quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Arena de Baco: 3 claretes, 3 regiões

Clarete é um tipo de vinho que costuma ser considerado um vinho ligeiro. Tradicionalmente era um produto da fermentação de uvas tintas de pele mais escura com uvas tintas de pele mais clara (blend de Bordéus), mas hoje em dia há quem adicione uma percentagem de uvas brancas para aligeirar a cor e tornar o vinho mais macio, criando na verdade um palhete, mas designando-o na mesma como Clarete. É tudo uma questão de marketing. De qualquer forma, os claretes são vinhos que se enquadram na categoria dos tintos, apresentando geralmente pouca extração, ou seja, corpo ligeiro, frescos, leves, com pouco alcool (entre os 11º - 12,5º) e de fácil consumo, sobretudo no Verão onde o clima grita por vinhos para consumir de forma mais despreocupada. Não quero com isso dizer que não são vinhos interessantes. Pelo contrário! E na minha busca por tintos menos pesados e mais fáceis de beber (vários copos), sugiro três claretes portugueses que devemos conhecer. E provenientes de 3 regiões diferentes:
O Morgado do Quintão é proveniente do Algarve e inspirado nas tradições ancestrais de fazer vinho na região. É produzido 100% da uva Negra Mole, autóctone da região e que por si só já apresenta cachos com uvas mais e menos carregadas de cor. A vinha é nativa e com mais de 70 anos, produzindo um vinho com cor aberta, combinando fruta e um lado vegetal. É Macio, com taninos finos e volume médio. Muito prazenteiro e bem conseguido. Naturalmente um sucesso de vendas na região Este ano aparece com um pouco mais de corpo que no ano pasado. 13,95€. O Respiro é proveniente  de Portalegre de vinhas velhas também com mais de 70 anos (provavelmente com alguma uva branca misturada nessa vinha velha). È um vinho também de cor aberta, bastante complexo até, muito fresco, com alguns apontamentos herbáceos e final muito saboroso. Gosto muito deste vinho de João Afonso. Misterioso e muito gastronómico. 12€. Por fim, o Uivo Renegado, de Tiago Sampaio (Olho no Pé). A cor é de vermelho pálido, quase rosado, podendo ser facilmente confundido por um rosé, em prova cega. Cheio de fruta vermelha muito fresca e bonita (morango, framboesa, romã), confirmada na boca. Só lhe falta um pouco mais de corpo na minha opinião para vencer o confronto com os 2 anteriores, mas brilha no prazer que dá, copo após copo, pelo equilibrio, frescura e leveza de conjunto. Quase que não apetece parar de beber. Um vinho onde o lote é constituído por 50% de uvas brancas e 50% uvas tintas, provenientes de uma vinha velha em Sabrosa - Douro. 7€ A descobrir. Os 3 vinhos, prazenteiros e com pouco alcool, num estilo em crescimento e afinação. 

Sérgio Lopes

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