sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Em Prova: Vila Alva Branco de Talha Vinhas Centenárias 2017

Proveniente da Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, chegou-me à mesa, através de um amigo do Alentejo, um vinho de talha, que tinha enorme curiosidade em provar. Oriundo de vinhas velhas, feito com as castas de antigamente, nomeadamente Antão Vaz, Roupeiro, Manteúdo, Diagalves, Larião e Perrum. Uma produção pequena de apenas 2666 garrafas que se portou lindamente à mesa. De cor dourada, fiel aos tradicionais vinhos de talha, mostrou-se seco, com acidez elevada, contido até, com aromas citrinos, alguma erva de especiaria e notas cerosas e de frutos secos. Demorou a abrir no copo, mas quando o fez, mostrou uma boa estrutura, grande frescura e final mineral, longo e terroso. Um belíssimo exemplar de um talha que nos remete para o classicismo da região. PVP: 14,98€. Comprar Aqui.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Em Prova: Casal da Fradissa

A Biossemente, empresa sediada em Mirandela, cultiva e transforma os seus produtos (vinho, mel e azeite) na freguesia da Fradizela - Mirandela. Os vinhos são designados Casal da Fradissa, dois tintos, fermentados em lagar e com enologia de Jorge Coutinho (Alta Pontuação, Galelo). Vinhos provenientes de Trás-os-Montes, denunciando de imediato a sua proveniência. Um terroir quente, mas em que Jorge Coutinho consegue extrair alguma frescura e fruta bonita. O Casal da Fradissa Tinto 2017 (6€) feito de Touriga Nacional, Tinta Amarela e Tinta Roriz de vinhas novas e velhas é muito equilibrado e versátil gastronomicamente. Gostei até um pouco mais do que o reserva. O Casal da Fradissa Reserva Tinto 2016 (10€), com passagem por madeira, num perfil mais sério e opulento, sem nunca perder a frescura, com toques de rusticidade e uma boca bem estruturada, como é habitual nos vinhos transmontanos. Dois vinhos de Mirandela a ter debaixo do radar. 

Sérgio Lopes

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Radar do Vinho: Alta Pontuação

Alta Pontuação é um projecto de Jorge Coutinho, maioritariamente com vinhos do Douro e também com um vinho produzido na região de Trás-os-Montes. A quinta que dá corpo a este projecto data do ano de 1876 e tem cerca de 5.5 ha. Sendo uma área reduzida, não permite a produção de grandes quantidades, embora a qualidade esteja já comprovada. A quinta situa-se na freguesia de Celeirós do Douro, concelho de Sabrosa, com altitudes compreendidas entre os 385 e os 450 m, com encostas expostas, na sua maioria, a nascente e a sul. A vinha é composta por parcelas de vinha velha com mais de 50 anos e mais de 20 castas, e uma área que foi reestruturada, com 9 anos de idade. Provamos as mais recentes colheitas no mercado.
O Alta Pontuação é um vinho equilibrado, com taninos polidos e que dá muito prazer à mesa. Um verdadeiro best value, altamente gastronómico (14€). O Alta Pontuação Touriga Nacional já é um pouco mais complexo, com taninos mais ásperos, que escondem um pouco a casta nesta fase, mas mostra-se muito elegante e guloso, desde já. (17€)
Para o final os dois vinhos que mais gostei. Por um lado o Galelo (18€), vinho feito por Jorge Coutinho na região de Trás-os-Montes, capaz de juntar a potência e volume de boca, com uma grande frescura e alguma rusticidade, o que dá muito gozo a beber. Mesmo típico da região. Gostei particularmente. Finalmente, o Alta Potuação Vinhas Velhas 2018 (20€), acabadinho de chegar ao mercado. Super jovem, mas a mostrar todo o potencial das vinhas velhas, complexo, com pouca extracção, fresco e de final longo a precisar de tempo em garrafa para abrir um pouco mais. 

Um projecto a acompanhar.

Sérgio Lopes

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Em Prova: Manolito Branco 2018

O "velho" Manolito gostava de viajar e conhecer novos povos e culturas, voltando sempre à sua terra para contar por onde tinha andado e o que tinha feito, junto da sua família e amigos, beber um copinho de vinho acabado de sair do pote, ouvir e cantar o cante. Durante as inúmeras experiências nas suas viagens, carregava sempre consigo a alma Alentejana. E é um pouco isto que este vinho pretende representar, ao juntar o Antão Vaz de uma vinha com cerca de uma década, com uma vinha velha de Diagalves, Antão vaz em Inox, com ligeira “bâtonnage” das borras finas durante 2 meses. Já as uvas de vinha velha, onde pontifica maioritariamente a Diagalves, foram tratadas à luz do conhecimento mais antigo. Totalmente tratada como Vinho de Talha - o encontro entre a tradição e a contemporaneidade. E o resultado, por incrível que pareça, funciona mesmo nesse sentido O vinho tem um lado super fresco no nariz, mas também muito complexo, e contido. Presença de fruta madura, mas também notas cerosas e terrosas - O inox e a talha a trabalharem em conjunto. Na boca resulta rico, tenso, untuoso, equilibrado e que dá muito prazer, terminando afinado e longo. Um vinho super versátil à mesa, que tive oportunidade de provar de novo (tinha provado apenas no Ânfora Wine Day) e que está a evoluir muito bem. Mais um belo exemplar a utilizar (bem) a talha. A enologia está a cargo de Tiago Macena. PVP:13€. Disponibilidade: Online.

Sérgio Lopes

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Revista de Vinhos elege "os melhores do ano 2019" e celebra 30 anos de publicação

Na Alfândega do Porto, perante mais de 900 convidados, a Revista de Vinhos anunciou “Os Melhores do Ano 2019” no vinho e na gastronomia e também celebrou três décadas de publicação, que a tornam na referência do setor. Por entre nomes consagrados e novos protagonistas, a noite premiou quem faz bem e ousa ir mais longe. Eis a lista dos premiados:

Vinho do Ano - Niepoort Porto Vintage 2017 (Douro)
Produtor do Ano - Quinta da Boavista (Douro)
Produtor de Vinhos Fortificados do Ano - Fladgate Partnership (Douro)
Produtor Revelação do Ano - Pedro Frey (Douro)
Empresa do Ano - Gran Cruz (Douro)
Marca do Ano - Soalheiro (Vinhos Verdes)
Enólogo do Ano - Paulo Nunes (Dão, Bairrada, Trás-os-Montes)
Enólogo Revelação do Ano - Márcio Lopes (Vinhos Verdes, Douro) 
Sommelier do ano - Carlos Simões
Garrafeira do Ano - Apolónia (Algarve)
Inovação do Ano - Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo
Enoturismo do Ano - Herdade da Malhadinha Nova (Alentejo)
Restaurante Gastronómico do Ano - Egoísta (Casino da Póvoa de Varzim)
Restaurante com melhor serviço de vinhos do Ano - Os Lusíadas (Porto)
Chefe de Cozinha do Ano - Diogo Rocha (Mesa de Lemos)
Chefe Revelação do Ano - Carlos Afonso (O Frade)
Produtor Artesanal do Ano - Pine Flavour
Destino gastronómico do Ano - Lisboa
Personalidade do Ano no Vinho - Manuel Pinheiro (Vinhos Verdes)
Personalidade do Ano no Brasil - António Alves (restaurantes Rancho)
Personalidade do Ano na Gastronomia - Rui Paula (Casa de Chá da Boa Nova, Leça da Palmeira)
Pelo terceiro ano consecutivo, a Revista de Vinhos promoveu o Prémio Homenagem. Desta feita três senhoras do mundo do vinho viram o trabalho publicamente enaltecido.

Jancis Robinson (Master of Wine britânica, conselheira de vinhos da Casa Real, jornalista, crítica de vinhos e autora de publicações de referência sobre vinho); Clara Roque do Vale (que liderou a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana durante 13 anos, tendo sido uma impulsionadora do Alentejo enquanto região muito significativa na produção de vinhos); e Leonor Freitas (a líder da Casa Ermelinda Freitas, que transformou o projeto familiar numa das mais importantes empresas produtoras da região da Península de Setúbal, hoje também com vinhas adquiridas nos Vinhos Verdes e no Douro) subiram ao palco para um merecido reconhecimento.
Na cerimónia, a Revista de Vinhos premiou ainda, com o “Prémio Excelência”, 30 vinhos portugueses que convenceram o painel de provadores.
Todos os detalhes dos “Melhores do Ano” estão disponíveis na edição de Fevereiro da Revista de Vinhos, que a partir de hoje está nas bancas.

Sérgio Lopes

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Da Minha Cave: Munda Encruzado 2006

A Quinta do Mondego é talvez um dos produtores familiares do Dão não tão conhecido, mas cujos vinhos respeitam o terroir e resultam de produções reduzidas e de elevada qualidade. Entre tinto, rosé e branco, hoje falo-vos de um branco de Encruzado - casta rainha da região, o Munda Encruzado 2006, provado no restaurante Vilamar. Um vinho que demonstra bem a longevidade e potencial da casta encruzado e que se mostra com quase 15 anos numa belíssima forma. È certo que em novo deveria estar carregado de madeira pois esta ainda se sente, embora já amaciada pelo tempo, amparada por notas untuosas e meladas muito interessantes, mantendo uma agradável frescura de conjunto e sobretudo uma boca poderosa e muito seca. Já terá passado o seu apogeu, mas ainda dá muito prazer. ´Bora comprar as novas colheitas a um PVP de 13,90€ nas melhores garrafeiras do país. 

Sérgio Lopes

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Em Prova: Identidade AM Tinto 2018

Os vinhos "Identidade" são vinhos de boutique criados pelo Sommelier Pedro Martin, inspirados no carácter dos seus dois filhos. O Identidade AM Edição Limitada Tinto 2018, na sua segunda edição, de apenas 2000 garrafas, volta a ter enologia de Carlos Lucas, com o blend seleccionado pelo próprio Pedro Martin, composto pelas castas tradicionais da região do Dão.

Se na estreia se mostrava um vinho repleto de fruta, esta edição apresenta um vinho mais maduro, talvez em sintonia com o próprio crescimento do pequeno António Martin, quem sabe. A fruta está lá, mas também notas evidentes de grafite e alguma especiaria, num registo com mais corpo e um pouquinho mais de alcool, embora mantendo sempre a frescura como pano de fundo, como é apanágio da região. De novo, resulta num vinho desenhado para se beber com prazer, quiçá um pouco mais complexo e adulto que a edição do ano passado, que era mais jovial, irrequieta e sumarenta. Disponível: Martin Boutique Wines. PVP: 13,5€.

Sérgio Lopes