sábado, 30 de janeiro de 2021

APHROS SILENUS TINTO 2016

Vinhão... essa uva difícil na região dos vinhos verdes. Vinhos normalmente bebidos jovens e cheios de vigor e "que pintam a malga".

Ora aqui temos um vinhão de 2016, cultivado em modo biodinamico, que passa 9 meses em barrica e que estou a abrir em... 2021.

É claro que tem os marcadores da casta, desde logo pela cor carregada. A pisa em lagar confere lhe um nariz com alguma rusticidade, com bagas maceradas e algum couro. Na boca, super fresco, intenso, taninos vivos nesta fase arredondados pela madeira. De novo couro e alguma estrebaria, num final com optima acidez que limpa completamente o palato. 12.5 graus.

Não é vinho para todos os dias. Não é "limpo" e não será consensual. Mas, caramba deu me um enorme gozo a acompanhar as costelinhas de porco assadas pela minha mamã! Deve funcionar também lindamente com um bacalhau à Braga, por exemplo. Pvp 17eur.

Uma coisa vos digo: este vinho é tudo menos monótono. "But you got to be in the mood for it". E com a correta comida a acompanhar.

Contrarotulo.blogspot.com

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

P de Penélope

@artisansterroir é um recente produtor de vinhos, de edições limitadas, que rondam as 260 a 300 garrafas, sendo que por ano produz uma barrica de cada uma das suas referências.

Das mãos deste jovem Enólogo Mauro Azóia, resultam vinhos realizados com a mínima intervenção, não filtrados e estabilizados de forma natural.

São vinhos provenientes da região de Lisboa, em solos argilo-calcários, apesar de serem vendidos como vinho de mesa sem ano e casta.

O P de Penélope é 100% Viosinho, em homenagem à sua sobrinha Penélope . Passa 9 meses em barrica usada, com Battonage. Nariz muito bonito e delicado com nuances florais, leve amêndoa e muita mineralidade. Na boca, é fino e de corpo médio, bem texturado, crocante, com optima acidez e final longo, de novo carregado de mineralidade e com salinidade. Gostei muito. Acompanhou brilhantemente uma massada de peixe. Pvp 15eur.

Este é o primeiro de 4 vinhos deste produtor que vale bem a pena acompanhar e dos quais falaremos nos próximos dias!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

LES 7 QUELLES

Les Quelles de La Coste é a marca de vinhos do actor John Malkovich. Proveniente da região da Provence (Vin de Pays de Vaucluse) o Les 7 Quelles resulta da mistura inusitada de Pinot Noir 65% e Cabernet Sauvignon 35%, que estagia em barricas velhas de Carvalho francês.

É Non Vintage, composto por uma mistura de diferentes lotes e anos para chegar ao blend final. A intenção é atingir o equilíbrio e manter o perfil em cada engarrafamento. Este vinho espelha o gosto pessoal do John Malkovich.

Vinho muito guloso, com notas de fruta silvestre, mato rasteiro e leve cogumelo. Boca de corpo médio, com laivos de evolução, taninos redondos e sedosos, seco, de final sumarento e persistente.

Glu glu e muito versátil á mesa. Ou a solo, pra curtir um copo no sofá.

Para quem procura um vinho diferente e muito agradável. Pvp 15eur

Arranjei este vinho através da @Unlock wines que nos traz vinhos diferentes mas não têm de ser exageradamente caros para termos experiências para recordar! Recomendo.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Novidade: Vinhos Ninho da Pita

Alfândega da fé também tem vinho! Chama-se Ninho da Pita e tem enologia de Vitor Rabaçal (Couquinho/Bulfata). Confesso que não conhecia este projecto transmontano.

Ninho da pita é o nome de uma das parcelas de terreno onde está localizada a vinha (10 hectares). E chama se assim por ser um local muito abrigado. Reza a história que há muitos muitos anos fugiu uma galinha (pita) da povoação... o povo andou a tentar encontra la e não conseguiu... passados uns dias alguém viu a galinha a vir deste local com pintainhos atrás dela... daí surgiu o nome ninho da Pita.

Provamos o branco (um valor seguro), o tinto (ambos 7,5eur), e finalmente o vinho que mais gostei, o Ninho da Pita Grande Reserva Tinto 2018, em homenagem ao Sr. Adelino Jaldim, avô do Vitor Bebiano, atualmente à frente do projecto. (16eur)


Um vinho fresco, muito equilibrado e que se portou muito bem à mesa.

Não sendo vinhos deslumbrantes na região, têm espaço e potencial claramente para crescer.

Para acompanhar. Boa estreia.

sábado, 23 de janeiro de 2021

RAPOSINHA TINTO 2018

O Monte da Raposinha situa-se no Alto Alentejo, mais propriamente em Montargil. A influência da barragem de Montargil que se encontra a 800m da propriedade, cria um microclima mais fresco e húmido nas vinhas com solos de calhau rolado evidenciando a antiga presença de um rio.

Este vinho é o entrada de gama. Um tinto que não passa por madeira. Fresco, com fruta vermelha apelativa, taninos suaves, boa acidez, muito agradável e fácil de beber, quer a solo, quer à mesa, em boa companhia. A um inacreditável preço de cerca de 5eur. Bravo.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

SIDÓNIO DE SOUSA RESERVA TINTO 2015

Por vezes, não falamos daquilo que bebemos com frequência. E este vinho é daqueles que tenho sempre cá por casa. Hoje é dia de lhe prestar o devido destaque.

Da Bairrada, Sidónio de Sousa é um dos grandes produtores de vinho da região. Reconhecido por ter entre os mais antigos algumas das melhores vinhas Baga da Bairrada, continua a fazer o seu vinho de uma forma tradicional, envelhecidos em carvalho velho Português.

Temos, por isso, um baga de estilo mais tradicional, feito em tonel, mas que resulta num vinho muito suculento e fresco. Fruta vermelha, algum vegetal da baga e calcário dos solos bairradinos. Boca num perfil mais rústico mas com taninos redondos. Seco, elegante e de final longo, com uma fruta bonita no final de boca e uma acidez que o torna um excelente companheiro à mesa. E tudo isto por cerca de 10 a 12eur. Só mesmo na Bairrada!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

ZAGALUZ TINTO 2018

Uma elegante provocação ao estilo habitual dos tintos da Quinta, com foco na frescura e pureza da fruta.

É assim definido no site da Quinta do Mouro, de onde provém. E de facto é o contrário do perfil potente e musculado dos vinhos de Miguel Louro. Com exceção da frescura que é comum a todos eles.

Este Zagaluz é feito pelo filho Miguel Louro. Um tinto com apenas 12 graus de alcool e que às cegas, aposto que ninguém se atreveria a identificar como Alentejo. Claro que sabendo de onde vem, até faz sentido...

Nariz com fruta fresca vermelha (romã, framboesa, maçã), vegetal e mineral. Na boca, elevada acidez, corpo médio, sensação de salinidade e final de comprimento médio, levemente amargo vegetal, que lhe confere enorme frescura e pede mais um copo.

Estou a ver isto a voar no Verão... mas também acompanhou muito bem a carne grelhada desta noite chuvosa de inverno. Pvp 12.5eur.

Um tinto que não chateia, ao estilo Zafirah, Espera palhete ou Gradual, por exemplo.

Podem comprar por exemplo em

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

LILIPOP LUPULO BRANCO 2019

Em primeiro lugar, parabéns à Liliana Marques Teófilo que faz anos hoje. E nada mais apropriado do que abrir este delicioso e sui-generis Lilipop em jeito de homenagem, criado por parte do Fernando Coelho . Teve de ser
.

Este desconcertante vinho fermenta com leveduras indígenas, sem adição de sulfuroso, sem controlo de temperatura e... com a adição de lúpulo. O vinho estagia depois seis meses em barricas usadas.

O resultado é um vinho simultaneamente complexo mas tão fácil de beber e que dá muito muito gozo.

Batizado como vinho aromatizado, apresenta apenas 12 graus de álcool. À cor acobreada lindíssima no copo, segue se um nariz com notas minerais, salinas, florais leves e de fruta cristalizada - e claro a lupulo. Nariz muito rico e giro. Na boca entra fresco, com ligeiro tanino, elegante, levemente amargo e com final longo - delicado e subtil.Viciante!

400gfs a um Pvp de 17eur.

Estou ansioso pelas novas edições dos lilipop da @quintadetourais ! O que é que virá aí...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

QUINTA DA LAPA FERNÃO PIRÃO 2019

Vinho surpreendente. Proveniente de Manique do Intendente, trata-se de um branco de uvas de Fernão Pires, colhidas em estado de sobrematuração, sujeitas depois a uma breve curtimenta. O objectivo é homenagear os brancos tradicionais da região, os "Fernão Pirão", brancos que se bebem como um tinto.

O nariz é um misto de fruta citrina cristalizada e notas claras de pedra molhada e silex. Sente se alguma austeridade no nariz. Na boca, boa acidez - controlada, corpo médio, leve tanino e final longo com um travo da doçura da fruta cristalizada, amparado por uma secura marcante que lhe dá um toque agridoce eminentemente gastronómico. Estranha se e depois entranha se! Bela surpresa da região do Tejo. Pvp 8eur.

sábado, 16 de janeiro de 2021

VINHA DAS PENICAS BRANCO 2017

Alberto Almeida é o rosto do projeto Vinha das Penicas, um projecto pessoal de vinhas muito velhas na região de Terras de Sicó. Os vinhedos perfazem 2,5 hectares divididos por 4 parcelas, divididas pelos concelhos de Miranda do Corvo e Condeixa, com idades compreendidas entre os 70 e os 100 anos.

Alberto produziu um branco, um tinto e um espumante, este último ainda num sono de beleza na cave, para lhe conferir o estágio e complexidade pretendidas.

O Vinha das Penicas 2017 é um branco produzido maioritariamente de Fernão Pires e Cerceal, sofrendo ligeira curtimenta no processo de vinificação (as uvas fermentaram em lagar como se de um tinto se tratasse) e posterior estágio de 12 meses em barrica.

O resultado é uma primeira edição com muita personalidade. Com apenas 12 graus de álcool, o nariz é algo austero, com notas minerais e citrinas, com apontamentos de especiarias. Contudo, na boca, apesar de ser de curtimenta, conta com uma acidez muito equilibrada. Seco, com leve tanino, de boa intensidade e final longo, é muito versátil à mesa, quer para pratos de bacalhau ou por exemplo um arroz de pato. Boa estreia! Pvp 20eur

Gostaria de ver este vinho sem curtimenta pois acaba sempre por marcar. Não que esteja mal, antes pelo contrário! Mas gostava de ver a verdadeira expressão da vinha velha...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

XXVI TALHAS BRANCO/PALHETE DO TARECO

A gama ‘Do Tareco’ presta homenagem aos pequenos produtores de vinho de talha de Vila Alva que têm dado continuidade a esta tradição ao longo dos tempos e produzem vinho em suas casas, através da mesma técnica artesanal do vinho de talha, em pequenos potes de barro, que localmente são designados por “Tareco”. Estes vinhos estão disponíveis em pequena quantidade e representam o vinho “novo” de talha no seu estado mais puro.
 
O projecto chama se XXVI Talhas e é do melhor que há em vinhos de talha Alentejanos.
 
Desta gama (do tareco) foram produzidos tinto, branco e palhete. Provamos os dois últimos.
 
O Branco do Tareco 2020 é feito de Perrum e Roupeiro. Um vinho fresco, simples, seco e directo que dá grande gozo a beber. Com a afinação a que nos habituaram. Querem um Branco porreiro e ainda para mais de talha? Para se iniciarem em vinhos de talha (dos bons) Está aqui!

O Palhete do Tareco 2020 é proveniente de uma parcela de vinha onde estão misturadas castas brancas e tintas: Aragonês, Trincadeira, Tinta grossa, Antão vaz, Roupeiro e Diagalves. Á cor linda no copo, segue se um nariz com fruta vermelha fresca escondida entre mineralidade e notas de barro. A boca é fresca, seca, corpo médio e alguma untuosidade, pedindo petisco a acompanhar. Eu este palhete comprava umas cxs e guardava algumas delas para as sardinhadas de Verão ...

Ambos os vinhos a um Pvp a rondar os 12,90€.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

MÃOS TINTA RORIZ 2015

Vinho produzido de uma casta normalmente utilizada em lote no Douro (juntamente com Touriga Nacional e Touriga Franca) e que em Espanha se designa Tempranillo e produz vários vinhos bem reconhecidos.

Este Maos 100% Roriz é proveniente de uvas de vinhas de altitude e passa 18 meses em barrica usada com cerca de 5 anos.

O resultado é um tinto fresco que está num optimo momento de consumo. No nariz a fruta convive com especiarias, não sendo muito expressivo. A boca apresenta corpo médio, taninos firmes e final de bom comprimento. Perfeito para carne grelhada e algo mais! Pvp15 eur.

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

CASA DE PAÇOS LOUREIRO RESERVA VINHAS VELHAS 2019

Segunda edição de um vinho que veio para ficar. 100% Loureiro das vinhas mais antigas. O vinho permaneceu nas borras finas durante 9 meses. Parte do lote fermentou em aço inoxidável e cerca de 20% do vinho estagiou em barrica durante 6 meses (carvalho francês de segundo ano de 300 litros). 15% do lote foi refrescado com vinho do ano anterior.

O resultado é uma edição ainda mais complexa e completa que a anterior. Aroma muito delicado e contido, cheio de subtileza, com notas florais, limonadas e minerais. Boca muito fresca, com untuosidade, madeira impercetível, elegante e vibrante, com final longo e que nos faz salivar. Prometedor. Pvp 10eur.

Muito jovem ainda. Cada vez acho mais que os brancos deveriam ser lançados para o mercado mais tarde (tal como a generalidade dos bons tintos) por exemplo com 2 anos de garrafa para desfrutar em pleno.

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Quinta Valle Madruga - Os tintos 2019

A @quintavallemadruga encontra-se localizada em Valpaços. Produz vinhos DOC Trás-os-Montes sob a marca "Quinta Valle Madruga" - brancos e tintos, com uma extraordinária relação qualidade-preço, talvez das melhores do país.

Dos tintos 2019 chegam duas novidades: o primeiro - o Quinta Valle Madruga Colheita, muito equilibrado e cheio de fruta. É certo que tem uma certa doçura frutada, mas caramba está num patamar optimo para um vinho abaixo dos 5eur que vai agradar a uma grande faixa de consumidores. Pvp 4,80€. O segundo é o fantástico Quinta Valle Madruga Tinta Barroca. Um vinho guloso, com fruta vermelha, taninos ligeiramente vegetais, corpo médio e bom comprimento de boca. Imediatamente a posicionar se quase lado a lado do Tinta Barroca da Muxagat (talvez um pouco menos leve, mas em contrapartida mais guloso e direto). Um vinho para se comprar às cxs perfeito para o dia-a-dia. Pvp 5,40€. A estes dois vinhos junta-se a nova edição do Quinta Valle Madruga Touriga Nacional/ Touriga Franca Reserva Unoaked, um tinto macio, sem passagem por madeira, fresco e algo aveludado até, versátil à mesa. Pvp 6€.

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terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Prova dos vinhos Montes Claros

A Adega de Borba apresentou em Junho de 2020, a nova imagem da sua gama de vinhos Montes Claros, uma das mais antigas e reconhecidas marcas em Portugal, nascida nos anos 40 do século XX.

Desta gama fazem parte seis vinhos, agora com uma imagem rejuvenescida e mais apelativa. Vinhos alentejanos frescos e equilibrados que provamos.

Os Montes Claros colheita, branco e tinto, são frescos e fáceis de beber, apelativos, consensuais, com acidez suficiente para ir à mesa. Pvp 8eur
Os Montes Claros reserva, também branco e tinto, apresentam um grau de complexidade superior. São ambos bem conseguidos, sem excessos de madeira e claramente gastronómicos. Gostei. 13€

O Montes Claros espumante não foi do meu agrado.

Finalmente o Montes Claros Garrafeira tinto, das vinhas mais antigas e com passagem por barrica nova por 12 meses, com posterior estágio em garrafa por 30 meses. Um vinho complexo, que combina uma certa maciez e elegância conferida pelo tempo em garrafa, com a intensidade do terroir alentejano, com taninos firmes, final longo e a pedir uma comida mais forte para acompanhar. Bom vinho. 20€

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Prova dos vinhos QALT

Tentando atualizar a escrita nestes primeiros dias do ano, hoje falo dos Vinhos Qalt, que já tinha provado há algum tempo. Projecto Duriense com sotaque brasileiro da dupla Fernanda Zucchero / Nuno Pires Mouronho e enologia de Francisco Montenegro.

Provei o Rosé que não apreciei particularmente e dois brancos denominados Vinha Alta - o Reserva 2017, com aduelas - mais untuoso, o 2018, sem passagem por madeira - "crispie". Ambos frescos e equilibrados, para a mesa. Brancos de altitude a menos de 10eur.

O meu preferido foi o qalt Quinta Alta Reserva Tinto 17. Este é o melhor vinho do projecto. Apesar dos seus 14,5 graus e da madeira (de elevada qualidade) algo impositiva nesta fase, o vinho tem uma enorme frescura, que o torna "perigoso" . Neste perfil e abaixo de 15eur, tem uma óptima complexidade. Não me admirava nada que estivesse próximo dos 20eur. 

Não é bem o meu estilo de vinho nesta altura da minha vida enofila, mas este Douro clássico, fresco, e com perspectivas de crescer em garrafa, vai agradar a um público alargado. Sobretudo para quem gosta de um vinho com madeira, em que a fruta bonita do Douro marca presença. Um projecto a acompanhar.