Alves de Sousa dispensa apresentações. Mas talvez seja interessante conhecer um pouco da história de um produtor singular do Douro e um dos nomes da mudança de paradigma da região. Domingos Alves de Sousa, Engenheiro Civil, sempre viveu e cresceu no meio das vinhas, uma vez que os seus pais eram viticultores que vendiam as suas uvas para as mais conceituadas casas de Vinho do Porto. Mas no final dos anos 80, com os custos de produção a aumentar significativamente Domingos Alves de Sousa decidiu arriscar e convencer os seus pais a fazer "Vinhos de Quinta", em detrimento do Vinho do Porto. E assim, dedicou-se em exclusivo à sua Quinta da Gaivosa. O primeiro vinho saíu em 1992. O resto já se sabe. Paulatinamente foi ganhando o seu espaço e com a ajuda do então jovem enólogo Anselmo Mendes foi crescendo, sem grandes alaridos e em 1999 foi considerado produtor do ano em Portugal, pela Revista de Vinhos, feito repetido em 2006.
Existe outra data que apraz registar. É inegável que desde a entrada do filho Tiago Alves de Sousa para a direcção de enologia, em 2003, o percurso tem sido de uma maior definição e consistência, tendo igualmente sido desenhados por si icons como o Abandonado, o Reserva Pessoal e agora o Memórias 20 anos que demonstram a assinatura do jovem enólogo.
A base do sucesso e do factor de diferenciação vem da Quinta da Gaivosa, quartel general do projecto, localizado na Cumieira, Santa Marta de Penaguião. Outras quintas têm sido adquiridas pelo produtor para facer face à procura do mercado e permitir lançar vinhos de patamares de preço transversais. Mas é da Quinta da Gaivosa, onde fizemos a visita e prova de vinhos que vem a magia...
Aqui ficam algumas fotos da visita à quinta:
Fizemos depois uma prova memorável, juntamente com uns bloggers Húngaros:
- Berço, Branco da Gaivosa Reserva, Reserva Pessoal Branco.
- Vale da Raposa Sousão, Reserva Pessoal Tinto, Vinha do Lordelo, Quinta da Gaivosa 2008
- Abandonado 2009
- Memórias
- Porto Branco e tinto 10 anos, LBV 2009.
Cada um destes vinhos merece o seu destaque individual, dado a sua especificidade e qualidade extremas. Não posso contudo deixar de destacar a acidez hiper crocante do Berço, o carácter único do reserva pessoal Branco, o notável equilíbrio do Vinha do Lordelo e a potência contida do Quinta da Gaivosa 2008. E claro, não tenho palavras para o Abandonado, vinho produzido a partir de vinhas muito velhas que literalmente ficaram ao abandono durante anos dada a dificuldade de acesso e o Memórias 20 anos que é um blend das melhores colheitas dos últimos 20 anos, digna homenagem a essa data.
É inegável que Alves de Sousa é um dos produtores grandiosos do Douro. Traçou um caminho muito próprio, quiçá alternativo à corrente que estaria em vigor e tem-se saído muitíssimo bem. Muitos e bons anos pela frente se desejam à família Alves de Sousa que nos continuará seguramente a brindar com os seus vinhos de excelência. Os vinhos do Porto serão igualmente uma aposta maior do produtor, segundo nos confessou Tiago.
Sérgio Lopes