terça-feira, 31 de julho de 2018

Um copo com... Ana Urbano

Ana Urbano é a winemaker das caves Messias no que a vinhos do Porto diz respeito. Foi das primeiras pessoas que recebeu de braços abertos um grupo de winelovers em Vila Nova de Gaia para dar a provar as maravilhas que repousam nesta casa familiar e secular, repleta de tesouros em Gaia, mas também na sua sede na Mealhada, onde está a ser terminado um magnifico centro de visitas. Natural de Sangalhos, licenciada em Engenharia Agrícola, vive em Vila Nova de Gaia. 

Olá Ana, temos-te visto em provas nacionais e internacionais, onde tens provado muita coisa diferente, presumo. Inclusive provas de café… Como têm sido essas experiências? Têm sido experiencias incríveis, são oportunidades únicas de perceber perfis completamente diferentes, castas diferentes, terroirs diferentes e até perceber o perfil de alguns consumidores. Ficamos com a ideia dos vinhos que se fazem por esse mundo fora e ficamos também a conhecer melhor algumas das regiões do nosso país que é tão diverso no panorama vínico. 

Como caracterizas o vinho do Porto como bebida? Achas que poderia estar mais democratizado o seu consumo? O vinho do Porto é uma bebida de excelência, por vezes o que acontece é que está muito associado a elites e não existe um conhecimento grande das várias categorias de vinho do porto, nem o hábito de consumo está enraizado nos portugueses, é muito comum estar num restaurante, em que as únicas pessoas que consomem o vinho do porto são estrangeiras. 

Lembras-te da primeira vez que pensaste “eu quero trabalhar nos vinhos”. Sinceramente não, acho que foi um processo natural. 

O que gostas de fazer nos tempos livres? Gosto de viajar, de conhecer novos lugares, estar com a família, amigos, gosto basicamente de estar descontraída. 

Qual o estilo de vinho do Porto que mais aprecias? Gosto imenso de Colheitas, mas gosto de beber um bom Vintage. 

Qual a região do país que consideras possuir maior potencial para se fazer vinho? Existem grandes tantas e tão diferentes regiões vitícolas, algumas com mais aptidão para brancos outras com mais aptidão para tintos, acho que uma região que tem imensa aptidão é a Bairrada, não fosse eu de lá. 

E qual o vinho que te falta fazer, de alguma região, casta, ou estilo, por exemplo? Aí muitos, gostaria muito de fazer um Madeira, mas existem tantos estilos de vinho que gostaria de experimentar. 

Conta-nos uma peripécia que tenhas vivido no mundo dos vinhos. Lembro-me que numa apresentação de Vinho, um senhor dirigiu-se a mim antes da prova ter começado a dizer que não gostava de vinhos de lote, porque achava que os vinhos de lote eram de qualidade inferior, só comprava monocasta, gostava de ter a expressão de uma só variedade e não entendia porque os portugueses misturavam tantas variedades que era uma confusão, agradeci a opinião e expliquei que Portugal era conhecido essencialmente pelas regiões e não só pelas variedades e como temos um grande património vitícola, utilizamos as diversas variedades e ele muito cético dizia que era porque as nossas uvas eram muito más, eu perdi os argumentos e disse vamos então começar a prova, a prova foi decorrendo com os vinhos da Messias e pelas DO’s onde temos propriedades e no final ele veio ter comigo e pediu desculpa, mas realmente eram muito melhores os vinhos de lote e que tinha entendido a filosofia de usar várias variedades de uvas além de ter ganho um cliente, ganhei também um amigo. 

Momento: Refere uma música preferida; local de eleição e companhia; e claro vinho a condizer… Agora como estamos à espera do verão, nada como um fantástico pôr-do-sol na praia com um chill out, na companhia dos amigos a beber um champanhe, assim algo bem tranquilo. 

Qual o melhor vinho que alguma vez provaste? Não sei se será o melhor vinho do Mundo, mas foi com certeza o vinho que mais me marcou, um borgonha Gran Cru de Richebourg, pela frescura e elegância, tinha um perfume e uma boca inesquecível, mas existem outros que me foram marcando ao longo da vida.

Sérgio Lopes

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