segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Velhos (alguns Vinhos) são os trapos!

Esta crónica vem a propósito de três vinhos que provei este ano e que desafiaram a passagem do tempo. Quem me conhece sabe que estou na fase dos brancos - jovens ou menos jovens, têm me dado enorme prazer e sobrepondo-se grandemente em consumo, desaparecendo a uma velocidade vertiginosa da minha garrafeira. São fases. Acho. Já tive a fase dos tintos e em particular dos "vinhos velhos", os quais ainda moram alguns na minha garrafeira. Mas cada vez estou mais convicto que um vinho tinto tem a sua idade ideal de consumo entre os 5 e 10 anos (em média) e os brancos entre 4 a 6 anos. Claro que há montes de variáveis nesta equação, mas regra geral encontramos, nesta média, os tintos mais prontos a beber e mais complexos - a dar mais prazer, e os brancos mais desafiantes e com deliciosas notas de evolução, sem, ambos perderem a frescura. 

Mas de quando em vez, surgem vinhos que desafiam a passagem do tempo e trocam as voltas a isto tudo. Ainda na passada 6ª feira tive o prazer de provar (de novo) um Frei João Tinto de 1966, vinho da Bairrada, 100% da casta Baga, que estava com uma juventude inquietante. Em prova cega ninguém atiraria para a década de 60... Seria um grande vinho ás cegas? provavelmente não, mas ao vermos a sua ainda jovialidade com mais de 50 anos a dançar no copo, impressiona qualquer um! Brutal. O outro vinho que me lembro ter bebido este ano e que me surpreendeu foi um Dão Pipas 1975 que abri no meu aniversário. Em magnum, comprado numa garrafeira onde esteve não muito bem acondicionado. O "bicho" estava "impec", outro vinho cheio  de vida e que impressionou quem o provou. Duas regiões, Bairrada e Dão que sobretudo, no século passado conseguiram criar vinhos com uma longevidade incrível.  E ainda hoje o conseguem fazer se quiserem, mas provavelmente o mercado não o permite e por isso não irão durar tantos anos (presumo). 

Para finalizar, deixo-vos o terceiro vinho, provado AQUI e que é produzido com uvas provenientes do Dão e da Bairrada, o Bussaco  Reservado 1960. Um vinho descomunal. Já para não falar no branco de 1958, que fica como o melhor vinho provado este ano. Pelo menos branco. Há vinhos do caraças! 

Sérgio Lopes

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