sexta-feira, 29 de julho de 2016

Um copo com... Sofia Soares Franco

Sofia Soares Franco é responsável de comunicação e enoturismo da José Maria da Fonseca. Oriunda de uma família com forte tradição nos vinhos da Península de Setúbal, Sofia pertence à 7ª geração, num produtor de referência no panorama nacional e internacional e cujo tio, Domingos Soares Franco, responsável pela enologia, “não sabe fazer vinhos maus”. Natural de Azeitão, licenciada em Ciência Política, vive em Lisboa.

1. Olá Sofia. Com um portfolio tão vasto que a JMF possui, por vezes deve ser complicado identificar preferências. Se lhe dessem a escolher 3 vinhos da casa, quais seriam as suas escolhas por favor? Agora no Verão sou uma grande fã de BSE, tanto em registos informais para um copo ao fim do dia como para acompanhar peixe grelhado, marisco e saladas. O nosso espumante de Moscatel Roxo, da Colecção Privada Domingos Soares Franco, é também uma das minhas escolhas mais frequentes e também dos vinhos que mais ofereço, pela sua originalidade e irreverência. Ao nível de vinhos de sobremesa não posso deixar de referir o Moscatel de Setúbal, mais propriamente o Alambre 20 Anos, por ser extremamente versátil e por ter umas das melhores relações qualidade preço.

2. Lembra-se da primeira vez que pensou “eu vou trabalhar nos vinhos”? Desde sempre que vivo a realidade do mundo dos vinhos, sempre brincámos nos jardins da José Maria da Fonseca ou nas vinhas e acompanhámos de perto as vindas para “o armazém”, como lhe chamávamos quando éramos pequenos, tanto do nosso avó como do nosso Pai. Também desde muito cedo realizámos estágios de verão na empresa, o que nos permitiu conhecer a realidade da José Maria da Fonseca de outra perspectiva, no entanto estava longe de imaginar que viria trabalhar aqui. O meu percurso académico foi direccionado para outras áreas, assim como as minhas primeiras experiências profissionais, no entanto em 2007 recebi o convite para gerir o Enoturismo e a área de relações públicas, e como única mulher da minha geração, achei que tudo estava alinhado para aceitar este (enorme) desafio.

3. O que gosta de fazer nos tempos livres? Gosto de passar tempo com os meus filhos, infelizmente actualmente passamos muito tempo dos nosso dias a trabalhar pelo que gosto muito de aproveitar o tempo livre que tenho para passear com eles, ir ao parque, brincar. Também adoro ir jantar fora com amigos.

4. Descreva as férias dos seus sonhos, onde vai, por quanto tempo e porquê? Adoro férias de neve. Sempre gostei mais de Inverno do que de praia, pelo que não dispenso uma semana de férias de neve em Espanha. Desde que fui Mãe tive que me render à praia e gosto muito de estar pela Arrábida e pelo Algarve e aproveitar uns dias de merecido descanso em família.

5. Qual o seu prato preferido? Sou um bom garfo, gosto muito de sushi mas também do bom peixe grelhado aqui de Setúbal.

6. Conte-nos uma peripécia que tenha vivido no mundo dos vinhos.
Um dia cheguei com a minha família a um restaurante bem conhecido em Lisboa e pedimos um vinho nosso, e o empregado, sem nos conhecer obviamente, disse-nos que não recomendava porque não era um “bom vinho”. Pedimos o vinho na mesma e um decanter, decantámos o vinho e estava belíssimo. Demos a provar ao empregado que se rendeu às evidências e que ficou muito “encavacado” quando nos apresentámos J J – de acrescentar que o preço do vinho estava erradamente marcado na carta a 10 vezes mais...

7. O que considera diferenciador da região da Península de Setúbal em relação a outras regiões do país? A Península de Setúbal é uma região ímpar. Combina solos de areia e argilo-calcários, e sendo uma região com influência marítima oferece-nos vinhos com as qualidades de uma região a sul mas com mais frescura e acidez. 

8. Como é trabalhar com o grande Domingos Soares Franco? Trabalhar com o meu Tio é muito bom. Trabalho em família há quase 10 anos, com o meu Pai, tio e o meu irmão mais velho, o António, e mais recentemente com o meu primo Francisco. Temos muitas vezes perspectivas diferentes sobre vários temas, mas conseguimos sempre encontrar pontos de convergência e conciliar perspectivas de duas gerações diferentes e de personalidades muito distintas. Esse é um dos factores que acho que têm sido fundamentais para levarmos a empresa a bom porto, sabermos respeitar as opiniões uns dos outros e aproveitar o melhor de cada um. 

9. Momento: Refira uma música preferida; local de eleição e companhia; e claro vinho a condizer.  Gosto muito de música brasileira, uma das minhas músicas preferidas é da Ana Carolina com o Seu Jorge, “É Isso aí”. O local, a Serra da Arrábida com o mar ao fundo, a companhia do meu marido, o vinho, o Colecção Privada Domingos Soares Franco Verdelho. Sou uma romântica, está visto!

10. Qual o melhor vinho que alguma vez provou? Esta também é uma pergunta difícil, na realidade acho que foram dois, e ambos da José Maria da Fonseca . Um Periquita 1938 e um Moscatel de Setúbal 1900.


Sérgio Lopes



quinta-feira, 28 de julho de 2016

Em prova: Marquês de Marialva Espumante Bruto Rosé 2014

14,5/20. Produzido pela Adega de Cantanhede e pelas mãos de Osvaldo Amado, o Marquês de Marialva Espumante Rosé Bruto é feito exclusivamente da casta Baga. Trata-se de um vinho leve, com uma cor bem rosada, notas aromáticas de rosas e framboesas, boca com boa mousse e sobretudo harmonia de conjunto. Termina com ligeira doçura compensada pela boa acidez. No entanto, há que ter cuidado com a temperatura para não se tornar um pouco chato. PVP: 5,99€. Disponibilidade: Grandes Superfícies. Beber bem fresco.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Em Prova: Miogo Espumante Reserva Bruto 2011

16/20. Produzido pela Vinhos Norte, mais conhecida pelas marcas Tapada dos Monges, ou Cruzeiro, tem contudo no seu portfolio uma gama de espumantes denominada Miogo, do qual existe um branco, um espadeiro e um tinto. O que provamos trata-se do reserva branco 2011, composto pelas castas Loureiro e Arinto e que estagia 12 meses em garrafa (após 2ª fermentação) antes de saír para o mercado.

De cor citrina, é um espumante que apresenta uma bolha fina e uniforme. No nariz, notas citrinas e de frutos secos. Muita frescura. Na boca, apresenta uma mousse de bela estrutura, muito agradável no palato, saboroso e prazenteiro. Termina com uma bela persistência e final longo. Só precisava de menos um pouco de doçura final, ainda que a acidez compense de forma muito eficaz.

Um espumante de "vinho verde" reserva bruto, gastronómico e versátil, pois tanto acompanha uma boa refeição, como pode ser o companheiro de momentos de celebração. Recomendado. PVP: 13€. Disponiblidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

terça-feira, 26 de julho de 2016

WHITE WINE PARTY em Setúbal pretende encher a cidade de "brancos"!

Setúbal vai receber a primeira ‘Festa Branca’ dedicada aos vinhos e espumantes: White Wine Party realiza-se no próximo sábado, dia 30 de Julho, das 17 às 23H, no Hotel do Sado Business & Nature.

Num cenário absolutamente divinal, com vistas sobre a cidade de Setúbal, Tróia, o rio Sado, toda a zona ribeirinha, Serra da Arrábida... A revista Paixão pelo Vinho reúne produtores de vinhos e espumantes brancos, de todas as regiões de Portugal e também algumas referências de Champagnes e de espumantes de outros países. Serão provas inesquecíveis, promovendo a troca de conhecimentos, o contacto direto com enólogos e, claro, muitos brindes ao longo da tarde e noite, ao som da música do DJ Monchike.

Não faltarão saborosos petiscos para acompanhar as provas de vinhos, como sanduiches de porco no espeto (2,5€); pratos de enchidos, de queijos ou mistos (5€); rissóis de leitão ou croquetes de carne (5 unid. /5€); e para os mais gulosos salame de chocolate (3 fatias para partilhar / 2,5€) ou uma queijada de leite (1€), por exemplo.

A entrada poderá ser adquirida antecipadamente na recepção do Hotel do sado ou no próprio dia, tendo um custo de 10 Euros com oferta de duas tapas no valor de 2,5€ cada entre as várias possibilidades do menu disponível para ‘Festa Branca’, incluindo também a oferta do copo de prova que dá acesso livre à prova de todos os vinhos e espumantes do evento.

Sempre em ambiente de festa, a White Wine Party pretende ser um evento descontraído, elegante e com muito glamour, tendo Dress Code obrigatório de uma peça de roupa branca (ou acessório). 

Sérgio Lopes (in Press Release)

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Da minha cave: Quinta do Ameal Escolha 2003

17/20O Quinta do Ameal Escolha é um vinho extreme da casta Loureiro, com a particularidade de sofrer um estágio em madeira usada, por 6 meses, que lhe proporciona uma complexidade ímpar, permitindo adquirir aromas terciários com o tempo em garrafa.

Provamos o 2003 e a rolha assustou um bocadinho, pois por pouco não entrava para a garrafa e quando retirada tinha uns laivos negros... Mas cheirava bem e o vinho também, por isso foi falso alarme.

13 anos preso em garrafa, demorou um pouco a abrir até que foi mostrando todo o seu esplendor:  Notas de boa oxidação, mel, passas e flores. Tudo num registo leve. Na boca, curiosamente parece ter ume leve mousse que quase se diria em prova cega se tratar de um espumante antigo com muito pouca bolha...! Bom corpo, untuoso, termina com uma acidez muito viva e crocante.

Mais um grande Loureiro do Ameal, talvez no seu momento de prova ideal?

Sérgio Lopes

domingo, 24 de julho de 2016

Opinião: Alquimia (ou a cor dourada de uma casta mineral)

Na Idade Média, os alquimistas reuniam várias ciências e crenças na tentativa de encontrar a Pedra Filosofal e o Elixir da Vida Eterna. Tudo nos leva a crer que nunca tenham conseguido transformar ferro em ouro ou criado o néctar que lhes trouxesse a eternidade. O certo é que na Bairrada há quem consiga transformar uma casta mineral em ouro e proporcionar-nos momentos que, não nos trazendo a imortalidade, serão, certamente, eternos.

POÇO DO LOBO ARINTO COLHEITA DE 1995 é um daqueles vinhos que merecem que conversemos com eles demoradamente, prestando atenção à sua evolução logo que começa a respirar. Observando os seus tons dourados somos levados a sorrir. Levando-o lentamente ao nariz percebemos a sua originalidade e identidade tão própria, num vinho com o qual não nos cruzamos diariamente. Por fim, colocamo-lo na boca e apreciamos a sua elegância, complexidade e acidez viva.


Há uns anos, Fátima Flores, em conversa com Sarah Ahmed, dizia que beber vinhos velhos era como "driving an old Cadillac". Não queiramos bebê-lo com pressas. Basta abrir-lhe o tejadilho e apreciar todos os prazeres que ele já traz consigo.

*PVP: 9,00 €, nas Caves São João.

Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)

sábado, 23 de julho de 2016

Em Prova: Colecção Privada Domingos Soares Franco Sauvignon Blanc 2015


16/20. Confesso que já estava com saudades do provar os vinhos que traduzem a visão e espírito criador do enólogo Domingos Soares Franco. É sempre excitante perceber o que vai lançar de novo ou em continuidade nestes seus projectos mais pessoais e de produção mais reduzida, dentro do universo José Maria da Fonseca. Nasce assim em 2015 o Sauvignon Blanc, da sua coleção privada, com um toque (15%) de Verdejo. Trata-se de um vinho fiel à casta com notas de espargos verdes, algum herbáceo e tropical. Na boca é elegante e crocante, com bom corpo e bom final. Um Sauvignon Blanc mais contido e nada exuberante, muito agradável. Foram produzidos 9100 litros. PVP: 9,90€; Disponibilidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Em Prova: Monte Mayor Tinto 2007


15,5/20. A Adega Mayor é fruto da visão do Comendador Rui Nabeiro e da sua grande paixão pelos vinhos e pela sua terra - Campo Maior. Inaugurada em 2007 mas a produzir vinhos desde 2002, pelo que não sei se este será o primeiro Monte Mayor Tinto produzido, entretanto renovado com uma imagem muito mais moderna e apelativa, e creio que sem a enologia de Paulo Laureano, mas sim Rui Reguinga. Provei os anos mais recentes em Angola e gostei da gama Monte Mayor que passou a reserva, o que pressupõe aumento da qualidade. O 2007 e que não é reserva vale pela curiosidade, pois encontra-se num momento em que está bem interessante, pois não se identifica claramente com um vinho do Alentejo, pelo menos logo de caras. Está mais suave mas ainda com fruta e toques de madeira, chocolate e baunilha, sem perder o calor do terroir alentejano. Encontra-se neste momento no Continente a metade do preço, pelo menos na loja de Gaia, a cerca de 4,50€. E por esse preço vale a pena experimentar, mesmo sendo de 2007.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Opinião: Vinhos com história e com estórias...

De vez em quando tenho a oportunidade de provar vinhos com história e com estórias, uns comprados por mim, outros oferecidos e ainda outros provados à mesa com amigos, como foi o caso do vinho que provei num jantar com alguns companheiros de longa data, a propósito de uma prova cega de vinhos antigos.
O vinho em questão foi o Quinta da Aguieira 1998 e apresentou-se ainda com uma forma extraordinária tanto no nariz como na boca, apesar da bonita idade de 19 anos. A desconcertante frescura, acidez e o travo a pimentos verdes impressionaram todos aqueles que o provaram.
É um vinho histórico por diversas razões. Em primeiro lugar foi, provavelmente, um dos primeiros vinhos lançados para o mercado depois da aquisição levada a cabo pela Quinta da Aveleda em 1997.
Em segundo lugar, mostra, mais uma vez, que a Bairrada tem vinhos que envelhecem com elevada elegância tendo por base outras castas para além da Baga. Neste caso, o vinho foi feito com Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional.
Também sei que estarão a pensar que provavelmente terá sido obra do acaso, um ano bom sem repetição, pois a Bairrada e os seus produtores não têm pergaminhos na produção desta casta. No entanto, não podiam estar mais enganados.
A Bairrada da década de noventa tinha vários produtores a lançar bons “Cabs” estremes ou em lote para o mercado. Como exemplo podemos apresentar várias colheitas da marca Galeria e Quinta das Baceladas sob a chancela das Caves Aliança; os Cabernet Sauvigon do Poço do Lobo produzidos pelas Caves S. João ou até os vários exemplares de João Pato, neste caso o lote era composto por Baga e Cabernet. Todos os vinhos referidos anteriormente podem ainda ser encontrados, em maior ou menor número, em alguns espaços comerciais.
Verão que depois de abertos e provados comprovarão o que escrevi anteriormente. Acham que não? Então experimentem...

Paulo Pimenta (Wine and Stuff)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Em Prova: Casa de Canhotos Alvarinho 2015


16/ 20.
O Sr. Fernando Rodrigues, produtor do Casa de Canhotos, é proprietário de um restaurante em Penso, Melgaço, o restaurante Jardim. Lá tudo é recomendável, desde o Bacalhau assado, Cozido à portuguesa, Cabrito, uma feijoada fenomenal e claro, no tempo dela e para quem gosta, a famosa Lampreia. Foi lá que experimentei este Casa de Canhotos pela primeira vez, há pelo menos 5 anos, a acompanhar um belo Bacalhau Frito à moda da casa e posso-vos confessar que a harmonização estava deliciosa. 

E é com certa nostalgia e muita alegria que vejo a marca a comemorar 10 anos de existência e já com espumante de Alvarinho na sua gama de produtos. Muito bem! 

Trata-se de um Alvarinho de caracter citrino e mineral, leve e de fácil prova, daqueles que escorregam sem se dar conta... ! Recomendo vivamente este vinho, quer pelo seu equilíbrio, quer pela sua excelente relação qualidade-preço. PVP: 5€ (Em Penso - Melgaço). Disponibillidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

terça-feira, 19 de julho de 2016

Arena de Baco: O magnifico universo de Anselmo Mendes!

Não é todos os dias que se tem a oportunidade de provar a gama completa dos vinhos do universo de Anselmo Mendes. Eu diria mesmo que é algo muito raro. Pois o grupo Cegos Por Provas conseguiu esta proeza e tivemos a possibilidade de usufruir de um momento inesquecível. Lá nos deslocamos a Melgaço, mais propriamente a Penso onde o enólogo Constantino Ramos, que trabalha com Anselmo Mendes desde 2012, tinha preparado para nós uma monumental prova com 24 vinhos, incluindo algumas mini-verticais...!

Foram provados os seguintes vinhos:


- Espumante 2009 de Alvarelhão - Uma curiosidade. Fez a 2ª fermentação em cuba e por isso resultou um pouco doce. Mas a acidez até que compensa bem. 
- Muros Antigos Escolha 2015 - O entrada de gama da casa. Feito de 40% Loureiro, 40% Avesso e 20% Alvarinho. Muito equilibrado e aromático. A resultar num vinho muito consensual e perfeito para o Verão.
- Muros Antigos Escolha Loureiro 2015 vs. 2011 - Feito apenas de Loureiro. O 2015 muito aromático como é apraz da casta. O 2011 já com uma evolução com notas petroladas, meladas e de frutos secos. Com uma estrutura superior. A demonstrar claramente que o Loureiro evolui muito bem, aliás como Anselmo Mendes defende.
- Muros Antigos Escolha Avesso 2015 - O mais gastronómico dos Muros Antigos. Notas de flores brancas, num vinho com bom corpo e com o "avesso" civilizado. Excelente acidez.
- Muros Antigos Escolha Alvarinho 2015 vs. 2011 - Cítrino como deve ser e elegante o 2015. Fiel à casta nesse registo mais leve. O 2011, fora do baralho, com uma evolução boa, estrutura e acidez. Não diria que seria um Alvarinho em prova cega...
Muros Antigos Escolha Alvarinho 2009 vs. 2007 - Os dois primeiros grandes vinhos provados.  O 2007 fantástico, com uma acidez crocante e uma boca impressionante. O meu favorito. O 2009 num registo de maior complexidade e elegância. Não gerou consensos pois ambos foram considerados grandes vinhos. E eu estou de acordo.


- Contacto Alvarinho 2015 -  Floral, citrino, mas também algo tropical, com mineralidade. Um vinho que é um verdadeiro blockbuster de Anselmo Mendes, provavelmente um dos responsáveis pela consolidação da marca. E está disponível em "todo o lado" o que é óptimo.
- Muros de Melgaço - Alvarinho com contacto em madeira por 6 meses. E com aquela garrafa estranha, de cor negra. Fizemos algumas mini-verticais:
2015 vs. 2011 - 2015 com grande facilidade de prova, mas também um elevado potencial. Provavelmente o melhor alvarinho de 2015 provado por mim até à data. 2011 achei o um pouco fechado. Eu guardava mais uns anos, pois tem muito para dar.
2008 - merece um lugar de destaque. Simplesmente fabuloso em todas as suas componentes. Provavelmente o vinho da prova!
2002 vs. 1999 - Ambos evoluidos mas muito muito bons. O 2002 apresentando já alguns sinais de cansaço, contrariamente ao 1999 com uma vida e frescura desconcertantes. Muito bem!
Desta mini vertical, seleccionaria sem dúvida os 99, 08 e 15!
- Expressões 2014 - Eu gostei muito. Um Alvarinho a pretender mostrar como se faziam os Alvarinhos de outrora. A expressão do terroir de Monção e Melgaço, claro que com Alvarinho. Anselmo Mendes considera este vinho a conjugação da mineralidade e elegância do Parcela ùnica com o corpo e volume do curtimenta. Que grande, grande vinho!
- Curtimenta 2014 - Menos "direto" que o Expressões. Aqui Anselmo procura mais volume, corpo e untosidade, sem perder de vista a tipicidade da casta. Outro grande vinho, diferente do anterior, mas diria que no mesmo patamar de qualidade.
- Parcela ùnica 2014 - Como o próprio nome indica proveniente de uma única parcela de vinha onde Anselmo considera que o Alvarinho se exprime de forma mais pura e original. O resultado é um vinho com forte mineralidade, frescura crocante onde a apologia da elegância e delicadeza é o pretendido. Fabuloso!

Provamos ainda os seguintes vinhos:
- Tempo 2015 - Um branco produzido como se um vinho tinto se tratasse, sem grande intervenção exterior.
- 100% Vinhão - Verde tinto produzido com a casta rude vinhão, aqui bastante civilizada.
- Pardusco - Uma espécie de palhete (mistura de uvas tintas e brancas) bastante interessante e direto.
- Private - terminamos com este vinho que mistura o pardusco com alvarinho, com um toque de barrica. Sui generis.

Foi uma prova memorável a provar que Anselmo Mendes é um dos grandes embaixadores dos vinhos verdes e em particular das castas Loureiro e Alvarinho, sendo que da prova se conclui a excelente evolução e longevidade que ambas as castas possuem. Um obrigado muito especial ao Constantino Ramos pela condução da prova. 1 abraço.

Fotos cortesia de Daniel Campos do grupo Cegos Por Provas

Sérgio Lopes

segunda-feira, 18 de julho de 2016

3ª edição do Vinho Verde Wine Fest


A terceira edição do Vinho Verde Wine Fest, realiza-se entre 21 e 24 de Julho, mais uma vez na Alfândega do Porto. Organizado pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), o festival terá "mais de 150 vinhos em prova de 33 produtores" e do seu programa consta um dia dirigido às famílias, no dia 23.

Estão igualmente previstas atividades para as crianças, que, segundo a CVRVV, "permitem primeiras experiências com a gastronomia e descoberta de sabores".O festival terá lugar no parque nascente da Alfândega, com o rio Douro como vizinho próximo, e este ano ocupara uma área maior do que a do ano passado, com sacrifício do espaço que era reservado ao estacionamento automóvel.

A entrada no festival custará dez euros, com direito a um copo, oito senhas de provas e a uma prova comentada.

Mais informações, incluindo o programa do festival em http://www.vinhoverdewinefest.com/pt

Sérgio Lopes

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Opinião: 6 manias de um apaixonado por vinhos (ou enochato)

O apaixonado pelo vinho, categoria à qual eu orgulhosamente pertenço, é uma espécie rara em Portugal. Quase que merecia um documentário dedicado pela National Geographic. Agora um pouco mais a sério, diria que a grande franja dos consumidores de vinho em Portugal faz as suas compras nas grandes superfícies e bebe sempre a mesma coisa. Ou quase sempre. Poucas são as excepções. E nós, esses seres raros, como qualquer apaixonado pela "coisa" criamos uma série de manias, umas mais ou menos manifestadas de forma mais vincada, no mínimo curiosas. Manias e rituais à volta do prazer que conseguimos extrair do nectar dos deuses. Então vejamos:

1. Diversidade e Variedade
O Winelover não gosta de beber o mesmo vinho todos os dias. Eu iria até mais longe. Varia entre tinto, rosé, branco, espumante, generoso, consoante a disposição. E varia de região. A explicação é simples. O vinho é um prazer e uma espécie de ritual. Uma paixão que desenvolve uma constante aprendizagem e a busca de novas sensações.

2. A garrafeira não chega!
"Não me apetece beber nada do que tenho na garrafeira". Às vezes mesmo com uma garrafeira recheada de dezenas e dezenas de garrafas variadas, de qualidade elevada, só porque o momento pede um outro vinho, lá saímos nós a comprá-lo. Deve ser a tal busca de novas sensações, não?

3. Temperatura e copo
Ui... O vinho tem de estar à temperatura certa e ser bebido no copo certo. Faz toda a diferença. E quando se fala nestes dois vectores, há boas indicações que facilmente se encontram perguntando ao Sr. Google, mas para mim, há sempre variações de acordo com o tipo de vinho e copo. Ou seja, caso a a caso, respeitando o máximo possível o que queremos extrair. Não é fácil encontrar nem a temperatura ideal, nem o copo certo. Mas com treino, chegamos lá...

4. Espreita aí, mano!
"Maluquinhos" nos supermercados e garrafeiras à procura de garrafas de vinho mais antigas. Sim somos nós, pois os vinhos com alguns anos tendem a estar mais prontos a beber e até em melhores condições. Então, ao contrário da população em geral é ver os tipos à procura das garrafas mais atrás da prateleira... Quando virem isso, é um winelover, por sinal!

5. Tenho uma grande coleção!
Orgulhosamente mostrando a sua garrafeira aos amigos (mesmo os que não gostam de vinho) e ainda as caixas do vinho que não cabem na garrafeira. E mostramos com todo orgulho, sem muitas vezes nos apercebemos que do outro lado esta alguém que vai ao supermercado comprar um vinho para ocasiões especiais...

6. PROVAturismo
Fazer longos kms para uma prova especial ou evento. Para provar vinhos... ou visitar produtores. É preciso gostar-se muito disto, não? Ainda por cima para provar vinhos e não bebê-los, isto é, cuspir, para depois não perder pontos na carta de condução. Lindo!

Estas são algumas das situações que me lembrei. Se quiserem acrescentar mais, óptimo!

Sérgio Lopes


quinta-feira, 14 de julho de 2016

Open Day Niepoort 16 Julho

A Niepoort Vinhos realiza no próximo sábado, dia 16 de Julho, um evento de portas abertas, onde irá  partilhar todos os vinhos do universo Niepoort. 

Um momento único para conhecer toda a família e equipa Niepoort bem como alguns produtores nossos amigos. 


ENTRADA LIVRE MEDIANTE INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA 
Enviar e-mail para niepoortportasabertas@gmail.com  indicando Nome, Mail e Telefone.

Sérgio Lopes

Finalmente um português vai colaborar com o guia de vinhos mais vendido do mundo!

André Ribeirinho, um dos fundadores da plataforma de vinhos Adegga, será o primeiro português a recomendar os vinhos nacionais no Hugh Johnson's Pocket Wine Book, o guia de vinhos mais vendido do mundo (cerca de 12 milhões de cópias). Anteriormente, a responsabilidade da seleção dos vinhos portugueses era da escritora e crítica de vinhos britânica Sara Ahmed, que continuará a trabalhar com Portugal, mas noutra vertente. André Ribeirinho será a partir de agora o responsável pela seleção dos vinhos e produtores nacionais que entram no guia, sendo que em cada ano tem de alterar 25% das propostas, ou seja, todos os anos tem de incluir esta mesma quota de novidades. Nas edições anteriores, Portugal entrava em conjunto com a Espanha, enquanto que agora terá uma secção exclusiva e um maior número de referências nacionais.

Parabéns ao André Ribeirinho!

André Ribeirinho foi considerado, em 2010, a Personalidade do Ano na área do vinho pelo jornal Diário de Notícias, participa regularmente no painel de jurados do Concurso Mundial de Bruxelas e é co-fundador da #winelover, comunidade com 21 000 membros.

Sérgio Lopes (in press release)

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Fora do Baralho: Quinta de Lourosa "Vinha do Avô"

16,5/20

Arinto, Essa casta que existe por todo o Portugal e que pelas suas características, quer em lote, quer a solo, tem carácter e sobretudo transmite aos vinhos uma acidez natural (entre outras características) que lhes confere frescura. 

O Quinta de Lourosa "Vinha do Avô" é 100% feito de Arinto, Uma edição limitada de um vinho que resulta de 3 colheitas (2013, 2014 e 2015) feito com uvas de uma vinha com mais de 30 anos, o que na região dos Vinhos Verdes se pode considerar de "vinha velha". Com fermentação em barrica usada, é comercializado numa imponente garrafa de 1,5L (único formato disponivel).

Apresenta uma cor com ligeira evolução, talvez do estágio em madeira. Mostra-se contudo muito fresco, com notas limonadas, alguma mineralidade e os fumados da madeira. Na boca é fresco e untuoso, com final firme e a pedir tempo em garrafa para crescer e mostrar todo o seu potencial. Claramente não será um vinho consensual, mas será muito interessante prová-lo dentro de alguns anos para verificar o seu crescimento. Um vinho "fora do baralho". PVP: 30€

Sérgio Lopes

terça-feira, 12 de julho de 2016

Em Prova: Quinta das Marias Reserva Touriga Nacional 2008


17/20. Já lá vão mais de 4 anos que visitamos pela primeira vez a Quinta das Marias, de Peter Eckhert, casa onde se funde o Dão com um carácter mais internacional, no que concerne ao estilo pretendido pelo produtor. Este Touriga Nacional de 2008, provado no passado domingo (de tão boa memória!), podia fazer parte da rubrica "Da minha cave..."... mas e um vinho do Dão e por essa razão os seus singelos oito anos, fazem dele ainda um jovem... 

Com 14º de álcool, algo que não é usual na região, mostrou uma cor opaca, bem carregada, a prenunciar a sua ainda juventude. Foi um vinho que nos foi dando grande luta de copo para copo, ora mostrando-se mais fechado, com notas de especiarias, fumados e notas herbáceas, ora querendo mostra o lado floral e maduro da Touriga de Peter Eckert. Acho que só estabilizou ao último suspiro aka último copo, mostrando toda a sua elegância e frescura, aliada a uma potência que reforço é invulgar na região. Um grande vinho, de pendor gastronómico, embora não seja à primeira vista um "Dão", pelo menos em prova cega. Mas é uma grande vinho, seguramente com traços do Dão. PVP: 18,5€. Disponibilidade: Raro de encontrar. Comprado na garrafeira Estado D'alma ,em Lisboa.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Da minha cave: Carvalha do Assento Branco 2000


16,5/20Comprei este vinho recentemente num leilão. O que sei do vinho Carvalha do Assento é que pertence à Fundação Dr. António Vieira de Tovar de Magalhães e Albuquerque, proprietária da Casa de Repouso de Nossa Senhora do Socorro, de Folhadosa, Seia, sendo que estamos na presença da colheita experimental, que foi feita em 2000. Ao que parece para rentabilizar a quinta, uma vez que a casa do Repouso de Folhadela fundada em 1922, tratando-se de uma instituição de solidariedade, precisava dos fundos que os seus utentes não podiam naturalmente pagar.

O vinho é feito das uvas brancas tradicionais do Dão. Pela cor que apresenta na foto à esquerda, pode-se comprovar que está em óptima forma. A cor é de facto muito bonita. A evolução é também muito boa, pois mantém ainda uma enorme frescura pelo que dá um grande prazer a beber. E acompanhou um anho assado na perfeição, esgrimindo belos argumentos gastronómicos a favor. Quem diria? Muito bem. E custou-me apenas 3€...!

PS: Não sei se esta fundação ainda existe e se o vinho é ainda produzido. Caso fosse, gostava de ver como está nos dias de hoje, pois pela amostra do primeiro vinho feito pela fundação, merece ser conhecido.

Sérgio Lopes

domingo, 10 de julho de 2016

Dão Capital. Vinhos do Dão em Lisboa.

A Comissão Vitivinícola Regional do Dão e a Rota dos Vinhos do Dão trazem novamente até Lisboa os melhores vinhos e sabores da região.
A mostra terá lugar nos dias 15 e 16 de Julho no Pátio da Galé, na Praça do Comércio e os visitantes poderão provar e comprar os produtos expostos e participar em provas de vinhos comentadas por especialistas da Revista de Vinhos.

Este ano a grande novidade é apresentação dos primeiros vinhos que alcançaram a designação qualitativa mais ambicionada da região demarcada do Dão - DÃO NOBRE. São eles o Fonte do Ouro Dão Nobre branco 2015 e o Casa de Santar Dão Nobre tinto 2013.

A entrada é livre.


Sérgio Lopes

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Radar do Vinho: 100 igual

João Camizão é o rosto por detrás dos vinho 100 igual. Fazendo parte da 4ª geração de uma família produtora de vinhos na região dos Vinhos Verdes, a ideia do Sem Igual surge em 2010, em Bangalore - Índia, quando João esteve a trabalhar como expatriado, numa multinacional de telecomunicações, na Índia durante dois anos e meio.

Durante esse período sentiu o potencial por explorar que existia na família, mais de 10hA de vinha (grande parte com mais de 40 anos), o know how. o domínio das práticas culturais, o terroir, etc. O que faltaria então para tornar tudo mais estimulante? Um projeto diferente, um projeto Sem Igual... Tendo por base o grande desafio de mostrar a versatilidade de castas autóctones da região dos Vinhos Verdes (Amarante), tentando sempre contornar o preconceito de vinho barato. Assim com as castas Arinto (Pedernã, como é chamado na região) e Azal, surge o Sem Igual 2012, com apenas 600 garrafas produzidas, que se tornou de imediato uma referência de nicho em restauração e garrafeiras de referência na cidade do Porto, 

A génese está no Arinto a contribuir com o corpo e estrutura, e o Azal com a elegância e o nervo. Claro está, sem a utilização de barricas, pelo menos para já. Tinha nascido o projecto 100 igual. Mais tarde o Sem igual 2012 é considerado um dos Melhores de Portugal, no ano 2014 pela revista de vinhos, tal como o Sem Igual 2014 que obteve a mesma distinção pela revista de vinhos, em 2016. Uma das colheitas mais promissoras, tudo indica a melhor é o Sem Igual 2015, ainda muito jovem mas apresentando-se já com uma prova muito interessante. Foram engarrafadas 3500 garrafas de 0,75l e 150 Magnuns. Entre 2011 e 2016, foram instalados mais cerca de 10hA de vinha, portanto é um projeto que tem margem para crescer.

Tivemos oportunidade de provar os vinhos 100 igual 2012, 2014 e 2015. De facto, o 2015 está muito promissor, enquanto o 2014 está mais consensual e num bom momento para ser apreciado neste Verão. Embora eu considere que o 2015 vai ser top. Mas o mais impressionante é mesmo o 2012, do qual o produtor apenas tem meia dúzia de caixas. Impressiona pela forma como evoluiu tão bem, com uma acidez desconcertante e notas meladas e petroladas, sem perder a fruta e o lado floral, num conjunto fantástico. Que grande vinho e que grande privilégio o ter provado. 

São vinhos da região dos vinhos verdes mas que na verdade são grandes vinhos brancos: a linha condutora ou perfil é o de pouca exuberância, bastante acidez, e muito secos. Depois estrutura e complexidade vêm com uns meses/anos de garrafa. A descobrir.

Como nota final, o projecto 100 igual insere-se no grupo Vinho Verde Young Projects, um grupo de produtores que se uniram na promoção da região e da qual fazem parte também os projectos Vale dos Ares, Quinta de Santiago e Cazas Novas.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Em Prova: Verdelho da Peceguina 2015



16/20. Assim que cheguei à Herdade da Malhadinha Nova, no Alentejo, a seguir ao almoço, estava um clima tão abafado com os seus 35 graus que logo questionei o enólogo Nuno Gonzalez: Como é possível ter frescura aqui neste local e sobretudo para brancos?! A resposta será mais explanada num próximo artigo. O facto é que foi este vinho, o Verdelho da Peceguina de 2015 que Nuno foi buscar para eu provar e para me provar que ali há frescura. E há mesmo! Belo vinho, de cor citrina, aroma refrescante de fruta verde, com notas também de leve citrino. Bela acidez, tudo bem composto, num branco crocante e muito saboroso. Gostei mesmo. PVP: 10€; Disponibilidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Vinhos de Trás-os-Montes à prova no Porto

No passado sábado, decorreu no espaço Prova Wine Food & Pleasure, no Porto, uma prova de vinhos da região de Trás-Os-Montes, com a presença de 14 produtores. A prova foi organizada pelo grupo Cegos por Provas que tinham o desejo de dar à prova também a história da região, que apresenta ainda hoje vestígios de lagares cravados na rocha de origem Romana e Pré-Romana, que podem ser encontrados ao longo das suas 3 sub-regiões: Chaves, Valpaços e Planalto Mirandês.

Da prova, conclui-se que a região apresenta grande potencial e ainda se encontra à procura do seu caminho num mundo tão competitivo, como é este mundo dos vinhos. Gente da terra, transmontanos de gema, cada um apresentando o seu projecto pessoal, com enorme carinho e apreço. Os vinhos tintos são poderosos, de grande estrutura, gastronómicos e a mostrar o calor de uma região contudo recheada de microclimas, e a fazer jus aos tão famosos enchidos da zona, que tão bem harmonizam com estes vinhos! Os brancos muito marcados, regra geral, pela casta códega de larinho, aqui mostrando um lado mais herbáceo e a lembrar hortelã - frescos, de altitude, bem feitos e claro está... gastronómicos.

Para mim, existem dois produtores, nesta fase, bem à frente dos restantes: Valle Pradinhos, um produtor com enorme tradição vinícola e habituado aos grandes palcos e Quinta do Arcossó, onde a junção da visão do produtor Amilcar Salgado e do enólogo Francisco Montenegro (Aneto, Quinta Nova, Pôpa) tornaram este projecto num trás-os-montes fino e elegante, sem perder a identidade da região, de grande nível. Existiram, no entanto, algumas belas surpresas que necessitam apenas de uma melhor promoção para sair da zona regional e com os meios adequados se mostrar ao resto do país, uma vez que muitos deles ainda vendem a sua produção na região de origem. Aqui ficam alguns dos melhores vinhos provados:






Sérgio Lopes









terça-feira, 5 de julho de 2016

Em Prova: Quinta das Bageiras Grande Reserva Espumante Bruto Natural 2011


17,5/20. Depois de falar ontem do Vértice Millésime produzido por Celso Pereira no Douro, decidi falar hoje do espumante ex-libris de Mário Sérgio Nuno, o bairradino Quinta das Bageiras Grande Reserva Espumante Bruto Natural 2011. São 2 espumantes magníficos, mas tão diferentes entre si... o que demonstra claramente a versatilidade do nosso país em termos de regiões vinícolas, bem como a visão dos produtores, ambos homens carismáticos e defensores da sua ideia para a sua região e sua respectiva marca. Este espumante é produzido apenas em anos especiais e nesta edição composto por Maria Gomes e Bical, com um toque de Chardonnay. Foram produzidas pouco mais do que 3500 garrafas. Trata-se de um espumante de grande impacto, estruturado, muito muito fresco, austero e com enorme boca, de pendor gastronómico. O que o Vértice tem em delicadeza e sofisticação, o Bageiras tem em potência e frescura. Muito bom! PVP: 18€; Diponibilidade: Garrafeiras Sellecionadas.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Em Prova: Espumante Vértice Millésime Bruto 2009


17,5/20. Vértice é sinónimo de espumantes de alta qualidade. Não são baratos, é certo, mas para o que estes espumantes durienses oferecem, algumas das suas referências batem-se mano a mano com alguns champagne. Este Millésime, que apenas é produzido em anos de excecional qualidade, pretende enaltecer os aromas primários das castas cuidadosamente selecionadas para o efeito como Gouveio, Malvasia Fina, Rabigato, Viosinho e Touriga Franca, sendo que 71% corresponde a castas brancas.  O resultado é um espumante champanhês, de cor citrina, bolha muito fina, notas leves de panificação, com uma enorme harmonia de conjunto e uma finesse que o torna sério, cheio de classe e sedutor. Um grande espumante! PVP: 22.5€; Disponibilidade: Grandes Superfícies.

Sérgio Lopes

domingo, 3 de julho de 2016

Em Prova: Planalto Reserva Branco 2014



15,5/20. Planalto é um dos vinhos brancos secos, portugueses mais consistentes, mantendo o seu perfil de qualidade ano após ano, sendo por isso, uma aposta sempre segura. Produzido pelo gigante Sogrape, este vinho proveniente do Douro é composto por 25% Viosinho, 20% Malvasia Fina, 15% Gouveio, 15% Códega, 15% Arinto, 5% Rabigato, 5% Moscatel - um blend de sucesso. Trata-se de um vinho frutado e mineral, sem exageros, fresco e versátil, sempre, sempre bem feito agradando a um sem número de consumidores desde o iniciado ao apreciador de vinhos. O seu preço anda a rondar os 4,5€, mas por vezes existem promoções que o colocam abaixo dos 4€. Quando assim acontece, e para mais tratando-se de um reseerva, é aproveitar, comprar às caixas e desfrutar! PVP: 4,5€. Disponibilidade: Grandes Superfícies.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Em Prova: D. Graça Viosinho Reserva Branco 2010


16/20. Vinho da sub-região da Meda, provavelmente o local no Douro Superior mais propicio para brancos, ou pelo menos, onde geralmente são mais frescos e crocantes, dependendo das castas, é claro. Este vinho, produzido pela Vinilourenço é 100% produzido da casta Viosinho, passando por madeira. Trata-se de um vinho delicado, com forte mineralidade, combinando nuances leves de fruta verde com notas fumadas da madeira. Bem gastronómico, todo ele é fino e com final bem crocante. Acho que está num belo momento este 2010 e bem equilibrado nas suas componentes. Não será por ventura um vinho consensual, but who cares? Acompanhou salmão grelhado na brasa com batata a murro e brócolos, na perfeição. PVP: 10€. Disponibilidade: El Corte Ingles. 

Sérgio Lopes