quarta-feira, 3 de abril de 2013

Quinta de Lemos

Localizada em Silgueiros, um dos berços da região do Dão no que toca à produção de vinhos, a Quinta de Lemos possui 25 hectares de vinha, toda ela plantada com as castas nativas do Dão - Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen e Encruzado, em solos arenosos e de natureza granítica entre os 350 e os 400 metros de altitude. Viticultura cuidada, vindima manual, adega em inox e madeira para vinificação e estágio dos vinhos, são as condições indispensáveis para se atingir o objectivo bem claro de produzir vinhos Premium. Aliás ficou totalmente clara a missão e a meta a atingir por parte da Quinta de Lemos, através da visita que efectuei à propriedade, onde fui recebido pelo rosto mais comercial da empresa, Eduardo Figueiral e também pelo enólogo, Hugo Chaves, mais um homem da nova geração de enólogos que tal como outros da sua geração trabalha todo o ano na vinha, com afinco, dedicação e respeitando o terroir e o comportamento de cada casta individualmente, para que na Adega consiga obter um vinho de excelência.

A propriedade é de uma beleza ímpar, ampla, rodeada por vinhedos e com um hotel de charme, praticamente concluído que funcionará maioritariamente para receber parceiros, fornecedores e amigos. Enfim, até aqui a filosofia é diferenciadora. Celso Lemos, o patriarca da empresa, conceituado empresário da indústria textil, tem um objectivo muito claro: Criar vinhos Premium, nem que para isso tenha de esperar no mínimo 5 anos para colocar os vinhos em comercialização. É uma filosofia muito própria, talvez até um pouco arriscada, mas que lentamente vai dando os seus frutos. A Quinta de Lemos é já um produtor conceituado do Dão, tendo inclusivé o seu topo de gama Dona Georgina 2007, entre outras menções honrosas, sido pontuado com 18 valores, pela revista da especialidade Wine.


Mas voltando um bocadinho atrás, importa explicar que para o conseguir obriga a um conjunto de cuidados e tarefas muito específicas., aliadas a um rigor quase científico. Em primeiro lugar, a monda  - processo onde se retiram os cachos em excesso para obter uma maior qualidade no produto final - é levada mesmo a sério... quando digo a sério significa que de 7kg de uva, aproveitam-se 700gr, ou seja, apenas 10%. Para alguns produtores, seria quase como "cortar os pulsos". mas é o preço a pagar para se obter a qualidade desejada. Depois, tal como explicou Hugo Chaves, cada casta tem a sua maturação e as suas particularidades e por isso tem de haver intervenção na altura certa, para maximizar aquilo que a vinha e cada casta pode dar e reduzir ao máximo as eventuais surpresas negativas à posteriori. Apenas a título de exemplo, a Tinta Roriz é tão produtiva que se tem de cortar mesmo MUITO para se obter o desejado. O Alfrocheiro por vezes apresenta uvas verdes por dentro do cacho já maduro, não visível a um primeiro olhar e esta situação tem de ser atacada de prevenção para não prejudicar no momento da entrada na adega e posterior vinifcação. As vindimas são efectuadas à noite, para as uvas serem colhidas numa temperatura baixa e não sofrerem o choque térmico assim que entram na adega, o que obriga a um "vistoria" prévia na vinha um ou dois dias antes da respectiva vindima... Enfim, muito rigor e um cuidado diria triplicado, para obter o máximo proveito do terroir...!

Todos os vinhos estagiam em barricas de carvalho, maioritariamente de 1º ano. Para além de vinificarem as monocastas em separado - Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro, Jaen, os restantes blends têm o nome de familiares de Celso Lemos - Dona Louise, Dona Santana e o topo de gama Dona Georgina. Este ano, sairá para o mercado o primeiro branco da casa, feito de Encruzado, é claro. São vinhos comercializados apenas no 5º ano após a vindima, o que significa que neste momento no mercado a colheita é a de 2008.


Após a visita, almoçamos um óptimo cabrito grelhado na brasa em torno de alguns dos vinhos da Quinta de Lemos. São de facto vinhos que não são para todos os dias e que se destacam claramente na região pela claro posicionamento. São vinhos ainda muito jovens, apesar dos 5 anos de espera. Só vão melhorar em garrafa, embora se consigam beber desde já com enorme satisfação. Na visita tive o privilégio de provar as amostras de casco do vinho que vai formar os Dona Georgina 2009 e 2010 e fiquei deveras impressionado. Estão ainda melhores, o que por um lado significa uma afinação no processo, mas sobretudo a afirmação de uma vinha jovem que começa a aproximar-se da consistência desejada e seguramente levará a Quinta de Lemos a patamares de excelência, quer nacional, quer internacionalmente, confirmados desde já pela excelente menção obtida pelo Dona Georgina 2008.


Quinta de Lemos
Passos do Silgueiros | 3500-541
Silgueiros | Portugal
T. 00351 232 951 748
F. 00351 232 951 495
E. info@quintadelemos.com
GPS
latitude 40°33’27.27”N
longitude 7°57’32.55”W


Sérgio Lopes

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