terça-feira, 10 de maio de 2016

Fora do Baralho: Luis Pato Fernão Pires "Tinto" 2012

Há uma ideia que recentemente tem vindo a ganhar múltiplos formatos, de recuperar a tradição antiga de vinificar uvas brancas e tintas ao mesmo tempo; se em tempos mais remotos isto acontecia porque as vinhas velhas continham em si percentagens – nem sempre aleatórias, julgo eu – de múltiplas castas misturadas, hoje em dia isso já é feito de uma forma mais definida, buscando no entanto um resultado que nos “devolva” esses vinhos de outrora, menos alcoólicos que o habitual, para consumo no ano, dia-a-dia e na maioria dos casos a qualquer hora… bons companheiros de todo o tipo de petisco, estes vinhos saem da actual norma com que habitualmente os classificamos, ao ponto de haver casos em que a própria região não os reconhece como sendo “seus”…

Depois de provarmos o Palhete 2005 do Gravato, o Pardusco Private Selection 2015 do Anselmo Mendes ou o Uivo Renegado 2015 do Tiago Sampaio ficamos com a ideia de que regra geral a uma base de uvas tintas é adicionada uma pequena percentagem de uvas brancas, conferindo-lhe estas maior frescura e uma acidez suplementar… pois com este Fernão Pires (o nome celebra o nascimento do seu neto Fernão) Luís Pato faz exactamente o oposto e a uma percentagem de 94% de uvas desta casta branca (que ganha o nome de Maria Gomes na Bairrada, de onde provém) junta 6% da “sua” Baga, numa fermentação que ocorre em conjunto por um período de 10 dias.

O suficiente para a Baga dominar o restante lote e aparecer tanto no nariz como na boca: contem com algumas notas típicas desta casta logo no aroma, como o barro molhado e até algum chocolate, e depois alguma rusticidade na boca, como de uma Baga até com mais idade (este teve edição única de 2012), ganhando uma acidez que casa muito bem com estes “traços de personalidade” tão evidentes desta casta. Para se beber ligeiramente fresco, claro, para melhor se apreciar um vinho que não chega aos 12% de álcool… não será fácil de o encontrar, mas até isso aguçará a curiosidade para quem não estará familiarizado com este “novo velho” estilo. PVP: 10€; Disponibilidade: Portus Wine Trip.

Marco Lourenço

2 comentários:

  1. provei na adega julgo que a primeira edição deste vinho. seria 2010? curioso, com aromas surpreendentes.

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  2. Quero definitivamente provar em breve!

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