sexta-feira, 6 de março de 2020

Em Prova: Zagalos Reserva Branco 2017

Não conhecia este branco proveniente da Quinta do Mouro, que vem assim fazer companhia ao Zagalo tinto, completando a gama média dos vinhos do produtor. Alvarinho, Arinto, Gouveio, Verdelho, Rabigato. Maceração pelicular durante 8 horas. Fermentação e estágio em barricas usadas, com battonnage. O resultado: Um vinho surpreendentemente fresco e com muita tensão, sem perder o equilíbrio. Cor citrina carregada, nariz cheio de frescura, com notas florais, citrinas e alguns melados. Na boca, muita tensão, untuoso, elegante, com notas oxidativas muito giras a conferir-lhe originalidade. Termina longo e cheio de sabor, com os seus singelos 12 graus de álcool. Um branco com uma elevada acidez, que aposto, provado às cegas, dificilmente seria identificado como um branco do Alentejo. Bravo. PVP: 12€. Garrafeiras.

Sérgio Lopes

terça-feira, 3 de março de 2020

Em Prova: Vinhos PGA (Pedro Guilherme Andrade)

Com formação em Engenharia Agrónoma e especialização em Enologia, Pedro Guilherme Andrade exerceu diversas funções no sector dos vinhos, desde meados da década de 1990. Como enólogo de várias empresas da Bairrada, contribuiu para o movimento de renovação dos vinhos da região, que hoje assumem um perfil mais moderno sem perderem as suas características matriciais. A sua actividade como produtor individual arrancou no final da década de 2000, aproveitando o know-how adquirido profissionalmente e as excelentes condições vitivinícolas da propriedade familiar., resultando na marca PGA

O PGA Heritage Colllection Bruto 2017 é um espumante feito de Bical, Cerceal e Chardonnay. Com estágio mínimo de 12 meses, antes de degorgement, trata-se de um espumante equilibrado, com uma mousse suave e crocante, capaz de ser consensual. Bem desenhado. 10€. 


O PGA Reserva Tinto 2018 feito de Baga e Touriga Nacional, com a barrica um pouco impositiva nesta fase, num conjunto estruturado e a mostrar que é possível beber um tinto com baga em novo. 10€. Finalmente, o meu favorito, o PGA Reserva Branco 2018, feito de Cerceal, Chardonnay e Arinto, um vinho algo exótico e fresco, com bom volume de boca e elegância de conjunto. 10€.

Um projecto, na minha opinião, a meio caminho entre a tradição e modernidade, com muito espaço para crescer.

Sérgio Lopes

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Radar do Vinho: Prior Lucas

Rui Lucas, actualmente ao leme do projecto Prior Lucas dá continuidade à tradição familiar do seu bisavô - José Francisco Prior, pequeno agricultor da freguesia de Souselas, que cultivava a vinha e que no seu tempo vendia todo o seu Vinho nas tabernas boémias da academia de Coimbra, bem como de seu pai, José Prior Lucas, que foi cultivando as parcelas que eram do seu avô, produzindo vinho que partilhava à mesa com a família e os amigos. Hoje o desafio é o de manter a pequena produção, entre vinha antiga e vinha nova, reagrupando os cerca de 5ha divididos por 7 parcelas onde se preserva a identidade e o carácter das castas tradicionais como a Baga, Maria-Gomes e Bical, acrescentado um toque de modernidade com a Tinta-Roriz, Syrah, Merlot e Chardonnay.

O Prior Lucas Espumante Baga@Bairrada Rosé 2017 foi o meu preferido dos quatro vinhos provados. Um espumante com bolha suave, mousse envolvente, bom corpo e muita frescura, com uma acidez capaz de lhe conferir uma enorme versatilidade à mesa. Um espumante com um lado algo vinoso, capaz de acompanhar uma refeição de inicio ao fim, inclusive ombrear, sem qualquer problemas com o Leitão à Bairrada. Ou como welcome drink, ou até sobremesas. Adorei. 10,50€.
O Espumante Falala Bruto Blanc des Noirs 2017 trata-se de um espumante muito fácil de beber. Daqueles que "escorregam" muito bem. Tem uma bolha agradável, mousse boa, apresentando-se muito correto, de novo muito fresco e com aromas florais e maçã verde, com um final mais frutado, o que o torna bem apelativo. Ideal para quem pretende se iniciar no mundo dos espumantes, com um produto de qualidade. 9,90€ Falala é o nome da filha de Rui Lucas.
Prior Lucas Tinto 2016. Cada ano é diferente para este vinho que representa o blend das parcelas que o constituem, resultante do comportamento das castas naquele ano. Baga, Tinta Roriz e Syrah,  num vinho de introdução à Baga e à Bairrada. Tem uma acidez equilibrada e é bastante leve. Descomplicado e fácil de beber por qualquer um. Elegante, fresco e versátil à mesa. Um vinho para se ter sempre em casa. 8,90€
Prior Lucas Branco 2018. Bical, Maria Gomes e Chardonnay. Discreto de aroma, elegante, salino e com boa estrutura. Um branco para comida. Apenas lhe falta um pouco mais de nervo, que tanto caracterizam os brancos bairradinos de que tanto gosto. Contudo tem uma acidez boa e versatilidade para se comportar bem à mesa. 10€.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Radar do Vinho: Quinta de São Bartolomeu

A Quinta de São Bartolomeu situa-se em Alenquer. A tradição na produção de vinho remonta há décadas, tendo sido inclusive fonte de uvas fornecidas para a Quinta de Pancas, até à compra desta pela Companhia das Quintas, em 2006. Com essa aquisição, dá-se assim inicio à produção própria mais em força, contando com diversas gamas no seu portfolio - Olissipo, Bartolo, QSB e os topo de gama Quinta de Bartolomeu, entre outras referências soltas, como Marquês de Olhão ou Alenquer Valley. 
As gamas Olissipo branco e tinto, com pvp a 4,95€ são a porta de entrada para o projecto - vinhos correctos e equilibrados. A gama seguinte denomina-se Bartolo, também branco, rosé e tinto. Vinhos bem desenhados, com alguns anos de garrafa, o que não é usual nestas gamas mais entry level, frescos e equilibrados. A um PVP de 6,50€. Há ainda o Bartolo Sauvignon Blanc, um pouco acima dos restantes - 7,5€ que pretende aportar a identidade da casta francesa ao terroir de Alenquer. Está muito interessante. 
Na gama média, o Marquês de Olhão, com Touriga Nacional, Touriga Franca e Merlot está muito interessante, com taninos polidos, corpo elegante e bom volume de boca, numa combinação muito prazerosa. O QSB  apresenta a mesma combinação de castas, mas com os taninos um pouco mais maduros, mantendo a matriz de elegância e boa acidez de conjunto. Ambos muito gastronómicos, frescos e será uma questão de opção pessoal qual deles escolher. Ambos a rondar os 10€. Muito boas RQP.
A gama Quinta de São Bartolomeu apresenta um branco feito de Chardonnay e Arinto fermentados e estagiados em barricas de 2º e 3º ano, com battonage regular. Um branco untuoso, com os amanteigados do Chardonnay e a acidez do Arinto a resultar num vinho muito gastronómico, com uma bela gordura de boca. 10,5€. O Quinta de São Bartolomeu Tinto é feito de Merlot e Cabernet Suavignon. Apresenta-se complexo, com fruta preta evidente, corpo maduro, taninos firmes mas com polimento e final fresco e apetecivel. Muito interessante. 14,50€. Para finalizar, o Quinta de São Bartolomeu Cabernet Sauvignon, com as notas de pimento tão características em primeiro plano, mas de uma forma contida e que conferem frescura olfactiva ao primeiro impacto. A boca é elegante e fresca, com taninos firmes, mas sedosos, terminando com bom comprimento de boca. Um Cabernet que não cansa e mostra toda a frescura atlântica patente de uma forma geral nos vinhos da Quinta de São Bartolomeu. Apenas lhe falta um pouco mais de "punch" final, na minha opinião. 16,50€

Um projecto para acompanhar a sua evolução, sendo que neste momento penso que existem demasiadas referências e acredito que as gamas média e topo ainda poderão ser mais afinadas, conseguindo assim produzir vinhos que ombreiem com os grandes da região. Todos os vinhos podem ser adquiridos AQUI.

Sérgio Lopes 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Fora do Baralho: Vinha da Ordem Peregrino Tinto 2018

O Vinho da Ordem Peregrino, resulta da vontade de manter vivas algumas das mais antigas vinhas que se encontrem na proximidade da Vinha da Ordem e por conseguinte tenham uma elevada representatividade de castas antigas. Assim sendo ao produzir este vinho com as mesmas técnicas que o Vinho da Ordem, pretende-se dar a conhecer o vasto património vitícola e ao mesmo tempo ajudar a preservar estas vinhas. Nasceu assim este peregrino de uma vinha monocasta Jaen com mais de 63 anos de idade e que este ano se apresenta como colheita Vinho da Ordem Tinto, Peregrino 2018.

Peregrino pois tal como o Peregrino, caminha. Neste caso de vinha em vinha, com a missão de não a deixar morrer. Tal como os peregrinos, este é um conceito itinerante, que vai de vinha em vinha, à distancia de uma pequena caminhada. Que ano após anos visita algumas das mais antigas vinhas e que num trabalho conjunto, tenta que estas pequenas vinhas possam continuar vivas e sã.

Com pouquíssima intervenção e sem passagem por madeira, é um vinho puro, com fruta vermelha e um lado vegetal vincado que lhe confere muita frescura. Elegante, com taninos firmes, mas totalmente domados, bom volume de boca e final longo a pedir novo copo, fazem, deste vinho, uma delícia. São apenas 399 garrafas vendidas em exclusivo na Garrafeira Campo de Ourique, a partir de Março deste ano. PVP: 27€

Sérgio Lopes

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Em Prova: Casa do Barroso Alvarinho Reserva 2018

De Cabeceiras de Basto, chega a segunda edição de um vinho branco da casta Alvarinho, pelas mãos do enólogo Márcio Lopes (Permitido, Proibido, Pequenos Rebentos). Se a primeira edição do vinho dos irmãos Barroso tinha um nariz algo exuberante e intenso, 2018 resulta num aroma profundo, contido, carregado de mineralidade, com a fruta em plano menor. A boca tem muita tensão, com grande acidez e frescura, terminando muito seco e gastronómico, austero até, tal a acidez cortante que apresenta nesta fase. Às cegas não o identificaria como alvarinho (mais parecido até com um avesso, ou um arinto, quem sabe), mas isso pouco importa. Importa sim, acompanhar a sua evolução, pois estas características fazem prever boa evolução, num perfil mais sério que o do ano transacto. . PVP: 9,90€. Disponibilidade: Garrafeiras.

Sérgio Lopes

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Prémios Grandes Escolhas elegem os “Melhores do Ano” de 2019

Na passada sexta-feira, 14 de Fevereiro, decorreu, em Sangalhos, Anadia, a cerimónia de entrega de Prémios “Grandes Escolhas”, da revista Vinho Grandes Escolhas. Um jantar a decorrer de novo no coração da Bairrada, onde foram revelados os "óscares" do mundo do vinho. Numa cerimónia fluída, com muita animação e um serviço de grande qualidade, na qual se distribuíram prémios em diferentes categorias para os grandes protagonistas do mundo da enologia e da gastronomia. Dos milhares de vinhos provados, os críticos escolheram os melhores entre os melhores que estão consagrados no TOP 30, bem como uma novidade – a eleição de o melhor vinho Espumante, Branco, Tinto e Fortificado. Destacados foram o Melhor Espumante, Murganheira Esprit de la Maison Távora-Varosa Espumante branco 2011; o Melhor Branco, Parcela Única Vinho Verde Monção e Melgaço Alvarinho branco 2017; o Melhor Tinto, Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa Douro tinto 2016 e o Melhor Fortificado, Taylor’s Vargellas Vinha Velha Porto Vintage 2017
A revista destaca o trabalho singular e profissional dos produtores. O Produtor do Ano é a Quinta do Regueiro (Melgaço) e o Produtor Revelação é Luís Gomes (Bairrada), o nome por trás de um projeto de pequena dimensão e de grande personalidade. Entre diversas distinções, realça-se ainda a Viticultura do Ano, troféu atribuído à viticóloga-investigadora Vanda Pedroso (Centro de Estudos de Nelas, Dão), a Adega Cooperativa do Ano, a Adega de Cantanhede, bem como o Enoturismo do Ano, a Quinta da Pacheca (Lamego). 
Ainda no que diz respeito ao universo vínico, entre os premiados estão André Figuinha (Feitoria, Lisboa), Sommelier do Ano; David Guimaraens (The Fladgate Partnership, Porto), premiado com o galardão Enólogo Vinhos Generosos; Pedro Baptista (Fundação Eugénio de Almeida, Évora), vencedor do troféu Enólogo do Ano, e Orlando Lourenço (Murganheira, Tarouca), vencedor do prémio carreira Senhor do Vinho. Além disto, o troféu Garrafeira do Ano foi entregue à Garrafeira Néctar das Avenidas (Lisboa), pelas iniciativas que promove: provas e jantares vínicos a um ritmo mensal, e o galardão de Wine Bar atribuído à garrafeira premium Wines by Heart (Lisboa). 
A Empresa do Ano é o projeto da família Relvas, a Casa Relvas (Évora), e a Empresa Vinhos Generosos é a Vasques de Carvalho (Porto), um projeto com forte ADN de Vinho do Porto. O troféu de Iniciativa do Ano foi atribuído ao Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo e o Prémio Singularidade, que visa homenagear iniciativas e personalidades que marcam pela diferença, ao produtor e enólogo Márcio Lopes (Douro e Vinhos Verdes)

As distinções passam também pela área gastronómica e aqui, no que diz respeito a restaurantes, os troféus vão para o restaurante com uma estrela Michelin Epur (Lisboa), premiado como Restaurante do Ano; para um dos grandes templos do Norte, o Arcoense (Braga), o Restaurante Cozinha Tradicional Portuguesa do Ano, e para o restaurante de cozinha clássica japonesa Go Juu (Lisboa), o Restaurante Cozinha do Mundo. Já o Prémio Gastronomia David Lopes Ramos foi entregue ao chef Nuno Diniz e o de Loja Gourmet do Ano à queijaria Corriqueijo (Braga). 


TOP 30 

Espumantes
Murganheira Esprit de la Maison Távora-Varosa Espumante branco 2011 
Vértice Douro Espumante Pinot Noir branco 2010 

Vinho Verde
Parcela Única Vinho Verde Monção e Melgaço Alvarinho branco 2017 
Quinta do Regueiro Jurássico Vinho Verde Monção e Melgaço Alvarinho branco 

Douro
Lavradores de Feitoria Três Bagos Douro Grande Escolha tinto 2015 
Pintas Douro tinto 2017 
Quinta do Noval Douro Reserva tinto 2016 
Quinta do Vale Meão Douro tinto 2017 
Quinta do Vallado Field Blend Douro Reserva tinto 2017 
Aeternus Douro tinto 2017
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa Douro tinto 2016

Trás-os-Montes
Palácio dos Távoras Gold Edition Trás-os-Montes Grande Reserva tinto 2016 

Dão
Grande Druida Homenagem João Corrêa Dão branco 2017 
Carlos Lucas/Carlos Rodrigues Dão tinto 2015 
Quinta da Pellada Lote “Mata” e “Casa” Dão tinto 2015 

Bairrada
Gene Bairrada tinto 2007 
Quinta das Bágeiras Pai Abel Bairrada tinto 2013 
Série Ímpar Bairrada Sercialinho branco 2017 

Lisboa
Ganita Reg. Lisboa tinto 2015 

Alentejo
Estremus Reg. Alentejano tinto 2015 
Gloria Reynolds Cathedral Reg. Alentejano tinto 2004 
Tapada de Coelheiros Reg. Alentejano Garrafeira tinto 2012 
Cortes de Cima Reg. Alentejano Reserva tinto 2014 
Scala Coeli Reg. Alentejano Alicante Bouschet tinto 2016 

Fortificados
Taylor’s Vargellas Vinha Velha Porto Vintage 2017 
Graham’s The Stone Terraces Porto Vintage 2017 
Vista Alegre Colheita 1969 
Alambre Moscatel de Setúbal 20 anos 
Bacalhôa Moscatel Roxo Superior 20 Anos 1998 
Barbeito Sercial Frasqueira 1993

Sérgio Lopes