sexta-feira, 5 de maio de 2017

Winopedia: Icewine, um vinho especial

O QUE É O "IceWine" ? Traduzindo, “Vinho do Gelo” cuja temperatura de consumo desejável é de 5ºC. O IceWine é um vinho produzido a partir de uvas normalmente congeladas ainda na videira. A produção do Vinho do Gelo é um pouco arriscada, pois as uvas não devem de ser afectadas pela “Botrytis Cinerea”, precisando de estar totalmente saudáveis, devendo a neve e o gelo cair em toda a vinha antes que isso ocorra, necessitando de muita habilidade, pois as uvas têm que ser colhidas o mais rapidamente possível. 

Quando as uvas estão maduras, as parcelas de vinha seleccionadas para a produção de IceWine são parcialmente desfolhadas e envoltas em plástico (respirável) ou redes para proteger as uvas das aves esfomeadas. Estes métodos foram introduzidos nos anos 60 e, sem eles, seria praticamente impossível reter as uvas na videira. A vindima ocorre entre os meses de Dezembro e Janeiro (mas não pode ser feita antes de 15 de Novembro), de forma manual, com as uvas congeladas, as quais deverão ser prensadas num processo contínuo sempre a temperaturas de -8°C ou inferiores. Por isso, a vindima é feita muitas vezes durante a noite ou de madrugada para garantir a temperatura necessária, que anda normalmente entre os -10° e os -13°C para se conseguir o açúcar e sabor ideais.

Os açúcares e outros sólidos dissolvidos não congelam, mas a água sim, permitindo um mosto mais concentrado já que é prensado a partir das uvas ainda congeladas. Os cristais de água ficam na prensa resultando numa menor quantidade de vinho mas mais concentrado, muito doce e com elevada acidez. No IceWine o congelamento acontece assim, antes da fermentação e não depois, dando ao vinho de gelo a sua doçura característica, refrescante e equilibrada pela acidez elevada.
Os IceWines são vinhos encorpados, digamos que, podem ser “mastigados”, e têm sabores que lembram mel, pêssegos maduros, damascos, abacaxis e frutas cítricas. Para uma boa harmonização com esses vinhos delicados, incluem frutas em calda, tortas de frutas, cremes, biscoitos amanteigados e docinhos. 

São produzidas três variedades de IceWines: os espumantes; os brancos e os tintos. A produção desse vinho é, obviamente, limitada a uma minoria do mundo, onde as temperaturas frias necessárias para a produção sejam constantes. O Canadá e Alemanha são os maiores produtores mundiais de IceWine e 75% dos vinhos produzidos no Canadá vem de Ontário e as uvas, mosto e vinho não podem ser refrigerados artificialmente em nenhuma fase do processo, excepto no tanque de refrigeração durante a fermentação e/ou a estabilização a frio antes do engarrafamento. 

Noutros países, onde não existem regras ou elas são claramente menos exigentes, alguns vinicultores usam a crio-extracção (ou seja, o congelamento mecânico) para simular o efeito de congelamento da uva e, normalmente, não deixam as uvas na videira por tanto tempo como para os IceWines naturais. Estes “vinhos de gelo” não tradicionais são muitas vezes referidos como os vinhos de “geleira”. 

O IceWine, é considerado uma obra-prima da vitivinicultura. Um néctar cujo rendimento é tão baixo que uma videira chega a produzir apenas meia garrafa. Por isso, o seu sabor é tão recheado de aromas e, muitas vezes, é bebido como sobremesa dele próprio. Também por isso, é o vinho mais caro do mundo.

A par do nosso vinho do Porto, este é daqueles vinhos que só devem ser servidos a pessoas muito especiais.

Fernando Sousa (http://www.global-satisfaction.com/)

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