19 de Dezembro de 2016. As Caves São João começaram a preparar o centenário desta empresa familiar em 2010 com o lançamento do "Jazz Singer", uma ode aos anos 20 e à fundação da Sociedade dos Irmãos Unidos. Desde então, superam-se anualmente e, até 2020, lançam um vinho comemorativo por ano. No ano passado, brindaram-nos com um Arinto integral a recordar os anos 70. Para 2016, a imprensa foi previamente informada do que aí vinha - um Chardonnay de 1983. Todos conhecemos a forma quase mítica como os vinhos envelhecem no seio das Caves São João. Logo, a expectativa era elevada.
O local escolhido para a apresentação não podia ser mais perfeito - o Palace Hotel do Bussaco. Na sala, a equipa que nos apresentou o vinho pensou tudo ao detalhe - Manuel José Costa, Fátima Flores, Celia Alves, José Carvalheira e António Selas. O vinho foi servido... e o tempo parou... a cor hipnotizou-nos, os aromas inebriaram-nos, os sabores transportaram-nos. Imaginem um filme da belle epoque em câmara lenta, o brilho, o ouro, o glamour e a elegância... Não tenho palavras para descrever as sensações deste momento raro e irrepetível.
Este vinho, ao qual me rendi, foi esculpido somente com a casta Chardonnay e teve Antero Silvano como enólogo. Foi engarrafado em 1985, tendo estagiado em garrafa 31 longos anos. Possui uma cor dourada, quase âmbar. Aromaticamente encerra em si um mundo de sensações, tendo por mais evidentes as notas de frutos secos, especiarias, erva seca e profundezas do bosque. Na boca renasce em frescura gustativa, profundamente elegante, exótico e longo, longo.
Foi o meu Branco do ano e será difícil outro ocupar o seu lugar. PVP: 60€.
Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)
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