Tradicional vertical: já não é a primeira vez que me dá esta sensação de andar para trás no tempo e ir absorvendo algo de futuro. Foi assim hoje também, na Quinta da Gaivosa, numa vertical do vinho com o nome da casa, aquele que eu conheço desde sempre (a saber: desde 1992, um ano depois da Gaivosa ter lançado o seu primeiro vinho, curiosamente branco; esse primeiro tinto de 92 não esteve presente nesta prova). Os vinhos vieram depois de uma atenta visita à exemplar adega imaginada pelos Alves de Sousa e traçada por Belém Lima; o novo e o antigo não se confundem, mas entrelaçam-se, numa confluência de gerações e memórias. Da vertical: o 2005 foi (con) sensual e tido como o melhor, isso se falarmos no melhor momento para um Gaivosa ser provado; para mim o 2011 estará igualmente perfeito, como que reunindo num só ano tudo aquilo que oferece este terroir do Baixo Corgo, o que é imenso, e daí o equilíbrio ser tão fundamental. A seguir o 2013, o 99 e o 95 - incrível como persiste um modelo desde o início, estando estes mais antigos vivíssimos, com taninos e elegância à superfície e mergulhando mais no seu interior a fruta que sai dos bons douros. Menos bem o 2003 e o 2009, onde a sobrematuração tomou conta deste perfil, vestindo o aroma e a boca de roupagem mais quente e indefinida. para finalizar houve ainda o Vintage 2015 da Quinta da Gaivosa no esplendoroso terraço da adega, logo depois do Eng. Domingos Alves de Sousa dizer algo como “isto está tudo muito bom, mas temos de almoçar...”. com toda a razão do mundo, assim foi, no Chaxoila, até porque os vinhos não acabavam por ali. para que viva na memória!
Marco Lourenço (Cegos Por Provas)
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