segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Os Melhores Vinhos Provados em 2018 - por André Antunes

Tive a sorte de em 2018 ter provado muitos vinhos, de todas as cores e feitios, e não seria por isso uma tarefa fácil indicar os que eventualmente seriam os melhores. Creio ser melhor falar um pouco daqueles que mais me emocionaram, e que ainda perduram na memória.
Começo por um fantástico Tempo do Anselmo Mendes, profundo, complexo e poderoso como raramente encontro em brancos nacionais. A verdade é que era séptico em relação a ele devido ao elevado preço, mas depois de o beber por duas vezes creio que se há branco que justifique por cá essa extravagancia, será este. Menção também para o Muradella 2010 de José Luis Mateo (Monterrei), pela sua profunda mineralidade e o mostrar que é possível fazer algo fantástico com a Trajadura (Treixadura na Galiza). Finalmente merecem uma palavra o Maison Pierre Overnoy Savagnin 2011 (o Jura no seu esplendor), Imanol Garay Ixilune 2016 (Pirinéus num copo) e Quinta da Serradinha 2012 (quem disse que os naturais não sabem envelhecer?). 

Nas bolhas, poderia destacar vários champagnes de pequenos produtores, qualquer um deles a respirar terroir por todos os lados. Mas fico-me por um Pol Roger 2002, de gás muito ligeiro mas com uma complexidade e equilibrio que fariam corar muitos vinhos tranquilos.

Nos tintos, não poderia nunca deixar de falar do Zafirah 2017 do Constantino Ramos. Um vinho de trago fácil, de enorme prazer, e que nos mostra que os tintos minhotos não precisam de ficar presos a estereótipos. E também do Vide 2016 do Vítor Claro, pela leveza e frescura estonteantes, um Alentejo muito diferente, e um vinho de pura emoção. Nota ainda para o Domaine de La Côte Sta. Rita Hills 2014 (Califórnia) e o Atelier Tormentas Fulvia 2015 (Brasil), dois Pinot Noir incriveis e que mostram que o Novo Mundo também nos pode trazer elegância. Deixo ainda uma palavra para o Mouchão Tonel 3-4 2011 (potência controlada), Gouvyas Clarete 2016 e Aphros Phaunus Palhete 2017 (“bebilidade” extrema) e Eulogio Pomares Castiñeiro 2017 (O Espadeiro não é só para rosé...). 

Para terminar, apenas um generoso, e talvez não o mais óbvio. Das Bodegas Sanches Ayala (Sanlucar de Barrameda), o Amontillado Viejo Don Paco, um Jerez impressionante pela potência, concentração e notas salinas e iodadas. Não será para todos os gostos, mas a mim deixou-me boquiaberto. 

Espero que se se cruzarem com algum destes vinhos, vos dê tanto gozo a bebê-los quanto a mim! Feliz 2019!

André Antunes (Restaurante Delicatum)

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