A Quintas de Melgaço, S. A., situada na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, na Sub-Região de Monção e Melgaço, é especializada na produção de vinhos verdes, em particular da casta nobre da região - o Alvarinho. A ideia de criação da empresa foi personificada por um homem de Melgaço, emigrado no Brasil, Amadeu Abílio Lopes, cuja capacidade financeira foi suficientemente forte para congregar à volta deste projecto o interesse de algumas centenas de produtores do concelho de Melgaço, que haviam de se tornar accionistas – hoje são 430 accionistas.
Recentemente a empresa tem tido maior notoriedade, sobretudo com os prémios granjeados, nomeadamente as medalhas e galardões dos seus 100% Alvarinho Castrus de Melgaço e QM.
A aposta recai na grande distribuição, pelo que facilmente se encontram as referências Torre de Menagem, um blend de Alvarinho/Trajadura e QM, um 100% Alvarinho, nos hipermercados Continente ou El Corte Ingles, a preços convidativos, respectivamente 2,99€ (um achado) e 7,5€.
O facto da empresa agregar um número elevado de produtores da região permite um grande volume de garrafas, mas em simultâneo perde-se um pouco da tipicidade de um "Alvarinho de Quinta", como Soalheiro, ou Casa de Canhotos, entre outros, conseguindo chegar a um público mais alargado com vinhos mais consensuais, mas que carecem de alguma identidade de produtor.
O Torre de Menagem 2012 é um autêntico valor seguro. Abaixo de 3€ nos hipermercados Continente, rivaliza de forma superlativa com o Muralhas de Monção, traduzindo-se num vinho fiel ao blend que lhe deu origem, muito fresco, com mineralidade e notas citrinas e florais delicadas, num conjunto extremamente equilibrado e apetecível. Uma excelente relação qualidade-preço, num vinho perfeito para o verão, com uma qualidade acima da média.
O QM 2012 foi considerado o melhor Alvarinho no concurso Vinhos de Portugal 2013 / Wines of Portugal Challenge de 2013, tendo sido galardoado com a grande medalha de ouro do certame. Ora, para mim, não é seguramente o melhor Alvarinho que provei. Peca pela tal falta de tipicidade de Quinta. É sim, mais um upgrade ao Torre de Menagem, desde logo por ser 100% Alvarinho, mas o registo é leve e suave, muito fresco é certo, mas talvez lhe falte uma maior estrutura e persistência, bem como os citrinos maduros que tanto gosto nos Alvarinhos poderosos. Pauta-se mais como um vinho de piscina e de convívio, que se bebe bastante bem, é certo, mas não será o meu preferido. Deste último, foram produzidas 80.000 garrafas.
Cabe ao leitor provar ambos e decidir qual ou quais mais se adequam às suas possibilidades, gosto pessoal e ocasião.
Sérgio Lopes
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