Passado o Natal, onde suspeito que se abriram grandes vinhos a acompanhar a ceia Natalicia, em família, eis que estamos na reta final do ano. E na sequência do que fizemos para as escolhas de vinhos para o Natal, voltamos a lançar o desafio a alguns enófilos apaixonados para seleccionarem, desta feita, os melhores vinhos provados no ano 2017. Os vinhos de mesa, generosos e bolhinhas que mais impressionaram os sentidos. Alguns são muito difíceis de encontrar, outros nem tanto, mas uma coisa é certa, são todos grandes, grandes vinhos. Aqui ficam as escolhas de Luís Pádua:
Chegamos ao final de dezembro e impõem-se olhar para trás e reflectir no que mais se destacou. Foi um ano longo, com muitas provas, muitas viagens por esta Península, muitas horas a pé ou sentado, acompanhado e por vezes sozinho, a provar verdadeiros néctares. Fazer uma retrospectiva e seleccionar o que de melhor bebi ou provei é um exercício difícil, exigente mas que nos provoca um sorriso ao recordar-mos os bons momentos associados a cada vinho provado.
Comecemos pelos Brancos então. Foram muitos e bons, de Portugal e não só. Começando a Norte, pelos Verdes, os melhores foram o Sem Igual 2013 e o Poema Alvarinho 2008. Ao nível de vinhos de fora, uma estreia da Grécia. O Assyrtiko 2016, um exemplar de mineralidade excepcional! De Espanha, La Marimorena 2016, um alvarinho das Rias Baixas. Dos Açores, onde provei brancos ímpares, a minha maior surpresa foi um Verdelho dos Biscoitos, o Dimas Simas 2002. Do Alentejo, o Cem Reis Viognier 2008 mostrou uma surpreendente capacidade de envelhecimento, uma aula que nunca pensei vir a ter. Mas o topo dos brancos bebidos vai para o Bussaco 1958. Não há palavras que sirvam para o descrever...!
Nas bolhnhas, e não tendo bebidos muitos este ano, destaco o Cabriz Touriga Nacional Blanc de Noir 2012. Outro espumante que muito gostei foi o Pedro & Ines 2010, uma bolha muito fina e delicada. Da Bairrada, o Marquês de Marialva 2011, um grande exemplar de espumante, capaz de rivalizar com o famoso champanhe. E por falar em champanhe, o melhor que bebi foi o William Deutz Blanc de Blancs 2010.
Tintos. Encorpados, com madeira e de produtores menos conhecidos, foi algo que bebi mais este ano. Ainda assim, houve tempo para beber algo mais clássico. Começo pelo vinho do meu jantar de 40 anos. O famoso Chryseia 2011, um vinho de elegância extrema, que começa agora a mostrar todo o seu valor. No oposto, bebi um Quinta da Falorca Touriga Nacional 2002. Força e acidez presentes, ainda jovem. De Itália, um Barolo, capaz de arrancar o tártaro aos dentes tal era a força do mesmo, o Vursu Campe 2008. Do Algarve, um vinho que se mostrou uma surpresa única, o Negra Mole 2015 da Cabrita. Acidez e elegância muito bem conseguidas, numa zona que nunca iria pensar que tinham. O último Tinto que destaco é o Grou 2006. Monocasta de Cabeção.
Ao nível dos licorosos, este foi o ano de Madeiras e Tawny envelhecidos. Kopke 30 anos branco, um hino ímpar. Vasques de Carvalho 40 anos, com um vinho de 1880s no blend. Só isso coloca em sentido uma pessoa perante a garrafa. Outra vinho a dar grande prova foi o Taylors 1967. São anos de história numa única garrafa. Um LBV que me surpreendeu, e que foi a excepção ao estilo de licorosos bebidos, foi o Quinta do Silval 2008. Da Madeira, destaco o Blandy's 20 anos Terrantez e o Boal 1865. Lembrar que este vinho passou por 3 séculos e ainda é capaz de dar luta, é algo inacreditável.
Muitos mais haveria a destacar mas isto é um exercício de escolhas! Feliz 2018.
Luís Pádua
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