segunda-feira, 1 de abril de 2019

Fora do Baralho: Herdade do Rocim Clay Aged Branco 2017

Numa altura em que o Alentejo parece querer recuperar a tradição milenar do vinho da talha, destaco este exemplar, o Herdade do Rocim Clay Aged Branco 2017. Apesar de eu não ter provado muitos vinhos de talha, sobretudo brancos, e apesar da polémica sobre o que é realmente uma talha (com ou sem tratamento de impermeabilização), confesso que este vinho chamou-me a atenção no jantar da gala da revista Grandes Escolhas, onde foi prémio de excelência e onde tive a oportunidade de o provar à mesa e adore. Feito de Verdelho, Viosinho e Alvarinho, é pisado a pé em lagar de pedra, com o seu engaço, apenas com leveduras indigenas (como se de um tinto se tratasse), com posterior estágio de 9 meses em talhas de barro de 140 litros. Talhas essas, fruto da colaboração com uma universidade francesa para criar pequenas ânforas de apenas 140 litros, feitas de argila de sua própria propriedade, especialmente projetadas para serem usadas sem forro, permitindo taxas semelhantes de micro-oxigenação como as barrricas novas de carvalho francês. O resultado é um vinho desconcertante. De cor ambar, fruto da "curtimenta", apresenta um aroma profundo mas subtil, com notas de pedra molhada, alguma fruta cristalizada, mas tudo num registo de contenção e muita complexidade. A boca é de taninos finos, com estrutura, fresca e muita texturada. Termina austero qb, com muita tensão e um final longo e ceroso. Um vinho com delicadeza, apesar da curtimenta e do estágio em talha. Acompanhou em dois momentos um cozido à portuguesa e um anho assado na brasa, de forma brilhante. Sempre a uma temperatura a rondar os 14 grausa para tirar o máxiumo partifdo da sua estrutura e complexidade. Um digno representante de um topo de gama - branco, do... Alentejo, para apreciar vagarosamente! PVP: 35€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

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