sábado, 28 de dezembro de 2019

Radar do Vinho: Aforista

Aforista é o nome de um projecto de vinhos da Beira Interior, mais propriamente de Pinhel. No seu portfolio produzem as seguintes referências Aforista Branco, Aforista Rosé, Aforista Tinto e Reserva Tinto e ainda um colheita tardia. Contudo, o meu destaque vai inteirinho para dois vinhos: O Aforista Branco confirma a excelência dos vinhos brancos da Beira Interior, num conjunto equilibrado, fresco e muito agradável de beber, a um PVP incrível de 3,5€. Deste branco, provei a última colheita no mercado, a de 2018 e também a de 2015, que estava numa excelente forma, com uma evolução muito interessante, cheia de vida. Muito bem! O Aforista reserva tinto 2014 foi também outro vinho que gostei particularmente, com taninos macios, bom corpo e um excelente equilíbrio a justificar os 5€ de PVP recomendado perfeitamente, traduzindo-se numa excelente escolha para o dia -a-dia. 

Sérgio Lopes

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Novidade: Casa de Paços Loureiro Reserva Vinhas Velhas 2018

Novo vinho da Casa de Paços, 100% Loureiro das vinhas mais antigas. O vinho permaneceu nas borras finas durante 9 meses. Parte do lote fermentou em aço inoxidável e cerca de 20% do vinho estagiou em barrica durante 6 meses (carvalho francês de segundo ano de 300 litros). Um vinho que expressa o que de melhor a casta Loureiro representa. Aroma muito delicado e contido, cheio de subtileza, com notas florais, limonadas e minerais. Boca muito fresca, com untuosidade, madeira impercetível, elegante e vibrante, com final longo e que nos faz salivar. Ainda muito jovem e de elevado potencial. Um grande Loureiro! PVP: 10€ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Radar do Vinho: Quinta do Escudial

A Quinta do Escudial é uma propriedade localizada em Seia, com pouco mais do que 6 hectares de vinha, plantada com as castas tradicionais do Dão (Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz) e Encruzado). O projecto tem a particularidade de apostar na produção exclusiva de vinhos sem qualquer passagem por madeira (unoaked), sendo o estágio dos mesmos unicamente feito em cubas de aço inoxidável e garrafa de vidro.

O Quinta do Escudial Colheita Branco 2018 é um vinho cítrico e mineral, jovem e frutado, muito equilibrado. O Quinta do Escudial Rosé 2018 é feito 100% de touriga nacional, apresenta uma cor casca de cebola muito bonita, traduzindo-se num rosé seco, com leve fruta vermelha e perfume floral, num fundo mineral e fresco. O Quinta do Escudial Tinto 2013, blend tipico das castas da região, um tinto ainda bem jovem para um colheita com 6 anos, de corpo médio, com taninos macios e boa componente mineral, amparado numa fruta bem presente. Três vinhos nesta gama, muito equilibrados e fáceis de gostar. PVP: 6,5€
Com o Quinta do Escudial Reserva Tinto 2014 (11,5€) começamos a subir nos patamares de qualidade e complexidade. Trata-se de um  vinho onde as características do Dão estão bem patentes, desde logo, um aroma com fruta preta, mas também notas de pinho, uma boca muito fresca com taninos firmes, mas domados, bom volume de boca e final longo e gastronómico. Um dos vinhos que mais gostei a par do Touriga Nacional. 
O Quinta do Escudial Touriga Nacional 2015 é um vinho onde a casta, sem qualquer passagem por madeira mostra o seu lado perfumado de violeta, bem como alguma fruta limpa e aromas a bosque, mas tudo sem excessos. A boca é sedosa e envolvente, muito macia, com final prolongado e prazeroso. Um belo exemplar da casta rainha do Dão. Excelente à mesa. PVP: 14,5€
Finalmente, a novidade Quinta do Escudial Encruzado 2018 que mesmo apesar de não passar por madeira, acompanhei com um bacalhau (combinação arriscada). E não é que ligou bem? O estágio em borras finas conferiu-lhe estrutura e alguma untuosidade. Um vinho mineral e com fruta de caroço, muito fresco e que provavelmente irá evoluir bem em garrafa, dada a sua textura e complexidade. PVP: 11,5€

Em suma, um projeto diferente (onde não existem vinhos com estágio em madeira), em que cada referência ocupa o seu espaço, de forma muito competente! Vinhos com uma excelente RQP.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

O Alvarinho, também para o Natal

Para quem, como eu, aprecia particularmente vinhos da casta Alvarinho, aqui vai uma seleção de brancos com esta casta, para serem apreciados durante as festas que se avizinham. Eu tenho consumido durante todo o ano e por isso não destaquei nenhum deles nas sugestões de Natal apresentadas AQUI. Estes Alvarinhos merecem destaque, por si só - vinhos de preços diferentes e perfis distintos, para uma maior variedade de escolha. 

Sem preconceitos, começamos pelo Deu-la-Deu 2018 (6€). Prove esta última colheita, super fresca e equilibrada e depois falamos. O Casa do Capitão Mor 2018 (9€) mostra todo o lado de calhau rolado, num perfil muito afinado entre notas tropicais e mineralidade, bem apetecível. Do gigante Soalheiro, poderia ter escolhido vários vinhos, tendo no entanto optado pelo Granit (11€) por mostrar o lado mais mineral da casta, que relaciona o solo de origem granítica do terroir de Monção e Melgaço e a casta Alvarinho, num vinho tenso e incisivo. O Quinta de Santiago Reserva (14€) e o Vale dos Ares Limited Edition (15€) são dois vinhos com estágio em barrrica oferecendo por isso mais complexidade, volume e gordura de boca, sendo que no vinho de Joana Santiago temos um perfil mais redondo, enquanto que o de Miguel Queimado é um pouco mais sério e profundo. Dois projectos muito interessantes na região e cujos vinhos seguramente brilharão á mesa! O Afluente 2017 (20€) é o vinho que provavelmente mais se diferencia dos restantes, num perfil mais aproximado dos Albarinos das Rias Baixas, ou seja, muito seco, com uma acidez acutilante e um toque salino, desconcertante. O Regueiro Barricas 2017 (20€) está belíssimo, com muita classe, sedução e uma enorme boca, com a madeira a aparecer superiormente integrada. Finalmente, o Parcela Única 2017 (30€), de Anselmo Mendes, um vinho repleto de acidez e garra, mas sempre com grande elegância. Um dos melhores exemplares da região de Monção e Melgaço e da casta Alvarinho, com uma boca enorme.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Sugestões para o Natal

O objetivo é o de sugerir oito vinhos, de regiões diferentes (apenas repete Lisboa, mas Bucelas e Alenquer são muito diferentes entre si), de patamares de preço diferentes: 2 vinhos até 10€, 4 vinhos entre os 10€ e os 20€ e por último dois vinhos acima de 25€. Uns encontram-se disponíveis nas grandes superfícies, outros apenas em garrafeiras selecionadas, para que escolha realmente algo especial para a época Natalícia. Todos eles versáteis e capazes de fazer boa figura à mesa a ligar com os tradicionais pratos da época.

Até 10€, o branco Morgado de Santa Catherina 2016, um Arinto de Bucelas, com frescura, corpo e untuosidade na medida certa para ser uma escolha segura; o tinto, o alentejano Herdade do Rocim Alicante Bouschet 2017, poderoso e carnudo, mas com muita frescura, um belo tinto para a mesa. No seguinte Patamar, o Sem Igual 2016, vinho verde feito de Azal e Arinto, com uma acidez surpreendente e que deve estar na mesa de Natal (13€). O tinto, do Douro, o Real Companhia Velha Series Bastardo 2015, pouco carregado na cor, elegante, de corpo médio, mas muito sabor, recuperando uma das castas mais antigas da região (15€). Da Beira Interior, um branco 100% feito da casta Siria, O Quinta do Cardo Vinha Lomedo 2015, gordo, untuoso, complexo, que será um amigo inseparável do Bacalhau (ou do cabrito); De Lisboa, um tinto, o regresso do Cabernet Sauvignon da Quinta de Pancas 2015, num tinto especiado e apimentado, muito fresco e apetecível, muito versátil à mesa também. Ambos a rondar os 20€

Finalmente, dois vinhos que mais prazer me deram este ano - o branco, do Dão o Vila Oliveira Encruzado (35€), um branco monumental, delicado, complexo, mineral e com grande profundidade - um hino à casta e à região; O tinto, o Giz Vinha das Cavaleiras, da Bairrada, de um jovem produtor Luis Gomes, que tem nesta vinha muito velha a expressão da casta Baga no seu esplendor - muita finesse e classe e uma boca super fina e cheia de frescura. Delicioso. 30€

Sérgio Lopes

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Em Prova: Esporão Vinhos de Talha

Os vinhos da talha estão na moda e é curioso poder prova-los e verificar registos de produção diferentes, consoante o perfil do produtor. Se por um lado, destaquei o projeto XXVI Talhas pelo seu lado rústico, mas de grande nível - sobretudo com a referência Mestre Daniel (provado AQUI), não posso também de deixar de destacar, quase como no lado diametralmente oposto, os vinhos da talha do Esporão. São um branco e um tino, muito mais polidos, mas sem perder a identidade dos vinhos de talha, ou seja, alguma rugosidade, mas mais modernos por assim dizer. Mesmo que ambos com um pouquinho de álcool acima do que normalmente se utiliza neste tipo de vinhos, dão um grande gozo a beber. O Esporão Vinho de Talha Branco é feito da casta roupeiro e alguma vinha velha com as castas antigas da região. O Esporão Vinho de Talha Tinto é 100% produzido da casta Moreto. Ambos, com alguma rugosidade, mas uma enorme afinação e que serão excelentes companheiros à mesas. PVP: 20€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Fora do Baralho: Indígena Tinto 2018

Repito-me constantemente ao elogiar a qualidade e consistência em cada referência que a Herdade do Rocim lança para o mercado. E este vinho não foge a essa batuta. Chama-se Indígena e é o primeiro vinho biológico produzido no Rocim. 100% Alicante Bouschet, com fermentação em depósitos de cimento e posterior estágio nos mesmos por 9 meses. Um vinho desconcertante, que apesar dos seus 14 graus de álcool apresenta uma enorme frescura e concentração. Fruta preta e notas mentoladas fazem com que apeteça beber, sem cansar. Muito atraente e com uma acidez invulgar, que se aplaude. Que bela surpresa. PVP: 11€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Em Prova: Prazo da Cotovia Moscatel Galego 2018

Da Casa de Paços, confesso que desconhecia este vinho e até tinha algum "receio" em prova-lo, uma vez que o Moscatel Galego é uma casta tão exuberante, que por vezes resulta em vinhos um pouco enjoativos. Ora é sabido que os vinhos feitos nesta Casa de Paços são todos secos e alguns até um pouco por domar em termos de acidez, quando novos, pelo que o resultado nunca poderia ser "docinho". O Prazo da Cotovia Moscatel Galego 2018 resulta num vinho com um aroma bem perfumado, mas sem ser excessivo, sempre com fruta bem definida e limpa, tipo lichias, algum floral e um toque a hortelã que o torna fresco ao primeiro impacto. Na boca é seco, delicado, muito fresco e apetecível, convidando a beber mais um copo. Belíssimo exemplar da casta, que dá muito gozo beber. Uma excelente surpresa a um preço de combate. PVP 6€. 2000 garrafas produzidas.

Sérgio Lopes

sábado, 7 de dezembro de 2019

Em Prova: Herdade do Rocim Alicante Bouschet 2017

O Herdade do Rocim Alicante Bouschet é um tinto Alentejano lançado juntamente com o Herdade do Rocim Touriga Nacional (provado aqui) e o Herdade do Rocim Reserva. Apesar de todos serem naturalmente diferentes entre si, têm em comum a imagem cravada no rótulo de um pássaro (apenas muda a cor consoante o vinho) como referência à apologia da biodiversidade e à missão de não deixar extinguir a planta linaria, que se encontra na propriedade. 

Este vinho é, claro está, produzido 100% de Alicante Bouschet, essa casta mais alentejana que Francesa, digo eu, e que tão bons vinhos produz na região.  Fermentou em lagar de pedra e estagiou em barrica de carvalho francês, por um ano. É um vinho onde ressaltam, notas balsâmicas, vegetais e alguma fruta negra - nariz muito complexo e intenso. Na boca é denso e poderoso, confirmando a região e casta de onde provém, com taninos firmes e uma boa estrutura de boca - com vigor, mas amparados numa belíssima acidez, que lhe confere uma enorme frescura e o torna delicioso. Vinho bem gastronómico e que irá evoluir em garrafa. Surpreendentemente equilibrado!  PVP: 11€. Grandes Superfícies/ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Em Prova: Vadio Tinto 2015

Vadio é o nome do projeto de Luís Patrão, na Bairrada, onde espumantes, brancos e tintos são produzidos com as castas autóctones da região. O Vadio Tinto 2015 é feito 100% de Baga e segue a linha dos vinhos produzidos com olhares modernos sobre o passado. Assim temos um tinto de cor mais aberta, com fruta discreta e um lado calcário a conferir lhe frescura. O corpo é médio, com pouca extração e muito sabor, com uma acidez equilibrada que faz com que a garrafa vá desaparecendo com muito prazer, copo após copo. Com apenas 12,5 graus de álcool e enorme versatilidade à mesa, é um vinho com uma excelente relação qualidade-preço, perfeito para quem pretende começar a provar Bagas, prontos a beber, mas com complexidade. Só para terem, uma ideia, este vinho apenas se mostrou ao segundo dia. No primeiro dia estava impenetrável! PVP: 11€ Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Em Prova: Trilho em pormenor Tinto 2016

Tenho o prazer de acompanhar o projeto do Pedro Coelho praticamente desde o inicio. Ainda me lembro quando o conheci, numa pequena feira de vinhos no Porto, num piso inferior para os lados do Bolhão. Gostei imediatamente do projeto - diferenciador para a região, e fico muito feliz em vê-lo chegar a um patamar de consistência de qualidade, que culmina com este magnifico vinho tinto, topo de gama, dos melhores vinhos que provei este ano - Trilho em Pormenor Tinto 2016. Desfazendo o nome TRILHO temos a explicação do vinho: TRILHO TRIO TRI. Assim, o nome indica que, seguindo um TRILHO (caminho) feito por um TRIO (os 3 sócios deste projeto) em 3 vinhas, fermentadas em TRI (3 ) tipos de fermentações diferentes. Uvas provenientes de vinhas muito velhas (+80 anos), com predominância de Tinta Barroca, Tinta Roriz e Touriga Franca. Duas das vinhas, plantadas no planalto de Alijó a 700mts de altitude e a terceira de uma vinha perto de S. João da Pesqueira. Vinho vinificado com leveduras indígenas, seguindo a linha Pormenor. Fermentação com 80% de engaço, maceração leve e pouco extrativa durante 8 semanas.

Apesar dos seus 24 meses de estágio em barricas e pipas usadas de Carvalho Francês de 225lts e 500lts, a madeira não se sente, apenas aportando complexidade a um conjunto tenso, mas com uma elegância suprema. Bom tanino, Fruta vermelha muito boa, boca muito fresca, com uma acidez salivante e álcool moderado, que torna o vinho delicioso e sumarento, gole após gole. 

Um vinho atual, de futuro, elaborado com premissas dos antepassados Durienses. Que seguramente irá envelhecer bem em garrafa. Cerca de 600 garrafas produzidas. PVP: 40€. Garrafeiras Selecionadas.

Sérgio Lopes