terça-feira, 25 de junho de 2019

Em Prova: Sem Igual Ramadas Wood e Metal 2017

Sem Igual é já uma marca implantada nos vinhos verdes, apesar de ser um projecto muito recente. A génese do mesmo tem por base o grande desafio de mostrar a versatilidade de castas autóctones da região dos Vinhos Verdes (Amarante), tentando sempre contornar o preconceito de vinho barato. Assim com as castas Arinto (Pedernã, como é chamado na região) e Azal, surge o Sem Igual 2012, com apenas 600 garrafas produzidas, que se tornou de imediato uma referência de nicho em restauração e garrafeiras de referência na cidade do Porto. O "segredo" está no Arinto a contribuir com o corpo e estrutura, e o Azal com a elegância e o nervo. 

Em 2017 decidem explorar o património das suas vinhas em ramada, nascendo assim as referencias Sem Igual Ramadas Wood 2017 e Sem Igual Ramadas Metal 2017, ambas provenientes das vinhas velhas (com cerca de 50-60 anos) com uma forma de condução em ramadas, que se caracterizam pela sua estrutura aérea com postes em granito e bancas em madeira. Este sistema de condução era utilizado antigamente, por toda a região, na bordadura dos campos de milho, para vinho de consumo próprio dos pequenos produtores/lavradores. Como tal, é um sistema muito sombrio e húmido, onde dificulta a maturação das uvas. E antigamente, quando colhidas cedo, ainda estavam "verdes", daí o nome vinho verde.
Em 2017, um ano extremamente quente e seco, especialmente, nos meses de Julho, Agosto e Setembro foi assim possivel fazer vinhos equilibrados com as uvas vindas das ramadas e colhe-las com a maturação mais correta possível. Nascem assim dois grandes vinhos para enriquecer o portfolio Sem Igual, mantendo a matriz Arinto / Azal na sua composição. O Metal, como o próprio nome indica, não passa por madeira e eleva a outro nivel o nervo e tensão que o seu irmão Sem Igual normalmente apresenta. Um vinho com uma boca super fresca, com uma enorme acidez e crocância. Super longo. Adoro. O Wood é o primeiro vinho de Camizão a passar por madeira. A madeira, que se encontra bem integrada no conjunto, aporta ao vinho maior volume de boca, grande untuosidade e gordura, mantendo contudo a frescura e tensão caracteristica do projecto, mas aportando uma maior complexidade. São dois grandes vinhos, que vão crescer muito em garrafa. Produções muito reduzidas que rondam os 25€ PVP e que estão disponiveis apenas em garrafeiras seleccionadas.

Sérgio Lopes

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