Bem à entrada de Nelas, na estrada que liga a Canas de Senhorim, está localizada a Quinta do Carvalhão Torto, esta quinta de pequena dimensão (7 hectares) que se espalha dos dois lados da mesma, visitada na semana da Páscoa. A receção foi feita pelo Luís Oliveira, atual mentor do projeto e pela sua irmã Maria João. Esta quinta chegou às suas mãos através de herança, a qual a família tende em conservar e dinamizar, sendo disso exemplo a vinha de Encruzado que no ano de 2018 completou apenas a sua quarta colheita.
A adega é um espaço funcional, adaptado à dimensão do projeto, sem grandes artifícios, e onde se estaca a total ausência de um elemento que para as adegas modernas é quase indispensável… madeira… barricas… Sim, os vinhos do Carvalhão Torto são produto de uma adega em que a madeira não tem lugar... As explicações que o Luís nos apresentou são simples, para além da tentativa de poupança pois estes depósitos como todos sabemos custam por vezes pequenas fortunas, é sua crença que a diferenciação do seu produto assenta na tentativa de se manter fiel aos grandes vinhos do Dão, vinhos esses que não sabiam o que era madeira… principalmente novinha a estrear…. No interior da adega ficamos também a saber que os vinhos do Carvalhão Torto são produto de quatro castas tintas (Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro) e uma branca (Encruzado), estando neste momento estabelecidos para os tintos dois blend’s que ao contrário da prática habitue na maioria das adegas são fermentados em conjunto e não em separado, originando assim um Touriga Nacional/Tinta Roriz e um Jaen/Alfrocheiro, sendo as percentagens normalmente muito próximas de 50/50.
A adega é um espaço funcional, adaptado à dimensão do projeto, sem grandes artifícios, e onde se estaca a total ausência de um elemento que para as adegas modernas é quase indispensável… madeira… barricas… Sim, os vinhos do Carvalhão Torto são produto de uma adega em que a madeira não tem lugar... As explicações que o Luís nos apresentou são simples, para além da tentativa de poupança pois estes depósitos como todos sabemos custam por vezes pequenas fortunas, é sua crença que a diferenciação do seu produto assenta na tentativa de se manter fiel aos grandes vinhos do Dão, vinhos esses que não sabiam o que era madeira… principalmente novinha a estrear…. No interior da adega ficamos também a saber que os vinhos do Carvalhão Torto são produto de quatro castas tintas (Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro) e uma branca (Encruzado), estando neste momento estabelecidos para os tintos dois blend’s que ao contrário da prática habitue na maioria das adegas são fermentados em conjunto e não em separado, originando assim um Touriga Nacional/Tinta Roriz e um Jaen/Alfrocheiro, sendo as percentagens normalmente muito próximas de 50/50.
Chegando à zona das barricas … perdão dos depósitos de inox fomos presenteados com seis vinhos, três de cada um dos blend’s anteriormente referidos. Começando pelos Touriga Nacional/Tinta Roriz, o 2016 apresentou uma fruta muito viva e com um comportamento de boca a demostrar que pouco tempo passou por este jovem e paciência ainda vai ser a palavra-chave. O 2012 e o 2010 achei-os bastante próximos, apesar da diferença e distância dos anos, no entanto já se começam a aproximar do patamar que conhecemos nos vinhos desta casa, com as diversas notas de floresta a começar a assentar e a tomar conta do vinho. Passando para os Jaen/Alfrocheiro, provamos as colheitas de 2016, 2010 e 2009, estando os dois últimos numa posição semelhante aos dois últimos Touriga Nacional/Tinta Roriz referidos, quase no ponto, já a dar uma boa prova. A grande surpresa foi mesmo o 2016, surpresa geral ao grupo diga-se de passagem, com uma prontidão impressionante em comparação com os restantes até aqui provados. Fresco, com uma fruta deliciosa e um comportamento bem soft na boca deixando-nos a pensar… Luís por favor engarrafa já isto…
Já com a noite bem adiantada e depois destas surpresas seguimos para o restaurante “Zé Pataco” em Canas de Senhorim, onde fomos presenteados com uma excelente refeição de cozinha tradicional portuguesa, onde para mim se destacaram as favas com entrecosto e um belo cabrito. Para acompanhar… a gama completa de vinhos do Carvalhão Torto. Começando pelo Encruzado 2015, um excelente exemplar de branco sem barrica, fresco, floral, com uma mineralidade que vai pela boca fora e deixa qualquer provador feliz por se “cruzar” com ele.
De seguida o Touriga Nacional/Tinta Roriz 2008, vinho que estou bastante familiarizado, mas que das provas que me foi dando mostra bem que quanto mais tempo ele tem em cima mais refinado vai ficar. Aroma bem soft e discreto mas com um conjunto herbáceo seco a dar um conforto que se estende para a prova de boca. Logo a seguir chegou à prova o Jaen/Alfrocheiro 2007, último vinho que esta casa lançou para o mercado. Apresenta-se diferente do 2005, bem mais contido e com uma evolução algo surpreendente se compararmos com o irmão mais velho. Para fechar com chave de ouro ainda tivemos o prazer de provar, os já esgotados na adega, Jaen/Alfrocheiro 2005 e o Reserva Touriga Nacional/Tinta Roriz 2007. Sobre o 2005 pouco há a dizer que muitos de vós já não saibam, que grande vinho!! Que surpresa!! O nariz que ainda tem! Os mentolados que deixa na boca… fantástico!! O Reserva a primeira vez que o provei há uns bons três anos não me deixou de queixo caído… Mas bem, ele agora já deixa cair tudo ao chão, está fantástico, sem notas de evolução e com uma boca elegantíssima e sedosa… quase que parece que levou barrica…
Fica na memória uma refeição fantástica com vinhos fora do baralho do Dão habitual, que mostram exemplarmente o terroir de onde vem. Em suma o que retiro desta prova…? Bem… acho que o nome “Dão Clássico” assenta que nem uma luva a esta casa, a resistência destes vinhos é impressionante, são vinhos que requerem a paciência do enófilo (para esperar por eles e para os compreender no momento da prova) e por fim a conclusão que já há muito tinha chegado… foi esta casa que me fez compreender que o vinho tem de respeitar a sua história… se não… sujeita-se a não ser mais que uma bebida banal.
Luís, bom amigo… em nome de todos os “Cegos por Provas” um muito obrigado!
Fernando Costa (Cegos por Provas)
Sem comentários:
Enviar um comentário