Apetece-me falar de um vinho da minha terra (não de berço mas a terra que me acolheu), em Trás-os-Montes! Contar as sensações que ele me causa cada vez que o provo! Não me importa se atinge a excelência ou se é apenas um vinho correcto, ou até se estou a ser tendencioso na sua avaliação por ser "de cá"! Para mim não é apenas mais um transmontano! A este guardo um carinho especial porque o ajudei a nascer! Acompanhei-o desde a vinha à adega! ...E acompanhei também a recuperação do berço que o acolheu, uns seculares toneis de castanho que foram restaurados poucos meses antes da vindima!
É um dos meus vinhos favoritos da Quinta de Arcossó, senão mesmo o meu predilecto! Vindo das castas Tintas Amarela e Roriz com um tempero pela Touriga Francesa para amestrar um pouco a sua rebeldia, é um vinho cheio de raça, personalidade e carácter! Enquanto jovem era irreverente! Chegava mesmo a ser irrequieto! Apenas aplacado à mesa por pratos com equivalente personalidade da gastronomia transmontana! Neste momento da sua vida, começa a ser um sedutor, embora audaz!
Cresce a cada gole, pelo que aconselho prévia decantação! A sua complexidade aromática, ao início deixa-nos algo confusos! ...E gosto disso!! Gosto de vinhos que não se mostram logo no primeiro encontro... por isso, sou "obrigado" a prová-lo com alguma frequência ...E curiosamente tem sempre algo a mostrar!
Na boca é intenso! Dominador... mas sem pungência! Arrisco a dizer que poucos ou mesmo nenhuns pratos da gastronomia transmontana o conseguem derrubar! Roubei um copo e escondi... para apreciá-lo com calma no fim da noite, quando estivesse só eu e ele! Confesso que queria testá-lo... para ver onde conseguia chegar! ...Mas ele seduziu-me! ...E quando dei por mim tinha o copo vazio! ...Não foi por certo o melhor vinho que bebi, mas... cada vez que nos encontramos, desperta em mim novas sensações!
Se este vinho fosse uma pessoa... diria que por ele estava apaixonado!
Jorge Neves (Wine Lover)
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