segunda-feira, 18 de março de 2019

Radar do Vinho: Quinta do Arrobe

A região do Tejo anteriormente designada por Ribatejo, assiste hoje a uma mudança, com um número crescente de projetos de qualidade com vinhos muito apelativos, mas com o seu grau de complexidade. Vinhos feitos para beber com prazer. É o caso da Quinta do Arrobe localizada em Casével, Santarém, bem no coração do Ribatejo. Um projecto que iniciou de forma profissionalizada há 11 anos, recuperando a tradição familiar que remonta a 1882, onde já se se produzia vinho. .A Quinta do Arrobe contempla as marcas Sensato (gama de entrada) Mensagem e Oculto (gama média) funcionando também como homenagem a Fernando Pessoa, com a célebre frase ‘Boa é a vida, mas melhor é o vinho’ e finalmente Quinto Elemento, normalmente vinhos que pretendem ser diferenciadores e expressar a monocasta nos solos argilo-calcários da Quinta (Syrah, Cabernet Sauvignon, Arinto e o mais recente blanc de Noir de Trincadeira-Preta). Provamos alguns dos vinhos que passamos a descrever:

O Mensagem Branco (6€) é composto por Fernão Pires,  Arinto e Sauvignon Blanc, num conjunto franco e direto, frutado e de fácil agrado. O Oculto (6€) é um tinto composto por Cabernet Sauvignon, Syrah e Touriga Nacional, com um perfil internacional, onde predomina a fruta preta, alguma especiaria e uma boca média, com taninos redondos, amparados por uma boa frescura. Bem conseguido e uma óptima escolha por 6€. O Mensagem Reserva Tinto (15€) é feito de Cabernet Sauvignon e Merlot. Trata-se de um vinho bem estruturado, com um binómio frura madura - pimento muito interesante. Fresco, com taninos firmes, mas domados. Complexo, longo e de perifl internacional, mais uma vez , mas sem exageros de sobrematuração. Gostei bastante.
Da gama Quinto Elemento provamos o Reserva Arinto Chão de Calcário (14€), que como o próprio nome indica, pretende ser a expressão da casta Arinto no terroir da Quinta do Arrobe. Trata-se de um vinho con notas citrinas e florais, tudo num registo contido e bonito. A boca é elegante e com alguma untuosidade, terminando em harmonia, Um conjunto muitíssimo equilibrado, num branco muito apelativo e fácil de beber. Para mim, só precisava de um pouquinho mais de acidez para ter o fator "wow". Mas está bastante bem! No lado oposto, o Quinto Elemento blanc des noirs (16€) é um branco feito da uva tinta Trincadeira Preta. Aqui, apesar do lado aromático contido, temos uma boca mais cheia, mineral e estruturada, num registo de grande pendor gastronómico. Uma belíssima curiosidade. A precisar de tempo.

Dos tintos desta gama, terminamos em beleza a prova com o Quinto Elemento Syrah (15€), um tinto bem guloso, cheio de fruta preta madura e um lado vegetal que lhe confere frescura. A boca é ampla, com taninos redondos e final saboroso e persistente. Excelente companheiro à mesa; Finalmente, o Quinto Elemento Cabernet Sauvignon (18€), o meu preferido, com um aroma bem complexo e profundo. As notas de pimento verde são evidentes, mas sem incomodar, antes pelo contrário aportam uma sensação imediata de frescura no nariz. Encorpado, com a fruta silvestre e especiarias em bom plano,  tem uma boca estruturada,  mas elegante, terminando longo e muito prazeroso. Um belíssimo vinho, finalizando assim a nossa prova em beleza!

Sérgio Lopes

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