Tiago Cabaço é jovem, irreverente e muito bom comunicador. E como as criações tendem a imitar o criador, os vinhos que apresentou no jantar vínico organizado pelo Restaurante PEDRO DOS LEITÕES mostraram claramente esse cunho.
O produtor alentejano saiu da casca com dois vinhos apresentados logo no início. Um Encruzado do Alentejo, que criou em homenagem ao seu pai, pioneiro no plantio da casta oriunda do Dão, e um espumante muito aromático.
No entanto, a minha curiosidade foi despertada pelo vinho que desfilou ao lado do prato de Vieiras com Brunesa de Frutos Tropicais e Vinagreta, o BD BRANCO DOCE fruto duma colheita antecipada. No primeiro olhar e se formos petulantes ao colocar o vinho no nariz, podíamos cometer o erro de o chamar tardio, pelo impacto olfactivo que causa, com notas de pêssego e jasmim bem vincadas. Mas a especificidade do terroir de Estremoz gosta de nos pregar partidas e este BD nasce mesmo duma maturação antecipada pelos Verões bem quentes do Alentejo.
E porque o vinho se faz de balanços e equilíbrios, este consegue a proeza de colocar em perfeita harmonia a fruta madura e a acidez na boca, sem perder a frescura e até mostrar um nervo e energia apreciáveis.
Feito para mentes inquietas, este Branco levemente doce harmonizou numa relação de igualdade com as Vieiras e a acidez das frutas tropicais da Brunesa.
Miguel Ferreira (A Lei do Vinho)
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