segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quinta Fonte do Gonçalvinho

Localizada em Paranhos da Beira, concelho de Seia, fica a Quinta Fonte do Gonçalvinho, paragem obrigatória no que toca a novos produtores do Dão. A enologia está a cargo de António Narciso.

A quinta está a cargo do simpático casal francês, Christelle e Casimir, que se encantaram pelo local e acreditam que podem fezer vinhos 100% Dão... mas, com sotaque.

A par dos Gonçalvinho fazem parte dos vinhos com sotaque a Quinta Mendes Pereira, de decsendência brasileira (de Raquel Mendes Pereira) e a Quinta das Marias do suiço Peter Eckert.

Na visita à Quinta Fonte do Gonçalvinho, fomos recebidos pelos próprios Christelle e Casimir. O nome da Quinta provém de uma estátua de S.João, patente numa fonte da propriedade e que aliás se encontra patente na imagem de alguns dos vinhos. Numa manhã um pouco ventosa, começamos a visita olhando para a imensa paisagem em redor dos 12 hectares de vinha, plantada com as castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen, Alfrocheiro e Encruzado. O simpático casal francês foi explicando a paixão que nutre pelo local e o que motivou a mudança radical de vida, para toda a família, mas os resultados falam por si, com os vinhos a serem finalmente reconhecidos, tendo inclusivé o Touriga Nacional sido medalahado recentemente. Aqui ficam algumas fotos da visita:







No final da visita, fomos então para a prova:

- Quinta Fonte do Gonçalvinho Rosé 2010
Bebido na noite anterior num jantar com António Narciso. Feito de Touriga Nacional e Aragonês. Este Rosé só sairá para o mercado em anso que os produtores considerem ter as condições ideais para esse efeito, como foi o caso de 2010. Um Rosé seco, gastronómico, morango framboesa, muito bem conseguido a um preço estupendo.

- Quinta Fonte do Gonçalvinho Colheita Tinto 2008
Feito com as castas típicas do Dão - Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen, é o vinho para dar a conhecer o projecto. Um vinho acessível, mas com uma relativa dose de complexidade, com a leveza característica do Dão e apenas 12,5º de alcool.

- Inconnu Tinto 2010
A grande estrela da companhia. António Narciso não revela quais as castas que lhe dão origem. Este ainda engarrafado com o rótulo antigo "100% vinho com sotaque".

O final estava reservado para 3 grandes vinhos ainda "irrequietos":

- Touriga Nacional, Tinta Roriz e Inconnu 2011. Cada um deles à sua maneira com uma grande complexidade, mas ainda a precisar de tempo de garrafa. O próprio Inconnu, ainda estava em barrica, mas surpreendeu-nos de tal maneira que pedi ao casimir para reservar uma barrica para nós...Eh eh. Foi notória a diferença para o 2010, sendo que o 2011 está muito mais afinado.


Resta-nos agradecer e felicitar o jovem casal pelo projecto que começa a despontar com uma enorme qualidade e identidade próprias.

Nota final: Acabam de lançar o primeiro branco 100% encruzado. Quero provar...!

Casimir e Christelle Da Silva
Quinta de Gonçalvinho

GPS:
40º29'02 36'' N
7º46'07 64'' O
f.goncalvinho@gmail.com
tlm 0033 964 000 598


Sérgio Lopes

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Quinta do Perdigão Colheita Tinto 2008

Ano: 2008

Produtor: José Joaquim da Silva Perdigão

Tipo: Tinto

Região: Dão

Castas: Tour. Nac., T. Roriz, Alfrocheiro, Jaen

Preço Aprox.: 6€ - 8€

Veredicto: A Quinta do Perdigão afirma ser a quinta mais premiada do Dão. Os seus vinhos, provenientes dos seus 7 hectares localizados em Silgueiros, são produzidos das castas autóctones do Dão, produzindo Rosé, Branco e Tintos. A imagem de todos os vinhos é bastante cuidada e o contra-rótulo, algo...poético. O arquitecto Perdigão aposta forte na imagem apelativa e no vinho como "arte".

O tinto colheita é composto pelo blend das castas tradicionais do Dão, sofrendo estágio de 12 meses em carvalho francês novo.

De cor ruby, é um tinto bastante especiado no nariz, com nuances de fruta silvestre. Na boca é bastante elegante, fresco e com boa estrutura, terminando de persistência média e levemente apimentado.

Um Dão, onde a madeira (de qualidade) se sobrepõe um pouco no conjunto. Talvez ganhasse mais ao mostrar mais o terroir onde está inserido.

Classificação Pessoal: 15,5

Sérgio Lopes

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Gravato Tinto 2004

Ano: 2004

Produtor: Quinta dos Barreiros

Tipo: Tinto

Região: Beira Interior

Castas: Touriga Nacional

Preço Aprox.: 9€

Veredicto: Gravato Tinto 2004 é um vinho produzido 100% de Touriga Nacional e que mostra toda a garra, vigor e porque não dizê-lo rusticidade, da região da Coriscada, concelho de Mêda.

De cor ruby granada, apresenta-se no nariz enxofrado, especiado, fumado, austero até, mineral, fresco, cheio de fruta silvestre (amoras, framboesas) - extremamente complexo. Na boca entra fresco e poderoso, apimentado, mas redondo. Sente-se claramente o mineral da quinta (quartzo). Termina de forma muito longa e persistente.

Um Touriga Nacional rústico, quase um garrafeira, dada a estrutura e complexidade apresentadas. Gastronómico e extremamante saboroso. Grandioso.

Classificação Pessoal: 17

Sérgio Lopes

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Gravato Palhete 2004

Ano: 2004

Produtor: Quinta dos Barreiros

Tipo: Palhete
Região: Beira Interior

Castas: Vinhas Velhas
Preço Aprox.: 5€

Veredicto: Palhete (Definição): é um vinho obtido da curtimenta parcial de uvas tintas ou da curtimenta conjunta de uvas tintas e brancas, não podendo as uvas brancas ultrapassar 15 % do total. É o vinho da família, o vinho tradicional da Mêda que Luís Reboredo reproduz, refinando o conceito e apresentando algo totalmente diferente no mercado.

Não é tinto, não é branco, não é Rosé, é palhete, à moda de Luís Reboredo, feito neste caso de 55% de uvas brancas e 45% de uvas tintas. Luís Reboredo não utiliza barricas de carvalho. A mescla de vinhas velhas com mais de 60 anos composta essencialmente por Rufete, Bastardo, Rabigato e Códega de Larinho, entre outras, compõe a "receita" deste palhete, que passa apenas por inox.

De cor ruby clara, quase atijolada, o aroma é a fruta vermelha fresca, com predominância para a cereja e a romã. É um vinho mineral, fresco e seco, no primeiro impacto. Na boca entra muito sumarento e fresco, com uma bela acidez que nunca o deixa ser chato. De estrutura média, termina seco (vegetal) e persistente, o que o torna "perigoso" na medida em que pode ser viciante.

Começamos a prova à temperatura de 11º e foi giro verificar as alterações ocorridas.quer no aroma, quer nas sensações experimentadas, que vão desde uma acidez e frescura mais ligadas ao Branco e quando a temperatura subiu um pooco, sentiu-se mais a fruta e a estrutura de um tinto. Claramente um vinho para todas as ocasiões, diferente e viciante. Quase um vinho do Porto seco, mas sem a doçura. Para provar sem preconceitos!

Nota: Amostra gentilmente cedida pelo produtor.

Classificação Pessoal: 16

Sérgio Lopes

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Casa Aranda Malvasia Fina - Encruzado Branco 2010

Ano: 2010

Produtor: Sociedade Agrícola Casa Aranda, lda.

Tipo: Branco

Região: Dão

Castas: Malvasia Fina e Encruzado

Preço Aprox.: 6€

Veredicto: Vinho produzido po António Narciso, blend de Malvasia Fina e Encruzado, que tão bons resultados obtém na região do Dão.  A fermentação alcoólica é efectuada em barrica onde permanece mais uns 5 a 6 meses, em regime de "battonage", sendo posterirmente transferido para cubas de inox, antes do engarrafemento.

De cor palha, no nariz apresenta um aroma leve floral, alguma fruta cristalizada, frescura e mineralidade. Muito elegante, na boca é untuoso e com uma bela acidez. Apresenta uma boa estrutura, num final de comprimento médio, seco e firme.

Claramente gastronómico, com os seus 14º de álcool, cheio de carácter, pode ser bebido de imediato, ou aguardar a sua evolução em garrafa. O de 2010 está num momento excelente.

Classificação Pessoal: 16

Sérgio Lopes

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Quinta das Maias Malvasia Fina 2011

Ano: 2011

Produtor: Quinta das Maias

Tipo: Branco

Região: Dão

Castas: Malvasia Fina

Preço Aprox.: 8€

Veredicto: Um dos exemplares que nos deu curiosidade em provar, na visita à Quinta dos Roques,  foi este branco, 100% Malvasia Fina, proveniente da Quinta das Maias. 10% do mosto fermentou em barricas novas o que lhe proporciona um pouquinho mais de complexidade, apesar do tom delicado do conjunto.

De cor amarelo palha, no nariz, apresenta aromas florais, conjugados com notas de fruta madura (alperce, citrinos) e algum vegetal. Tudo muito coeso, amparado pela madeira imperceptível. Na boca, não é um vinho estrturado; antes delicado e suave, fresco, focado na mineralidade e com notas em harmonia com o que foi experimentado no nariz. Termina de média persistência e bastante agradável.

Um exemplar muito interessante de Malvasia Fina. Pode e deve ser bebido enquanto jovem, aproveitando toda a sua frescura, mas também se podem esperar um par de anos, para experimentar a sua evolução. Acompanha bem pratos de peixe, mariscos e cozinha oriental.

Classificação Pessoal: 16

Sérgio Lopes

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Conde de Vimioso Rosé 2011

Ano: 2011

Produtor: Falua (José Maria da Fonseca).

Tipo: Rosé

Região: Tejo

Castas: Touriga Nacional e Syrah

Preço Aprox.: 2,99€


Veredicto: Em tempo de Verão, nada como falar de mais uma proposta muito interessante, a preço cordato, para mais, hoje estão 35º aqui no Porto... ! Ia bem este Rosé, não?

De cor rosada, o aroma é tipicamente Rosé, morango, framboesa, numa combinação de frescura e a fruta vermelha, belo blend entre Syrah e Touriga Nacional. Na boca é ligeiramente vegetal, seco qb, de corpo médio e final agradável e descomplicado.

Equilibrado, simples e versátil, um belo rosé, típico de Verão, consensual, capaz de "aguentar" comidas leves ou ser apreciado num final de tarde soalheiro...

Nota: Amostra gentilmente cedida pelo produtor.

Classificação Pessoal: 15

Sérgio Lopes

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Quinta das Marias Rosé 2010


Ano: 2010

Produtor: Quinta das Marias

Tipo: Rosé

Região: Dão

Castas: Jaen

Preço Aprox.: 7€

Veredicto: Na ida à Quinta das Marias, onde tivemos o privilégio de efectuar uma bela visita, seguida de prova com o simpático Peter Eckert, não chegamos a provar este Rosé, do qual apenas se fazem cerca de 2500 garrafas. É feito 100% de Jaen. Provamo-lo esta semana.

De cor rosada, o aroma é floral e a fruta vermelha, embora com notas vegetais bem salientes. Na boca, confirma-se o carácter vegetal, apresentando-se bem seco, corpo bastante interessante, boa acidez e final de média persistência.

Com 14º de álcool, um rosé que não deve ser servido muito frio. Gastronómico, um vinho seco e mineral, capaz de ombrear com uma comida mais forte, ou simplesmente a solo. 

Classificação Pessoal: 15

Sérgio Lopes

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pousada Tinto 2007

Ano: 2007

Produtor: Manuel Poças Junior

Tipo: Tinto

Região: Douro

Castas:  Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca.

Preço Aprox.: 4€

Veredicto: Este vinho foi provado em Lisboa, em casa dos nossos tios acompanhando, ao almoço, um arroz de pato. Apesar de não ser difícil de adquirir, nunca o tinha bebido. É um vinho comercializado e produzido pela Poças, a empresa ainda produtora familiar e 100 % portuguesa de vinhos Douro DOC e Portos.

De cor ruby, apresenta um aroma a fruta vermelha compotada, leve especiaria, bem como alguma esteva.  Na boca, mostra-se um vinho redondo, de corpo médio, com boa acidez que lhe confere frescura, terminando de média persistência.

Distribuído pela Vinalda.

Classificação Pessoal: 14,5

Sérgio Lopes

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quinta de Sant'Ana Alvarinho 2010

Ano: 2010

Produtor: Quinta de Sant'Ana do Gradil

Tipo: Branco

Região: Lisboa

Castas: Alvarinho
Preço Aprox.: 11€

Veredicto: Mais um dos vinhos provados na visita à Quinta de Sant'Ana, de James Frost, em Mafra. Desta feita, em casa acompanhou um leve churrasco.

A casta Alvarinho, cujo berço de eleição é a sub-região de Monção e Melgaço tem sido experimentada noutras regiões, algumas delas com grande sucesso. Eis um grande exemplo.

Trata-se de um vinho de cor palha, brilhante. No nariz, muita mineralidade. Notas citrinas, em harmonia de conjunto. Na boca, boa estrutura, excelente acidez que lhe confere a frescura certa. Cheio de nervo e garra, termina longo e persistente, ligeiramente amargo o que lhe dá uma crácter gastronómico.

Um vinho que mostra a casta Alvarinho na sua vertente cítrica, mas que não deixa de expressar o terroir da Quinta de Sant'Ana, com uma mineralidade e garra, vibrantes. Muito bom.

Classificação Pessoal: 16,5

Sérgio Lopes

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Quinta do Ameal Escolha 2009

Ano: 2009

Produtor: Quinta do Ameal

Tipo: Branco

Região: Vinhos Verdes (Sub-Região do Lima)

Castas: Loureiro

Preço Aprox.: 13,90€

Veredicto:  O Quinta do Ameal Escolha é um vinho extreme da casta Loureiro, com a particularidade de sofrer um estágio em madeira usada, por 6 meses, que lhe proporciona uma complexidade ímpar. A sua longevidade é tal que provamos o Escolha 2000 na Essência do vinho deste ano e estava fenomenal!

De cor palha, apresenta grande mineralidade. Elegante, floral (flores do campo) levemente citrino, untuoso, madeira super bem integrada, num conjunto em grande harmonia com enorme finesse. Na boca, apresenta uma acidez limonada que o torna super fresco.. A estrutura de boca é muito boa, confirmando a untuosidade. Apresenta uma leve doçura compensada pela excelente acidez. Termina muito longo e muito persistente.

Um branco da região dos vinhos verdes, sem gás, com uma complexidade ímpar e potencial de guarda, que o fará certamente adquirir aromas terciários. Simplesmente delicioso!

Classificação Pessoal: 17

Sérgio Lopes

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Quinta do Ameal Loureiro 2010

Ano: 2010

Produtor: Quinta do Ameal

Tipo: Branco

Região: Vinhos Verdes (Sub-Região do Lima)

Castas: Loureiro

Preço Aprox.: 7,99€

Veredicto:  Situada em Ponte de Lima, a Quinta do Ameal é centrada exclusivamente na casta Loureiro, produzindo vinhos "verdes" extreme sensacionais, quer seja o colheita, que iremos falar de seguida, quer seja o "escolha" que passa por um estágio em madeira usada.

De cor palha, o aroma é floral e citrino. Com carácter. Mineral, com uma elegância e harmonia notáveis no conjunto, que o tornam um digno representante do melhor que a casta Loureiro pode oferecer. Na boca, é fresco, confirmando a fruta experimentada no nariz (lima) e também o carácter floral. Apresenta um belo volume, embora se mostre sempre delicado. O final é muito persistente e de grande satisfação.

Com apenas 11,5º de álcool é sem sombra de dúvidas o melhor Loureiro feito em Portugal. Viciante!

Classificação Pessoal: 16,5

Sérgio Lopes

segunda-feira, 2 de julho de 2012

José de Sousa Tinto 2010

Ano: 2010

Produtor: José Maria da Fonseca

Tipo: Tinto

Região: Alentejo

Castas: Trincadeira, Aragonês e Grand Noir

Preço Aprox.: 7,49€

Veredicto: José de Sousa é a marca produzida no Alentejo, mais propriamentevinho em Reguengos de Monsaraz. Produzido à base de Grand Noir (45%), Trincadeira (35%), e Aragonês (20%), pequena parte fermentou em ânforas de barro e o restante em cubas de inox a uma temperatura de 28ºC. 30% do lote envelheceu em carvalho novo americano e francês.

Já tínhamos provado a colheita de 2009, durante a nossa visita à JMF. Agora, tivemos a possibilidade de provar a novíssima colheita de 2010.

De cor rubi, com laivos acastanhados, o aroma é bastante complexo. Muito forte a presença de fruta super madura (quase que parecem "uvas pisadas"). Presença igualmente de especiarias, tabaco, baunilha da madeira bem casada. Na boca, os taninos são suaves. Novamente uma presença bem forte da fruta. Termina longo e persistente.

Expressando o "terroir" do Alentejo e os métodos tradicionais de feitura do vinho, é bem diferente do habitual. Estranha-se um pouco, mas penso que vale a pena experimentar. Não é seguramente para todos os gostos, mas pela diferença, provem-no. Liga melhor com pratos de caça, ou queijos relativamente fortes.

Nota: Amostra gentilmente cedida pelo produtor.

Classificação: 15,5

Sérgio Lopes