terça-feira, 19 de abril de 2011

Graham´s

Após a visita da parte da manhã, às Caves Messias, onde tivemos o privilégio de provar 10 vinhos do Porto, seguiu-se depois do almoço, a visita à Graham's para nova maratona de provas desse vinho generoso. Á chegada, fomos recebidos pelo Raul, que de forma apaixonada nos foi apresentando um pouco da história de uma casa pertencente ao grupo Symington, uma empresa "familiar" que possui nada mais nada menos que cerca de 7 milhões de litros de Vinho do Porto, a repousar em armazém, constitíndo assim, no maior stock do mundo. 

A principal quinta da Graham’s é a Quinta dos Malvedos. Contudo, os Symington são individualmente proprietários importantes de outras quintas do vale do Douro. Cada membro da família possui quintas privadas geridas por si, cujas uvas também são fornecidas à Graham's e utilizadas para as diversas marcas do grupo.

São 25 propriedades no Douro, correspondendo a cerca de 1300 ha de vinha, mais vocacionadas para o Porto, mas também para vinhos de mesa conceituados, tal como as marcas Altano, Post Scriptum, ou Chryseia.

O Raul orientou a visita, com destaque para a cave de armazenamento dos vintages, alguns deles seculares e muito bem guardados. Aliás, nas suas palavras esta é uma casa de vintages. Seguiu-se a prova que foi realizada ao balcão, com os vinhos a serem servidos em copos individuais pelo próprio Raul. Provaram-se grandes coisas boas e com um tratamento VIP. Eis os vinhos provados:

Graham's Tawny 30 anos e Graham's Tawny 40 anos
Ambos de cor similar, tipo aloirada. Ambos muito bons. O 40 anos mais complexo no nariz, mas menos exuberante (mais elegante) na boca que o 30 anos. Contudo, ambos com final bastante longo.

Warre's Colheita 1937
Cor acastanhada. No nariz altamente complexo e foi-se alterando à medida que foi abrindo. Na boca, madeira, fruto seco em abundância, noz, amêndoa, muito crocante, alguma secura, com uma acidez fenomenal e um final de persistência enorme. Este vinho não se encontra à venda, sendo apenas utilizado para efectuar alguns lotes. Um enorme privilégio prová-lo.

Graham's Colheita 1961
Cor acastanhada, menos seco que o anterior, nariz complexo, na boca uma explosão de sabores, com predominância do fruto seco, amêndoa, avelã, algum caramelo, madeira e notas de tabaco.  Bela acidez e final muito longo. Este vinho provém de uma edição limitada e recentemente engarrafada.

Graham's Vintage 1963
Cor ambar, nariz complexo. Fruta ainda muito madura, morango, cereja. Na boca sumarento e explosivo, em equilíbrio e harmonia com o nariz, elegante e com um final de boca interminável.

Graham's Vintage 1970
Cor ambar, nariz complexo. No início o álcool sobrepõe-se um pouco à fruta empassada, que vai sendo revelada lentamente. Na boca é igualmente explosivo e com final muito longo.

Graham's Vintage 1980
Cor ruby, aromas a fruta madura e vegetal. Na boca, compota de framboesa, ameixa, algo químico, bastante fresco e com final de boca médio.

Vesúvio Vintage 1994
Cor ruby, nariz muito frutado e intenso. Na boca, muito exuberante, aveludado e sumarento, com muita fruta vermelha. Grande final. Um vintage que durará seguramente mais uns 30 anos em pleno.

Graham's Vintage 2003
Cor ruby opaca, nariz frutado, ainda se sentem os aromas jovens da fruta. Na boca, limpo, em sintonia com o nariz e com final muito agradável.

Uma prova fenomenal.

No final, foi-nos pedido pelo Raul para destacar dois vinhos provados. Tarefa difícil, uma vez que o nível de qualidade de todos eles é muito alto! Para uma casa de Vintages, os colheitas não se ficam nada atrás, e foi um privilégio prová-los. Contudo, destaco o Vintage 1963, como o vinho que mais me encheu as medidas de todos eles. Fantástico!

Resta-nos agradecer ao Rui Lourenço Pereira e aos Portuguese Wine Bloggers por terem proporcionado este grande evento e claro, à Graham's e em particular ao Raul, que com a sua simpatia contagiante permitiram efectuar uma prova memorável.


Sérgio Lopes

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