terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Opinião: Os vinhos que os portugueses bebem?

O mote deste texto é inspirado num e-mail que recebi de uma agência de comunicação intitulado: "Vinhos Tintos do Alentejo: a escolha número um dos portugueses". O conteúdo remetia para um ranking da procura (supostamente) dos portugueses por bebidas, elaborado pelo KuantoKusta Supermercados, comparando preços de mais de 84 mil produtos de 11 supermercados. O resultado: 2 vinhos do Alentejo, o Encostas do Alqueva Tinto e o Guarda Rios Branco, ambos, claro está, vinhos de supermercado, completamente corriqueiros e muitas vezes com aquelas promoções "malucas" dos 70% de desconto...

Não acho importante identificar o vinho vencedor, quer branco, quer tinto - terá o seu valor com certeza, mas sim reprovar o texto enganador "Vinhos Tintos do Alentejo: a escolha número um dos portugueses". Eu sei que até é assim (O alentejo - que produz também grandes vinhos - é provavelmente a região preferida do consumidor de supermercado, pela rqp dos vinhos e facilidade de aquisição), mas não entendi o fundamento. E pior, perceber que se bebe muito mal em Portugal, quando há tantos e tantos bons vinhos por aí disponíveis, com identidade e a uma óptima relação qualidade-preço. E de várias regiões. Enfim.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Cegos por... Vinhão!

No passado dia 18 de Fevereiro, decorreu mais um evento organizado pelo grupo "cegos por provas". Desta feita o desafio foi provar vinhos produzidos da casta vinhão, conhecida por gerar vinhos duros e que "pintam a malga". Sim, para quem não conhece, é tradição na região dos vinhos verdes beber este tipo de vinho em malgas, acompanhando a cozinha minhota. No Douro esta casta também existe mas tem o nome de Sousão e confere alguma estrutura e taninos aos vinhos. Foram colocados alguns exemplares de Sousão em prova cega, também para se perceber o perfil da casta em ambas as regiões e tentar identificar isso mesmo. O evento decorreu no restaurante "O Prato" em Famalicão, onde foram provados 36 vinhos, acompanhados pela gastronomia característica da região superiormente servida pelo restaurante, nomeadamente uns rojões com arroz de sarrabulho e uma lampreia à bordaleza.

 

Os participantes foram distribuídos em dois grupos, para provarem 18 vinhos cada. Tivemos vinhos para todos os gostos e estilos, desde o tradicional vinhão agreste, passando por vinhões mais civilizados e modernos, alguns deles inclusivé, com passagem por madeira, vinhos de vinicultura biodinâmica e claro os Sousão para baralhar um pouco.

Eis o top 3 e a lista dos melhores classificados de entre os 36 vinhos em prova:


Curiosamente os vinhos de Sousão, ou seja, com a casta plantada no Douro foram os grandes vencedores, talvez porque estamos mais habituados a esse registo de vinhos. Mas também porque os vinhos em prova de Sousão eram realmente muito bons! No entanto, ficou clara a plasticidade da casta vinhão que de uma forma geral se comportou muito bem, na prova cega, desde produtores conhecidos a referências completamente desconhecidas, mas de grande qualidade. Ainda há muito trabalho para fazer com esta casta, pois não é unânime e consistente, mas saí da prova com a convicção de que compraria alguns destes vinhos e seriam bebidos, com prazer. E isso é o mais importante.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Em Prova: Quinta das Bageiras Pai Abel branco 2010


17,5/20. No dia em que se inicia mais uma edição do simplesmente... vinho, o maior encontro de vignerons de Portugal, nada como falar de um vinho de um desses vignerons, o grande Mário Sérgio Nuno Alves, da Bairrada. Os seus garrafeira tinto e branco são já lendários, feitos à moda antiga, com estágio em tonel de Madeira, vinhos de enorme longevidade. O Pai Abel 2010 é também um garrafeira, mas em homenagem ao estilo que o seu pai mais gostava, produzido de maneira um pouco diferente. Assim, o vinho passa por estágio em barrica usada e não em velhos toneis e utilizando vinhas um pouco mais novas. Mas não fica nada atrás do Garrafeira Branco. O que o garrafeira tem em potência, o Pai Abel tem em elegância, finesse, madeira super integrada - sem marcar e uma enorme acidez que lhe confere a tal longevidade. Um estilo diferente, do habitual das Bageiras mas igualmente muito prazeroso. Provado muito recentemente, com 7 anos de idade agora,  e tanta juventude e vida pela frente! PVP: 20€. Disponibilidade: Niepoort Projectos.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Da minha Cave: Altas Quintas Tinto 2007

São sensações como as causadas por este vinho que me fazem correr riscos (de ter vinagre em vez de vinho :-) ) ao esquecer propositadamente de algumas garrafas para as revisitar anos mais tarde...

Este Alentejano nascido em 2007 a 600m de altitude na Serra de São Mamede e vinificado pelas mãos de Paulo Laureano com Aragonês (Tinta Roriz), Trincadeira (Tinta Amarela) e Alicante Bouschet com posterior estágio em barrica de carvalho, mostra uma exótica e apelativa complexidade aromática e gustativa. É um verdadeiro "gentleman" sedutor, elegante, afável mas com personalidade vincada. Sempre surpreendente durante a prova, não se absteve de me cativar os sentidos com o seu mutável exotismo... deixando morosas marcas da sua passagem pelo palato !

Não foi certamente o melhor vinho que bebi! Mas quão importante isso é se me proporcionou este prazeroso momento!?

E agora que já manifestei os sentimentos que me despertou... vou continuar a namorar com ele...

Jorge Neves (Wine Lover)

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Radar do Vinho: Casa da Passarella, estórias com muita história

A Casa da Passarella é uma propriedade histórica da região do Dão, cuja origem remonta ao final do século XIX. São 100 hectares, dos quais 45 hectares são de vinha, localizados na frescura do sopé da Serra da Estrela, e cheios de "estórias" para contar. Ao longo do século XX viveu uma época de Ouro, com testemunhos de personagens fantásticos que por lá passaram e que moldaram o "lugar da Passarella" e contribuiram para o misticismo do local. Nomes lendários da enologia portuguesa como Manuel Pato ou Alberto Vilhena, passaram e foram parte integrante do projeto. O primeiro registo de engarrafamento data de 1893 e encontra-se exposto no centro de interpretação - Villa Oliveira, agora a referência de topo da Passarella. Assistiu-se depois a um declínio que foi interrompido em 2008 com o renascer do projeto por novos proprietários e a entrada para a enologia de Paulo Nunes, primeiro como enólogo consultor, depois como residente (a partir de 2012).

Paulo Nunes é uma das faces mais visiveis do projeto e um dos principais responsáveis pelo crescimento dos vinhos da Passarella. Ao longo do tempo tem sabiamente respeitado a herança do local e o saber das pessoas, potenciando o que de melhor a Casa da Passarella tem para oferecer: estórias de uma história rica, por trás de cada vinho e que é parte integrante do mesmo no perfil: O blend de vinhas com diferentes exposições, que transformam os vinhos num reflexo do terroir.

Fomos recebidos pelo Paulo Nunes que nos foi mostrando as vinhas e as diferenças entre as mesmas epartilhando connosco várias estórias de um passado riquissimo. Quase que se sentia no ar essa riqueza histórica, em cada metro do "lugar da Passarella". Depois foi a visita à adega onde modernas cubas de Inox convivem com cubas de cimento; onde barricas de carvalho convivem com toneis; onde milhares de garrafas repousam para dar lugar às várias referências da casa.

De seguida, Paulo Nunes tinha preparado para nós uma sublime prova. Perdão, aliás 3 provas verticais: Encruzado, Vinhas Velhas e Fugitivo. Uau! Os Encruzados de 2011 a 2015 a mostrarem uma frescura irrepreensível da casta. Vinhos gastronómicos e com muito para dar, com muita acidez. Foi curioso perceber a evolução desta casta, passando por registos mais florais, ou mais frutados, ou até por momentos "+ flat", consoante o momento / ano. Altamente didáctico!


Os vinhas velhas tinto de 2008 a 2012, com o 2008 a mostrar uma forma brutal. Todos elegantes e ainda muito jovens. E pensar que estes vinhos quando saíram para o mercado eram uma pechincha nas grandes superfícies. Finalmente, a gama Fugitivo, vinhos "fora do baralho". Paulo Nunes procura produtores locais de vinhas centenárias ou com métodos de vinificação diferentes dos da casa para lançar algo verdadeiramente diferente, todos os anos. Provamos o Fugitivo tinto feito de vinhas centenárias dos anos de 2012 e 2013, respeitando a forma de produção do "produtor" local e o branco de curtimenta de 2015, um branco feito à moda antiga, como se de um tinto de tratasse. As três referências fabulosas, sendo o tinto extremamente viciante e puro veludo , enquanto  o branco untuoso, com uma acidez brutal e uma boca interminável. Excepcional. 

Depois desta prova memorável, fomos almoçar umas entradinhas de enchidos muito saborosos e um fabuloso cabrito assado em forno a lenha, acompanhado é claro dos topos de gama Villa Oliveira.

 


Fiquei completamente rendido ao Villa Oliveira Vinha das Pedras Altas, a expressão de uma vinha. Que grande vinho cheio de elegância, finesse e vigor. Fiquei fã. Acompanhado bem de perto por um igualmente excelente Villa Oliveira Touriga Nacional. Ou o Villa Oliveira Encruzado que tão bem acompanhou a sobremesa. Que branco...! Que vinhos!


Terminamos o dia (longo mas muito prazeroso) com uma visita à vinha centenária e prova de barricas na Adega entre produtos acabados e outros por acabar, em inox, barrica ou Tonel, sempre com uma paixão contagiante e enorme disponibilidade de Paulo Nunes, verdadeiro embaixador do projeto. Obrigado Paulo pela fantástica visita e parabéns pelo trabalho desenvolvido. 

Não há dúvida que a Casa da Passarella honra e bem o passado, presente e seguramente futuro da região do Dão.

Fotos cortesia de Luis Pádua

Sérgio Lopes

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Em Prova: Quinta do Todão Melhores Vinhas Reserva Tinto 2012


16,5/20. A Quinta do Todão fica situada em frente a Gouvinhas, Sabrosa. Durante muitos anos vendiam as uvas, mas mais recentemente decidiram produzir o seu próprio vinho, o que tem acontecido com alguns produtores de dimensão mais pequena, do Douro. O vinho é feito na Quinta do Crasto, com enologia a cargo de Manuel Lobo (que aliás auxiliou na reconversão dos 50 hectares de vinha da Quinta do Todão). Este reserva tinto de 2012, feito com as melhores vinhas de castas durienses (60% Touriga Nacional+ 30% Touriga Franca+ 10% vinhas velhas (castas misturadas), apresenta o perfil típico dos vinhos com o dedo de Manuel Lobo, do vizinho Crasto: Aroma perfumado com fruta de qualidade, barrica bem integrada, vertente de elegância em vez da concentração, muita frescura, e uma boca sedosa e final longo de pendor gastronómico. Gostei muito do que provei! PVP: 12,5€. Disponibilidade: Garrafeira Nacional. 

Sérgio Lopes

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Inspira Portugal: Masterclass de Arinto, por Hugo Mendes

No próximo dia 18 de Março, irá decorrer, na Quinta das Carrafouchas, em Loures, o evento Traz um Arinto também! O propósito é o de descobrir as virtudes do Arinto, numa Masterclass que irá analisar as caraterísticas da Casta, o que a distingue das outras e a forma como se comporta de norte a sul do País. 

A formação (direcionada a enófilos, bloggers e profissionais) será ministrada pelo enólogo Hugo Mendes e irá abranger três áreas: Enologia, Adega e Prova comentada de dez Arintos (a escolher previamente por um painel de especialistas). Os restantes vinhos enviados pelos produtores poderão ser também degustados (e analisados) durante o almoço e prova da tarde, em conjunto com os Arintos que cada participante queira trazer e partilhar.

A Masterclass tem o preço de 40€, 50€ com almoço (20% de desconto para grupos) e só o almoço (com prova dos Arintos não incluídos na masterclass e que os participantes levarem para partilhar) será 20€. Para efetuar a inscrição será através do email inspira.portugal@gmail.com

Sobre o Inspira Portugal: O Inspira Portugal é um Projeto que o enólogo Hugo Mendes (Quinta da Murta. Quinta das Carrafouchas, Adega da Labrugeira. etc.) criou para a realização de eventos ligados ao vinho, visando essencialmente dois aspetos:
- Formação enófila sobre vinhos Portugueses de castas Portuguesas;
- Divulgação de vinhos e produtores que apostam nas castas Portuguesas.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Em Prova: Vinhas de Pegões Syrah 2015

Aceitei o repto do Duarte Filipe Silva para uma espécie de "Pegões Challenge" à volta do Vinhas de Pegões Syrah 2015, que ele gentilmente me cedeu para provar. Arrepiei caminho e com grande expectativa (um misto do que eu já conheço vs o que leio por aí) botei-o no copo. Vamos tentar dividir isto por partes: 

1) se alguém - como eu - que não perceba muito desta casta, vai ficar um bocadinho mais na mesma, pois o que vem dali são evidentes notas de madeira no vinho: baunilha (a minha filha, grande apreciadora do Magnum da Olá comprovou), caramelo, tabaco, alfazema e depois um incenso no final que nos remete para a queima de alguns óleos de árvores como o sândalo. 

2) é exactamente aqui que me ponho a pensar, que onde acaba o meu prazer pode ser onde começa o de todo um público que procura e consegue encontrar isto num vinho; só me chateia o facto de no final de contas não haver grande diferença entre tantos outros monocastas, mas é a vida. 

3) no contra-rótulo da garrafa vem mencionado: "... melhores uvas das castas Syrah", deixou-me com aquela sensação imediata de que seria possível preencher esse espaço com mais castas, ou só uma ou outra, como numa fantasia de quem pode estar a beber aquilo, ou o que quiser que seja; mas isto sou eu a divagar, pois continuei a beber mais um pouco. 


4) finalmente, a foto acima, relata um pouco o resultado deste desafio que repito, deu-me muito prazer fazer (mais do que a beber, como é visível na minha marca), até porque me interessam bastante estes e outros fenómenos, e até sou conhecido por ter gostos não muito caros e demasiado refinados. e o vinho até tem alguma acidez.

Marco Lourenço (Cegos por Provas)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Opinião: O Dão no seu melhor, Quinta da Fata 1958

O terceiro quartel do século XX (1950-1975) foi sem dúvida uma época marcante, para o bem e para o mal, no panorama vínico nacional. Nesta época vivia-se uma espécie de “troica vínica”, ou seja, um sistema no qual o consumidor podia optar para realizar a compra dos vinhos para beber em casa. 

Por um lado, o vinho podia comprar-se a granel na tasca e havia tantas opções por onde escolher. Por outro lado, também podiam adquirir os vinhos engarrafados ou engarrafonados através das adegas cooperativas, criadas nesta altura, nas regiões mais produtivas. Por fim, havia ainda as empresas armazenistas (Real Companhia Velha, Caves S. João, Caves Aliança, entre outras), que detinham algumas das marcas mais cobiçados pelos enófilos de então e que ainda perduram nos dias de hoje: Grantom, Sidrô, Terras Altas, Meia Encosta, etc.

Sir Eurico Amaral (Foto by Marco Lourenço)
Era este o panorama vínico nacional no tempo em que o Dr. Eurico Amaral (pai) viajava com frequência pelas principais capitais vínicas europeias com o intuito de provar os vinhos mais famosos de então. Deste hábito, raro e inacessível para o comum dos portugueses seus contemporâneos, surge a constatação pessoal de uma premissa quase irreal: o Dão possuía o melhor vinho do mundo. E quantos mais vinhos estrangeiros provava mais ficava convencido dessa afirmação.

Com o passar dos anos, um desígnio ia fermentando na cuba dos seus sonhos: a criação de um vinho de quinta com as uvas provenientes das suas vinhas em Vilar Seco. Estávamos então na década de 50!

E se bem o pensou, melhor o fez. O Dr. Eurico Amaral (pai) contou com a ajuda do Engenheiro Vilhena para em conjunto recorrerem às velhas técnicas dos Dão, ou seja, misturar as castas tintas tradicionais: Baga, Touriga Nacional e Jaen entre outras, com algumas das castas brancas nos tradicionais lagares de granito Beirão. 

O resultado foi um vinho tinto de cor aberta, tradicional na altura, mas nunca foi lançado para o mercado já que o pai do projeto começou a apresentar problemas de saúde e acabou por vender a quase totalidade da colheita de 1958. Sim, leu bem. 1958.

Hoje em dia os afortunados que provam este vinho raro, o Quinta da Fata 1958, constatam a sua frescura, equilíbrio, elegância, acidez e final longo. Um vinho de classe mundial.

Afinal, o Dr. Eurico Amaral (pai) tinha razão.

Paulo Pimenta (Wine & Stuff)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Arena de Baco: .beb... e os "velhinhos" em alta!

No mês passado houve vertical da referência .beb, de Tiago Cabaço (.com, blog). Consegui juntar 4 brancos e 4 tintos de anos diferentes deste que é um vinho de gama média exclusivo para as grandes superfícies (creio). A prova decorreu no restaurante Big Bife, no Porto, do simpático Vitor, acompanhado de um jantar. Relativamente aos .beb, foi unânime que todos esperávamos um pouco mais dos vinhos. Nos brancos, os mais velhos estavam bem melhores que os mais novos: os blends com Verdelho, Arinto e Viognier ('10 e '11) estão mais frescos e vivos que os irmãos mais novos que têm Encruzado, Roupeiro e também Viognier ('12 e '14). Nos tintos, os nossos preferidos, todos a dar boa prova, destacou-se o mais velho, de '08, seguido do '11 e num plano abaixo os '10 e '12. Ficamos com a sensação que o tinto está bem posicionado no preço face à qualidade. Já o branco, ficou muito aquém das expectativas. 

Como um jantar entre winelovers é sempre um pretexto para abrir umas coisitas antigas, foi o que fizemos. E que grandes vinhos "velhinhos" que estiveram em alta: Destaque para dois vencedores absolutos: O encostas do enxoé branco 2008 do Alentejo, com uma vivacidade desconcertante e uma frescura atipica para a região, em grande grande forma; O José de Sousa Mayor 1999, cheio de elegância e finesse, complexo e viciante. Um vinho de talha soberbo. 
Igualmente em bom plano, Quinta vale do mogo 1995, ilustre desconhecido da Bairrada; o muros antigos loureiro 2005 a provar a capacidade de envelhecimento da casta e dos vinhos verdes e um Dão Udaca Selecto de 1980 ainda bem vivo! É raro numa prova de vinhos antigos encontrarmos TODOS os vinhos em tão boa forma e alguns deles estiverem absolutamente fantásticos! Terminamos a noite com um Porto Taylors 40 anos completamente do outro mundo!

Sérgio Lopes






terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Em Prova: Quinta do Rol Branco 2008 e 2009

A Quinta do Rol fica situada na Lourinhã. Nos últimos anos mudou para uma imagem mais moderna (a que está na foto ainda é a antiga) e tem apostado nos monocastas tintos e brancos, tais como o Pinot Gris e um Sauvignon Blanc parcialmente fermentado em barrica, ou o Pinot Noir. Tenho por isso imensa curiosidade em conhecer melhor este projeto, sobretudo depois de ter provado estes Quinta do Rol branco de 2008 e 2009.
Comprei-os no Pingo Doce abaixo de 3€ e creio que ainda se consegue encontrar. São vinhos, que na minha opinião estão num belo momento e que irão ser apreciados seguramente por winelovers.
Tanto o 2008 como o 2009 são produzidos a partir das castas: Alvarinho, Chardonnay e Arinto. São vinhos de que apresentam uma cor palha ligeira ainda com alguns reflexos esverdeados. O aroma é bem vivo , muito focado nos citrinos (limão, lima) e algum floral. A boca também ela muito viva, com uma grande acidez, corpo e final médios e um lado apimentado muito interessante que pede comida. Deixem os vinhos ir abrindo a acompanhar a refeição e terão uma bela experiência, por uma módica quantia. 

Sérgio Lopes

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Fora do Baralho: Foxtrot Dominó Tinto 2014


16,5/20. Vitor Claro, conceituado chef português ficou com o "bichinho" do vinho e decidiu criar o seu projeto, vinhos Dominó. São vinhos de experimentação, com pouca maquilhagem, ao gosto pessoal do chef. Este Foxtrot Dominó 2014 é composto por 75% uvas tintas e 25% de Arinto. É um vinho tinto, sem denominação de origem, devido à percentagem de uvas brancas que contém. Mas é bem português e proveniente do Alentejo, mais propriamente de Portalegre de vinhas velhas com mais de 85 anos. O resultado é um vinho com um aroma contido, onde se sente um pouco do calor alentejano. Na boca  o tanino de parte do engaço está presente (50% do lote tinto tem engaço) mas também fruta fresca e uma frescura muito interessante, proveniente da proximidade com a Ribeira de Nisa . De corpo médio e pouco alcool (12º), é um vinho que se bebe muito bem e facilmente, sem deixar de ter uma complexidade acima da média que o torna distinto. Gostei. PVP: 10€. Disponibilidade: Portus Wine. 

Sérgio Lopes

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Feeling Grape: formação vínica em destaque na programação de Março

O Feeling Grape - Oporto Wine & Food Atelier apresenta quatro sessões em Março, voltadas para quem quer aprofundar os seus conhecimentos sobre vinho.

A formação teórico-prática ‘Approach wine like a pro’, no dia 3 de Março às 19h00, incide sobre técnicas de degustação que permitem ao formando conhecer o “valor” e potencial de cada vinho. O preço por cada participante é de €55,00 e tem uma lotação máxima de 18 pessoas.

Após o sucesso das últimas cinco edições, o Feeling Grape volta a receber o curso vínico ‘How to taste wine’, no dia 4 de Março, das 10h30 às 13h30. Uma sessão destinada sobretudo a principiantes que queiram aprender a provar vinho. Num ambiente descontraído, novamente Manuel Moreira convida todos os presentes a descobrir os verdadeiros prazeres do vinho. O preço por cada participante é de €50,00 e tem uma lotação máxima de 18 pessoas.

No mesmo dia, mas durante a tarde, é a vez de aprofundar conhecimentos na ‘Masterclass Feeling (Cabernet Sauvignon) Grape’. A sessão tem início às 15h30 e foca-se nas características e curiosidades desta casta clássica e reconhecida por apreciadores de todo o Mundo. Ninguém sai do lugar sem passar à fase da prova, durante a qual vão degustar monocastas de Cabernet Sauvignon das principais zonas de produção desta casta no mundo. O preço por pessoa é de €50,00.

A 18 de Março, as sessões de ‘Portugal de Lés-a-Lés’ voltam à sala do Feeling Grape: às 10h30 para explorar as regiões vinhateiras Vinho Verde, Douro e Bairrada; e da parte da tarde, às 16h00, o Dão, Lisboa e Alentejo. Ambas com explicações pormenorizadas sobre castas e vinhos e em que também são abordados temas como: o papel do vinho na gastronomia, dicas de prova, técnicas de produção e os princípios básicos de harmonizações. Duas formações ideais para winelovers que queiram conhecer mais sobre os vinhos portugueses. O preço de cada uma é de €35,00 por pessoa.

FEELING GRAPE . OPORTO WINE & FOOD ATELIER
Morada: Rua da Alegria, 4000-038 Porto
Telefone: 924 382 643
Todas as reservas devem ser feitas atempadamente e online em www.feeling-grape.com

Sérgio Lopes (in Press Release)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Arena de Baco: Touriga Franca em prova "cega" na Quinta do Silval

A Quinta do Silval organizou no passado sábado, dia 4, uma prova cega de vinhos 100% Touriga Franca, organizada por Miguel Abreu. Mais de uma vintena de provadores amantes do vinho deram notas de zero a vinte valores, a 18 vinhos de variadas regiões.

A Touriga Franca é possivelmente a casta portuguesa – é verdade, apesar do que o nome sugere – mais preponderante e desvalorizada do nosso território: bastaria dizer que é a casta com maior área plantada no Douro (cerca de 25% do encepamento total), ou que é fundamental nos lotes típicos desta região, tanto para os vinhos de mesa como nos Porto, e no entanto raramente é referida quando toca a mencionar “à primeira” as nossas castas autóctones por excelência. Ao que se sabe é referida pela primeira vez em meados dos anos 40, talvez do cruzamento entre as castas Touriga Nacional e o Mourisco (ou Marufo), perdendo para a primeira em exuberância mas ganhando em equilíbrio e robustez. Embora sem o poder de “contaminação” inquestionável da Nacional, a Franca “invadiu” também algumas outras regiões do nosso território, embora sem nunca conseguir a afirmação que detém no Douro – e ainda hoje é recorrente o abandono desta casta nos lotes de vinhos mais a sul do país. 

A prova cega organizada pelo Miguel Abreu partiu exactamente daqui: recolher em primeiro lugar alguns exemplares que desenhassem uma geografia da implantação da casta no nosso território – partindo do Douro e passando por Setúbal, Alentejo, Lisboa e Beira Interior – e colocá-las em confronto, com vários anos de colheitas a certificar a sua boa capacidade de envelhecimento. Curioso também é perceber como alguns destes vinhos só saem em anos excepcionais ou em pequenas produções, transformando-os em raridades difíceis de encontrar, a preços geralmente elevados. Da lista que se segue há que destacar as boas prestações de vinhos algo desconhecidos entre nós (Encostas de Estremoz que venceu e Holminhos, do Douro Superior), a prova em amostra de barrica daquele que será um dos próximos Scala Coeli da Adega da Cartuxa (depois de edição similar em 2009), e os aromas mais clássicos retirados do Dorna Velha e do Calços do Tanha; ou a boa classificação do vinho mais velho em prova, o Quinta do Cardo 1998 de Figueira de Castelo Rodrigo. 

Assim de repente só terá faltado talvez o Charme da Niepoort (base de Touriga Franca com vinha velha) e um ou outro de Távora-Varosa (Terras do Demo) e de Lisboa (Vale das Areias)... Sem modas ou desprezo infundado por outras castas, esta é para seguir com toda a atenção! Resultados da prova cega:

1º Encostas de Estremoz TF 2009 17,3 
2º Holminhos Reserva TF 2007 17,1 
3º Cartuxa (amostra de barrica) TF 2015 16,9 
4º Dorna Velha TF Grande Reserva 2007 16,7 
5º Calços do Tanha TF 2007 16,6 
6º Herdade de S.Miguel TF 2010 16,4 
7º Qta Ventozelo TF 2014 16,3 
8º Qta do Portal TF 2009 16,2 
8º Qta do Cardo 1998 16,2 
9º Qta Aciprestes Colheita Seleccionada TF 2004 16,1 
9º Herdade do Portocarro TF 2008 16,1 
9º Plansel selecta TF 2014 16,1 
10º Porca Murça TF 1999 16 
10º Ermelinda Freitas TF 2013 16 
11º Passadouro TF 2013 15,9 
12º M Ravasqueira 2012 TF 15,7 
13º Quinta da Romaneira TF 2014 15,6 
14º Santos Lima 1999 15,5 

De salientar que o Monte da Ravasqueira teve apenas metade dos participantes a classificar, uma vez que uma das garrafas tinha rolha.

Marco Lourenço (Cegos Por Provas)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Está a chegar a quinta edição do simplesmente... Vinho

Neste mês de Fevereiro, sexta 24 e sábado 25, vai realizar-se a quinta edição do simplesmente...Vinho, primeiro, e até agora único, salão off português. Esta edição decorrerá no Cais Novo, por cima do Museu do Vinho do Porto (a seguir à Alfândega) e contará com a presença de 84 vignerons, e umas boas centenas de vinhos de todos os géneros e para todos os gostos. Além dos vinhos, existirão petiscos de seis restaurantes: Delicatum - Joana Vieira e André Antunes (Braga); chef Ricardo - Ricardo Teixeira Coelho; DOP - Rui Paula; Está-se Bem - Cristóvão Oliveira e Sousa; Forneria de S. Pedro e Carvão - Filipe Miguel Morais; e Shiko - Ruy Leão. Na música, para terminar cada um dos dois dias simplesmente... em festa, estarão presentes as bandas portuenses We Are Mean Chick (sexta-feira 24) e André Indiana (sábado 25).

Info sobre o evento:

simplesmente...Vinho 2017
Cais Novo, Rua de Monchique 120
sexta 24 e sábado 25 de Fevereiro, 16:00-22:00h
entrada € 15/dia com direito a catálogo e copo oficial, prova de vinhos, degustação de petiscos, exposição de arte e concerto de música.

Lista de Vignerons presentes:




Sérgio Lopes

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Da Minha Cave: Têmpera Tinto 2006


16/20. Há uns anos atrás visitamos a Quinta do Monte D'Oiro, em Alenquer de onde trouxe alguns vinhos provados na altura, entre eles, este Têmpera 2006, produzido 100% da casta Tinta Roriz. Abri-o e decantei-o umas horas antes do jantar e não apresentou qualquer borra ou depósito apesar do seu estágio em barrica nova, evidente na boca. Hmmm. O vinho apresentou-se elegante e cheio de chocolate e baunilha, ainda com muitos anos pela frente. Embora eu o tivesse achado um pouco cansativo. Dou-lhe esta nota porque sei que vai ter sucesso para quem o provar dado o seu lado "sedutor" abaunilhado. E também pela sua capacidade de envelhecimento (apresenta mais de 10 anos) No entanto, não me deslumbrou. É um vinho bem feito? Sim, apenas não faz o meu estilo. PVP: 15€. Disponibilidade: Garrafeiras (Neste momento o 2012).

Sérgio Lopes

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Em Prova: Castello D'Alba Limited Edition Tinto 2012


17/20. A marca Castello D'Alba é amplamente reconhecida como uma marca de qualidade de vinhos do Douro Superior, produzidos e comercializados por Rui Roboredo Madeira. Este Limited Edition 2012 passa 18 meses em barricas novas e usadas, sendo composto por Touriga Nacional de uvas junto ao Rio Douro e de altitude, e várias castas autóctones provenientes de Vinhas Velhas do Douro Superior. O resultado é um vinho de nariz extremamente complexo, com fruta, especiaria e madeira de qualidade superiormente integrada. Boca fina e sedutora, com taninos envolventes e sedodos, a evoluir e ganhar corpo e volume de copo para copo, sem nunca perder a elegância. Gostei muito. Eu e todos as pessoas que o provaram à mesa com uns rojões à minhota o que demonstra a sua versatilidade. PVP: 15€. Disponibilidade: Garrafeiras

Sérgio Lopes

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Em Prova: Quinta das Alvaianas Alvarinho 2012


16/20. Nunca tinha provado os vinhos deste produtor de Melgaço. Existem duas referências de Alvarinho,  o Alvaianas e o Quinta das Alvaianas, este último de produção biológica e com perfil mais estruturado (segundo o site do produtor). Numa ida à nova loja de Belém do Tiago Paulo encontrei por lá, este vinho da colheita de 2012, meio escondido nas prateleiras... E confirmo que está com uma bela evolução, de um citrino mais maduro e notas herbáceas / vegetais, mas cheio de vida, com uma frescura e mineralidade ímpares. Foi uma bela surpresa por um valor extremamente em conta e que me fez querer provar as colheitas mais recentes deste produtor. PVP: 3,99€. Disponibilidade Limitada: Garafeira Estado D'Alma.  (As mais recentes colheitas devem rondar os 9€)

Sérgio Lopes

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Em Prova: Várzea do Minho Touriga Nacional Reserva 2011

16/20. Varzea do Minho é a marca dos vinhos de topo dos Vinhos Norte, um produtor da região dos vinhos verdes, mais conhecido pelas marcas Tapada dos Monges (branco, rosé e tinto) e Miogo, este último, espumante (também branco, rosé e tinto). A marca Varzea do Minho existe na empresa há mais de 20 anos e surgiu como homenagem às suas origens, a Aldeia de Várzea Cova. Uma marca que renasce agora com duas referências, um branco feito de Loureiro e Alvarinho e este Touriga Nacional, reserva 2011, proveniente de vinhas da sub-região do Ave.

Sem passagem por madeira e com estágio de 9 meses, sobre borras, permaneceu em garrafa desde 2012 atravessando, neste momento, uma fase bem interessante. De cor muito viva, mostra um aroma extremamente floral / frutado e exuberante, que poderia prever algum exagero - algo que às vezes a Touriga Nacional aporta. Mas não. Na boca é estruturado, complexo e de taninos firmes, mas elegantes, conseguindo ser algo aditivo, sem nunca ser enjoativo. Há de facto um trabalho impressionante ao levar a casta a um ponto "quase limite", sem nunca chatear. De pendor gastronómico, termina longo. Um Touriga Nacional com a frescura da região dos "Vinhos Verdes". Diferente. PVP: 15€. Disponibilidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Radar do Vinho: Pormenor

Pormenor é o nome do projeto de Pedro Coelho, são vinhos do Douro, com enologia de Luis Seabra (Xisto Cru, Muxagat), onde o detalhe faz a diferença. Pedro Coelho não possui vinhedos próprios mas não é isso que retira identidade aos vinhos que produz. Pelo contrário. São vinhos com intervenção minimalista, sérios e elegantes, frescos e de pendor gastronómico. Os brancos são provenientes de uvas plantadas entre 600 a 700 metros de altitude, em Carrazeda de Ansiâes, enquanto que os tintos provêm de Soutelo do Douro, de vinhas a mais de 500 metros de altitude. O primeiro vinho nasce em 2013. Neste momento, existem três referências no mercado, Pormenor Branco, Pormenor Tinto e Pormenor Reserva Branco. São vinhos de produção limitada, que mostram um Douro capaz de fazer grandes vinhos, longe do perfil extraído e carnudo pelo qual a região é conhecida, mostrando um lado do Douro mais puro e fino.


Pormenor Branco 2015 - 16/20. Produzido a partir de vinhas velhas plantadas em altitudes entre os 600m e os 700m, com predominância de Rabigato, Gouveio e Códega de Larinho. Fermentou em cuba de inox em contacto com as borras finas até ao engarrafamento.

Cor amarelo palha. Aroma leve a fruta amarela e citrina e forte pendor mineral (solos de micaxisto). Bom volume de boca, sempre em elegância, com notavel equilíbrio, terminando de final médio e perfil gastronómico. Um branco sério. PVP: 12,5€. 

Pormenor Tinto 2014 - 16,5/20. Produzido através de vinhas velhas, com mais de 50 anos de idade, com predominância de Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela e Rufete. Estágio em barricas usadas de carvalho francês. 

Cor Violeta. Inicialmente no nariz um pouco verde, com um lado a "adega" muito interessante. Com o tempo tudo está ligado, num registo fresco, com barrica bem integrada e a apetecer provà-lo. Na boca, não é exuberante, mas elegante, embora com corpo que lhe confere essa vontade de passar para o próximo copo a acompanhar a refeição. Termina com elevada persistência. Foi provado numa mesa com comensais com diferentes niveis de prova de vinho e foi consensual! PVP: 14,5€. 


Pormenor Reserva Branco 2015 - 17/20. Produzido a partir de mistura de uvas de várias castas típicas do Douro com predominância de Rabigato e Códega do Larinho, provenientes de vinhas muito velhas, acima dos 70 anos, plantadas em altitudes compreendidas entre os 600m a 800m, na zona de Pombal - Carrazeda de Ansiães, Douro Superior. O vinho, Pormenor Reserva Branco, fermentou e estagiou naturalmente durante 10 meses em barricas usadas de Carvalho Francês provenientes da Borgonha, sem controlo de temperatura e sem battonage. Este vinho não foi estabilizado propositadamente.

Para já e na minha opinião, este vinho é o Ex-Libris do projeto. Cor amarelo palha. Aroma muito profundo e elegante. Muito complexo, com notas herbáceas à mistura. Boca com grande finesse, enchendo por completo o palato. Termina muito longo e a pedir novo copo. Um branco ainda muito jovem, mas a dar grande prova, num registo de grande elegância e finura de conjunto. Adorei. PVP: 22€

Sérgio Lopes