Quem não conhece Manoel de
Oliveira, prolífico cineasta Português, nascido em 1908, dono de um
interminável currículo recreado de prémios e galardões?
O que provavelmente não será tão
conhecido é que ele foi também o proprietário (juntamente com a sua esposa,
Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais), de uma extensa propriedade
com uma excelente vista para o Douro em terras do Vinho Verde.
Não se pense, porém, que esta
propriedade serviu apenas de aproveitar os lânguidos e solarengos finais de
tarde, que esta região oferece com frequência, ou de refúgio para a adaptação
do argumento da obra “Meninos Milionários”, de João Rodrigues de Freitas, que
mais tarde seria imortalizada e amplamente difundida no filme “Aniki Bóbó”
lançado em 1942.
Esta quinta confirma igualmente o
invulgar dinamismo e capacidade do cineasta. O próprio desenhou e mandou
construir aquedutos, muros, casas de pedra e eiras de granito, valorizando,
desta forma, a propriedade existente desde o século XVI.
No final da década de 80, a
quinta mudou de mãos, o proprietário decidiu investir fortemente nas vinhas e
nos vinhos criando a marca Covela.
Em 2011, depois de um breve
período de abandono e incerteza, a Quinta de Covela voltou a sofrer mais uma
movimentação. Algumas personalidades oriundas de áreas diversas, e já
conhecedores da reputação da marca entre os enófilos, decidiram comprar a
quinta e devolver-lhe a aura de excelência na produção de vinhos.
Tony Smith, um dos atuais
proprietários, contou que foi um processo lento e moroso de recuperação
da
vinha, das linhas de muros e das linhas de água. No final do processo de recobro,
a Quinta da Covela apresentava um perímetro total a rondar os 50 ha, dos quais
18 ha geram uvas destinadas à produção de vinho.
As principais castas plantadas
são a Avesso e a Touriga Nacional que se complementam com Arinto, Chardonnay,
Viognier, Gewürztraminer, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot. Estas,
pela mão do enólogo Rui Cunha, depois de vindimadas e estagiadas dão origem a
75 mil garrafas distribuídas pelas referências escolha, rosé e reserva.
Durante a visita efetuada foram
provados, à mesa, as referências: Covela Avesso 2014, Covela Escolha 2013,
Covela Rosé 2015 e Covela Reserva 2013. Os vinhos provados revelaram-se muito
gastronómicos, apresentando uma linha identitária comum: acidez, frescura e
secura.
A Quinta da Covela apresentou uma gama de vinhos de muito alta qualidade. Destaco o Covela Escolha 2013 e o Covela Reserva 2013 pelo aroma a líchias, no primeiro, e pela madeira bem integrada, no segundo.
A Quinta da Covela apresentou uma gama de vinhos de muito alta qualidade. Destaco o Covela Escolha 2013 e o Covela Reserva 2013 pelo aroma a líchias, no primeiro, e pela madeira bem integrada, no segundo.
No final da visita ficámos com a nítida
sensação que o Carlitos, a Teresinha, o Eduardo e o Batatinha podiam estar ao
virar de uma qualquer esquina da quinta. Fica para a próxima...
Paulo Pimenta (Wine Lover)
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