No fim-de-semana do 12 de Maio, em que o Papa Francisco visitou Fátima e em que pela primeira vez, Portugal conseguiu o feito inédito de vencer o festival Eurovisão da canção, com o Salvador Sobral e o seu tema simples, mas cheio de emoção, talvez estivesse destinado de alguma forma divina, a nossa ida ao Buçaco. Uns foram a Fátima, nós fomos ao santuário do Bussaco, fazer uma prova de vinhos e visita. E meus irmãos, que prova divinal...
Para quem não sabe, os lendários vinhos do Bussaco são centenários e nasceram da necessidade de o Palácio Hotel do Bussaco, convertido em Hotel poder servir vinhos aos seus hóspedes. Essa reclusão ainda hoje existe de certa forma, mantendo-se a venda sobretudo no Hotel.
O projecto encontra-se nas mãos da família Alexandre Almeida, cujo braço direito é António Rocha, que controla todo o processo enológico e que amavelmente nos recebeu.
As uvas que compõem os vinhos do Bussaco são compradas (não há vinhas próprias há excepção da Vinha da Mata) e provenientes do Dão (encruzado para os brancos, Touriga Nacional para os tintos) e da Bairrada (Bical, Maria Gomes para os brancos e Baga para os tintos). O resultado é o blend das uvas dessas duas regiões nobres de Portugal e que dão origem ao "bussaco". A vinificação é feita na Curia (não existe adega própria).
A visita levou-nos diretamente pelo interior do Palácio do Bussaco até à garrafeira onde repousam cerca de 20.000 garrafas do espólio da casa. É o sonho de qualquer enófilo entrar numa garrafeira daquelas e olhar para vinhos que duram décadas, milhares de garrafas que sobreviveram intactas aos seus criadores. Estão todas identificadas pelo ano mas sem rótulo- este só é posto à medida que vão saindo. Cada prateleira guarda exemplares de uma colheita.
No total, são cerca de 200 mil garrafas, distribuidas por dois edifícios que a família Alexandre Almeida possui à entrada do Buçaco. Ao todo, são produzidas cerca de dez mil garrafas de cada por ano.
António tinha preparado para nós uma prova de 3 vinhos: Um branco de 1958 e dois tintos, um de 1983 e outro de 1960. Todos com um equilíbrio, uma jovialidade e uma frescura, capazes de emocionar qualquer enófilo. Incrivel! Não tenho dúvidas em afirmar que estes vinhos se batem no mundo inteiro com os colossos. As sensações experimentadas e as notas de prova dos vinhos merecem um comentário à parte, pois são inesquecíveis.
Mas afinal qual o segredo para a longevidade destes vinhos? Será a junção do melhor que o Dão e a Bairrada têm para oferecer? Será o toque do estágio em Tonel, como os grandes vinhos da Bairrada e não só (veja-se recentemente o Mouchão Tonel 3-4, do Alentejo com 97 pontos na Wine Spectator)?
António não quis desvendar o "segredo", mas sim reforçar a história que se respira na garrafeira do Bussaco e a oportunidade ÚNICA de beber (sim, beber e não provar) vinhos ímpares no panorama mundial.
De facto, o vinho Bussaco não está no trabalho da Adega ou nas vinhas (pois as uvas são compradas), à excepção do Vinha Da Mata, único vinho produzido de vinhas próprias e apenas em anos excepcionais. Está na magia da garrafeira onde se respira história e onde cada garrafa é um prazer sublime, ao alcance de muito poucos e que é mandatório conhecer. E eu que nunca tinha provado um Bussaco antes... INESQUECÍVEL!
De facto, o vinho Bussaco não está no trabalho da Adega ou nas vinhas (pois as uvas são compradas), à excepção do Vinha Da Mata, único vinho produzido de vinhas próprias e apenas em anos excepcionais. Está na magia da garrafeira onde se respira história e onde cada garrafa é um prazer sublime, ao alcance de muito poucos e que é mandatório conhecer. E eu que nunca tinha provado um Bussaco antes... INESQUECÍVEL!
Sérgio Lopes
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