open Minds

Tiago Cabaço é jovem, irreverente e muito bom comunicador. E como as criações tendem a imitar o criador, os vinhos que apresentou no jantar vínico organizado pelo Restaurante PEDRO DOS LEITÕES mostraram claramente esse cunho.
O produtor alentejano saiu da casca com dois vinhos apresentados logo no início. Um Encruzado do Alentejo, que criou em homenagem ao seu pai, pioneiro no plantio da casta oriunda do Dão, e um espumante muito aromático.
No entanto, a minha curiosidade foi despertada pelo vinho que desfilou ao lado do prato de Vieiras com Brunesa de Frutos Tropicais e Vinagreta, o BD BRANCO DOCE fruto duma colheita antecipada. No primeiro olhar e se formos petulantes ao colocar o vinho no nariz, podíamos cometer o erro de o chamar tardio, pelo impacto olfactivo que causa, com notas de pêssego e jasmim bem vincadas. Mas a especificidade do terroir de Estremoz gosta de nos pregar partidas e este BD nasce mesmo duma maturação antecipada pelos Verões bem quentes do Alentejo. 

E porque o vinho se faz de balanços e equilíbrios, este consegue a proeza de colocar em perfeita harmonia a fruta madura e a acidez na boca, sem perder a frescura e até mostrar um nervo e energia apreciáveis.

Feito para mentes inquietas, este Branco levemente doce harmonizou numa relação de igualdade com as Vieiras e a acidez das frutas tropicais da Brunesa.

Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)

terça-feira, 14 de março de 2017

Em Prova: Quinta do Arcossó Grande Reserva Tinto 2011

Apetece-me falar de um vinho da minha terra (não de berço mas a terra que me acolheu), em Trás-os-Montes! Contar as sensações que ele me causa cada vez que o provo! Não me importa se atinge a excelência ou se é apenas um vinho correcto, ou até se estou a ser tendencioso na sua avaliação por ser "de cá"! Para mim não é apenas mais um transmontano! A este guardo um carinho especial porque o ajudei a nascer! Acompanhei-o desde a vinha à adega! ...E acompanhei também a recuperação do berço que o acolheu, uns seculares toneis de castanho que foram restaurados poucos meses antes da vindima!

É um dos meus vinhos favoritos da Quinta de Arcossó, senão mesmo o meu predilecto! Vindo das castas Tintas Amarela e Roriz com um tempero pela Touriga Francesa para amestrar um pouco a sua rebeldia, é um vinho cheio de raça, personalidade e carácter! Enquanto jovem era irreverente! Chegava mesmo a ser irrequieto! Apenas aplacado à mesa por pratos com equivalente personalidade da gastronomia transmontana! Neste momento da sua vida, começa a ser um sedutor, embora audaz!

Cresce a cada gole, pelo que aconselho prévia decantação! A sua complexidade aromática, ao início deixa-nos algo confusos! ...E gosto disso!! Gosto de vinhos que não se mostram logo no primeiro encontro... por isso, sou "obrigado" a prová-lo com alguma frequência ...E curiosamente tem sempre algo a mostrar!

Na boca é intenso! Dominador... mas sem pungência! Arrisco a dizer que poucos ou mesmo nenhuns pratos da gastronomia transmontana o conseguem derrubar! Roubei um copo e escondi... para apreciá-lo com calma no fim da noite, quando estivesse só eu e ele! Confesso que queria testá-lo... para ver onde conseguia chegar! ...Mas ele seduziu-me! ...E quando dei por mim tinha o copo vazio! ...Não foi por certo o melhor vinho que bebi, mas... cada vez que nos encontramos, desperta em mim novas sensações! 

Se este vinho fosse uma pessoa... diria que por ele estava apaixonado!

Jorge Neves (Wine Lover)

segunda-feira, 13 de março de 2017

Opinião: Uma nova Bairrada

A gastronomia da Bairrada, associada à restauração, nasce no início dos anos 40, do século XX. Desde então, centrou-se no Leitão Assado e, os últimos 70 anos, têm sido benfazejos para esta iguaria que deu fama e fortuna à região. Em todo este período assistimos ao nascimento de dezenas de restaurantes que todos os anos serviam, em travessas de alumínio, milhares de quilos dum produto gastronómico que é soberbo e, muitas vezes, tratado com algum desprezo. A arte de servir à mesa era também praticada por autodidactas que, começando na cozinha, iam ganhando estatuto, e, com o diploma da quarta classe debaixo do braço,, aprendiam os truques do serviço e, entre umas graçolas, lá iam servindo os clientes que ali estavam sobretudo pelo belo e reluzente bácorozinho.

E esta cruel realidade foi coexistindo com a região durante décadas sem que mais fosse exigido. Aliado à gastronomia, também os vinhos da Bairrada foram durante décadas tratados como mendigos, parentes pobres doutras regiões mais nobres e de melhor pedigree.

Há, no entanto, uma nova realidade a despontar timidamente e que promete revolucionar a gastronomia da região. E os vinhos parecem ser a alavanca que faltava para esta mudança que é, a todos os níveis desejável. Convenhamos, a Bairrada não é, nem pode ser, somente o Leitão. Encontrarmo-nos no centro do país, estamos dotados de óptimas acessibilidades rodoviárias e , do topo do Bussaco, avistamos um mar atlântico que nos permite usufruir do melhor pescado do Mundo. Nada nos pode limitar.

A somar às condições estruturais, possuímos hoje vinhos tecnicamente irrepreensíveis, oriundos dum terroir distinto que nos traz tintos, brancos, rosados, espumantes, abafados, licorosos, aguardentes, colheitas tardias, ou seja, uma imensidão de néctares que pedem notoriedade. E o melhor palco para actuarem tem necessariamente que passar pela restauração que, naturalmente, terá que se reinventar.

A reinvenção da Bairrada já se iniciou e os seus protagonistas, ainda com os receios naturais de quem está a sair da sua zona de conforto, assumem o risco de dar esses primeiros passos.

No dia 11 de Março, coube ao restaurante Pedro dos Leitões dar um passo firme na direcção desta nova Bairrada, ousando duplamente: saiu do seu core business, harmonizando uma gastronomia que privilegiou a terra e o mar com os vinhos oriundos dum Alentejo mais irreverente; e teve a ousadia de convidar 3 alunos da Escola de Hotelaria de Coimbra para coordenar e reger uma cozinha que carrega o pioneirismo. E foi uma aposta duplamente.

Em breve, um retrato minucioso do jantar vínico que aliou a nova cozinha do Pedro dos Leitões com os vinhos audazes de Tiago Cabaço Winery.

Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)

sexta-feira, 10 de março de 2017

Arena de Baco: Prova Vertical de Duorum


Numa altura em que se comemoram os 10 anos do projecto Duorum, localizado no Douro Superior, esta prova não poderia ter acontecido em momento mais oportuno. Acho que posso afirmar que foi a primeira prova vertical MUNDIAL completa dos vinhos Duorum Colheita Tinto. A prova foi realizada graças ao Amândio Cupido que conseguiu juntar todas as referências desde 2007 ( nascimento do projeto) até 2014 (última colheita atualmente no mercado).

Juntamo-nos então à mesa a provar cada um dos vinhos, acompanhando uma carninha com arroz bem saborosa, preparada pelo... Cupido. Regra geral, conseguimos perceber que esta joint-venture entre João Portugal Ramos e José Maria Soares Franco não é uma "receita", isto é, cada vinho respeitou o correspondente ano de colheita e isso foi notório: Começamos com o 2014, ainda muito marcado pela madeira, a mostrar um lado "doce" que não agradou muito. Suspeitamos que irá "acalmar". 2013 e 2012 começaram a mostrar um perfil mais fresco e frutado, bem agradável, com todos os elementos muito melhor integrados, denotando que esta referência necessita de uns 5 anos no minimo para se mostrar melhor. 2012 foi por ventura um dos favoritos em prova, pela enorme frescura apresentada. Depois tivemos uma espécie de interregno entre a matriz que estávamos a sentir, uma vez que o 2011 se mostrou muito duro, seco e marcado pela madeira, num registo mais austero. Talvez a precisar de tempo? O 2010, o mais evoluído de todos, completamente fora do registo dos anteriores. Parecia um vinho com mais idade... 2009 recuperou a excelente forma e linha condutora dos 2012 e 2013. Foi outro dos favoritos em prova. 2008 na mesma linha, um pouco menos complexo. 2007 mais misterioso, talvez com um piquinho de "tca" e não deu para entender completamente o seu potencial.

Em resumo, são vinhos que se encontram facilmente nas grandes superfícies, vinhos gastronómicos e com alguma complexidade. Capazes de agradar ao consumidor exigente qb e bastante ao consumidor comum. Uma escolha segura para um qualquer jantar de amigos, com o acrescento de se poderem guardar algumas garrafas para se verificar a sua evolução futura.

Off topic, terminamos a noite com um LBV 1996 da Poças que estava muito bom. Não tem nada a ver com a prova, mas serve para reiterar a grande capacidade de envelhecimento que os LVB detêm e cada vez me impressionam mais.

Daqui por 10 anos, fazemos nova prova mundial completa de Duorum. Quem sabe.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 9 de março de 2017

Em Prova: Covela Escolha Tinto 2012

17/20. Covela, vinhos da região do Minho, mesmo às portas do Douro, daí ser quase... um "verde tinto" (se tal designação existisse). É de facto um terroir particular, e este Covela Escolha de 2012, provém de uvas de vinhas plantadas em solos graníticos, a baixa altitude sobre o rio Douro no limite nascente de Entre Douro e Minho. As castas são uma mistura de Touriga Nacional, Cabernet Franc e Merlot. Nada de madeira para fermentação ou estágio é utilizada neste vinho. O resultado desta conjugação de fatores? Um vinho extremamente fresco, seco e gastronómico, puro, com enorme elegância e complexidade. Gostei muito do lado mentolado e de fruta negra de qualidade, sempre em crescendo de copo para copo. Muito bem. PVP: 16€. Disponibilidade: Garrafeiras e Jumbo.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 8 de março de 2017

Em Prova: Vadio Espumante Bruto NV


16,5/20. Comprei este espumante na garrafeira Portus Wine, sugerido pelo Sérgio. Trata-se de um Non-Vintage, ou seja, o produtor bairradino Luis Patrão pega em vários lotes de anos distintos, e após estagio em barrica velha, faz o lote, e "bolheia" a coisa através da fermentação em garrafa com estagio em borras durante 18 meses, até ao "degorgement". O resultado final é um espumante bruto, sem indicação de idade, muito mais vinoso, com a bolha menos exuberante a lembrar um vinho mais evoluido, mas mantendo uma enorme frescura. Eu gostei bastante apesar de considerar que se trata de um espumante distinto, isto é, não será para quem procura um bolhinhas cheio da força, mas sim remetendo para algo mais sério e de claro pendor gastronómico. PVP: 13€. 

Sérgio Lopes

terça-feira, 7 de março de 2017

Da minha cave: Bons Ares Branco 2004

Um branco com mais de 12 anos! E que branco...!

Feito com Viosinho e Sauvignon Blanc plantadas na altitude e solos graníticos da Qta dos Bons Ares da Ramos Pinto, é um vinho que seduz o nariz logo ao primeiro contacto! Com aroma difícil de descrever, com notas químicas, frutos secos, laranja cristalizada, trzem-nos da memória um Porto branco seco! Denso na boca, confirma a complexidade aromática num longo e seco final com remanescentes notas vegetais!

Encontrei na secção de "velharias" do Continente, e agradeço o desinteresse por vinhos brancos velhos pela maioria dos consumidores! 

Continuem a comprar os brancos da última colheita disponível! 

...Um dos melhores brancos que bebi nos últimos tempos!

Jorge Neves (Wine Lover)

segunda-feira, 6 de março de 2017

Em Prova: Roquevale Branco de Curtimenta 2015


16/20. A moda da "acidez" parece que veio para ficar e por isso têm surgido diversos brancos de "curtimenta". O método tradicional de curtimenta consiste em fermentar as uvas sem separação da parte sólida. É o método de vinificação dos vinhos tintos, muito raramente utilizado na vinificação dos vinhos brancos. Neste vinho, as uvas brancas (Fernão Pires, Roupeiro & Arinto) fermentaram em contacto com as películas durante 9 dias a uma temperatura de 15ºC. O resultado é um vinho mais taninoso, mas bem fresco, com alguma austeridade, com uma componente muito leve citrina, privilegiando o consumo à mesa, aguentando por isso, peixes, mariscos e até carnes. Fugindo à frutinha e floral fáceis dos chamados vinhos de "piscina". Versátil e bem interessante. PVP: 6€. Disponibilidade: Grandes Superficies.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 3 de março de 2017

Santarém recebe evento 'Tejo a copo'

No âmbito da primeira Pós-Graduação de ‘Wine Marketing & Events’ do ISLA Santarém, vai realizar-se no o evento TEJO A COPO.

O evento irá decorrer no dia 11 de Março, entre as 17 e as 22 horas  no Convento de S. Francisco, em Santarém, classificado como Património Nacional. A entrada é livre.

O evento TEJO A COPO tem como objetivo divulgar e promover os Vinhos do Tejo, proporcionando uma relação de proximidade entre os vários produtores representados e apreciadores de vinhos. O programa contempla, também, provas comentadas pelos enólogos, dando a conhecer vinhos selecionados e potenciando a aptidão de prova dos participantes.

A lista de produtores presentes pode ser consultada na foto acima. 

Toda a informação sobre o evento em: https://www.facebook.com/tejoacopo/

Sérgio Lopes (in Press Release)

quinta-feira, 2 de março de 2017

Em Prova: Head Rock Reserva Tinto 2015

Este Head Rock reserva tinto 2015 é um "blend" de tinta roriz com as tourigas nacional e franca, com origem na encosta de Arcossó, concelho de Chaves. O primeiro contacto com o nariz mostra um aroma fresco e expressivo com fruta preta macerada com subtis notas de especiarias. A boca confirma as notas aromáticas, num perfil afável, sumarento e fresco mas longe da habitual sobrematuração!

Com uns sensatos e raros (nos vinhos da moda) 12,5° de álcool, é um vinho muito apelativo e excelente companheiro para a mesa. Tem presente o carácter dos vinhos transmontanos de outrora num perfil moderno e polido, terminando médio/longo.

Jorge Neves (Wine Lover)

quarta-feira, 1 de março de 2017

Um copo com... Isa Sousa

Isa Sousa é uma das caras bonitas da Garrafeira Tio Pepe, no Porto, espalhando simpatia e beleza contagiantes. Quem entra no espaço de Luis Cândido sabe que terá sempre um atendimento de luxo quer por uma das duas meninas quer pelo anfitrião. Isa é natural do Porto, técnica de Produção Enológica e vive no Porto.

Olá Isa. Como nasceu a tua paixão pelo vinho e se iniciou a tua entrada neste meio? 

Olá Sérgio, a minha infância foi passada entre o Douro, mais concretamente Lamego, terra dos meus avós maternos, e Cabeceiras de Basto, terra dos avós paternos. Lembro-me como se fosse hoje de ir com os meus tenros 5 anos, para os campos com os meus avós ajudar (pensava eu).

Desde cedo convivi com a produção de vinho, ainda que de forma artesanal, o “ bichinho” ficou.

Quando chegou a hora de decidir qual a área profissional a seguir tomei conhecimento do Curso de Produção Enológica, na ETGI e nem hesitei. Terminado o curso comecei por colaborar com alguns pequenos produtores do Douro, na venda e promoção dos seus vinhos e posteriormente tive a oportunidade de trabalhar na loja do IVDP onde realizava aconselhamento, provas e visitas guiadas para explicar o processo de certificação. 

Em 2012 surgiu a oportunidade de fazer parte da equipa da Garrafeira Tio Pepe, onde permaneço, com muito orgulho, desde então.

Como é trabalhar numa garrafeira com tanta tradição, como a Garrafeira do Tio Pepe?

Um privilégio. A Garrafeira Tio Pepe, prima pela organização, pela alargada selecção de produtos nacionais e estrageiros, pelas provas temáticas que se distinguem das demais, pelo atendimento personalizado e simpatia. 

Somos uma equipa que todos os dias “veste a camisola” com o objectivo de dar o seu melhor.

O que gostas de fazer nos tempos livres?

Nos meus tempos livre gosto de fazer desporto (crossfit), caminhadas na praia, ir ao parque da cidade, voluntariado, estar com os amigos, aproveitar a família.

Descreve as férias dos seus sonhos, onde vais, por quanto tempo e porquê?

Para mim as verdadeiras férias de sonho seriam, partir sem destino e sem data de regresso. 

Qual o teu prato preferido? Bebes vinho com regularidade?

Seria muito redutor eleger apenas um prato, eu adoro comer. Gosto imenso de comida tradicional portuguesa, adoro mariscos, massas… relativamente a vinho, sim bebo, principalmente brancos. 

Se tivesses oportunidade de jantar com uma figura pública, qual seria? Que vinho lhe servirias? 

Teria imenso gosto de convidar para jantar o Dr. Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto (gostaria de lhe agradecer o excelente trabalho que tem vindo a desenvolver na cidade) e serviria o vinho Quinta da Carolina Reserva Especial Tinto 2012, um Douro genuíno que é produzido apenas nos melhores anos. Elegante, fresco, com taninos aveludados e um final de boca volumoso e persistente.

O que te faz realmente tirar do sério? 

Abomino a falta de educação, a crueldade e o egoísmo.

Momento: Refere uma música preferida, local de eleição, companhia e claro vinho a condizer.

Wave de Tom Jobim, numa praia qualquer a ver o pôr do sol…, acompanhada dos meus amigos mais próximos.Quanto ao vinho, desculpa Sérgio mas devias querer dizer “ vinhos a condizer”. :-) Sabes bem que os aficionados, como eu, incorrem inevitavelmente no crime da “poligamia vínica” por isso aqui vai a minha selecção, curta prometo; Billecart - Salmon Brut Sous Bois, Quinta da Pellada Primus branco, Louis Latour Chassagne-Montrachet, Zambujeiro tinto 2011 e Dalva colheita 1968.

Qual o melhor vinho que alguma vez provaste? Já provei vinhos fantásticos, uma das grandes benesses de trabalhar na Garrafeira Tio Pepe, mas aquele que mais me marcou foi sem dúvida o vinho do porto Quinta do Vallado Adelaide Tributa 1866. Acho que me faltam adjectivos para qualificar de forma justa a grandiosidade deste vinho.

Foi uma experiencia única.

Como diria Fernando Pessoa “ Boa é a vida, mas melhor é o vinho”

À nossa Sérgio ;-)

Sérgio Lopes