segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Radar do Vinho: Quinta do Mouro

O final da tarde do 4.º dia do grupo (meu 2.º) no Alentejo foi passado na Quinta do Mouro com o Miguel Louro, produtor excêntrico e um inigualável contador de histórias. Atualmente conta com a ajuda dos filhos, principalmente do Luís Louro, na enologia mas por vezes não lhes liga nenhuma e aparecem vinhos fantásticos como os Erros, fruto do acaso ou da teimosia do produtor. 

Já agora, os Erros da Quinta do Mouro são para quem gosta de vinhos diferentes e os que mais dizem da personalidade do seu produtor, não serão do agrado de todos, tal como o Miguel Louro, mas para mim, são dos mais interessantes que há no Alentejo.

A visita do nosso grupo ocorreu em simultâneo com a visita de um pequeno grupo de belgas e que até foi interessante, aumentando a interação, e se por um lado para eles foi um pouco mais difícil, pois às vezes, o Miguel Louro começava a falar em inglês mas depois entusiasmava-se e acabava a falar em Português, para desespero da sua assistente. 

Por outro lado, a dinâmica que se estabeleceu, fez que em vez de se abrir meia dúzia de vinhos, acabou por abrir todos os vinhos que estavam disponíveis ;) A adega é pequena e artesanal mas não impede de saírem grandes vinhos de lá, à imagem do Miguel Louro, muito irreverentes, completamente fora da caixa, mas de grande qualidade. Quando me dizem que não gostam de vinhos alentejanos porque são muito redondinhos e com pouca acidez, eu digo sempre, já provaste um Quinta do Mouro?

Bem, seguem as minhas notas de prova (sintéticas e pessoais, mais úteis a pessoas com gostos semelhantes):


- Vinha do Mouro Branco 2015 – equilibrado e seco (15,5);
- Apelido 2015 – mais intenso e ácido (16);
- 1.º Nome 2015 – com mais estrutura e equilibrado (17);
- Erro B 2015 – muito intenso e com grande acidez, precisando desesperadamente de comida e devendo melhorar com a idade, vinho de curtimenta total por causa de uma prensa avariada e que depois foi loteado com arinto para o tornar um pouco mais leve e fresco (17, por agora);
- Vinha do Mouro Tinto 2013 – um pouco adstringente e com acidez pronunciada que requer comida, é um bom vinho mas não é um entrada de gama fácil (16);
- Zagalos 2012 – mais elegante e do agrado geral (16,5);
- Quinta do Mouro 2010 – Encorpado e com taninos notórios mas já suficientemente polidos para dar uma boa prova (17,5);


- Erro 2 2011 – encorpado, muito intenso e com acidez a condizer e um sabor fabuloso, este é proveniente de umas barricas que deviam ir para o Rótulo Dourado mas ficaram esquecidas (18);
- Erro 3 2013 – meio corpo mas muito exuberante quer de aroma quer de sabor, com acidez elevada que resultou de um lote com Brett (que no produto final não se nota) de uma casta híbrida que um professor trouxe de Espanha, combinado com 50% de Trincadeira (18-18,5);
- Quinta do Mouro Touriga Nacional 2014 – aroma e sabor fabulosos com taninos ainda muito notórios e boa acidez, um vinho que diria que com mais uns 3 anos de garrafa pode bater-se com qualquer Touriga Nacional, mesmo agora, se decantada com tempo e acompanhar comida, já dá uma grande prova (18-18,5);
- Quinta do Mouro Cabernet Sauvignon 2011 – encorpado e muito intenso, com um aroma intrigante e um dos melhores Cabernets de Portugal, só perdeu por estar no meio de vinhos fabulosos (17,5);
- Quinta do Mouro Rótulo Dourado 2011 – encorpado, muito intenso com taninos já domados, com madeira de qualidade, aroma e sabor fabulosos (18,5).

Duarte Silva (Wine Lover)

Sem comentários:

Enviar um comentário