quinta-feira, 7 de maio de 2020

Radar do Vinho: Casas Altas

José Madeira Afonso nasceu em Coimbra, mas desde cedo se enamorou por Souropires, perto de Pinhel, onde passava longas temporadas em casa da avó materna. Médico de profissão, as viagens lá fora permitiram o convívio com grandes connaisseurs, que provavam e estudavam tudo o que de melhor se fazia no mundo. Em 1990 surge assim o projecto Casas Altas, com 15 ha de vinhas dispersas por várias parcelas, entre as quais a quinta de Vale Ruivo com 10 ha de vinha com mais de 100 anos. As castas dominantes são a Rufete, Touriga Nacional, Tinta Roriz nas tintas; Síria, Fonte Cal, Verdelho e Arinto, nas brancas. Mas também e fruto da paixão do produtor pelos vinhos brancos da Borgonha e alemães, há duas pequenas parcelas com as castas Chardonnay e Riesling, resultado das tais viagens e experiências vividas. Um dos projectos mais consistentes e excitantes da Beira Interior que é obrigatório conhecer!
Os Quinta Vale do Ruivo Vinhas Velhas são produto da vinha que lhes dá o nome, portanto um field blend de uma vinha bastante antiga que produz um branco mineral, seco, fresco, com elevada tensão e pendor gastronómico. Um excelente branco que evolui de forma muitíssimo nobre em garrafa e é vê-lo a vencer concursos com 4 a 5 anos de garrafa em cima...!  O tinto apresenta o calor da Beira Interior, com bom volume de boca e aptidão para a mesa, mostrando-se contudo elegante e com boa acidez. Apesar de não tão brilhante como o branco, é uma excelente referência para a região. Ambos custam cerca de 8,90€.
Entrando nos monocastas e deixando o Rufete para o final, o Casas Altas Touriga Nacional 2017 mostra claramente a casta com notas de frutos vermelhos e pretos bem evidentes. A boca tem volume, apesar da matriz de elegância, terminando longo e para a mesa. PVP: 10,90€.
O Casas Altas Verdelho Reserva do Doutor 2017 deve o seu nome por ser um dos vinhos preferidos do Doutor José Afonso. Muito mineral, resulta num vinho com uma acidez acutilante, com notas de macã ácida e citrinos, enorme frescura, tensão, incisivo e de final crocante. Uma delicia. PVP: 14€
O Casas Altas Riesling 2017 apresenta os pergaminhos desta casta de amor-ódio com algumas notas petroladas e citrinas, algo delicado, seco e de corpo médio, com final longo. Seguramente um dos melhores exemplares nacionais da casta Riesling, PVP: 10€.

Finalmente, em terra de grandes brancos, não podia de deixar de destacar também a casta tinta rainha da região, o Rufete, aqui num vinho que se bebe copo após copo, sem cansar. Convido, assim a assistir ao video da prova do Casas Altas Rufete 2017 (10€), abaixo:


Casas Altas, um projecto obrigatório na Beira Interior!

Sérgio Costa Lopes

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