terça-feira, 24 de julho de 2018

Radar do Vinho: A "nova" Adega de Monção

Retomo este texto elaborado em 02-12-2017 para mostrar a importância do tempo de garrafa num vinho. Isto, a propósito da prova vertical realizada no passado domingo, onde tivemos a oportunidade de fazer uma viagem pela história da Adega de Monção, numa prova vertical que a imagem abaixo retrata.

Vinhos como o Deu-La-Deu 2008 ou 2002, cheios de frescura e vivacidade, demonstram a longevidade da casta Alvarinho e a qualidade do trabalho de uma Adega que trabalha com milhões de quilos de uvas. Bravo.

Deu também para provar, de novo, os vinhos provados em Dezembro do ano passado e incluir aqui e agora uma espécie de adenda às notas de prova de então.

Se o Deu-La-Deu da colheira atual mantém o mesmo perfil, ou seja, Aroma cítrico e floral com nuances tropicais. Boca fresca e equilibrada. Seco e bem feito. Harmonioso e refrescante. Uma aposta segura. Neste caso provado o ano de 2017. Já o Deu-la-Deu Reserva 2015 está muito mais equilibrado e percebe-se que os vinhedos mais altos dão-lhe outra frescura. Muito bem. Mas o Deu-laDeu Premium 2015 está mesmo diferente, com tudo super-integrado, sobretudo a madeira, dando grande prazer a provar, mostrando-se untuoso e muito prazeroso. Que diferença que os 7 meses de garrafa fizeram, para melhor! Uma delicia. Por fim, o Terraces, é vinho para 10 anos (ou mais), super mineral, seco, puro, incisivo - um grande vinho.

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02-12-2017 - A Adega de Monção é uma produtora de vinhos de referência na região dos vinhos verdes, em particular da sub-região de Monção e Melgaço, quer pela relação preço/qualidade, quer pela quantidade que consegue atingir anualmente. Marcas como Muralhas de Monção ou Deu-la-Deu são já "clássicos" em qualquer grande superfície e escolhas seguras para o dia-a-dia.

A par da ótima gestão desde o início do século, a qualidade dos vinhos tem vindo anualmente a crescer a olhos vistos e os números da empresa e os prémios falam por si. Tendo o seu foco nos vinhos de massa, há agora uma nova vida na Adega de Monção, com o objectivo de produzir vinhos de uma qualidade superior que possam ser apreciados por um público mais alargado. 

A utilização da marca Deu La Deu é óbvia nos alvarinhos e a ideia é enfatizar ainda mais a imagem de qualidade a esta marca tão antiga. Há todo um caminho a ser percorrido, mas pela prova das novas gamas da casa, este está a começar a ser trilhado. Passar a imagem de uma adega modernizada e com vinhos de qualidade que pode estar em qualquer frente, vai naturalmente demorar o seu tempo.

Deu-la-Deu 2016







Consistente ano após ano, a edição de 2016 do Deu-la-Deu não foge à regra, Aroma cítrico e floral com nuances tropicais. Boca fresca e equilibrada. Seco e bem feito. Harmonioso e refrescante. Uma aposta segura. PVP 5,99€.

Deu-la-Deu Reserva 2015






Produzido através de uma selecção de uvas de melhor qualidade de vinhedos mais altos. para fazer esse vinho. Mais profundo e complexo que o Deu-la-Deu "normal". Foi provado com os meus primos, que não estão habituados a beber vinho e gostaram muito! Eu também, pela frescura e pureza. Muito agradável. Um clássico turbinado, que acaba de conquistar a medalha Gran Albariño de Oro, no VI Concurso Internacional Albariños al Mundo Dublin 2017, tendo sido o único Alvarinho produzido em Portugal a merecer esta distinção. PVP 12€

Deu-la-Deu Premium 2015

Alvarinho fermentado e estagiado em madeira (fermentação em barricas de 250 litros e estágio durante 4 meses em cascos novos de carvalho Francês e Americano, com batonnage). Aqui estamos na presença de um branco onde as notas de baunilha e frutos secos, nesta fase, se sobrepõem ao carácter cítrico típico da casta. O resultado é interessante, mas não será consensualPVP 14€

Deu-la-Deu Terraços 2015






Produzido a partir de vinhas velhas, fermentadas com leveduras autóctones. seleccionada após um trabalho de investigação realizado em parceria com a empresa YeastWine. Trata-se de um vinho de grande pureza aromática. Acidez e frescura a rodos. Muito mais complexo que os anteriores. Cheio de mineralidade, com notas de pedra molhada. Na boca é firme, austero, imponente e muito longo. Um caso sério. PVP 25€


Provados os vinhos, o futuro é promissor neste novo posicionamento da Adega de Monção. Habituada à produção de vinhos de massa, com inegável qualidade, fazer qualquer um destes vinhos, obriga a custos suplementares significativos, uma vez que a produção automatizada tem de parar para produzir estas referências, Reserva, Premium e Terraços. Talvez por isso, o salto de preço do deu-la-deu para os restantes seja bastante expressivo e posicione quiçá os vinhos um pouco acima dos seus homónimos, que competem na primeira liga dos alvarinhos. É um processo, que na minha opinião, tem tudo para dar certo com os devidos ajustes com o tempo. Nota: À excepção do Deu-le-deu que se encontra facilmente nas grandes superfícies, todos os restantes vinhos podem ser adquiridos no El Corte Ingles.

Sérgio Lopes

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