Passado o Natal, onde suspeito que se abriram grandes vinhos a acompanhar a ceia Natalicia, em família, eis que estamos na reta final do ano. E na sequência do que fizemos para as escolhas de vinhos para o Natal, voltamos a lançar o desafio a alguns enófilos apaixonados para seleccionarem, desta feita, os melhores vinhos provados no ano 2017. Os vinhos de mesa, generosos e bolhinhas que mais impressionaram os sentidos. Alguns são muito difíceis de encontrar, outros nem tanto, mas uma coisa é certa, são todos grandes, grandes vinhos. Aqui ficam as escolhas de Marco Lourenço:
Eu tinha avisado no início do ano que a tarefa de escolher o melhor branco estaria desde logo facilitada, pois provei um daqueles brancos que me seduziu ao longo dos dois ou três dias que passei na sua companhia (qual fim-de-semana romântico que não se esquece): um magn(um)ífico Quinta das Bágeiras Bical de 1994. mas felizmente foram muitos mais assim, um “mais difícil ainda” Buçaco 58, o Parcela 15, Colmeal, Serradinha, Vale dos Ares, Sem Igual, Quinta da Costa do Pinhão, todos andam muito bons. falta só irem aos Açores e tentarem um Cancela do Porco (Verdelho) em frente ao mar, encontrarem um Alvarinho da Kompassus ou um Pouilly-Fuissé Au Bourg do Domaine Luquet.
Nos tintos podem-se experimentar “sensações sensacionais” distintas, desde os mais opulentos e extraídos Adelaide do Vallado e Mouchão Tonel 3-4 (não abram mais disto, por favor, nos próximos anos), aos incontornáveis Carrocel 2011 e Gaivosa do mesmo ano. no entanto, os meus destaques: Avó Sabica 2011; Quinta da Fata Touriga Nacional Grande Reserva 2014; Vegia Superior 2007 e o Castelão do Vale da Capucha. tenho boas memórias recentes de um Ultreia do Perez, do Caios de Setúbal e da Baga do Giz (Vinha das Cavaleiras) mas isso não devia valer. a valer é o Villa Oliveira Vinha das Pedras Altas 2012. e um Vinhão que só sei que veio de Gatão, e pouco mais haverá para saber, é mesmo assim com as coisas raras (ou então basta ir a uma tasca).
Nos espumantes, fiz uma prova de Murganheira que me impressionou, o Vintage 2007 e o 2002 são soberbos. mas andamos todos a beber o Quinta de S. Lourenço no dia a dia e o Gouveio da Vértice continua “um doce” (salvo seja - vá de retro). referência ainda para o São Domingos Lopo de Freitas e para o Marquês de Marialva Cuvée de Arinto, todos muito bons.
Por fim fui sorteado pelo destino a provar(?), beber(?) um Porto com 202 anos, experiência que me deixou algo assombrado, até porque trouxe o copo para casa e passado uns meses ainda lá estava o espírito dele. mas posso referir também um 1937 que repousa nas caves da Sogevinus, mais um tawny inacreditável (talvez com uns 50 anos) feito por uma senhora de Vale de Mendiz e dois Madeira: ao nível do sublime e do melhor que podemos ter um “Meio Seco Reserva Velha” (sem ano, “I.V.M.”) e se quiserem uma sensação semelhante mas mais acessível um “simples” Boal Reserva Velha 10 anos da Barbeito fará as honras (e as delícias)...
Marco Lourenço