quarta-feira, 31 de maio de 2017

Arena de Baco: Prova Vertical Quinta do Arcossó Reserva Branco

A Quinta do Arcossó, para quem não conhece, é neste momento uma das maiores referências da emergente região vinícola de Trás-os-Montes, região cujo projecto com maior notoriedade será provavelmente Valle Pradinhos. Localizada entre Vidago e Chaves a Quinta do Arcossó é propriedade de Amilcar Salgado que com a sua simplicidade, enorme simpatia, paixão pela região e enologia conjunta com o enólogo Francisco Montenegro (Aneto) tem vindo a consolidar o projecto, levando-o a um patamar de inegável qualidade. De entre as várias referências produzidas dos solos graníticos da propriedade tivemos a oportunidade de efectuar uma prova vertical completa dos vinhos Quinta do Arcossó reserva Branco.

A prova foi completa desde o primeiro ano, 2008, até ao mais recente no mercado, 2015. Esta ocasião rara de poder contar com todos os anos desta referência, foi possivel devido ao Jorge Neves (wine lover que escreve por vezes no contra-rótulo), flaviense e apreciador deste projecto e que nos proporcionou tão ímpar prova.

Os vinhos foram provados à mesa, como se pede, pois são muito gastronómicos e acompanhados dos deliciosos pratos preparados pelo Amândio Cupido (o que já vai sendo um clássico).

   
 
Pudim de Peixe, Bola de Carne, Açorda de Camarão, Empadão de Bacalhau e uma deliciosa mousse de chocolate, deram bem conta dos vinhos em prova.

Quanto aos vinhos, mostraram-se secos, austeros e muito gastronómicos. Os mais jovens, 2015 e 2014 ainda a precisar de tempo, não se notando a madeira superiormente integrada, mas precisando de "garrafa" para "casar" todos o elementos. O 2013, infelizmente apresentava "rolha". Foi caso único. 2012 melhor.

2011 foi o ano que mais surpreendeu. O vinho estava super equilibrado, com acidez e complexidade, num registo de grande prazer. 2010 igualmente bom. 2009 e 2008 a notar-se que à data terá sido utilizada muita madeira, de excelente qualidade é certo, mas a dar uma prova "mais madura" aos vinhos nesta fase. Felizmente que agora não é assim e de facto o 2015 vai seguramente evoluir muito bem, apresentando desde já uma frescura invejável, fruto de um grande ano para vinhos brancos.

Foi uma grande prova a confirmar a inegável qualidade destes vinhos. Por menos de 10€ são vinhos para comprar às caixas, para ir bebendo e guardando alguns, sem qualquer perigo. Só vão melhorar com o tempo em cave. Não são vinhos "doces" e frutados, antes secos e minerais, que precisam de comida, logo se mostrarão muito bem à mesa.

Fotos cortesia de Amândio Cupido

Sérgio Lopes


terça-feira, 30 de maio de 2017

Vinal - Vinhos de Altitude, uma bela edição, mas a merecer maior adesão

A Vinal - Vinhos de Altitude realizou-se no passado dia 27 e 28 de Maio na Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazém. Organização da Revista de Vinhos - essência do vinho com o apoio da câmara municipal de Gouveia.

Esta adega com um grande histórico na região disponibilizou as instalações que proporcionam um quadro que deram uma patine muito especial ao evento. O conceito vago cobre aparentemente os produtores da sub-região Serra da Estrela do Dão. Numa anterior edição tentou-se ser mais abrangente, mas nesta encontravam-se quase exclusivamente aqueles. Entre provas, masterclasses e show cookings, estavam presentes uma dúzia de produtores. 

Foi com alguma pena que constatei que muitos produtores não deram a devida importância ao evento. Penso que haveria que dar à "terra" o que a terra lhes dá. Pessoalmente a melhor definição do evento foi dada na masterclass do Dirk Niepoort, uma região que é uma referência histórica nacional e que anda à procura da sua via. Uma região que permite criar vinhos elegantes e longevos, mas onde muito tentam replicar os vinhos "pesadelo" de outras regiões. Nas referências que seleccionou estavam presentes formas diferentes da procura do caminho, por meios diferentes, mas onde o resultado final ia de encontro à elegância e frescura natural da região. Outra masterclass de vinhos antigos da Coop de Tazém provou, se necessário fosse, o passado glorioso desta casa e da região.

Dos vinhos provados, destaco o seguinte:

Da Pellada poucos vinhos à prova: quinta de saes reserva 15 branco está um mimo, o saes tinto 14 uma maravilha com uma fruta generosa e um vinho salivante. Acho tudo o que é mob tinto muito delicado mas em geral fruta escondida e fechados. Brancos porreiros.Da niepoort, os rótulo são porreiros, os concisos muitos bons. Muito limpos e elegantes. Não se procura aqui impressionar com o músculo mas com o máximo da elegância. 

Da Passarella destaco o rosé, o Abanico e o Vinhas Velhas tinto 13. Do novo grande produtor da zona, a Seacampo, a marca Pai Américo tem um jaen e um grande escolha branco interessantes. Espinhosa vinhos nesta fase com um toque doce. Casa de São Matias interessantes. Quinta da Bica colheita, jaen e vinhas velhas 11 muito bons. Quinta de Margaride com bons vinhos, secos, asuteros. Garnachos no mesmo registo. Coop de tazem com vinhos muito interessantes, sobretudo reserva branco 15 e tinto 13. Grande Escolha 13 num nível superior, muito bom. Surpresa foi o bib dado à prova na masterclass pelo Dirk, fruta muito limpa e guloso. Madre de água Perpetum 16 a melhorar. Quinta da Ponte Pedrinha 16 adocicado, não do meu agrado. Reserva 11 tinto muito escondido atrás da madeira. Belos colheita 14 tinto e touriga nacional. Vinhas velhas 07 em fim de vida?

Em resumo uma bela primeira edição nestes moldes, a merecer continuação com, espera-se, uma melhor divulgação regional e nacional.

João Craveiro Lopes (Wine Lover)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Rock 'n Roll e vinho, no Porto, próximo domingo, no Hard Rock Cafe!

O Hard Rock Cafe, que abriu recentemente no Porto, será o palco da festa vínica, que se realiza já no próximo dia 4 de Junho, Domingo: a Hard Rock Cafe Porto Wine Party. Assim, entre as 16 e as 22 horas, o vinho vai ser a bebida de eleição, com a presença de produtores de várias regiões de Portugal, numa seleção que conta com o apoio da revista Paixão Pelo Vinho. Será, também, a oportunidade ideal para visitar o Hard Rock Cafe Porto, instalado no magnifico edifício “Porto Prestige”, datado de 1873, brindar com os amigos e saborear as iguarias de inspiração americana harmonizadas com vinhos portugueses de excelência. 

Os bilhetes para a Hard Rock Cafe Porto Wine Party poderão ser adquiridos no dia do evento, O bilhete tem um custo de 15€ e inclui a oferta do copo que dá acesso à prova de mais de 100 vinhos e a oferta de uma degustação de sabores Hard Rock Cafe. 

Não faltará Rock'n'Roll e claro... vinho, numa bela iniciativa na cidade invicta, com o apoio da revista Paixão pelo Vinho. A não perder!

Sérgio Lopes

domingo, 28 de maio de 2017

Muralhas de Monção, eleito melhor vinho branco português no IWC 2017

O vinho Muralhas de Monção 2016, da Adega Cooperativa de Monção, foi considerado o melhor vinho branco português, de entre os vinhos nacionais a concurso, pelo International Wine Challenge 2017, um dos maiores, mais antigos e prestigiados concursos de vinhos mundiais. 

Após ter sido distinguido com medalha de ouro naquele concurso internacional, que decorreu em Londres, o Muralhas de Monção 2016 foi distinguido com o prémio Trophy um galardão atribuído apenas aos vinhos destacados com ouro, de entre aqueles com maior pontuação.

A organização do concurso é conhecida por ter o mais meticuloso processo de avaliação, dividido em duas fases, em que qualquer vinho medalhado é provado em três ocasiões diferentes por, pelo menos, 10 provadores diferentes.

Um vinho com consistência ano após ano e que demonstra o potencial da sub-região de Monção e Melgaço, em produzir brancos com qualidade e excelente RQP.

Sérgio Lopes

sábado, 27 de maio de 2017

BLOG by TIAGO CABAÇO bivarietal '13, foi considerado o "Best in Show-Best Red Blend"

O vinho BLOG by TIAGO CABAÇO bivarietal ‘13, do produtor Tiago Cabaço, foi considerado “Best in Show - Best Red Blend” nos Decanter World Wine Awards. 

Esta é a primeira vez que um vinho português recebe tamanha distinção, trazendo para casa uma das exclusivas 34 medalhas de platina e ainda o título de “Best in Show - Best Red Blend” (melhor no concurso na categoria de vinhos tintos de lote/blend). 

Para chegar a este resultado, o júri, composto por mais de 200 especialistas do setor de todo o mundo, seguiu uma exigente prova que passou por três fases. Na primeira, foram provadas cerca de 17.200 referências às quais foram atribuídas medalhas de bronze, prata ou ouro. Seguiu-se uma nova prova, apenas com os vinhos medalhados com ouro, para atribuir as medalhas de platina. Por fim, foi destacado o melhor entre os melhores em cada categoria, acrescentando à medalha de platina o título de melhor no concurso.

O BLOG by TIAGO CABAÇO bivarietal ’13 é um vinho produzido à base de Alicante Bouschet e Syrah,  partir das uvas das melhores parcelas. Simultaneamente vigoroso e subtil, este vinho destaca-se pela frescura e exuberância da fruta. Um clássico, que reclama o estatuto de topo de gama do produtor, com pouco mais de 9 mil garrafas produzidas.

Parabéns ao Tiago Cabaço, que tive o prazer de visitar muito recentemente!

Sérgio Lopes

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Arena de Baco: Prova Vertical Meandro

O Alírio, um grande enófilo, proporcionou no dia 13 de maio, uma vertical completa de Meandro. Penso ter sido uma prova inédita, pois de Quinta de Vale Meão, já tinha ouvido falar, mas do seu irmão, nunca.


A Prova, como muitas vezes acontece com as verticais, não foi cega, mas decorreu aos ziguezagues, pois começou com o 2007, seguiu-se o 1999, 2008, 2000, 2009 e assim sucessivamente. Quanto ao resultado, penso ter sido a opinião geral de que os vinhos mais velhos foram os melhores. Dentro destes, aí já as opiniões se dividiram, entre o 2000, com potência, classe e pronto a beber, o 2001 com mais potência e mais madeira, e o 2002 (ano maldito), ainda com mais potência. 


Diria que estes (2001 e 2002) bem como o 2011, vão ficar melhores daqui por uns 5 anos. Dos mais novos, além do 2011, merece um especial destaque o 2010, frutado e com tal classe, que vários dos presentes pensaram tratar-se de um Quinta de Vale Meão. Eu particularmente também gostei do 2014, com fruta e num perfil fresco. Ainda se provou o Quinta do Vale Meão 2010, curiosamente achei que fazia pouca diferença para o Meandro 2010, e o Vintage 2003.


Um dos convivas era a Luisa Olazabal, simpática e discreta, a apreciar o entusiasmo geral. Claro que aproveitou no final para reforçar que os vinhos do Douro também podem envelhecer bem, o que foi óbvio para todos. Uma palavra especial para a equipa do Garfo e Rolha, em Leça da Palmeira que nos serviram um grande almoço, que acompanhou muito bem os vinhos servidos.

Duarte Silva (Wine Lover)

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Em Prova: Adega de Vila Real Colheita Branco 2015


Mais uma interessante opção, dada a sua versatilidade quer para uma mesa a acompanhar pratos de confecção mais simples e ligeiros, quer como aperitivo... e porque não companheiro de uma conversa!?

Vinho bem feito, sem excessos, sem cosméticas... equilibrado e afável.

Sendo um vinho simples, agrada por isso... e permite que se beba mais um copo sem nos castigar!

Castas: Viosinho, Malvasia Fina e Fernão Pires.
12.5° álcool. Preço < 3€




Jorge Neves (Wine Lover)

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Vinopedia: Produção de Vinho, parte III - Etapas de Vinificação, Processo Fermentativo e Pós Fermentativo

FERMENTATIVOS
- Vinho branco:
Como já referi, a fermentação dá-se sem sólidos, neste caso ocorre a fermentação alcoólica. 
- Vinho tinto: 
Neste caso é a colheita inteira que fermenta, podendo ser totalmente ou parcialmente desengaçada, neste caso ocorre a fermentação alcoólica e malolática.

*fermentação alcoólica - transformação dos açúcares em álcool etílico por meio de leveduras. 
*fermentação malolática - fermentação que se dá após a fermentação alcoólica, onde há transformação de compostos que vão amaciar o vinho e diminuir a acidez. Esta fermentação pode ocorrer durante a fermentação alcoólica. Caso aconteça após o engarrafamento vai tornar o vinho desagradável.

A fermentação alcoólica pode ser controlada, controlando alguns factores como a temperatura, oxigénio, azoto, dióxido de carbono, densidade, álcool, etc.

-temperatura - se for baixa pode impedir o início da fermentação ou provocar a sua paragem e pode diminuir as qualidades organoléticas do vinho e aumento da acidez. Se for alta há o risco da fermentação parar, alterações na cor do vinho, na riqueza e finura do aroma e aparecimento de gosto amargo. A temperatura óptima no vinho tinto é 28-30ºC e no vinho branco de 18-20ºC.
-o álcool vai funcionar como antisséptico
-o dióxido de carbono vai dificultar o trabalho das leveduras
-a acidez (pH) varia consoante a flora microbiana usada
-o oxigénio impulsiona a fermentação
-o azoto ajuda a aumentar a quantidade de oxigénio presente
-a levedação consiste em adicionar leveduras seleccionadas para aumentar a fermentação

PÓS-FERMENTATIVOS

- Estabilização e Clarificação:
Serve para dar ao vinho um tom translucido. O processo de clarificação pode ser natural, por trasfega e atestos, ou provocada, por colagem e filtragem.

*trasfega - passar de um vasilhame para outro
*atesto - ir atestando (enchendo) os recipientes com vinho já clarificado para manter o nível à medida que este vai evaporando.
*colagem - é adicionado um produto que ajuda a clarificar, antigamente usava-se clara de ovo, hoje em dia pode-se usar gelatina, caseína, argila, etc

- Filtração:
O vinho passa em filtros e poros cada vez mais pequenos de modo que as partículas fiquem retidas nos filtros - filtração por crivagem. As impuresas são adsorvidas numa massa filtrante - filtração por adsorção. *adsorção é diferente de absorção, A grande diferença entre os dois processos é que na absorção a substância absorvida é embebida pela substância absorvente, o maior exemplo disso é uma esponja, que absorve a água. Já na adsorção, a substância fica apenas retida na superfície adsorvente, sem ser incorporada ao volume da outra.

- Envelhecimento: 
Realizado em pipas de madeira ou cubas de inox em contacto com raspas de madeira, para posterior engarrafamento, este processo pode durar anos, ao que vulgarmente chamamos vinho maduro.

- Engarrafamento: Quando o vinho está pronto segue-se o engarrafamento para venda ao público. Esta etapa pode ser realizada antes do envelhecimento, quando é para venda ao publico num espaço de tempo curto, normalmente com vinhos recomendados para consumo de um ano para o outro.


Fernando Sousa (www.Global-Satisfaction.com)

terça-feira, 23 de maio de 2017

Vinopedia: Produção de Vinho, parte II - Etapas de Vinificação, Processo Pré-fermentativo

Quanto às várias etapas do processo de vinificação, todos sabem que inicialmente tem que se apanhar as uvas e seguidamente esmaga-las, independentemente de se tratar de vinho branco ou tinto, por isso embora o processo do vinho tinto seja diferente do vinho branco, existem várias fases que são semelhantes. Assim quando eu falar de algo que apenas se aplica a tinto ou branco irei dizer, quando não referir nada é porque é um processo comum aos dois.

Podemos dividir a vinificação em 3 fases: processos pré-fermentativos; processos fermentativos; processos pós-fermentativos. 

PRÉ-FERMENTATIVOS

- Colheita ou vindima é uma etapa muito importante, pois a qualidade das uvas vai ser determinante
na qualidade do vinho. Por isso é crucial determinar o momento exacto da colheita, normalmente é em meados de Setembro, mas como sabemos as condições meteorológicas durante o ano (se choveu muito, se foi muito calor, se foi seca, se foi muito frio) podem alterar o desenvolvimento das uvas, por isso nos dias de hoje são colhidas amostras que serão analisadas, quanto ao teor de açúcar para se determinar se estão prontas a ser colhidas. Já sabemos que o açúcar vai ser muito importante na fermentação alcoólica.

- Transporte e descarga:
Após a colheita o vinho deve ser transportado com a maior brevidade possível. Tendo o cuidado da uva chegar inteira à adega, para isso normalmente evita-se usar recipientes com mais de 0,50m de altura (e mais de 25Kg). O aquecimento pelo sol também deverá ser evitado. Na descarga as uvas poderão passar num tapete onde é efectuado um controlo que retira os cachos ou uvas podres ou verdes. 

- Desengace:
Consiste na separação do engaço dos bagos. Tem como vantagem a diminuição do pH, diminuição de aromas e sabores amargos, diminuição do volume da massa esmagada. No entanto, tem a desvantagem de dificultar a fermentação e aumenta o risco de oxidações. 

- Esmagamento: 
No esmagamento ocorre o rompimento da película, que permite a dispersão de leveduras e enzimas e a libertação e arejamento do mosto. Este esmagamento tradicionalmente é feito por pisa-a-pé, mas também pode ser feito por esmagadores de rolos. No entanto há quem defenda que nenhuma máquina substitui o pisa-a-pé. 

- Sulfitagem (Sulfitos):
É adicionado ao mosto para melhorar o processo de vinificação e a conservação do vinho. Estabiliza os pigmentos e evita o aparecimento de bactérias e leveduras sem interesse enológico.

- Prensagem:
Na prensagem é feita a separação das partes sólidas da líquida. No vinho branco faz-se logo após o esmagamento, no vinho tinto faz-se apenas após a fermentação alcoólica. (ou seja, o vinho branco fermenta só com a parte liquida, o tinto fermenta com as cascas das uvas na mistura...até porque se repararem na maioria das uvas a casca é que dá a cor tinta o interior da uva é branco) 

- Defecação
É um repouso que se faz durante 24 a 48 horas para a separação de impurezas do vinho por acção da gravidade.


Fernando Sousa (www.Global-Satisfaction.com)

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Vinopedia: Produção de Vinho, parte I - Processos de Vinifcação

A Curtimenta está na moda, mas se pensa que “Cortimenta” é exclusivo de alguém ou de algum vinho em particular, desengane-se… talvez essa pessoa esteja simplesmente a usar o nome que dá origem a um dos processos de fermentação de qualquer vinho, senão vejamos: Depois de conhecermos as denominações dos vinhos (DOP; DOC; IG; IGP; Vinhos Regionais), e as suas regiões geográficas (Vinho Verde; Douro; Bairrada; Dão; Alentejo; entre outras…- total 13-) resta-nos agora saber como são produzidos.

Uvas são transformadas em vinho há milhares de anos através do processo natural denominado vinificação. A vinificação, de modo geral, requer pouca intervenção humana, entretanto, produtores em todo o mundo orientam a produção do vinho através de variadas técnicas que são aplicadas nas diferentes etapas do processo. O processo de produção do vinho pode ter mais ou menos etapas. Tudo dependerá do estilo do vinho que se deseja obter e, também, da filosofia de cada produtor.

Basicamente, existem 3 processos de vinificação: curtimenta; meia curtimenta; bica aberta.
- Curtimenta: quando as partes sólidas acompanham o mosto durante a fermentação, isto proporciona vinhos mais corados e mais encorpados;
- Meia curtimenta: quando as partes sólidas apenas acompanham parte da fermentação do mosto, ou então apenas 50 a 60% das partes sólidas são retiradas do mosto;
- Bica aberta: quando ocorre separação das partes sólidas do mosto antes de se iniciar a fermentação. Pode ou não haver depuração, ou seja, pode-se retardar a fermentação 24 a 48 horas para que as impurezas se depositem e o vinho fique livre de detritos.


Fernando Sousa (www.Global-Satisfaction.com)

domingo, 21 de maio de 2017

VINAL – 1ª Grande Prova - Vinhas de Altitude

A Vinal – 1ª Grande Prova - Vinhas de Altitude irá decorrer no próximo fim-de-semana, na Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem, em Gouveia. A Vinal inclui um conjunto de atividades que conta com a presença de 15 produtores de vinhos, mostra de produtos regionais, cozinha ao vivo e workshops sobre vinhos.

Em prova livre, apresentam-se alguns dos mais notáveis vinhos da região, de terroirs de altitude, entre os quais, Adega cooperativa de Vila Nova de Tazem, Quinta dos Garnachos, Quinta da Espinhosa, Quinta da Ponte Pedrinha, Seacampo, Casa Américo, Quinta da Madre De Água, Casa da Passarela, Tapada do Barro, Dirk Nieport – Quinta da Lomba, Quinta da Bica, Quinta da Pellada, MOB – Moreira Olazabal & Borges Lda, Casa de São Matias e a Quinta do Margarido.

Organizado pelo Município de Gouveia, o evento decorrerá no dia 27 de maio, sábado, das 15h00 às 24h00; e dia 28 de maio, domingo, das 15h00 às 20h00. 


Sérgio Lopes

sábado, 20 de maio de 2017

O "Bag-in-Box" do Biqueirão...!

Recentemente, quando andava por São Domingos de Carmões, uma aldeia lindíssima, completamente preservada e que é obrigatório conhecer, percebi que estava perto da Carvoeira e, num impulso irresistível lá rumei em direcção à adega cooperatva local. A ideia era falar com o colega responsável pelos vinhos e tentar perceber por que razão os brancos da cooperativa são tão bons, mas principalmente aprovisionar-me do branco mais carismático do portefólio, o célebre BIQUEIRÂO. 

O colega Julião Batista disse-me que o principal segredo dos brancos da região eram as castas locais, dominadas pelo Fernão Pires e o Arinto, acrescentando que: "o clima é muito importante, pois estamos numa zona intermédia entre a influência atlântica de Torres Vedras e o clima mais quente e seco de Alenquer". Depois de provarmos um excelente Arinto e um Chardonnay, perguntei pelo meu vinho favorito desta adega - o BIQUEIRÂO - feito com Fernão Pires, Arinto e Sara Nova e que, por ser o vinho de entrada de gama da adega tem só 12,5% de álcool. Tive a sorte de ser presenteado com um "bag in box", que abri logo que cheguei a casa. 

Quando o deitei no copo tive alguma ansiedade, pois havia o risco de este ano de colheita não estar à altura dos que eu tinha provado anteriormente e que tanto entusiasmo me tinham causado. Porém, logo que o levei ao nariz percebi que não me iria decepcionar. Com uma jovialidade própria do vinho do ano feito com base no Fernão Pires, criava uma grande expectativa para a prova de boca. E quando o provei percebi logo o estilo inconfundível do Biqueirão da Cooperativa da Carvoeira. Estava igual a si próprio, num equilíbrio perfeito entre a frescura da acidez, o teor alcoólico sensato e o aroma de boca da casta dominante. O facto de ter "só" 12,5% de álcool será outro dos segredos deste vinho, pois com esta graduação o Fernão Pires não se torna enjoativo e o Arinto tem uma acidez notável. 

Um vinho que justifica uma ida à Carvoeira, pois para além do seu preço irrisório ainda reconfortamos a alma com uma paisagem deliciosa!

Professor Virgilio Loureiro

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Da minha cave: Quinta do Monte D'Oiro Aurius 2007

16,5/20. Visitei a Quinta do Monte D'Oiro, situada em Alenquer, há já quase 5 anos... Como o tempo passa e como o nosso palato muda... Na visita trouxe alguns vinhos que guardei, entre eles, o Têmpera 2006, provado AQUI e este Aurius 2007, que abri recentemente. Elaborado a partir das castas Touriga Nacional, Syrah e Petit Verdot e com 18 meses de estágio em madeira. O vinho está com 10 anos e mostrou-se cheio de vida ainda, mas tem aquele lado adocicado que não me encanta, mas que compreendo, o torna mais internacional. É bem desenhado, complexo, fruta, especiaria, boca com taninos redondos mas firmes e final longo, daí a nota que decidi atribuir. Contudo, por um preço a rondar os 20€ não será a minha escolha. 

Sérgio Lopes

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Da minha cave: Quinta de San Joanne 2000

Os vinhos Quinta de San Joanne são provenientes de Amarante. João Pedro Araújo é o produtor que também produz no Dão, sob a chancela Quinta da Vegia. João é um dos incorfomados da região dos vinhos verdes e daqueles que desde o inicio defendeu (e provou) que a região é capaz de produzir grandes vinhos brancos.

Em prova (directamente da cave do produtor e não da minha, após uma visita à quinta) temos o Quinta de San Joanne 2000 que era conhecido por barricas, mas rapidamente se tornou em "Escolha", deixando de ter passagem por madeira. As castas vão sendo escolhidas consoante o ano (Avesso Alvarinho, Trajadura, Loureiro) com o objectivo de produzir vinhos de guarda.

E comprova-se a excelente evolução deste vinho branco com 16 anos, apresentando uma oxidação muitissimo boa: Notas de mel e frutos secos, mas sem perder fulgor e frescura. Boca muito apetecível, acompanhando na perfeição os filetes de polvo com salada russa do restaurante Estrada Real, que recomendo vivamente. Bem haja João Pedro!

Sérgio Lopes

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Em Prova: Bussaco Reservado Branco 1958

No passado sábado, um grupo restrito de enófilos apaixonados, teve a oportunidade de visitar a adega do Bussaco, onde a única coisa que sabíamos de antemão é que iríamos ter à prova dois vinhos. Quais? não sabíamos à partida, mas esperávamos ansiosamente que pudesse  vir a ser servido pelo menos um colosso antigo, daqueles vinhos que parece evoluírem mais devagar que o próprio tempo...

Na realidade não foram 2, mas sim 3 vinhos servidos: Dois tintos, um de 1983 e outro de 1960; E ainda um vinho branco de... 1958, na imagem à esquerda.

O vinho branco foi servido sem António mencionaro ano... Todos pensamos estar na presença de um vinho algures do final do século passado, mas nunca, nunca, meados do século passado - anos 50! Ainda por cima branco. 

Todo ele surpreendente, desde a cor com evolução, mas nada de marcante, aos aromas complexos, à boca com uma acidez descomunal, a aportar enorme frescura A mudar constantemente com o passar do tempo. Um branco memorável, divinal. 

Qual o segredo para a sua longevidade? Não sabemos. Apenas que é feito de encruzado (do Dão) e Bical e Maria Gomes (da Bairrada).

Brancos velhos do Bussaco? Velhos são os trapos. Ou infelizmente, o tempo, que não volta atrás. 

Caramba, este vinho tem a idade do meu pai?!

Sérgio Lopes

terça-feira, 16 de maio de 2017

Em Prova: Bussaco Reservado Tinto 1960

Já passaram mais de vinte e quatro horas depois da prova deste Bussaco 1960 e ainda não consegui deixar de pensar nele...

Quando foi servido não se conseguia vislumbrar o círculo branco onde costuma estar inscrita a data de colheita. No copo, a auréola anunciava algo antigo, talvez da década de 90. Foi servido após um outro vinho do ano de 1983 e todos pensávamos que estávamos nuns anos mais á frente, quando na realidade estávamos a recuar umas (boas) décadas... 1960...

No nariz descortinavam-se os aromas terrosos, os cogumelos, caruma, resina e uma frescura invulgar. Na boca estava muito fresco, sedoso, invulgarmente elegante. Um vinho fantástico. Passados alguns minutos, os aromas mais terrosos dissiparam-se a revelou-se na sua plenitude. Extremamente elegante, equilíbrio entre álcool, acidez e estrutura. Fim de boca muito longo. 

A mão tremeu e o tempo parou. Já bebi muitos vinhos desta casta mas como este nunca.

Paulo Pimenta (Wine & Stuff)

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Radar do Vinho: Bussaco, longevidade e qualidade ímpares!

No fim-de-semana do 12 de Maio, em que o Papa Francisco visitou Fátima e em que pela primeira vez, Portugal conseguiu o feito inédito de vencer o festival Eurovisão da canção, com o Salvador Sobral e o seu tema simples, mas cheio de emoção, talvez estivesse destinado de alguma forma divina, a nossa ida ao Buçaco. Uns foram a Fátima, nós fomos ao santuário do Bussaco, fazer uma prova de vinhos e visita. E meus irmãos, que prova divinal...

Para quem não sabe, os lendários vinhos do Bussaco são centenários e nasceram da necessidade de o Palácio Hotel do Bussaco,  convertido em Hotel poder servir vinhos aos seus hóspedes. Essa reclusão ainda hoje existe de certa forma, mantendo-se a venda sobretudo no Hotel. 

O projecto encontra-se nas mãos da família Alexandre Almeida, cujo braço direito é António Rocha, que controla todo o processo enológico e que amavelmente nos recebeu. 

As uvas que compõem os vinhos do Bussaco são compradas (não há vinhas próprias há excepção da Vinha da Mata) e provenientes do Dão (encruzado para os brancos, Touriga Nacional para os tintos) e da Bairrada (Bical, Maria Gomes para os brancos e Baga para os tintos). O resultado é o blend das uvas dessas duas regiões nobres de Portugal e que dão origem ao "bussaco". A vinificação é feita na Curia (não existe adega própria).

A visita levou-nos diretamente pelo interior do Palácio do Bussaco até à garrafeira onde repousam cerca de 20.000 garrafas do espólio da casa. É o sonho de qualquer enófilo entrar numa garrafeira daquelas e olhar para vinhos que duram décadas, milhares de garrafas que sobreviveram intactas aos seus criadores. Estão todas identificadas pelo ano mas sem rótulo- este só é posto à medida que vão saindo. Cada prateleira guarda exemplares de uma colheita. 

No total, são cerca de 200 mil garrafas, distribuidas por dois edifícios que a família Alexandre Almeida possui à entrada do Buçaco. Ao todo, são produzidas cerca de dez mil garrafas de cada por ano. 
António tinha preparado para nós uma prova de 3 vinhos: Um branco de 1958 e dois tintos, um de 1983 e outro de 1960. Todos com um equilíbrio, uma jovialidade e uma frescura, capazes de emocionar qualquer enófilo. Incrivel! Não tenho dúvidas em afirmar que estes vinhos se batem no mundo inteiro com os colossos. As sensações experimentadas e as notas de prova dos vinhos merecem um comentário à parte, pois são inesquecíveis. 

Mas afinal qual o segredo para a longevidade destes vinhos? Será a junção do melhor que o Dão e a Bairrada têm para oferecer? Será o toque do estágio em Tonel, como os grandes vinhos da Bairrada e não só (veja-se recentemente o Mouchão Tonel 3-4, do Alentejo com 97 pontos na Wine Spectator)? 

António não quis desvendar o "segredo", mas sim reforçar a história que se respira na garrafeira do Bussaco e a oportunidade ÚNICA de beber (sim, beber e não provar) vinhos ímpares no panorama mundial.

De facto, o vinho Bussaco não está no trabalho da Adega ou nas vinhas (pois as uvas são compradas), à excepção do Vinha Da Mata, único vinho produzido de vinhas próprias e apenas em anos excepcionais. Está na magia da garrafeira onde se respira história e onde cada garrafa é um prazer sublime, ao alcance de muito poucos e que é mandatório conhecer. E eu que nunca tinha provado um Bussaco antes... INESQUECÍVEL!

Sérgio Lopes

sábado, 13 de maio de 2017

A mágica colheita de 1990 no Dão

Estive estes dias em Terras de Penalva para preparar o lançamento das próximas novidades da prestigiada cooperativa local. Ao almoço, com o nosso Presidente e o enólogo António Pina, vivi mais uma experiência gratificante com um tinto do Dão, da colheita de 1990. Esta colheita é mágica para mim, pois, além de magnífica, foi a primeira em que me iniciei a fazer vinho a solo na minha região natal. Foi na Quinta das Maias e também na Quinta dos Roques, que viriam, ao longo de mais de uma década, a constituir-se como verdadeiros "baluartes" da região. Também foi nesse ano que começou a germinar a ideia de criar uma associação de vitivinicultores da região do Dão - que viria a ser conhecida por VINIDÃO - e que muito contribuiu para a revolução que se operou na região com o movimento dos vinhos de quinta do Dão. Por estas razões e muitas outras que poderiam ser invocadas, não resisti à tentação de propor ao meu Presidente que abríssemos uma garrafa da cooperativa que estava num expositor do restaurante onde fomos. Ele hesitou e perguntou se valeria a pena, pois era capaz de já não estar em condições. Ao olhar para a cor do vinho eu disse logo que o risco seria mínimo e, provavelmente, iria proporcionar exclamações de alegria e admiração. Abriu-se, pois, a dita garrafa, cujo rótulo assustaria qualquer mortal, mas cujo conteúdo o poria logo em sentido.


O nosso anfitrião percebeu que era um momento solene e caprichou no serviço, trazendo copos "especiais" com o logotipo da cooperativa e uma jarra para proceder à decantação. A primeira surpresa foi constatar a ausência de sedimento e a segunda perceber que a cor do vinho era ainda mais saudável do que o inicialmente previsto. Logo que se deitou nos copos foi com sofreguidão que todos os levámos ao nariz, para ver como estaria. O meu Presidente olhou de soslaio para mim com algumas dúvidas estampadas na cara, mas eu sosseguei-o logo: "Não se preocupe Senhor Clemente, cheira mal mas não é defeito, é feitio"! Era o chamado "pivete da garrafa", que faz lembrar o cheiro de canos velhos, fruto da quase total anaeorobiose em que o vinho se encontrva há mais de 15 anos. Passados poucos minutos o "pivete" desapareceu e surgiu a complexidade de um grande tinto do Dão em idade adulta. Todos nos entusiasmámos e não resistimos mais a levá-lo à boca. Estava como eu imaginava: elegantíssimo, na frescura da sua acidez e dos 12,5% de álcool ("bons velhos tempos"). A complexidade aromática era surpreendente e o final de boca triunfal. Até o "bacalhau podre" se eomocionou, proporcionando um repasto que perdurará na memória por muito tempo. Nem só as quintas do Dão produzem grandes vinhos. As cooperativas também, como o comprovou, mais uma vez, este brilhante vinho.

Há dias de sorte!

Professor Virgilio Loureiro

sexta-feira, 12 de maio de 2017

6º edição do ´Festival de Vinhos do Douro Superior´

O ‘Festival do Vinho do Douro Superior’ (FVDS) arranca na próxima semana com a sua sexta edição. A decorrer em Vila Nova de Foz Côa de 19 a 21 de Maio, tem no vinho e nos sabores os produtos de eleição. Mas como não há festa sem música, o cantor Tony Carreira sobe ao palco do EXPOCÔA. O concerto acontece na noite de Sábado, a partir das 22h00, e é gratuito.

Um evento que tem vindo a crescer e que este ano culmina com a presença de 68 produtores de vinhos, 9 de sabores e 4 “tasquinhas”, na zona exterior da mostra. Além da mostra de vinhos, o Festival contará com as habituais provas comentadas por especialistas: três no que toca aos vinhos (brancos, tintos e do Porto); e uma de azeites, bem como o habitual ‘Concurso de Vinhos do Douro Superior’. Aqui fica o programa oficial do evento:

19 MAIO 2017 . SEXTA-FEIRA

17h00 Abertura do FVDS

18h00 Inauguração Oficial do Festival do Vinho do Douro Superior 2017

19h00 Prova Comentada: Grandes Brancos do Douro Superior

Fernando Melo, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas

00h00 Encerramento da Feira

20 MAIO 2017 . SÁBADO

09h00 Colóquio: “Um Rio de Patrimónios, da Foz à Nascente”

14h00 Abertura da Feira

16h00 Prova Comentada: Grandes Tintos do Douro Superior

João Paulo Martins, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas

19h00 Prova Comentada: Azeites

Francisco Pavão, expert em azeites

22h00 Encerramento da Feira

22h15 Concerto ao Vivo: Tony Carreira

21 MAIO 2017 . DOMINGO

14h00 Abertura da Feira

16h00 Prova Comentada: Vinho do Porto

Fernando Melo, jornalista e crítico da VINHO - Grandes Escolhas

17h30 Anúncio dos Resultados do 6.o Concurso de Vinhos do Douro Superior

20h00 Encerramento da Feira e do FVDS


Sérgio Lopes (in press release)

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Mouchão Tonel 3-4 2011 com 97 pontos na The Wine Advocate

O vinho Mouchão Tonel Nº 3-4 2011, topo de gama da Herdade do Mouchão, foi distinguido pela influente revista norte americana The Wine Advocate, fundada por Robert Parker, com 97 pontos. Esta é a segunda vez que Mark Squires, crítico oficial da publicação, atribui esta pontuação a um vinho português não fortificado, a primeira entre os vinhos Alentejanos!

O Mouchão Tonel Nº 3-4 é produzido exclusivamente à base de Alicante Bouschet, de vinhas que têm em média 30 anos, plantadas pela família Reynolds, pioneira da casta Alicante Bouschet em Portugal. É apenas o sétimo da linhagem, desde que começou a ser produzido em 1996, saindo para o mercado apenas em anos considerados excepcionais.

Após a fermentação em lagares e comprovada a sua excecional qualidade, o vinho é trasfegado para os tonéis nº 3 e nº 4, onde estagia cerca de 30 meses. Depois de contínua reavaliação e finalmente confirmada a sua qualidade, o vinho é engarrafado e repousa durante um mínimo de 24 meses em ambiente climatizado. Recomenda-se a sua guarda e consumo entre 2019 e 2051. PVP: 130€.

Sérgio Lopes (in press release).

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Em Prova: Quinta do Canto Garrafeira 1995


.. E que bela cantoria se fez em 1995 nas terras bairradinas da Quinta do Canto em Cantanhede! Vinificado em lagares tradicionais com as castas Baga, Castelão, Jaen e Touriga e parte do engaço, este vinho com quase 22 anos mostra-nos uma personalidade vincada, no entanto progressivamente sedutora e cativante tal a das gentes da sua terra!

É vinho que se namora. Que vai mostrando mais um encanto cada vez que se cheira e prova... mas cuidado que é perigoso!! Com a sua subtileza, elegância, charme, leveza (apenas 12.5° álc.) e voluptuosidade, eleva-nos de tal forma que chega ao ponto de nos ludibriar incitando a bebericá-lo até que não sobre gota na garrafa... 

A sorte é que não é preciso mandar uma martelada no porquinho mealheiro de barro para comprar umas garrafitas que ainda se encontram por exemplo na GarrafeiraTioPepe ou Niepoort.Projectos.

PVP: 13€

Jorge Neves (Wine Lover)

sábado, 6 de maio de 2017

Em Prova: Casa de Saima Garrafeira Tinto 2008

Na Bairrada, um Garrafeira é sinónimo de superlativa qualidade, porque criado a partir de uvas de excelência em anos de excelência. E, é de uvas que vamos falar, porque, para Graça Miranda, são elas a luz da sua casa e da missão que tomou em mãos há uns largos anos atrás. Esta é uma daquelas casas onde os vinhos ainda se fazem através de processos ancestrais e emocionais. Daí a primordial importância da matéria prima que, na Adega, tem um manuseamento minimalista de forma a criar vinhos onde toda a potencialidade da uva que o faz brotar é preservada.

Falar deste Garrafeira é também falar da acidez da Baga, essa característica tão regional, tão terra a terra, que lhe proporciona uma longevidade inigualável. Na linha do tempo, este Garrafeira 2008 é um jovem, com capacidade para ser guardado durante longos anos sem nada perder e muito ganhar.
Daí apresentar-se ao fim de 9 anos com uma belíssima cor, revelando em contacto com a luz todos os aromas das frutas negras e ainda uma ligeiras notas vegetais. Na boca já se mostra elegante, perdendo a rebeldia amarga dos primeiros anos e adquirindo uma pose mais civilizada, polida e fina. Está num momento perfeito para ser bebido mas, à cautela, guardem uns exemplares na cave, porque este senhor vinho ganhará muita patine com a evolução. PREÇO: 32,90 €, na Garrafeira 5 Estrelas.

Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Winopedia: Icewine, um vinho especial

O QUE É O "IceWine" ? Traduzindo, “Vinho do Gelo” cuja temperatura de consumo desejável é de 5ºC. O IceWine é um vinho produzido a partir de uvas normalmente congeladas ainda na videira. A produção do Vinho do Gelo é um pouco arriscada, pois as uvas não devem de ser afectadas pela “Botrytis Cinerea”, precisando de estar totalmente saudáveis, devendo a neve e o gelo cair em toda a vinha antes que isso ocorra, necessitando de muita habilidade, pois as uvas têm que ser colhidas o mais rapidamente possível. 

Quando as uvas estão maduras, as parcelas de vinha seleccionadas para a produção de IceWine são parcialmente desfolhadas e envoltas em plástico (respirável) ou redes para proteger as uvas das aves esfomeadas. Estes métodos foram introduzidos nos anos 60 e, sem eles, seria praticamente impossível reter as uvas na videira. A vindima ocorre entre os meses de Dezembro e Janeiro (mas não pode ser feita antes de 15 de Novembro), de forma manual, com as uvas congeladas, as quais deverão ser prensadas num processo contínuo sempre a temperaturas de -8°C ou inferiores. Por isso, a vindima é feita muitas vezes durante a noite ou de madrugada para garantir a temperatura necessária, que anda normalmente entre os -10° e os -13°C para se conseguir o açúcar e sabor ideais.

Os açúcares e outros sólidos dissolvidos não congelam, mas a água sim, permitindo um mosto mais concentrado já que é prensado a partir das uvas ainda congeladas. Os cristais de água ficam na prensa resultando numa menor quantidade de vinho mas mais concentrado, muito doce e com elevada acidez. No IceWine o congelamento acontece assim, antes da fermentação e não depois, dando ao vinho de gelo a sua doçura característica, refrescante e equilibrada pela acidez elevada.
Os IceWines são vinhos encorpados, digamos que, podem ser “mastigados”, e têm sabores que lembram mel, pêssegos maduros, damascos, abacaxis e frutas cítricas. Para uma boa harmonização com esses vinhos delicados, incluem frutas em calda, tortas de frutas, cremes, biscoitos amanteigados e docinhos. 

São produzidas três variedades de IceWines: os espumantes; os brancos e os tintos. A produção desse vinho é, obviamente, limitada a uma minoria do mundo, onde as temperaturas frias necessárias para a produção sejam constantes. O Canadá e Alemanha são os maiores produtores mundiais de IceWine e 75% dos vinhos produzidos no Canadá vem de Ontário e as uvas, mosto e vinho não podem ser refrigerados artificialmente em nenhuma fase do processo, excepto no tanque de refrigeração durante a fermentação e/ou a estabilização a frio antes do engarrafamento. 

Noutros países, onde não existem regras ou elas são claramente menos exigentes, alguns vinicultores usam a crio-extracção (ou seja, o congelamento mecânico) para simular o efeito de congelamento da uva e, normalmente, não deixam as uvas na videira por tanto tempo como para os IceWines naturais. Estes “vinhos de gelo” não tradicionais são muitas vezes referidos como os vinhos de “geleira”. 

O IceWine, é considerado uma obra-prima da vitivinicultura. Um néctar cujo rendimento é tão baixo que uma videira chega a produzir apenas meia garrafa. Por isso, o seu sabor é tão recheado de aromas e, muitas vezes, é bebido como sobremesa dele próprio. Também por isso, é o vinho mais caro do mundo.

A par do nosso vinho do Porto, este é daqueles vinhos que só devem ser servidos a pessoas muito especiais.

Fernando Sousa (http://www.global-satisfaction.com/)

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Em Prova: Casa de Canhotos Alvarinho 2016


16/ 20. De visita à Feira do Alvarinho de Melgaço que decorreu no fim-de-semana passado, é "tradição" sempre que se passa por lá devorar a magnífica feijoada (entre outros magníficos pratos) do restaurante Jardim. É de lá que também é proveniente o Alvarinho Casa de Canhotos e cuja colheita mais recente, 2016, tivemos oportunidade de provar.

Mantém pois o perfil consistente de ano para ano, o de um Alvarinho citrino e mineral, fiel à casta, leve e de fácil prova, daqueles que dá gosto beber. Como diria o meu amigo Cupido, "um vinho honesto e correto, com complexidade acima da média". Um vinho alvarinho de grande equilíbrio capaz de agradar transversalmente. PVP: 9€. Disponibillidade: Garrafeiras Seleccionadas.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Da Minha Cave: 5.a de Mahler branco 2000

Produzido com Fernão Pires em 2000 por Areias Gordas na região Tejo (Salvaterra de Magos), foi um dos protagonistas de um belo momento de comunhão entre amizade, mesa e natureza. Cor amarelo dourado, deixa no nariz notas florais, de fruta cozida e doce de laranja. Na boca cativou pela complexidade, harmonia e equilíbrio. Com apenas 12.5° de álcool mostrou-se surpreendentemente gordo... teimoso em ir embora, deixa amplas e agradáveis notas a "english marmalade" (doce de laranja amarga) 

Esteve à altura e combateu com afinco a diversidade de petiscos que lhe fizeram frente, nomeadamente o pastel de Chaves, derrotando a sua gordura e superou mesmo a intensidade e complexidade de um queijo de ovelha com uns bons meses de cura!

Jorge Neves (Wine Lover)

terça-feira, 2 de maio de 2017

Opinião: Brancofobia?

Na semana passada fui ao Dão e fui confrontado com a necessidade de se retomarem garrafas de vinho branco de 2015, que alguns clientes de restaurantes de Viseu acham que está velho! Disseram-me que é uma reacção frequente, logo que sabem que a nova colheita está para sair. Claro está que os reclamantes imputam a situação aos seus clientes, que só gostam de brancos jovens, clarinhos e muito frutados! Quando provei o vinho em causa achei que estava excelente e a entrar na idade adulta, fruto da complexidade que começava a ganhar com o estágio de garrafa. Reconheci o inconfundível estilo dos brancos do Dão, cujo lema é: "Quanto mais velhos melhores!" Achei que não se justificava a retoma das garrafas, mas logo me disseram que "O cliente tem sempre razão", acresecentando que a solução mais pragmática seria colocar o vinho em saldo, para não se correr o risco de ficar com alguns "monos" por vender: Lembrei-me, então, que várias cartas de vinhos de restaurantes da Capital do Dão têm a originalidade de começar pelos tintos (com uma lista imensa de marcas e preços), remetendo os brancos para o fim da lista (meia-dúzia de referências) para os clientes "esquisitos"! 

Perante os factos interrogo-me de quem será a culpa de tal situação e tenho de reconhecer que é, em primeiro lugar, dos produtores, que não conseguem explicar convenientemente o estilo dos seus vinhos aos consumidores...e aos donos dos restaurantes. Haverá, por certo, mais responsáveis, mas quem tem de escoar o vinho são os produtores...

Para esquecer o desgosto do mau trato que alguns dos melhores brancos do País sofrem na sua terra natal fui buscar uma garrafa de um branco do Dão de 2011 (para alguns estará certamente "morto") para me deliciar. Não era nenhum "Encruzado" fermentado em barricas novas de carvalho francês ou um "Reserva" especial feito com todos os cuidados. E, mesmo assim, estava fantástico. A cor já caminha no sentido do amarelo palha, o aroma é intenso, impossível de descrever e enigmático, preparando as papilas para a festa que vão ter logo que se leva à boca. À medida que se oxigenava no copo ficava melhor e eu interrogava-me: como é que há pessoas que não gostam disto? Será que quando se explica cuidadosamente um vinho destes a quem não o entende é tempo perdido? Já passei várias vezes por tal situação e algumas pessoas a quem expliquei este estilo de vinhos já me agradeceram a descoberta que lhes proporcionei e os horizontes que lhe abri. Os brancos do Dão, principalmente os que envelhecem bem (e são muitos) têm de passar a ser motivo de orgulho para toda a gente da região, nem que para tal tenham de ser provados lado a lado com os grandes brancos da Borgonha!

NOTA FINAL:
Nunca me esqueço do orgulho que tive quando jantei com um amigo americano num restaurante do centro histórico de Viseu, há anos atrás. Ele ficou verdadeiramente extasiado com a carta de vinhos do restaurante, pois tinha o preço de venda ao público e, também, o preço a que o dono do restaurante os tinha comprado. Ao fim de minutos a fotografia da carta estava no facebook dele e os enófilos da Califórnia encheram-no de comentários altamente elogiosos.

Professor Virgilio Loureiro