domingo, 30 de dezembro de 2018

Os Meus Vinhos Provados em 2018 - por Luis Pádua

O final do mês de dezembro é sempre altura de arrumações e reflexões. Preparar a vinda de um ano novo, que se espera que seja pelo menos tão bom e cheio de experiência como este o foi. Fazer o balanço do que provei e bebi em 2018 é um exercício de extrema dificuldade. Escrever isto até parece um lugar comum mas não o é. Este ano foi recheado de grandes momentos de convívio, em que fui agraciado com a possibilidade de participar em vários eventos que muito contribuíram para enriquecer o meu conhecimento sobre o vinho. Desde uma única vertical de Esporão Reserva tinto a aulas sobre vinhos galegos, passando por uma prova conduzida pelo Domingos Soares Franco sobre Moscatéis de Setúbal, tive ao longo do ano a possibilidade e fortuna de experienciar vários momentos únicos. Tudo isto só torna o exercício de recordar e selecionar os melhores dos melhores mais difícil.

Mas como em tudo na vida, há que fazer um ranking e como tal, cá vão os que mais se destacaram para mim: Comecemos este ano pelos meus destaques de bolhas. E o destaque primeiro vai uma dupla feita com Alvarinho. Com origem na Quinta de Melgaço, os QM Super Reserva e o Velha Reserva são dois grandes espumantes com base de Alvarinho. O Velha Reserva, com 36 meses de estágio, é para beber de olhos fechados tal é a sua complexidade. Da Bairrada, fiquei rendido ao Pinot Noir de Campolargo. Grande mouse, gordo e envolvente, um espumante de refeição. E por fim, um champanhe. O Jacqueson Non Dosé 1989, mais um ícone de bom champanhe. Elegância a um nível extremo, como uma peça de alta costura, para apreciadores!


Depois de brindarmos ao ano, passemos aos Brancos. E que Brancos de exceção tive a oportunidade de beber este ano. Listar os que mais se destacaram foi difícil, muito difícil mesmo. Ainda assim, cá vão aqueles que mais prazer me deram a beber: De Espanha o Finca a Pedreira Albarino 2016 e o Pazo Señorans Selección de Añada Blanco 2009. Este último, que hino à arte de fazer albariño com grande capacidade de guarda. Em Portugal, e começando pela região mais a Norte, veio o Quinta do Regueiro Barricas 2014. Que capacidade de envelhecimento impar do Alvarinho, quando bem tratado. Do Douro vieram grandes brancos, todos com elevada estrutura, madeira muito bem integrada e alguns a mostrarem já uma excelente evolução. Desta região destaque para o Maritávora Reserva 2006, Vinha do Martim 2016 e o Lacrau Garrafeira 2013. Do Dão, tantos e bons mas o destaque foi o Maria João Private 2012 e o Passarella Villa Oliveira Encruzado 2014. De Lisboa, um clássico pouco conhecido e ainda menos produzido, o Casal Figueira António 2012. Do Alentejo, região que produz vinhos Brancos de grande volume mas com frescura, os meus destaque foram para 3 produtores. Esporão, com o PS2015 e o Reserva 2011; Terras de Alter, com o Telhas 2014; e o Pêra Manca 2013 e 2015. Um denominador comum a todos estes vinhos portugueses, um excelente equilíbrio com a madeira, que lhes proporcionou um elevado volume de boca mas ao mesmo tempo frescura e acidez. Mas para mim, o Branco do ano venho de França. Que me perdoem todos os produtores nacionais que me deram grandes Brancos a beber, mas este Domaine Henri Boillot Puligny Montrachet 2010, tirou-me do sério. Ainda hoje sou capaz de fechar os olhos e recordar todos os segundos de prazer que me proporcionou…

Se falar dos Brancos e fazer uma lista final já foi difícil, no caso dos Tintos é um exercício ainda mais complicado. Começando pelo Douro, vinhos com alguma extração, concentração, os melhores foram o Raul Riba d’ave Vinhas Velhas Reserva 2014, o Quinta do Vesúvio 2009, Gouvyas 2001 e Quinta de Cidrô Marquis 2007. Mas o Raul Riba d’Ave, quase que se mastiga o vinho… Do Dão, os destaques foram Rodeio 2004, Conde de Santar 2009, Falorca Garrafeira 2003… Este último, um jovem ainda… De Setúbal, 3 grandes tintos. O Horácio Simões Grande Reserva 2015, Cavalo Maluco 2007 e o Anima 2004. Alentejo. Terra normalmente associada a vinhos quentes, pesados… Que erros meus caros. São vinhos cada vez mais elegantes, estrutura e volume de boca. E nada pesados! Desta grande região, os meus destaques foram para o Júlio Bastos Grande Reserva 2013, Blog bivarietal 2015, Menino António 2014 e o Solstício 2012. E que dizer de um Adega Cooperativa de Portalegre 1985? Um vinho engarrafado em 1987, a propósito de uma visita de Mário Soares à cidade… De Itália, a oportunidade de beber um Michele Chiarlo “La Court” Barbero 1996, um tinto que muito me surpreendeu Mas o meu vinho do ano… veio do Douro e foi o Vinha Maria Teresa 2011, da Quinta do Crasto.


E chegamos ao final da refeição, ou melhor, dos melhores do ano. E como qualquer boa refeição, passemos aos Licorosos. Portos, Moscatel e Madeira. De Setúbal, veio o Alambre 20 anos, um belo exemplar desta casta. Da Madeira, cada vez mais fã dos vinhos mais secos, os destaques foram o Barbeito 10 anos Verdelho e o Blandy’s 20 anos Terrantez. E nos Portos. Fazer uma lista de destaques, quando se beberam grandes colheitas, Tawny e Vintage é difícil. Mas ainda assim, colheitas destaque para o Krohn Colheita 78 e 82, e o DALVA Colheita 85, nos Tawny, o Messias 40 anos e o Pormenor 10 anos, e nos Vintage, o Taylor’s 85 (obrigado Tozé!). Mas o destaque dos destaques, o best of the best, foi o Borges Vintage 63. E não preciso de dizer mais nada… é inacreditável a forma como um Vintage chega aos 55 tão jovem e fresco…

Luís Pádua (Wine Lover)

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