sexta-feira, 31 de maio de 2019

Em prova: Altas Quintas Crescendo Branco 2017

O projecto Altas Quintas está(va) localizado no Alentejo, nomeadamente em Portalegre e sempre foi um projecto bem cotado na comunidade enófila, sobretudo pela frescura da Serra de São Mamede e capacidade de guarda dos vinhos produzidos, nomeadamente os tintos, que conjugavam essa frescura com uma potência, invulgares. A localização continua a mesma, mas a quinta onde eram produzidos os vinhos está agora nas mãos da Symington que acaba de lançar as novas marcas Florão -entrada de gama, Quinta da Fonte Souto e o Grande Reserva tinto QFS Vinha do Souto..

Entretanto e a propósito recupero aqui o Altas Quintas Crescendo Branco 2017 que, por um acaso bebi num restaurante, no Guincho, a acompanhar um robalo de mar, superiormente escalado. O vinho é equilibrado, com notas citrinas e tropicais, corpo médio, acidez também média e final a condizer. Equilibrado e com acidez suficiente para aguentar o robalo. Talvez este branco, de 2017, seja o último ano antes da mudança para a Symington. Curioso. PVP: 9€. 

Sérgio Lopes

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Em Prova: Quinta Vale D' Aldeia Grande Reserva Branco 2015

A Quinta Vale D’Aldeia tem cerca de 200 hectares – sendo 120ha de vinha, 40ha de olival e 10ha de amendoal, na freguesia de Longroiva, na Meda, e a produção atual ronda os 700 a 800 mil litros. O projeto, que tem hoje 21 colaboradores, nasce em 2004 quando os irmãos José e João Amado, apaixonados pela agricultura e com vontade de investirem na sua terra, decidem comprar um hectare de terreno com vinha. A partir daí entusiasmaram-se, foram comprando mais terrenos à volta e investindo na plantação de vinha, olival e amendoal. Em 2009, apostaram na construção de uma moderna adega, com capacidade para cerca de um milhão de litros. O portfolio é vasto e assenta na premissa de vinhos de qualidade, provenientes de um Douro Superior, de vinhas de altitude.

O Quinta Vale D' Aldeia Grande Reserva Branco 2015 é produzido a partir das castas Viosinho, Rabigato, Gouveio e Malvasia Fina, a cerca de 550 metros de altitude. Tem passagem por madeira nova de carvalho francês. De cor citrina, no nariz apresenta em primeiro plano notas de madeira de qualidade e apontamentos citrinos, já bem harmonizados. A boca é untuosa, com acidez equillibrada, bom volume de boca, alguma cremosidade e uma belíssima acidez, terminando com um bom final de boca. Um vinho com acidez suficiente e versatilidade, que permitiu acompanhar à mesa, um anho assado na Brasa ao jantar e no dia seguinte um robalo do mar grelhado. Um vinho muito bem desenhado e que agradará a quem procurar um perfil de untuosidade e alguma madeira. PVP: 20€. Garrafeiras.


Sergio Lopes

terça-feira, 28 de maio de 2019

Em Prova: Casa do Capitão-Mor Alvarinho 2018

Continua a prova dos brancos de 2018, mais ou menos a chegarem ao mercado, alguns resultando num verdadeiro "infanticidio" no copo... Desta feita, de um produtor que gosto muito - Quinta de Paços, do meu amigo Paulo Ramos e cujo Reserva de 2015 tem sido o meu porto seguro durante este ano. Aliás, qualquer bom vinho branco, em particular, de Alvarinho, só benefeciará com alguns anos de garrafa.

Contudo, este Casa do Capitão-Mor Alvarinho 2018 aparece surpreendentemente com uma prova já muito interessante, dada a sua juventude. Proveniente da sub-região de Monção e Melgaço, mantém o perfil clássico da casa, com notas tropicais, mineralidade e algum pendor austero, mas na minha opinião está mais fresco que o 2017, com grande gordura de boca, mas menos volumoso, quiçá mais afinado e daí, mais pronto a beber. Vai evoluir seguramente muito bem nos próximos tempos. A garrafa voou num ápice! PVP: 9€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Em Prova: Ameal Loureiro 2018

Situada em Ponte de Lima, a Quinta do Ameal há muito que é pioneira na aposta da casta Loureiro, produzindo vinhos de extrema qualidade, longevos e que elevam a casta e a região dos Vinhos Verdes a um outro patamar. De facto, a casta Loureiro quando trabalhada com respeito, paixao e foco é capaz de produzir grandes vinhos. Exemplos como Anselmo Mendes (Muros Antigos), Márcio Lopes (Pequenos Rebentos Vinhas Velhas), ou José Domingues (Valle da Fonte), entre outros, são de prova obrigatória.

O Ameal Loureiro de 2018, mostra a consistência habitual ano após ano - Aromaticamente limpo e muito bonito, com notas florais e citrinas;  muito fresco, elegante e preciso; Seco, crocante e com final refrescante. Muito novo, claro está, mas já a dar uma belíssima prova. Já não o bebia há algum tempo e esteve óptimo a mesa! PVP: 7,5€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Já diz o ditado popular mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, isto é, a passagem do tempo vai-nos encarregando de moldar (afinar?) as nossas preferências, ao longo dos anos. E isto também se aplica ao vinho. A vida é feita de ciclos e de modas e olhando para trás no tempo, recuando – nem será necessário mais do que 10 anos - muita coisa mudou no perfil dos vinhos e do consumidor. E eu também mudei. Quando comecei a gostar realmente de vinho estavam na moda os tintos perfilados bombas alcoólicas e com passagem por madeira em fartura. Poder, concentração, ou fruta sobre maturada eram marcadores evidentes. Confesso que com o tempo fui progressivamente me afastando desse perfil, apaixonei-me, entretanto, pelo vinho branco e virei brancófilo… Mas sobre os brancos falaremos noutra crónica pois também evoluíram e mudaram de perfil bastante nos últimos 10 anos.

Voltando aos tintos, na primeira década deste século, vivíamos uma época em que Robert Parker, um dos mais proeminentes críticos de vinhos, entre outros, tinha alguma preferência na defesa desse perfil mais concentrado dos vinhos e consequentemente o consumidor ia um pouco atrás. Hoje até Robert Parker procura mais elegância, menos extração, menos madeira e menos álcool – tintos que deem prazer a beber e que sejam bons companheiros à mesa, com acidez suficiente para fazer brilhar o prato, mas sem se sobrepor. Qual é a lógica de beber uma bomba alcoólica e cheia de madeira, acompanhando por exemplo um assado? Não faz sentido a combinação de uma comida mais pesada com um vinho também ele concentrado, creio eu.

O paradigma da elegância
Nos anos mais recentes tem crescido a aposta por parte quer dos produtores mais clássicos, quer de produtores mais recentes no lançamento de vinhos mais elegantes e com menos álcool. Com menos corpo também é certo, mas com muito sabor. E tem sido um pouco transversal a todas as regiões. Não sendo ainda evidente a mudança, é claramente uma tendência.  Vinhos como o Quinta da Carolina 2015 do Douro, o Quinta das Bageiras Garrafeira ou Luis Pato Vinha Barrosa – ambos da Bairrada ou até mesmo os tintos da Quinta do Mouro, do Alentejo, todos se mostraram com menos extracção, menos utilização de madeira, elegantes e com uma belíssima acidez. 3 regiões icónicas de Portugal a apresentarem vinhos neste estilo, provados na última edição do simplesmente… Vinho, no final de Fevereiro.
Os meus destaques
Mas há mais protagonistas que merecem destaque no que toca a este perfil de vinhos tintos, desde logo o enólogo Luis Seabra cujo seu projeto pessoal Xisto Cru / Xisto ilimitado, bem como o apoio que presta em Muxagat, ao projeto Pormenor de Pedro Coelho e na Quinta da Costa do Pinhão resultam em vinhos num estilo Duriense fora do comum, muito mais focado na pureza, pouca extracção e muita elegância e frescura; na Bairrada Luis Gomes e o seu projeto Giz, de onde sobressai o aveludado e cheio de classe tinto Vinha das Cavaleiras; o enólogo Paulo Nunes que na Casa da Passarela (Dão) ou mais recentemente na histórica Casa de Saima (Bairrada) imprime o seu cunho muito pessoal respeitando o terroir de cada casa e intervindo de forma minimalista;  Ainda no Dão, António Madeira, urge descobrir. Luis Leocádio, na Quinta do Cardo (Beira Interior), mas também no seu projeto pessoal Titan of Douro – obrigatório conhecer o trabalho deste jovem e talentoso enólogo; Da Beira Interior, atenção ao projecto Vinha da Ordem, de uma vinha centenária (para além do tinto, há um palhete deliciosso); Vitor Clara e o seu Dominó, tintos do Alentejo, totalmente fora da caixa; Até na região dos vinhos verdes aparecem vinhos tintos neste estilo, de projetos de Constantino Ramos (Pardusco / Zafirah) ou Márcio Lopes, com o seu Pequenos Rebentos Atlântico. Entre tantos outros, que vão emergindo

Um brinde à elegância e à pureza. Uma tendência que terá vindo para ficar?

Sérgio Lopes (in Revista Paixão Pelo Vinho #77)

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Em Prova: Mãos Branco 2017

Mãos (R4 vinhos) trata-se de um projecto familiar, com sede em Mesão Frio, no Baixo Corgo, embora com propriedades espalhadas por sete quintas na Região Demarcada do Douro, que totalizam cerca de 150 hectares, tendo lançado o primeiro vinho apenas em finais de 2011. Projecto de facto de cariz totalmente familiar, pois os 4 irmãos que encabeçam o projecto, decidiram dar continuidade ao legado do seu pai, que produzia vinho maioritariamente para consumo próprio, criando assim uma empresa produtora de vinhos, na região Duriense. 

Nas minhas incursões semanais na capital Lisboa, dei por mim a entrar num restaurante simpático, ao lado do Campo Pequeno - o Ti Lurdes, onde o Mãos Branco 2017 foi o par ideal para uma (enorme e fresca) posta de garoupa grelhadinha na brasa, como documenta a foto acima.

Feito de Gouveio, Rabigato e Viosinho é um bom exemplar Duriense, pois apesar de denunciar que provém de um terroir quente apresenta-se bastante equilibrado. Predominantemente floral (mas nada de exuberâncias), com notas de chá e citrinas, é gastronómico e com uma boa acidez, contribuindo para uma refeição prazerosa. Muito bem para o preço que apresenta. 7,5€. Disponibilidade: Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 21 de maio de 2019

Fora do Baralho: Monte Meão Vinha da Cantina Tinto 2016

Da memorável visita efetuada à Quinta do Vale Meão, onde o vinho com o mesmo nome é já uma referencia mundial no que um grande tinto do Douro é capaz de oferecer - tantas camadas de complexidade, num registo de homenagem pela história da região, no entanto, há também espaço no Vale Meão para a experimentação e modernidade. 

É o caso dos Monte Meão, ensaios, de Touriga Nacional, ou Tinta Roriz, ou por exemplo e especificamente neste Vinha da Cantina, 100% feito da casta... Baga, casta que imediatamente asssociamos à Bairrada. 

No Douro, penso que são pioneiros aa utilização da Baga e confesso que o primeiro ensaio que provei deste vinho, o da edição de 2014, não me agradou por aí além. 

Ora em 2016, esta segunda edição deixou-me positivamente impressionado. Adorei!

O registo é de um vinho leve na cor e na estrutura, com apenas 12,5º de alcool, pouca extracção, fresco, elegante, com acidez, mas MUITO sabor. Simplesmente, não cansa!

Uma baga de estilo borgonhês que me apaixonou imediatamente e da qual se produziram apenas 1500 garrafas...

PVP:25€. Garrafeiras.


Sérgio Lopes

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Em prova: Quinta da Ponte Pedrinha Touriga Nacional 2015

A região do Dão é constituída maioritariamente por produtores de pequena e média dimensão, cada um com a sua autenticidade e identidade, face a um terroir de eleição para vinhos elgantes, ácidos e longevos. A Quinta da Ponte Pedrinha é um projecto talvez dos menos conhecidos, mas com grande qualidade. O seus colheita são excelentes relação qualidade-preço, dando prazer, por vinhos a rondar os 5€ e este Touriga Nacional, 100%, abaixo de 10€ é também um belo exemplar da casta rainha na região e do perfil do produtor: Aroma complexo e profundo, com fruta madura bonita em primeiro plano, especiaria e algum floral. Boca com taninos firmes, mas redondos, corpo médio e belíssima acidez, a terminar longo e para a mesa, dada a sua vocação gastronómica.

Foi no retaurante Páteo do Guincho que o apreciei com um pica-pau à maneira, entre outros petiscos deliciosos. PVP: 9€. garrafeiras.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Radar do Vinho: Quinta da Cuca

A Quinta da Cuca está localizada na margem Sul do Rio Douro, em pleno Douro Superior, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, entre as freguesias de Custóias e Numão, mais propriamente no Vale da Teja. A quinta tem cerca de 22ha dos quais 20ha são vinha, plantados entre 1980 e 2011, praticamente planos e divididos em talhões. As castas dominantes são as castas durienses Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Viosinho, Rabigato e Gouveio. 
Em 2014 iniciou-se o processo de vinificação, com a criação de seis vinhos, Tinto Colheita, Branco Colheita, Tinto Monovarietal Touriga Nacional, Banco Monovarietal Viosinho, Tinto Reserva e Branco Reserva. O projecto é encabeçado por Fernando Alonso (não é o da Fórmula 1) e com enologia de Luís Leocádio (Quinta do Cardo, Titan do Douro, Quinta do Estanho). Tivemos a oportunidade de provar alguns vinhos provenientes deste microclima do Vale da Teja.
Os Quinta da Cuca Tinto 2014 e 2015 poderiam ser classificados como reserva na opinião do produtor Fernando Alonso, que optou por não o fazer para começar o projecto num patamar incicial de "colheitas" superior. São ambos vinhos com a tipica fruta duriense, com taninos redondos, vinhos gastronómicos, que apesar de denunciarem provir de uma zona quente como o Douro Superior apresentam-se frescos e minerais, sobretudo sem excessos de sobrematuração. Vão crescer em garrafa,  (PVP 13,99€). O Quinta da Cuca Branco Reserva 2017 feito de Viosinho, rabigato e Gouveio de vinhas de altitude, passa ligeiramente por madeira e estagia sobre borras por 10 meses o que lhe confere mais complexidade. Com o dedo de Luis Leocádio, estamos na presença de um branco muito afinado, com a madeira bem integrada e um equilibrio entre untuosidade, acidez e fruta muito interessantes. Para a mesa, também. (PVP 13,99€). O Quinta da Cuca Touriga Nacional 2016, que foi o meu preferido dos três, produzido das vinhas de Touriga mais antigas e com passagem por barrica nova de carvalho francês por 12 meses. É um vinho de cor carregada e grande complexidade aromática. A boca é densa, carnuda, onde se sente a fruta poderosa madura e uns tanino sedosos e envolventes. É um vinho que perdura, com um belo corpo e uma acidez vibrante. Um belíssimo exemplar da região, sem extremos da casta. PVP (16,99€).

Em suma, um projecto que demonstra o potencial da região do Vale da Teja. Para acompanhar. Apenas uma nota pessoal para o PVP dos vinhos que os posiciona num segmento que apesar da sua inegável qualidade, poderá trazer dificuldades face a outras referências do mesmo patamar de preço.

Sérgio Lopes

terça-feira, 14 de maio de 2019

Novidade: Herdade do Rocim Rosé 2018

Mais uma novidade de 2018 acabadinha de sair, o Herdade do Rocim Rosé 2018. Feito na Vidigueira (Alentejo), 100% de Touriga Nacional e com passagem apenas por Inox. O rótulo é muito bonito e simples, representando a imagem da ‘Linaria Ricardoi’, que é uma pequena planta alentejana que está em vias de extinção por causa dos pesticidas e da pressão dos rebanhos de pequenos ruminantes. 

O vinho apresenta com uma bonita cor rosa aberta, a fazer lembrar os grandes rosés da provence. Aromas florais da Touriga semtem-se no nariz  (contidos). A boca é seca, elegante, fresca , com pouco alcool, mas com tensão e corpo mais do que suficientes, para ser uma boa escolha para a mesa. Um rosé a precisar de mais alguns meses de garrafa, quiçá até ao Verão para começar a brilhar verdadeiramente à mesa. Gostei bastante e penso que evoluirá muito bem por mais um ou 2 anos. PVP: 8€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Fora do Baralho: Gradual Marufo Tinto 2015

A Quinta da Costa do Pinhão, às portas de Favaios,  é um projeto duriense muito recente de que gosto muito e cujo primeiro ano de lançamento foi 2014. É precisamente o vinho Gradual de 2014 que tenho bebido com frequência e que comentei AQUI

Desta feita, falo-vos de uma novidade totalmente fora da caixa, nomedamente o Gradual Marufo 2015, um tinto feito com a casta Mourisco, que o IVDP chama agora de Marufo. Trata-se de uma experiência com uma casta que todos rejeitam na região, para fazer vinho, uma vez que é uma das castas recomendadas para Porto e está presente nas vinhas velhas. O mourisco fermentou com cacho inteiro, teve pisa a pé e estagiou 8 meses numa barrica de 500 litros usada. Foi por isso um ensaio - uma experiência de apenas uma barrica que necessitou de 2 anos para ser aprovado como Douro Doc. O primeiro Mourisco tinto com selo. 

O resultado é um vinho desconcertante a começar desde logo pela cor, a parecer um rosa escuro  acastanhado (?). O aroma é de fruta fresca e muita profundidade. A boca é elegante, leve mas com taninos redondos, de corpo médio, acidez vibrante e muito sabor. Um vinho que se bebe com enorme prazer, num registo elegante e com pouco alcool, como é apanágio na casa, com uma leveza desconcertante, mas sério e com complexidade suficiente para se tornar viciante, copo após copo! PVP: 15€. Disponibilidade muito reduzida.

PS: Rótulo provisório. Mas o vinho é tão bom que merece definitivamente este preview.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Em Prova: Anel Branco 2017

Nunca tinha provado este branco do produtor e enólogo Márcio Lopes (Permitido, Proibido, Pequenos Rebentos). Trata-se de uma referência produzida no Douro, cujo tinto tinha provado no ano passado e agora chegou à minha mesa o Anel Branco 2017, feito de castas plantadas a 350 metros de altitude, com passagem apenas por Inox e estágio sobre borras. É um vinho à semelhança do que Márcio nos habituou, muito fresco com uma belíssima acidez e a precisar de algum tempo de garrafa, para se mostrar na sua plenitude. Focado na fruta branca e algumas notas florais, apresenta corpo médio, é bem estruturado e com o "nervo" caracteristico do enólogo. Interesante verificar a sua evolução. O ponto que menos me agradou foram os 14 graus de alcool que obrigam a ter algum cuidado com a temperatura de serviço, mas por outro lado, confere-lhe uma estrtura que irá agradar a quem gostar deste tipo de brancos, um pouco mais alcoolicos. PVP: 9,5€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Radar do Vinho: Bojador (Os colheita)

Bojador é um projecto pessoal de Pedro Ribeiro (Herdade do Rocim) que materializa um sonho antigo - transformar em vinho a ligação que tem ao Alentejo. Começou a dar os primeiros passos em 2010, tendo seleccionado a Vidigueira para o fazer, com o objetivo de produzir vinhos que transportem a alma do Baixo Alentejo, desenhados a partir de vinhas velhas seleccionadas e acompanhadas ao pormenor. Do portfolio constam as seguintes referências: Bojador Colheita Branco, Tinto e Rosé; Bojador Tinto Reserva, Bojador Espumante Brut, Bojador Vinho de Talha Branco, e Bojador Vinho de Talha Tinto. Os vinhos de talha têm tido um protagonismo mais evidente neste projecto embora representem apenas 10% do volume produzido. É um projecto e uma marca muito focada nos mercados externos mas começa agora também a ter alguma expressão no mercado português. 

Provamos os colheita, todos de 2018. O Bojador Branco 2018 é produzido das castas Antão Vaz (50%), Arinto (30%) e Alvarinho (20%), resultando esta combinação de castas num conjunto, muito equilibrado, frutado na medida certa e com final muito refrescante. Um branco com  apenas 12,5º de alccol e uma acidez bem interessante para um Alentejano. Gostei particularmente! O Bojador Rosé 2018 é feito de Aragonez (55%) e Touriga Nacional (45%). Mostra-se com uma cor rosa pálida, num conjunto muito suave e delicado, com fruta fresca vermelha. Um rosé para entradas, num registo contido, seco e algo mineral. De novo, apenas 12,5º de alcool. O Bojador Tinto 2018 é produzido de Aragonez (50%), Touriga Nacional (30%) e Trincadeira (20%). Estagia 6 meses em barrica usada de carvalho francês. Apresenta uma fruta preta e vermelha muito bonita, exuberante e apelativa que apetece beber, logo quando encostamos o nariz. Na boca é fresco, com taninos macios e corpo médio, terminando focado na fruta, cheio de sabor. Muito bem.

Pela prova dos colheita, que surpreenderam, como serão as restantes referências da casa... PVP:7€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes