Estamos na época das vindimas, onde tudo se decide. Este ano iniciadas bem mais cedo do que o costume. Onde se preparam as colheitas habituais e as novidades. E é de novidades que quero falar, de produtores jovens e irreverentes que em 2017 se evidenciaram. Têm em comum o facto de serem produções pequenas, produzirem apenas um vinho e eu ter sido comprador assíduo (e gostar muito de cada um deles). São eles Hugo Mendes - HM Lisboa, Cosntantino Ramos - Zafirah e João Camizão - Sem Igual.
Hugo Mendes, enólogo da Quinta da Murta, com o seu primeiro vinho. Lisboa 2016 by Hugo Mendes, disponibilizado numa primeira fase, em venda direta antecipada pela net, a um preço mais baixo, de um total de 2300 garrafas numeradas. Trata-se da sua interpretação da região de Lisboa, um vinho branco com Arinto e Fernão Pires em partes iguais. De registo leve e fresco, muito fino, com uma acidez presente mas delicada a aportar uma certa finesse e complexidade ao vinho. Pouco álcool, 11,5º, o que é óptimo e um corpo médio a segurar todo o conjunto, bebe-se sem dar conta! Distinto, com um toque salino. Sempre a crescer em garrafa.
Zafirah 2016, o primeiro vinho de Constantino Ramos (enólogo de Anselmo Mendes). O propósito deste vinho é o de remontar às antigas tradições dos vinhos tintos produzidos na região de Monção. Sim, é um "verde tinto", produzido das castas típicas tintas da região com predominância de Alvarelhão, E o resultado é um vinho de cor violeta turva, pois não foi sujeito a qualquer filtração, para preservar todo o seu caracter. O aroma é fresco e frutado, mas de uma fruta vermelha bem fresca e pura (framboesa, morango). É, no entanto, na boca que deslumbra pela elegância e incrivel acidez que lhe aporta uma grande personalidade e versatilidade gastronómica. Termina longo e bem crocante a pedir novo copo. O facto de apresentar pouco mais do que 10º de alcool torna-o ainda mais viciante. (100 garrafas).
O projecto de João Camizão, 100 Igual (ou Sem Igual) está inserido no grupo Vinho Verde Young Projects. São 4 Jovens produtores que juntam esforços e pretendem demonstrar que a região dos vinhos verdes é uma região, sobretudo, de grandes brancos. O 100 Igual 2015 é feito de Azal e Arinto de Amarante e deslumbrou-me ao primeiro contacto. A linha condutora ou perfil é o de pouca exuberância, bastante acidez, e muito secos, com o corpo do Arinto e o "nervo" do Azal. Neste momento começa a mostrar-se em todo o seu esplendor, com um nariz contido mas cheio de complexidade, uma boca vibrante, frescura ácida e final bem prolongado. Nada de frutinhas enjoativas. Pelo contrário um branco de classe internacional, com um lado amanteigado que agora começa a aparecer a lembrar a "borgonha". Numa altura em que o 2016 começa a mostrar uma acidez desconcertante que faz prever poder vir a ser (mais)uma brilhante colheita...
E por isso, considero estes os "New Kids In Town" - projectos diferentes, diferenciadores, com algum risco, mas que resultam em produtos de grande qualidade. Um brinde a eles ao som dos "Eagles"...
Sérgio Lopes
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