quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Arena de Baco: Orgia de Magnuns no aniversário do Alirio

Foi no passado sábado que o Alirio Fonseca comemorou o seu aniversário. Para quem não sabe, o Alirio é um winelover que nas suas palavras "só gosta de vinhos bons", pelo que em cada prova que organiza ou que participa, decide partilhar belíssimos vinhos com a malta amiga. E não é essa uma das razões de gostar do vinho? A partilha de belos momentos de convívio à mesa. E assim foi. No restaurante "O Filipe" em Matosinhos, o Alirio juntou 24 amigos e 18  garrafas Magnum para que ninguém ficasse com sede. Foram 3 brancos e 15 tintos que estiveram à altura de um serviço exemplar do restaurante, com comida com fartura e de belíssima qualidade!


BRANCOS
- Sem Igual 2015 - Vinho verde de João Camizão, um dos vinhos que bebo com regularidade. Neste almoço foi penalizado por a temperatura estar um pouco elevada demais, não mostrando todo o seu "nervo" característico. Ainda por cima, o ano de 2015 que produziu um "Sem igual" com notas amanteigadas a fazer lembrar um Borgonha... Também foi o primeiro vinho em prova, o que muitas vezes é penalizante.
- Quinta de Santiago Reserva 2015 - Um Alvarinho que tem o perfil da produtora - bonito e perfumado. Embora fugindo um pouco ao registo habitual dos Alvarinho (mais citrino), deu uma excelente prova, cheio de frescura, tendo sido de agrado geral.
- Anselmo Mendes Curtimenta 2011 - Um extraordinário branco, da casta Alvarinho, num grande momento de prova, a mostrar aquela complexidade que estes vinhos ganham com meia dúzia de anos em cima, com deliciosas notas petroladas, muita frescura e um corpo bem interessante. Delicioso.

TINTOS
- Vale do Ancho Reserva 2006 - Proveniente do Alentejo, um vinho que nunca tinha provado. Em grande forma, com frescura e intensidade, pronto a beber. Gostei muito. A provar que o Alentejo produz grandes vinhos e com longevidade de guarda.
- Quinta da Fata Reserva 2009 - Identificado imediatamente (a prova foi cega), devido aquele lado de lagar tão característico, tal como o pinho e a resina, como só um Fata apresenta. Ainda "duro" e cheio de vida, num perfil que não é / foi consensual.
- Quinta Poço do Lobo Reserva 1995 - Bairrada de "caras", feito com baga, castelão e Moreto, um belissimo exemplar da região, cheio de frescura e ainda com longos anos pela frente. Excelente.
- Van Zellers 2005 - Um Duriense de perfil mais maduro, potente e carnudo a mostrar esse lado da região - um pouco mais extraído, mas que brilha à mesa com um naco de carne.
- Casa da Passarela Vinhas Velhas 2008 - O primeiro Vinhas Velhas da casa. A Touriga Nacional domina com lindas notas de Bergamota. frescura, elegância e fruta a rodos, num momento de prova brilhante. Estes Vinhas Velhas da Passarela eram sublimes e muito acessiveis. Agora têm outra designação e não são tão baratos. Mas o projecto ganhou em dimensão e novas referências, com o toque de Midas do enólogo Paulo Nunes a prestigiar a região. Um dos vinhos do almoço.
- Marquês de Marialva Reserva Baga 1995 - Taninos de veludo, a mostrar como um baga envelhece e bem. Está no momento final de prova, ou seja, para beber agora. Talvez precisasse de um pouco mais de estrutura para ser um colosso. No entanto, estamos a falar de um vinho com mais de 20 anos e com uma prova bastante agradável. E não é um garrafeira.
- Periquita 1978 - Infelizmente, já tinha passado o seu melhor momento.
- Quinta do Crasto Reserva 1999 - Ao contrário do Van Zellers, aqui tivemos um vinho nada extarído, fresco e equilibrado, com notas de vinagrinho a dar-lhe uma complexidade adicional bem interessante. Um dos que gostei mais.
- Zambujeiro 2005 - Vinho Alentejano de um produtor conceituado e cujos vinhos envelhecem bastante bem. Achei-o um pouco pesado demais, ou seja, extraido, talvez a precisar de mais tempo em garrafa ou então a sofrer por estar a competir com uma concorrência de peso? Quero voltar a prová-lo a solo.
- Palato do Coa Grande Reserva 2011 - Douro Superior de caras, um misto de potência com aquela frescura da altitude, num ano, 2011, de sonho para o Douro. Gostei bastante.
- Quinta do Monte D'Oiro Reserva 2006 - Grande Vinho. Incrivel momento de prova com um equilíbrio fenomenal e a dar muito prazer. Syrah. Ninguém adivinhou em cega!
- Quinta da Pellada Touriga Nacional 2004 - Para mim o melhor vinho do almoço e um dos melhores vinhos que já bebi. Acidez descomunal, numa boca sedosa e muito fresca. Taninos frimes, final muito longo. Vinagrinho a dar-lhe caracter. Brilhante. (Nunca na vida associava a Dão e muito menos Touriga Nacional, tal a acidez descomunal que apresentou).
- Quinta da Leda 2008 - Confesso que este vinho me passou um pouco lado. Duriense interessante mas não me marcou. Estranho?
- Cabernet Abibes - Blend de Cabernet Sauvugnon dos anos 2011, 2012 e 2013, proveniente da Quinta dos Abibes - Bairrada. Uma novidade completa para mim, pois não conhecia. Trata-se  de um vinho que ainda não se encontra em comercialização, mas que seguramente irá dar que falar. Aliás como tudo o que a dupla professor Batel e o enólogo Osvaldo Amado produzem nos Abibes!
- Tenuta Pianpolvere 2007 - Barolo. Vinho Italiano com aqueles taninos de "partir" os dentes. Em belissima forma. Com anos e anos pela frente... A gritar por decantação prévia. No entanto, eu tinha ficado lá atrás no Pellada 2004...

Uma grande grande prova. Memorável! Muito obrigado Alirio.

Sérgio Lopes



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