Decorreu no passado dia 03 de Fevereiro, uma prova vertical 2012 a 2016, dos vinhos Sem Igual e Vale dos Ares, vinhos de João Camizão e Miguel Queimado, respetivamente. Para quem não conhece, ambos fazem parte dos Vinho Verde Young Projects, grupo constituído por 4 jovens produtores (os restantes dois são Cazas Novas e Quinta de Santiago) que juntam esforços e pretendem demonstrar que a região dos vinhos verdes é uma região, sobretudo, de grandes brancos! E como previsto, esta prova veio confirmar a qualidade de ambos os projectos, com todos os vinhos a darem boa prova, com naturalmente alguns destaques. Os vinhos foram sendo servidos dois a dois, do mais recente para o mais antigo, sempre superiormente harmonizados pela fantástica comida de conforto do restaurante o Brasão, em Felgueiras.
O projecto Sem Igual faz jus ao seu nome, pois produz vinhos verdes diferentes, desde logo a começar pela combinação de castas - Azal e Arinto, que conferem ao vinho uma generosa dose em partes iguais de nervo e corpo, sempre amparados por uma enorme frescura. São vinhos que quando novos apresentam-se até um pouco austeros, mas que com o tempo vão crescendo imenso, demonstrando grande longevidade - capacidade de evolução bem patente na prova vertical que tivemos o privilégio de fazer. Destaco o 2012, com uma evolução deliciosa e que acompanhou perfeitamente a sobremesa, o 2015, que aprecio particularmente pelo lado contido e alguma untuosidade e finalmente o 2016, que está cheio de nervo e força, com uma garra enorme e a prever-se provavelmente como uma das melhores colheitas de sempre. Muito novo, lá está, mas a dar grande prova desde já.
O projecto Vale dos Ares é proveniente da sub-região de Monção e Melgaço, feito 100% de Alvarinho, naturalmente, onde tem a sua expressão máxima. Embora num registo um pouco mais frutado que o Sem Igual, são Alvarinhos sérios, fiéis à casta, procurando ser mais frescos e minerais, vinhos com nervo e personalidade. Da prova vertical, percebeu-se a influência do ano em ambos os projectos e a procura da definição do perfil, em particular no Vale dos Ares. Contudo, 2012, a primeira colheita, foi também um dos meus destaques - o exemplo perfeito de um Alvarinho com boa evolução, mas sem perder a frescura. Adorei. Destaco igualmente o 2016, num perfil mais consensual, mas nunca se socorrendo da tropicalidasde fácil. Pelo contrário, é fiel à casta, sério qb, citrino e muito agradável. Finalmente o Vale dos Ares Limited Edition, 2015, único vinho com estágio em barrica. Muito interessante, com a madeira ainda em evidência, mas cheio de nervo. Para guardar mais um par de anos.
Para breve, estão preparadas algumas novidades por parte de ambos os produtores, como um espumante Sem Igual, de bolha muito fina, ainda a ganhar complexidade com o tempo de estágio em cave, e a nova aposta, no Vale dos Ares, por "vinhos de parcela" com estágio em barrica usada. O Single Vineyard que sairá no final deste ano e do qual serão produzidas apenas 600 garrafas está maravilhoso, cheio de classe, entrando directamente para a primeira liga dos Alvarinhos!
Sérgio Lopes