sábado, 21 de maio de 2016

Uma taça com... Alexandrino Amorim

Alexandrino Amorim é o diretor comercial das Caves Solar de São Domingos. Entusiasta da região Bairradina e das “bolhas” (espumante cada vez mais consistente), é uma constante vê-lo com o seu carisma, como o rosto desta casa emblemática, nos diversos eventos vínicos; Sempre disponível para partilhar uma tacinha de bom espumante da Bairrada, pois claro. Natural de Anadia, vive em Anadia.


Olá Alexandrino. Conte-nos por favor como nasceu a sua participação no projeto das Caves São Domingos. Após casamento com Eugénia Freitas entrei para a empresa fez este mês 19 anos.

Como bom bairradino, consome espumante numa base diária, isto é, qualquer ocasião é boa para beber uma taça de “bolhinhas”? De facto nasci na Bairrada e desde sempre estive muito de perto das bolhinhas, pois, meu Pai tinha o famoso Café Anadia e por lá passaram os proprietários de todas as Caves da região. Aliás o próprio estabelecimento tinha publicidade lindíssima no exterior, alusiva às inúmeras caves da Bairrada. O espumante faz parte do quotidiano de qualquer bairradino. Não é por acaso que se costuma dizer que o espumante só se bebe em duas ocasiões “por tudo e por nada”!...

Qual o seu prato preferido? Inevitavelmente o Leitão assado à Bairrada. E que vinho acompanha? Espumante Bairrada, claro. Mas, não devemos esquecer a Chanfana, Negalhos, Caldeirada de Cabrito, os diversos pratos de bacalhau e caldeiradas de peixes do nosso mar sempre tão próximo e que acompanham os magníficos vinhos brancos e tintos marcados pelos ares do Atlântico.

O que gosta de fazer nos tempos livres? Andar a pé e pratico (muito pouco) BTT, aprecio desportos motorizados e acompanho o rugby local, modalidade que pratiquei quando jovem.

Qual é para si a principal diferença dos espumantes da Bairrada para as restantes regiões do país e até mesmo para o “Champagne”? Acho que os espumantes Bairrada são muito mais minerais, mesmo mais frescos e jovens que os champanhes, estes tem mais complexidade, mais aromas de panificação proporcionado pelo longo estágio em cave que se pode prolongar por mais de 10 anos. Os das restantes regiões e referindo-me aos de reconhecida qualidade apresentam-se com fruta mais madura e não tão secos quanto os da Bairrada.

O que pensa sobre o estado atual dos espumantes do nosso país e em particular do projeto “Baga Bairrada”? Em todo o país produz-se espumante o que tem provocado um despertar para este tipo de vinho que se aplaude. Mas, nem todo o espumante tem qualidade. Hoje a palavra ESPUMANTE aparece em imensos rótulos uns de qualidade duvidosa, outros que não são feitos pelo “Método Clássico” mas em cuba fechada que o consumidor ignora por completo comendo gato por lebre!...

Quanto ao projeto “Baga Bairrada” há muito que a região ansiava por uma logomarca que pudesse aglutinar um conjunto de particularidades que mostrasse a técnica, a qualidade e o prestígio de um tipo de Espumante que se produz nesta região há 125 anos. Juntar o nome da região Bairrada à Baga foi um golpe de génio da Comissão Vitivinicola da Bairrada e promete trazer muitas alegrias aos consumidores, produtores e à região. Espero dentro de poucos anos que a palavra “BagaBairrada” seja sinónimo de Espumante de qualidade e haver um número significativo de produtores desta região a produzir grande qualidade para o mercado nacional e em especial para o mercado externo mostrando um estilo único e diferente.

Partilhe uma peripécia que tenha vivido no mundo dos vinhos. São inúmeras as histórias que não cabem neste espaço. O que posso descrever é o espanto de quem visita as nossas caves, impressionam a grandeza e beleza das nossas instalações, bem como, a cordialidade com que são recebidos os milhares de visitantes anuais.

Qual será a ligação perfeita com o famoso Leitão à moda da Bairrada? Leitão sem molho, certo…? Como já referido anteriormente o Leitão é servido sempre com Espumante, mas, destaco mesmo o Baga Bairrada porque tem um estilo muito gastronómico. Quanto ao molho é um ingrediente que quando colocado em pequena quantidade sobre a batata cozida com a pele fica deliciosa. Tradicionalmente não comemos o leitão com batata frita e a laranja também não é um bom acompanhante deste prato porque “mata” o espumante ou o vinho.

Se tivesse um almoço com o presidente da república Marcelo Rebelo de Sousa, que vinho ou vinhos escolheria? O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa foi entronizado Confrade de Honra pela Confraria dos Enófilos da Bairrada em 30.11.2002 e sabe perfeitamente que o vinho da Bairrada é seguramente o vinho mais aconselhável para acompanhar uma refeição e claro que o Vinho Tinto merece destaque à sua mesa. Destacaria o vinho tinto São Domingos Garrafeira 2009 e claro o Espumante São Domingos Baga Bairrada 2009 bruto. Tanto um como outro já com 6 anos de garrafa que mostra a robustez e a frescura de vinhos que perduram no tempo.

Qual o melhor espumante que alguma vez provou? Espumante Lopo de Freitas 2010 que obteve a Grande Medalha de Ouro no último Concurso de Espumantes Bairrada. E vinho? Ainda hoje mantenho na memória o tinto São Domingos Garrafeira 1985.

Obrigado!


Sérgio Lopes

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