segunda-feira, 29 de abril de 2019

Em Prova: D. Graça Espumante Bruto Natural 2015


Este espumante, o D. Graça Bruto Natural Viosinho, produzido pela Vinilourenço é proveniente do Douro Superior. Este produtor lança todos os anos um branco reserva feito precisamente da casta Viosinho plantada a 700m de altitude, que é de grande qualidade, pelo que foi natural explorar esta casta um pouco mais e ver qual seria o resultado em espumantizá-la. Foi o primeiro produtor a utilizar o Viosinho para espumante e o resultado é bem agradável.

Bruto natural, o que significa sem adição de açúcar, é um espumante com um aroma delicado e simultaneamente complexo. Notas de brioche e panificação, juntamente com laivos citrinos. A boca tem alguma austeridade a pender para o lado mineral, mas a bolha é fina e a mousse cremosa, mostrando-se seco e muito refrescante, crocante, com pendor gatsronómico. Gostei e recomendo. PVP: 15€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Em Prova: D. Graça Donzelinho Branco 2016

Dona Graça é uma marca de vinhos do produtor Vinilourenço, projecto situado do Douro Superior, mais propriamente na Meda. Com enologia do professor Virgilio Loureiro, o projecto tem um portfolio vasto de referências, apostando em também apresentar o que cada casta pode aportar em termos de identidade aos vinhos produzidos. É assim no D. Graça Viosinho ou no D. Graça Rabigato, por exemplo, brancos que são escolha frequente cá em casa e que demonstram bem o terroir da Meda - com muita frescura e mineralidade.

Tive a oportunidade de provar dois brancos desta casa, feitos com castas de "antigamente", agora recuperadas, o fantástico D. Graça Samarinho provado AQUI e o D. Graça Donzelinho 2016, que a foto acima documenta. Trata-se de um branco muito subtil de aroma, talvez levemente floral, com toques de fruta citrina. Na boca, no entanto, tem corpo qb, embora mantendo sempre um registo mais contido, apresentando acidez suficiente para se aguentar bem à mesa. Não é tão explosivo como o Samarrinho que apresenta uma acidez fabulosa, mostrando este, um registo mais recatado, em equilibrio de conjunto. Eu começaria a refeição com o Donzelinho e seguiria a mesma com o Samarrinho! PVP: 13€ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Em Prova: Identidade IM espumante Bruto Natural 2016

Os vinhos "Identidade" são vinhos de boutique criados pelo Sommelier Pedro Martin, inspirados no carácter dos seus dois filhos (Identidade AM e OM) e mais recentemente, na sua esposa Inga Martin, uma mulher beirã, que adora espumantes, por isso designado Identidade IM

Se os vinhos anteriores eram um tinto e um branco respectivamente, neste caso, temos assim um espumante bruto natural, feito na bairrada, mais propriamente nas Caves São João.

Feito de Arinto (40%), Bical (40%) e Chardonnay (20%), estagia em garrafa por 20 meses. 

O resultado é uma bonita e acertada homenagem à sua esposa, seguindo a linha dos vinhos anteriormente feitos, ou seja, cheio de personalidade e traduzindo essa identidade que o próprio nome sugere. Um espumante que mal cai no copo e se olha para a mousse bonita e espessa, se prevê que estamos na presença de algo bom. Com notas de maçã verde, a bolha é fina e delicada qb, a mousse confirma-se na boca muito cremosa, resultando num conjunto fresco, seco, elegante, mas com estrutura. De perfil algo "champanhês", mas com alguma austeridade bairradina, perfeito para a mesa. Apenas produzidas 1000 garrafas. 

PVP 20€. Disponibilidade: Martin Boutique Wineries

Sérgio Lopes

terça-feira, 23 de abril de 2019

Novidade: Bone, by Pedro Martin

Depois do sucesso dos Identidade AM (Tinto do Dão), OM (Branco da Bairrada) e mais recentemente IM (espumante da Bairrada), vinhos feitos em homenagem aos membros da familia Martin, eis que chegam ao mercado os rótulos "Bone". O objetivo desta referência é o de produzir vinhos secos - "dry as a bone", que funcionem como um instrumento seguro para qualquer sommelier poder aconselhá-los à mesa, sem hesitação. São produções pequenas, de apenas 2000 garrafas de um branco e um tinto, ambos feitos na Bairrada, nas Caves Messias, com o blend seleccionado por Pedro Martin. O Bone Branco 2017 é produzido das "castas típicas da bairrada" e tem apenas uns singelos 11,5º de alcool. Fresco, leve, mas com corpo, seco - é claro e refrescante.  O Bone Tinto 2016 é feito de Syrah (40%), Baga (20%), Touriga Nacional (30%) e Cabernet Saub«vignon (10%). Tem fruta madura na medida certa, complexidade qb e pendor gastronómico, como se pretende com estas referências. Seco, é claro e muito equilibrado. Os Bone não deslumbram como os Identidade (também não seria esse o propósito), mas traduzem-se em apostas seguras, num registo mais fácil e consensual. Para a mesa. PVP: 9€.

Sérgio Lopes

terça-feira, 16 de abril de 2019

Radar do Vinho: Quinta do Côtto

Tomei contacto mais próximo, recentemente, com os projectos Quinta do Côtto e Paço de Teixeiró, ambos pertencentes à familia Champalimaud. A Quinta do Cotto é seguramente um nome conhecido do Douro, produzindo vinho tinto desde 1960 e cujos seus Grande Escolha são verdadeiros clássicos da região, cheios de carácter e longevidade. São 77 hectares de vinha, rodeadas de mata, localizadas no início da sub-região do baixo-Corgo. A Quinta do Paço de Teixeiró localiza-se na sub-região de Baião- Vinhos Verdes, composta por 7 hectares de vinha nos contrafortes do Marão. Tem um microclima muito próprio, com o solo ainda duriense (Xisto) e as noites frias da serra ajudam a que as uvas tenham um caracter muito próprio. Complementa assim a oferta do grupo, com vinhos brancos que a Quinta do Cotto não produz.
A enologia está a cargo de Lourenço Charters que tenta aportar o seu cunho pessoal ao projecto, priveliginado o terroir e a tradição. Todos os vinhos são feitos de uvas provenientes das suas Quintas e vinificados e engarrafados nas propriedades. Foi por isso um prazer visitar este projecto e poder constatar in loco o trabalho de renovação e reabilitação que Lourenço está a operar, mantendo um respeito enorme pela história da casa, limitando-se a reproduzir as melhores práticas de antigamente, mas com olhos postos no futuro. Depois da visita às vinhas e à adega, Lourenço tinha preparada uma prova com algumas referências antigas para mostrar a longevidade dos vinhos Durienses e também da região de Baião.
A Quinta do Paço de Teixeiró posui 2 vinhos, um feito de Avesso (80%) e Loureiro (20%) PVP 7€, aromático e fresco, mineral e equilbrado, mas com uma boca interessante e uma belíssima acidez; e um Avesso 100% com fermentação e estágio em barrica onde se procura maior complexidade aromática e uma boca com maior volume e untuosidade. Uma produção de apenas 1600 garrafas deste útlimo vinho que Lourenço Charters pretende ainda afinar mais. PVP: 13€. Provaram-se para além das colheitas mais recentes no mercado, a versão sem barrica, Paço de Teixeiró 2008 e a versão com barrica, Teixeiró Grande Escolha 2010, ambos ainda muito vivos, a demonstrar a longevidade destes vinhos brancos.
O Vinho Quinta do Côtto é um blend das várias parcelas da Quinta, em que 40% do lote estagiou em barricas usadas e novas durante 12 meses os restantes 60% em Cubas de Inox. Trata-se de um tinto de perfil clássico, com a fruta em primeiro plano, madeira bem integrada, nada extraído, competente e muito equilibrado. PVP: 8€. Muito seco e um great value, para quem apreciar um perfil mais tradicional, para a mesa. Para além da colheita mais recente no mercado, provamos os anos 2004 e 2008, ambos com rolha "screw cap", mostrando-se muito fechados, com anos de vida pela frente. O Quinta do Côtto Vinha do Dote é de uma só parcela, localizada a uma cota mais baixa (140m) e com aproximadamente 90 anos. É chamado vinha do Dote pois a vinha foi trazida como dote em 1865. Estagia 15 meses em barrica usada. Aqui já estamos na presença de um vinho onde as vinhas velhas aportam uma grande complexidade, com aroma complexo e muita finesse, onde predominam notas de especiarias e frutos vermelhos maduros. Bom volume de boca, com taninos sedosos, com longo e persistente final. Com grande potencial, na minha opinião e a mostrar-se muito melhor à mesa, seguramente. Um grande vinho, elegante e muito fresco, mesmo ao meu gosto PVP: 20€. O histórico Quinta do Côtto Grande Escolha que apenas sai em anos especiais e cuja última edição é de 2015, não foi provado.
Para o final deixo o vinho que mais me surpreendeu, o Quinta do Cotto Bastardo (20€), um ensaio de pouco mais de 400 garrafas que Lourenço redescobriu traduzindo-se num vinho com pouquissima extração, mas cheio de sabor, seco e com enorme frescura. Um vinho viciante e totalmente fora do baralho. Esgotado já no produtor, mas uma aposta seguríssima e demonstrativa do cunho pessoal que Lourençlo começa a aportar ao projecto.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Em Prova: Drink Me Nat Cool Bairrada Tinto 2017

Nat Cool, naturalmente “cool and funky”, é um conceito inovador criado pela Niepoort, um movimento de união entre diversos produtores com o objectivo de criar vinhos leves e fáceis de beber. 

Na Bairrada foi criado o DrinkMe, o primeiro NatCool, com o objetivo de mostrar um lado diferente e elegante da casta Baga, mais fácil e direto.

Proveniente de vinhas velhas, passa apenas por Inox.

Leve na cor, o Drink Me Nat Cool Tinto 2017, 2ª edição desta referência,  apresenta-se levemente frutado e floral e sobretudo muito fresco ao primeiro impacto.

A Baga está lá com a fruta vermelha, algumas notas calcárias e um tanino civilizado, que lhe dá uma boca macia, mas muito interessante.

Ainda que num perfil fresco, direto e até sedutor, tem estrutura qb para aguentar alguns pratos, sobretudo entradas, deixando-se beber com muita facilidade, inclusivé a solo, convidando sempre a mais um copo.

Vendido em garrafas de 1 litro e servido ligeiramente fresco, foi a companhia idela para as entradas e pizza do restaurante Vila Mar. E o vinho entre os convivas, desapareceu por completo, com sucesso.  Naturalmente (cool). PVP:11,50€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 9 de abril de 2019

Em Prova: Quinta de La Rosa Tinto 2017

A Quinta de La Rosa pertence à família Bergqvist desde 1906. Actualmente tem 55 hectares de vinhas e produz anualmente cerca de 50.000 litros de porto e cerca de 160.000 litros de vinhos de mesa. Está localizada no coração do Alto Douro Vinhateiro na margem direita do rio Douro, perto do Pinhão. Conta com enologia de Jorge Moreira (Real Companhia Velha, Poeira) e para além do vinho produz azeite e... cerveja, para além de oferecer um alojamento turisitcos de elevada qualidade com um vista deslumbranbte sonbre o rio Douro.

O Quinta de La Rosa Tinto 2017 é uma das referências da casa, produzido das castas Touriga Nacional (60%), Touriga Franca (12%), Tinta Roriz (8%) e Sousão (5%). Os restantes 15% são uma mistura de castas provenientes de Vinhas Velhas. Na sua maioria, uvas A maioria da vinha de Lamelas, plantada há mais de 30 anos por Tim Bergqvist, proprietário e pai da actual gestora da Quinta de la Rosa, Sophia Bergqvist.

Trata-se de um tinto jovem e fresco, pronto a beber, mas cheio de sabor. Frutado na medida certa - com a fruta vermelha e preta caracteritica da região, especiado qb - para lhe conferir a complexidade que necessita. Na boca, os taninos são macios, mas firmes, mostrando-se um conjunto equilibrado, com uma boa acidez, sem sinais de sobre maturação e até algo guloso, com final persistente.

Um good value que acompanhou na perfeição um bacalhau com boroa, como documenta a foto acima. PVP: 9€. Garrafeiras e Retalho.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Fora do Baralho: Herdade do Rocim Clay Aged Branco 2017

Numa altura em que o Alentejo parece querer recuperar a tradição milenar do vinho da talha, destaco este exemplar, o Herdade do Rocim Clay Aged Branco 2017. Apesar de eu não ter provado muitos vinhos de talha, sobretudo brancos, e apesar da polémica sobre o que é realmente uma talha (com ou sem tratamento de impermeabilização), confesso que este vinho chamou-me a atenção no jantar da gala da revista Grandes Escolhas, onde foi prémio de excelência e onde tive a oportunidade de o provar à mesa e adore. Feito de Verdelho, Viosinho e Alvarinho, é pisado a pé em lagar de pedra, com o seu engaço, apenas com leveduras indigenas (como se de um tinto se tratasse), com posterior estágio de 9 meses em talhas de barro de 140 litros. Talhas essas, fruto da colaboração com uma universidade francesa para criar pequenas ânforas de apenas 140 litros, feitas de argila de sua própria propriedade, especialmente projetadas para serem usadas sem forro, permitindo taxas semelhantes de micro-oxigenação como as barrricas novas de carvalho francês. O resultado é um vinho desconcertante. De cor ambar, fruto da "curtimenta", apresenta um aroma profundo mas subtil, com notas de pedra molhada, alguma fruta cristalizada, mas tudo num registo de contenção e muita complexidade. A boca é de taninos finos, com estrutura, fresca e muita texturada. Termina austero qb, com muita tensão e um final longo e ceroso. Um vinho com delicadeza, apesar da curtimenta e do estágio em talha. Acompanhou em dois momentos um cozido à portuguesa e um anho assado na brasa, de forma brilhante. Sempre a uma temperatura a rondar os 14 grausa para tirar o máxiumo partifdo da sua estrutura e complexidade. Um digno representante de um topo de gama - branco, do... Alentejo, para apreciar vagarosamente! PVP: 35€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes