Por uma qualquer razão, sobretudo de agendas desencontradas, ainda não tinha provado os vinhos da Joana e do João, Parceiros na Criação, deste projecto, o que finalmente aconteceu no evento Adegga Winemarket @Porto, de André Ribeirinho. O projecto chama-se Parceiro na Criação (PNC) e nasce da paixão do casal Joana Pratas e João Nápoles pelo Douro: Duriense de família e de coração, João sempre teve um carinho muito especial pela região. Viveu parte da sua infância em Barcos, no concelho de Tabuaço, tendo voltado ao Douro para estudar Gestão Agrária na (UTAD) e tirar o curso de jovem agricultor. Em 1996, João decidiu assumir a gestão e a produção da propriedade do pai. O gosto pela terra e a vontade de dar continuidade ao legado da família fê-lo despertar para a sua verdadeira vocação: a agricultura. Juntamente com a mulher, Joana Pratas – que, para casar, deixou Lisboa e rumou ao Douro, lançando-se num novo desafio profissional como consultora em comunicação e relações públicas –, achou que seria a altura ideal para “fazer o gosto ao dedo” e passar da produção de uva e azeitona, à produção e comercialização de vinhos e azeite. E assim nasceu a Parceiros Na Criação (PNC), um projecto que prima por ser familiar. Filhos do casal, Maria Teresa e António Maria são também fruto do mesmo.
O início do projecto de vinhos e também de azeite da PNC começou com a marca h’OUR. A palavra nasceu sob o lema “Chegou a hora de partilhar o que é nosso... O nosso que queremos que seja vosso!”, ou seja, da conjugação do duplo significado hora e nosso, e a estreia no mercado aconteceu em Outubro de 2013. Nessa altura foram apresentadas três referências – branco, tinto e azeite – e, posteriormente outras duas: um monocasta de Touriga Nacional (em 2014) e o rosé (em 2016). Esta marca vai ser, na próxima colheita, substituída por ‘Esteira’, ficando a marca ‘h’OUR’ destinada a mercados externos.
A nova marca lançada pela familia designa-se Casa da Esteira, e advém do facto de uma das portas desta casa ser protegida do sol por uma esteira. Representa, ao mesmo tempo, a união dos quatro elementos da PNC: o João, a Joana e os filhos de ambos, a Teresa e o António. O simbolo foi criado arquitecta Rita Peres Vicente (imagem acima).
A referência Casa da Esteira representa a entrada num novo segmento, com um salto qualitativo, deste projecto duriense familia. Um reserva tinto e um outro tinto feito 100% de Touriga Nacional. O Casa da Esteira Reserva Tinto 2014 é feito a partir de vinhas velhas de dois locais distintos . Valdigem e Tabuaço. É um vinho de lagar, com posterior estágio de 14 meses em barrica usada. Surpreende pela complexidade e equilíbrio entre barrica, fruta e especiaria que se encontra no primeiro impoacto, A boca tem uma belissima acidez, uma boa estrutura, taninos já polidos e um final de bom comprimento. Vai crescer seguramente em garrafa e como bom duriense que é, tem alto pendor gastroinómico. 2000 garrafas a um PVP de 17€. O Casa da Esteira Touriga Nacional 2015 apresenta um aroma mais frutado e floral, mas tudo num registo mais uma vez equilibardo, sem os excessos que a casta por vezes produz nos tintos durienses. De novo, madeira bem integrada, com acidez a mostrar juventude e frescura e com alguma tensão como que a prometer cresscer em garrafa. Apenas 1200 garrafas com um preço a rondar os 17€. Para o final do ano está previsto o lançamento de um reserva branco que também provamos no Adegga e que promete, graças ao "nervo" e lado crocante e fresco que apresentou nesta amostra. A acompanhar.
Sérgio Lopes